Resumo - Sociedade Botânica do Brasil

Propaganda
64º Congresso Nacional de Botânica
Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013
AVALIAÇÃO ALOMÉTRICA DE KIELMEYERA CORIACEAE
(CALOPHYLLACEAE) EM DIFERENTES GRADIENTES HÍDRICOS
1*
Evelin K. S. Cavallin , Julius R. S. Rodrigues
1
2
2
Universidade de Brasília; Faculdades Integradas da Terra de Brasília; *[email protected]
Introdução
Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc. é uma das
mais representativas espécies vegetais arbóreas do
cerrado, ocorrendo em todos os estados brasileiros onde
predomina este bioma [1] e destacando-se por ser uma
árvore melífera e corticeira, além de ter seus frutos
utilizados no artesanato e medicina popular [2]. No
entanto, para resistir aos meses de baixo regime
pluviométrico típicos da sazonalidade do cerrado, a planta
possui várias adaptações, como a maior distribuição de
biomassa para o espessamento das raízes laterais [3]. O
objetivo do estudo consiste em avaliar distribuição e
características morfológicas de K. coriacea ao longo de
um gradiente hídrico, estimando de que forma a presença
de cursos hídricos pode vir a afetar o crescimento da
planta.
Metodologia
A coleta de dados foi feita no Parque Nacional
de Brasília, com área de 30000 ha e localizado ao
noroeste do Distrito Federal, apresentando relevo
suavemente ondulado e clima com duas estações bem
definidas: uma moderada e seca (maio a setembro) e
outra quente e úmida (outubro a abril), com precipitação
média anual de 1500mm [4]. Na área predominam
latossolos com baixa quantidade de nutrientes e alto grau
de acidez; nesta foram demarcadas quatro parcelas de
10m x 20m (200m²), sendo a primeira na borda de um
córrego, a segunda a 50m deste, a terceira a 100m e a
última a 150m. A seguir os indivíduos de K. coriacea
encontrados
foram
identificados
e
tiveram
a
circunferência do caule aferida a 10cm acima do solo,
além de serem coletadas medidas do número de
ramificações, altura da primeira ramificação e altura da
planta.
Resultados e Discussão
Foram encontrados 38 indivíduos de K.
coriaceae nas parcelas demarcadas, sendo três na
primeira, sete na segunda, 11 na terceira e 17 na última.
Para cada parcela a média da contagem de ramificações
foi de 16, 20, 21 e 24, respectivamente. A altura média
das plantas encontradas junto ao córrego foi de 1,83m,
enquanto nas parcelas consecutivas foi de 1,98m, 2,29m
e 3,01m. A circunferência média observada para a borda
do curso de água foi de 0,19m, 0,20m a 50m desta,
0,21m a 100m e 0,24m a 150m de distância. Quanto à
altura das primeiras ramificações, foi obtida uma média
de 0,56m na primeira parcela, 0,78m na segunda, 0,76m
na terceira e 0,91m na última.
Os dados são expressos no gráfico da Figura 1,
constatando maior incidência de K. coriacea nas parcelas
mais distantes da mata ciliar. O número de ramificações
também apresentou aumento à medida que ocorreu o
distanciamento das parcelas, assim como ocorreu com a
altura das plantas encontradas, sua circunferência e
altura da primeira ramificação.
Figura 1. Tendência do número de indivíduos, de suas
ramificações, altura, circunferência e primeira ramificação
desde a borda do córrego até a parcela mais distante.
(Vermelho – ramificações; verde – altura; azul –
indivíduos; turquesa – primeira ramificação; preto –
circunferência.)
Em outros estudos realizados no cerrado [5], K. coriacea
teve alta mortalidade após a emergência durante estação
chuvosa, o que pode sugerir certa intolerância à
abundância hídrica por parte da espécie no período de
estabelecimento da plântula.
Conclusões
A maior quantidade de indivíduos de K. coriacea e o
aumento em suas ramificações, altura e circunferência
foram encontrados nas parcelas mais distantes da mata
ciliar e em áreas de campo sujo. Estes ganhos [5] podem
ser justificados pela alta afinidade da planta com a
grande disponibilidade de luz nas áreas mais abertas,
com pouca influência de árvores maiores, além de indicar
uma possível intolerância de suas plântulas à abundância
de água.
Agradecimentos
A João Victor Mendanha, Marina Scalon, Álvaro Oliverio,
Maurício Albuquerque e Parque Nacional de Brasília.
Referências Bibliográficas
[1] Delitti, W.B.C, Pausas, J.G. e Burger, D.M. 2001.
Belowground biomass seasonal variation in two neotropical
savannahs (Brazilian Cerrados) with different fire histories.
Annals of Forest Science. 58: 715.
[2] Silva Junior, M.C. 2005. 100 árvores do Cerrado: guia de
campo. Brasília, Ed. Rede de Sementes do Cerrado, 71.
[3] Moreira, A.G. & Klink, C.A. 2000. Biomass allocation and
growth of tree seedlings from two contrasting Brazilian savannas.
Ecotropicos. 13 (1): 46.
[4] Costa, J.V.M & Franco, A.C. 2007. Estabelecimento de
Qualea grandiflora Mart. e Kielmeyera coriacea Mart. e seu
comportamento sazonal em duas fitofisionomias típicas dos
cerrados do Brasil Central. Anais do VIII Congresso de
Ecologia do Brasil. Caxambu-MG, 1-2.
[5] Nardoto, G.B., Souza, M.P. & Franco, A.C. 1998.
Estabelecimento e padrões sazonais de produtividade de
Kielmeyera coriacea (Spr) Mart. nos cerrados do Planalto
Central: efeitos do estresse hídrico e sombreamento. Revista
Brasileira de Botânica. 21 (3).
Download