TEMAS LIVRES DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DE ANESTESIOLOGIA 9º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO – 1º CONGRESSO DE DOR DA BRASILEIRA DE ANESTESIOLOGIA A HIPERTERMIA MALIGNA DURANTE ANESTESIA COM SEVOFLURANO. RELATO DE CASO Luiz Piccinini Filho*, Alessandro Murari, Waldemar M Gregory, Ivone FM Ribeiro CET do Serviço e Disciplina de Anestesiologia da S. Casa de Misericórdia de São Paulo - Hosp.Sta. Isabel Rua Dr. Cesário Motta Jr. 112 - Vila Buarque - 01221-020 - São Paulo-SP Introdução - A hipertermia maligna (HM) é uma doença hereditária, rara, caracterizada por resposta hipermetabólica, rigidez muscular, aumento da atividade simpática e hipertermia, geralmente desencadeada por anestésicos halogenados e succinilcolina1. Relato do Caso - Paciente do sexo masculino, 8 anos, 31 kg, estado físico ASA II (bronquite), sem antecedentes mórbidos e familiares, a ser submetido a orquipexia. Realizou-se indução inalatória com sevoflurano/O2/N2O. Após plano anestésico adequado, procedeu-se à venóclise do MSE e administrou-se propofol 80 mg e atracúrio 10 mg. Procedeu-se à intubação orotraqueal e com o paciente em DLD, foi realizada anestesia peridural sacra com 56 mg de ropivacaína e 50 µg de fentanil e manutenção com sevoflurano a 2%,O 2/N2O 50%:50%. 60 min após, o paciente apresentou rigidez muscular, hipertermia, cianose, taquicardia e hipertensão. Os anestésicos inalatórios foram descontinuados e trocado circuito respiratório. Feito diagnóstico provável de HM, iniciou-se manobras específicas, com administração imediata de dantrolene sódico, resfriamento do corpo e controle rigoroso da gasometria arterial (Tabela I). O quadro reverteu por completo em 15 min e o paciente foi encaminhado para UTI após 2 h consciente e extubado, obtendo alta em 48 h, sem seqüelas. Adosagem plasmática da creatinofosfoquinase (CPK) no início do quadro foi 14.870 UI e 24h após foi 19.220 UI. Discussão - A cirurgia realizada, correção de criptorquidia, indica que o paciente apresentava risco de susceptibilidade a HM. Na maioria dos relatos de casos, os fármacos desencadeantes de HM foram o halotano e a succinilcolina, mas o sevoflurano, embora extremamente seguro, é um halogenado e, portanto, passível de deflagrar crise de HM em pacientes susceptíveis. Neste RC, a evolução foi satisfatória, devido provavelmente ao diagnóstico e tratamento rápidos e corretos. Referências - 01. Halliday, Norman J - Malignant Hyperthermia. J Craniofacial Surg, 2003;14:800-802. Tabela I - Exames Laboratoriais pH pCO2 pO2 HCO3 BE SatO2 Ht Na+ K+ Ca++io n Inicio HM 7,08 76,4 390 21,7 -9,4 99,9 32 131 43,4 4,51 79 - - - 30 min 7,31 40,5 166 20,4 -4,9 99,3 30 133 4,0 4,72 130 14870 593 1564 24 h após 7,50 28,0 85 22,0 0 97,0 32 137 4,3 4,86 - 19220 320 - Glic CPK CPKm b DHL B ÓBITO MATERNO EM GESTANTE ASMÁTICA GRAVE E HIPERTENSA. RELATO DE CASO Maria D C Costa*, José E Moraes, Ida I A Prado, Alessandro N Murari CET do Serviço e Disciplina de Anestesiologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo Al. Campinas 139/41 - 01404-000 São Paulo - SP Introdução - Aasma durante a gestação se comporta de maneira variada, dependendo das alterações fisiológicas predominantes. É muito freqüente a associação com hipertensão arterial em especial nos casos mais graves, decorrente da corticoterapia. Relato do Caso - Descrevemos caso de gestante asmática grave, com DPOC, 40 anos, 50 kg, 162 cm, estado físico ASA III, 34 semanas de gestação, sem parâmetros de intubação difícil, em uso de broncodilatador e corticóide há 7 anos, hipertensa crônica sem tratamento. Internada por crise hipertensiva (PA= 190 x 120 mmHg) e broncoespamo grave, medicada com antibióticos, corticóide e broncodilatadores. No 5º dia de internação, após controle do quadro, apresentou convulsões tônico-clônicas, interpretadas como eclâmpsia, diagnóstico descartado por não apresentar critérios clínicos e laboratoriais para a doença. Hidantalizada por orientação da clínica neurológica com estabilização do quadro. Após 5 dias apresentou broncoespamo grave associado a quadro interpretado como edema agudo de pulmão. PA= 200 x 120 mmHg, saturação de oxigênio 70% (O 2 sob máscara), acidose respiratória (pH: 7,17; PO 2 : 55; PCO 2 : 95; SatO2 : 78%). Em virtude da gravidade do caso indicada cesariana visando o bem estar fetal. Feita anestesia geral com seqüência rápida com ventilação manual devido à elevada pressão endotraqueal. No decorrer da cirurgia, o quadro hemodinâmico e pulmonar estabilizou-se (PA = 120 x 80 mmHg e SatO 2 = 95%). Na 2ª hora após a indução anestésica, apresentou pico hipertensivo (PA= 180 x 110 mmHg) tratado com nitroprussiato de sódio (orientação da clínica médica) sem resposta adequada. Instalado cateter venoso central, encaminhada para UTI onde apresentou dessaturação progressiva de oxigênio com piora da ausculta pulmonar. Seguiu-se parada cardiorrespiratória. Adotadas manobras de reanimação durante 30 minutos sem sucesso. Autópsia revelou causa imediata sepse, secundária pneumonia hemorrágica e associada gravidez e desnutrição. Discussão - O alvo principal do tratamento nestes casos mais graves deve ser sempre a mãe, pois a partir do momento em que as condições maternas se estabilizem, o bem estar fetal será conseqüência. Este objetivo não foi alcançado neste caso em virtude de manobras que priorizaram o feto em detrimento materno. Referências - 01. Gluck JC, Gluck PA - The effects of pregnancy on asthma: A prospective study. Ann Allergy, 1976;37:164-168. Revista Brasileira de Anestesiologia Vol. 54, Supl. Nº 33, Novembro, 2004 CBA 197