REAÇÃO ALÉRGICA À SOLUÇÃO DE GELATINA A 3,5

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TEMAS LIVRES DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DE ANESTESIOLOGIA
9º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO – 1º CONGRESSO DE DOR DA BRASILEIRA DE ANESTESIOLOGIA
A
REAÇÃO ALÉRGICA À SOLUÇÃO DE GELATINA A 3,5%. RELATO DE CASO
Walter L F Lima, Nivaldo S Correa, José L Campos, Fabiano R N Cruz*
CET/SBA do Hospital Vera Cruz, Campinas, SP
Av. Andrade Neves, 402 - 13.013-900 Campinas-SP
Introdução - As gelatinas são uma das opções no arsenal terapêutico dos expansores plasmáticos. As resistências, entre
anestesiologistas, à administração destes colóides, estão ligadas principalmente com as reações alérgicas. Relato do Caso Paciente do sexo feminino, 46 anos, 88 kg, estado físico ASA II, hipertensa controlada em uso regular de hidroclorotiazida, candidata a mamoplastia e laparoplastia sob anestesia geral. A indução da anestesia foi feita com 350 µg de fentanil, 5 mg de droperidol, 20 mg de etomidato, 100 mg de lidocaína e 90 mg de rocurônio. A manutenção da anestesia foi com oxigênio, óxido nitroso
e isoflurano. Após hidratação inicial da paciente com 1000 ml de Ringer com lactado, optou-se pela infusão de 500 ml de hisocel
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, considerando a hemorragia naquele momento. Cerca de 30 minutos após o início da infusão deste colóide, observou-se o
aparecimento insidioso de placas urticariformes gigantes no tronco da paciente, posteriormente atingindo todo o resto do corpo. Não houveram quaisquer alterações nos sinais vitais e parâmetros ventilatórios (ausculta pulmonar normal). Interrompeu-se imediatamente a infusão do colóide e foram administrados 1 g de hidrocortisona e 50 mg de difenidramina por via venosa. Acirurgia transcorreu normalmente. Duas horas após a manifestação cutânea houve remissão total do exantema e a paciente apresentou recuperação normal da anestesia. Discussão - As gelatinas foram retiradas do mercado norte americano pelo
FDA em 1978, quando sua utilização foi considerada insegura por este órgão. São derivados polipeptídeos polimerizados artificialmente (unidos por pontes de uréia). Os efeitos adversos mais importantes das gelatinas são as reações anafiláticas e anafilactóides (incidência de 0,006% a 30%) e, entre os colóides, estas apresentam maior potencial de reações alérgicas graves.
Entretanto, a maior parte das reações é de grau leve caracterizada principalmente por sinais exantemáticos urticariformes,
exemplificado pelo nosso relato. Referências - 01. Rodrigues Jr GR - Complicações Causadas Pelo Uso de Expansores
Plasmáticos Sintéticos, em: Auler Jr JOC - Atualização em Anestesiologia, Volume VII, 2002, São Paulo, Office, 2002;101-110.
B
HEMÓLISE DECORRENTE DE ARTROSCOPIA DE OMBRO. RELATO DE CASO
Orlandira Costa Araújo, Eloisa Bonetti Espada*, Anderson Sampaio Marui, Márcio Campos
Serviço de Anestesiologia do Hospital Universitário - HU - USP - SP
Av. Dr. Lineu Prestes, 2565 - Cidade Universitária - São Paulo - SP - 05508-900
Introdução - Aartroscopia de ombro é procedimento ortopédico realizado freqüentemente. O objetivo deste relato é apresentar
um caso raro de hemólise decorrente da absorção do líquido de irrigação utilizado na artroscopia de ombro. Relato do Caso Paciente do sexo feminino, 44 anos, 76 kg, estado físico ASA II, em uso de enalapril, propranolol e hidroclorotiazida e portadora
da síndrome de impacto do ombro direito. Recebeu medicação pré-anestésica e anestesia geral venosa, empregando-se midazolam, propofol, fentanil e cisatracúrio. Realizou-se sondagem vesical. A hidratação intra-operatória consistiu de 2 litros de solução de Ringer simples. Foi submetida a descompressão subacromial artroscópica que empregou como líquido de irrigação,
água destilada, por meio de bomba de infusão Stryker, atingindo volume total de 12,5 litros. A anestesia teve duração de 225 min
e artroscopia de 130 min. Não houve intercorrências durante o período intra-operatório. Em seqüência, a paciente foi encaminhada à unidade de recuperação pós-anestésica. Trinta minutos após sua chegada, apresentou agitação psicomotora e crise
hipertensiva, quando observou-se hemoglobinúria, confirmada pela urina I. Obteve-se como resultados laboratoriais: Na = 133
mEq/l, uréia= 36 mg/dl, creatinina = 1,1 mg/dl, glicemia= 160 mg/dl, DHL= 2019 U/L. A paciente foi medicada com furosemida
20mg I.V., NaCl 20% 10 ml, na solução, I.V., e amlodipina 10 mg V.O. Houve regressão completa do quadro clínico e 4 horas
após, recebeu alta da unidade para a enfermaria. Discussão - O caso mostra a possibilidade de absorção do líquido de irrigação
pelo espaço sub-acromial decorrente da sua infiltração e extravasamento local. Diferentemente da artroscopia de joelho que se
utiliza da articulação como câmara fechada, no espaço sub-acromial tal fato não ocorre. Assim, o líquido de irrigação se infiltra
nos tecidos adjacentes e ao ser absorvido, por ser hipotônico, pode ocasionar a hemólise. Neste caso, a sondagem vesical colaborou para o diagnóstico e tratamento efetivo. Recomenda-se controle da diurese, da pressão e volume de infusão do líquido de
irrigação e avaliação do nível de consciência no pós-operatório. Referências - 01. Intravascular absorption of glycine irrigating
during shoulder arthroscopy: A case report and follow-up study. Anesthesiology; 1996;85:1481-1485.
CBA 220
Revista Brasileira de Anestesiologia
Vol. 54, Supl. Nº 33, Novembro, 2004
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