ENGENHARIA CIVIL MECÂNICA II 2º ANO / 1º SEMESTRE – 2002/2003 Prof. João Miranda Guedes (DEC) MOVIMENTO VIBRATÓRIO DE SISTEMAS DISCRETOS DE 1 G.L. (Complemento aos acetatos da disciplina de Dinâmica de Estruturas, capítulos 3 e 4 disponiveis na web) 1 Introdução Estudo do movimento vibratório de sistemas discretos cuja estrutura permite que o seu movimento possa ser caracterizado através da análise apenas do deslocamento de um ponto numa direcção. Serão analisados sistemas com e sem amortecimento, entendendo-se por amortecimento uma caracteristica viscosa do material que impõe ao sistema discreto uma força proporcional, mas de sinal contrário, à velocidade do sistema. Finalmente, será estudado o movimento destes sistemas em vibração livre, i.e. o movimento para além do instante final de actuação de qualquer força exterior sobre o sistema, e o movimento provocado pela acção de uma força exterior harmónica. 2 Caracterização de Sistemas Discretos de 1 G.L. (SD1) Um sistema discreto é um sistema tal que o seu movimento pode ser descrito através do movimento de um número discreto de pontos i, (ui(t), vi(t), wi(t)). A cada função fi(t) que caracteriza o movimento dum ponto numa direcção, corresponde um grau de liberdade. Estes sistemas contrapoem-se aos sistemas contínuos cujo movimento é descrito através de funções contínuas nos pontos do sistema, (u(x, y, z, t), v(x, y, z, t), w(x, y, z, t)), i.e. funções contínuas no tempo e no espaço da estrutura. Um Sistema Discreto de 1 Grau de Liberdade (SD1) é um sistema que, para além de discreto, o seu movimento é descrito pelo movimento de apenas um ponto numa direcção, i.e. através apenas de uma função f(t). Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. 1 3 Formulação das Equações do Movimento de SD1 Seja o seguinte SD1 constituido por um veículo rígido de massa m [kg] ligado ao exterior por um amortecedor de amortecimento c [kg/s ou Ns/m] e uma mola de rigidez k [kg/s2 ou N/m], submetido à acção da força f(t) [N ; s] que lhe imprime um movimento de translação na direcção horizontal u(t) [m ; s]: y u(t) k fe(t) m f(t) fa(t) fi(t) f(t) c f i (t ) = m ⋅ [− a (t )] = −m ⋅ u&&(t ) f a (t ) = c ⋅ [−v (t )] = −c ⋅ u& (t ) → f i (t ) + f a (t ) + f e (t ) + f (t ) = 0 f e (t ) = k ⋅ [− u (t )] = −k ⋅ u (t ) m ⋅ u&&(t ) + c ⋅ u& (t ) + k ⋅ u (t ) = f (t ) Sendo fi, a força de inércia, fa a força do amortecedor ou de amortecimento e fe a força da mola ou elástica do SD1. Os parametros m, c e k são caracteristicas do sistema, da sua forma e do seu material. O valor k da rigidez corresponde à força que é necessário impor de forma estática, i.e. sem velocidade nem aceleração, na direcção do grau de liberdade u para que o sistema se desloque de uma unidade (u = 1m) nessa direcção. O valor c do amortecimento corresponde à força que o amortecedor exerce sobre o sistema na direcção do grau de liberdade u quando o sistema