AB CEFALÉIA PÓS-PUNÇÃO DURAL REFRATÁRIA A

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TEMAS LIVRES DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DE ANESTESIOLOGIA
9º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO – 1º CONGRESSO DE DOR DA BRASILEIRA DE ANESTESIOLOGIA
A
CEFALÉIA PÓS-PUNÇÃO DURAL REFRATÁRIA A TRATAMENTO, ASSOCIADA A TUMOR ENCEFÁLICO. RELATO DE
CASO
Jurandy B Silva*, André P Schneider, André M O Cenci, Dante Ranieri Jr
CET-SBA Serviço de Anestesiologia de Itajaí
Av. Marcos Konder, 1111, Centro, Itajaí-SC, 88301-303
Introdução - A cefaléia pós-punção dural, CPPD, ainda é um problema associado a raquianestesia. O tratamento pode ser feito
clinicamente com hidratação e analgésicos e finalmente com o tampão sangüíneo, com resolução na maioria dos pacientes.
Sendo uma alternativa invasiva, não é desprovida de efeitos colaterais, principalmente no neuro-eixo. Apresentamos um caso
de uma paciente que teve piora da CPPD após aplicação do tampão sangüíneo. Relato do Caso - Paciente sexo feminino, 44
anos, estado físico ASA I, submetida à histerectomia sob raquianestesia com bupivacaína a 0,5% (15 mg) e morfina (0,1 mg),
com agulha Quincke, 26G, punção única, mediana, no espaço L3 -L4 . O procedimento anestésico-cirúrgico foi sem intercorrências. Após 48 horas, a paciente passou a apresentar queixa de cefaléia intensa acompanhada de náuseas, piorando ao levantar-se. Foi tratada com hiperidratação com Ringer com lactato, cetoprofeno e acetaminofen. Não obtendo melhora após 24 horas, foi realizado tampão de sangue autólogo, 12 ml em L2 -L3 . Houve piora da cefaléia acompanhada de tontura e manutenção
da náusea. Suspeitando-se de hematoma subdural, foi solicitada uma tomografia de crânio que evidenciou tumor intraparenquimatoso. Com a injeção de manitol e dexametasona associada a cefaloaclive, houve melhora dos sintomas e a paciente foi
encaminhada para o serviço de Neurocirurgia para craniotomia. Discussão - A terapêutica instituída foi orientada pelas características semiológicas da cefaléia. Como houve piora do quadro após o tampão sangüíneo, suspeitamos de uma injeção acidental de sangue subaracnóideo ou quadro infeccioso. Dentre as complicações do tampão sangüíneo estão a presença de alterações neurológicas, temporárias associadas a compressão do neuro-eixo, não sendo habitual a piora da cefaléia. Referências - 01. Imbelloni LE, Carneiro ANG - Cefaléia pós-raqui: causas, prevenção e tratamento. Rev Bras Anestesiol,
1997;47:453-464; 02. Alfery DD, Marsh ML, Shapiro HM - Post-spinal headache or intracranial tumor after obstetric anesthesia?
Anesthesiology, 1979;51:92.
B
PANCREATITE AGUDASEM ETIOLOGIADEFINIDAEM GESTANTE PORTADORADE ANEMIAFALCIFORME. RELATO DE
CASO
Deoclécio Tonelli, Gustavo Cimerman, Bruno L Fusari, Gustavo F Ballarin*
CET/SBA Integrado de Anestesia da Faculdade de Medicina ABC
Av. Portugal, 723/72. Centro. Santo André - SP - CEP 09040-011
Introdução - Cálculos biliares são encontrados em pacientes portadoras de anemia falciforme, porém suas complicações,
como a pancreatite aguda em gestantes são raras (0,07%) e de alta morbimortalidade. O objetivo deste relato é apresentar um
caso de gestante portadora de anemia falciforme que apresentou um episódio de pancreatite aguda no terceiro trimestre da gestação sem ser determinada sua etiologia, bem como a dificuldade diagnóstica e conduta anestésico-cirúrgica. Relato do Caso Primigesta, 25 anos, negra, idade gestacional 38 semanas e 2/7, procurou o hospital por dor em faixa em abdômen superior tipo
cólica com irradiação para dorso e vômitos há 2 dias. Ao exame físico ictérica ++/4, abdômen doloroso, altura uterina 27 cm, BCF
presentes sem alterações. Os exames revelaram colecistopatia crônica calculosa à ultra-sonografia de abdome, com múltiplos
cálculos menores que 5 mm, amilase pancreática de 756 U/l, sendo feitas as hipóteses diagnósticas de pancreatite aguda biliar,
colecistite crônica calculosa e crise de falcização. Foi instituído tratamento conservador, aguardando o trabalho de parto, que,
após monitorização obrigatória, ocorreu com auxílio de fórceps sob raquianestesia, realizada com agulha 27G Whitacre, sendo
administrado anestésico local sem opióide. No momento a paciente está sendo preparada para colecistectomia pela cirurgia geral. O recém-nascido não apresentou complicações intra ou pós-operatórias, evoluindo bem. Discussão - A anemia falciforme
trata-se de anemia hemolítica crônica, com produção de cálculos biliares, icterícia, esplenomegalia e ulcerações em membros
inferiores, por episódios vasoclusivos. Os fatores mais relacionados à falcização são desidratação, acidose e hipoxemia. Apancreatite pode ser causada tanto por isquemia por crise vasoclusiva quanto por cálculos biliares, muito comuns em anêmicas falciformes. Em nosso caso optou-se pela raquianestesia por haver material minimamente agressivo, anestesista experiente e número de plaquetas seguro, além do benefício da vasodilatação em membros inferiores. Embora alguns autores prefiram a anestesia geral, não vimos qualquer benefício para mudar nossa opção anestésica neste caso. Concluímos que, para o manuseio
adequado de pacientes graves, além de conhecimento e pesquisa, a integração médica multidisciplinar é imprescindível. Referências - 01. Sanduende OY, Figueira MA - Hypertriglyceridemic pancreatitis and pregnancy. Rev Esp Anestesiol Reanim,
2003;50:477-480.
Revista Brasileira de Anestesiologia
Vol. 54, Supl. Nº 33, Novembro, 2004
CBA 177
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