se desloca a uma velocidade de uma unidade (v = 1m/s) nessa direcção. Determinar o movimento u(t) de um SD1 corresponde, por isso, a resolver uma equação diferencial linear de 2ª ordem de coeficientes constantes. A sua resolução implica o conhecimento de dois valores ou constantes de integração, normalmente o deslocamento e a velocidade no instante t = 0s. m⋅ 4 d 2u (t ) du (t ) +c ⋅ + k ⋅ u (t ) = f (t ) 2 dt dt Movimento de SD1 sem Amortecimento 4.1 Em vibração livre O movimento em vibração livre de um SD1 sem amortecimento corresponde à resolução da equação: Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. 2 m⋅ d 2u (t ) + k ⋅ u (t ) = 0 dt 2 que apresenta duas soluções: u (t ) = A ⋅ cos(w ⋅ t ) ∧ u (t ) = B ⋅ sin (w ⋅ t ) sendo a solução geral, designada por solução complementar, a soma das duas: u (t ) = A ⋅ cos(w ⋅ t ) + B ⋅ sin (w ⋅ t ) A substituição de qualquer uma das duas soluções na equação resulta na imposição da relação: w = k m Sendo o valor w [rad/s] designado por frequência angular do sistema. Note-se que a solução é uma função periódica de período T [s] ou frequência f [Hz]: u (t + Τ ) = u (t ) → w ⋅ (t + Τ ) − w ⋅ t = 2 ⋅ π Τ= 2 ⋅π w ⇔ f = w 1 = Τ 2 ⋅π Através das condições iniciais do movimento: o deslocamento e a velocidade no instante t = 0s, determina-se o valor das constantes A e B: t =0 → u (0 ) = A ⋅ cos(0 ) + B ⋅ sin (0 ) u& (0 ) = − A ⋅w ⋅ sin (0 ) + B ⋅w ⋅ cos(0 ) u (t ) = u (0 ) ⋅ cos(w ⋅ t ) + u& (0 ) ⋅ sin (w ⋅ t ) w que pode ainda escrever-se com o seguinte aspecto: u (t ) = C ⋅ cos(w ⋅ t − α ) C = (u (0)) 2 2 u& (0 ) + w u& (0 ) w ∧ tan α = u (0 ) 4.2 Solicitado por acções harmónicas Seja agora o movimento de um SD1 sem amortecimento submetido à acção de uma força sinusoidal f(t) de amplitude po e frequência angular w : m⋅ Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. d 2u (t ) + k ⋅ u (t ) = p o ⋅ sin w ⋅ t dt 2 ( ) 3 Neste caso, para além da solução em vibração livre ou complementar, existe a solução particular da equação que resolve o valor não nulo do segundo membro: ( ) u p (t ) = U ⋅ sin w ⋅ t Substituida esta solução na equação do movimento determina-se a constante U: U = po k − m ⋅w 2 = po ⋅ k 1 w 1− w 2 =Uo ⋅ 1 1− r 2 Note-se que Uo representa o deslocamento estático e r a razão das frequências: Uo = po k ∧ r = w w A solução final é igual à soma da solução complementar com a solução particular agora determinada: u (t ) = A ⋅ cos(w ⋅ t ) + B ⋅ sin (w ⋅ t ) + U o ⋅ ( ) 1 1− r ⋅ sin w ⋅ t 2 Através das condições iniciais do movimento: o deslocamento e a velocidade no instante t = 0s, determina-se o valor das constantes A e B: t =0 → u (0 ) = A ⋅ cos(0 ) + B ⋅ sin (0 ) + U o ⋅ 1 1− r 2 ⋅ sin (0 ) 1 u& (0 ) = − A ⋅w ⋅ sin (0 ) + B ⋅w ⋅ cos(0 ) + U o ⋅ u (t ) = u (0 ) ⋅ cos(w ⋅ t ) + 1 u& (0 ) − U o ⋅ w 1− r 2 ⋅w 1− r ⋅ sin (w ⋅ t ) + U o ⋅ 2 ⋅w ⋅ cos(0 ) 1 1− r 2 ( ) ⋅ sin w ⋅ t Se o o deslocamento e a velocidade no instante t = 0s forem nulos, temos: u (t ) = −U o ⋅ r 1− r 2 ⋅ sin (w ⋅ t ) + U o ⋅ 1 1− r 2 ( ) ⋅ sin w ⋅ t = U o ⋅ 1 1− r 2 ( ( ) ) ⋅ sin w ⋅ t − r ⋅ sin (w ⋅ t ) A solução é composta por duas parcelas: a primeira correspondente à resposta em regime estacionário e a segunda em regime transitório: Parcela Transitori a Parcela Estacionar ia → r ⋅ sin (w ⋅ t ) ( ) → sin w ⋅ t multiplicada pelo produto do deslocamento estático Uo por um factor D designado por factor de amplificação dinâmica: D= Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. 1 1− r 2 4 Quando o sistema entra em ressonância com a acção, i.e. r = 1, a solução particular apresenta um novo aspecto: ( ) u p (t ) = C ⋅ t ⋅ cos w ⋅ t ∧ w =w que substituida na equação do movimento determina: C =− po 2 ⋅ m ⋅w A solução final, sendo igual à soma da solução complementar com a solução particular, resulta na seguinte expressão: u (t ) = A ⋅ cos(w ⋅ t ) + B ⋅ sin (w ⋅ t ) − po ⋅ t ⋅ cos(w ⋅ t ) 2 ⋅ m ⋅w Através das condições iniciais do movimento: o deslocamento e a velocidade no instante t = 0s, determina-se o valor das constantes A e B: u (0 ) = A ⋅ cos(0 ) + B ⋅ sin (0 ) − 0 t =0 → po ⋅ cos(0 ) + 0 2 ⋅ m ⋅w u& (0 ) = − A ⋅w ⋅ sin (0 ) + B ⋅w ⋅ cos(0 ) − u (t ) = u (0 ) ⋅ cos(w ⋅ t ) + u& (0 ) + po 2 ⋅ m ⋅w ⋅ sin (w ⋅ t ) − p o ⋅ t ⋅ cos(w ⋅ t ) w 2 ⋅ m ⋅w Se o deslocamento e a velocidade no instante t = 0s forem nulos, temos: u (t ) = po 2 ⋅ m ⋅w 2 ⋅ (− t ⋅w ⋅ cos(w ⋅ t ) + sin (w ⋅ t )) = po ⋅ (− t ⋅w ⋅ cos(w ⋅ t ) + sin (w ⋅ t )) 2 ⋅k que resulta numa função de amplitude crescente no tempo. 5 Movimento de SD1 com Amortecimento 5.1 Em vibração livre O movimento em vibração livre de um SD1 com amortecimento corresponde à resolução da equação: m⋅ du (t ) d 2u (t ) +c ⋅ + k ⋅ u (t ) = 0 2 dt dt que apresenta duas soluções: u (t ) = C ⋅ e s 1 ⋅t Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. ∧ u (t ) = C ⋅ e s 2 ⋅t 5 2 s1 = − 2 c k c + − m 2 ⋅m 2 ⋅m ∧ s2 = − c k c − − 2 ⋅m m 2 ⋅m sendo por isso a solução geral a soma das duas: u (t ) = C 1 ⋅ e s 1 ⋅t + C 2 ⋅ e s 2 ⋅t 5.1.1 Sistema criticamente amortecido O radicando das soluções s1 e s2 coincidem: 2 k c = 0 ⇒ c = c cr = 2 ⋅ k ⋅ m = 2 ⋅ m ⋅w − m m 2 ⋅ Neste caso as duas soluções são: u (t ) = C 1 ⋅ e u (t ) = C 1 ⋅ e 5.1.2 c − cr 2⋅m c − cr 2⋅m ⋅t ⋅t ∧ u (t ) = C 2 ⋅ t ⋅ e + C 2 ⋅t ⋅e c − cr 2⋅m ⋅t c − cr 2⋅m ⋅t = (C 1 + C 2 ⋅ t ) ⋅ e c − cr 2⋅m ⋅t Sistema com amortecido superior ao crítico As duas soluções s1 e s2 indicadas anteriormente são reais e a solução geral é: u (t ) = C 1 ⋅ e s 1 ⋅t + C 2 ⋅ e s 2 ⋅t s 1 = w ⋅ − ξ + ξ 2 − 1 ∧ s 2 = w ⋅ − ξ − ξ 2 − 1 Através das condições iniciais do movimento: o deslocamento e a velocidade no instante t = 0s, determina-se o valor das constantes C1 e C2: u (t ) = 5.1.3 u& (0 ) − s 2 ⋅ u (0 ) s 1 ⋅t u& (0 ) − s 1 ⋅ u (0 ) s 2 ⋅t ⋅e − ⋅e s1 −s 2 s1 − s 2 Sistema com amortecido inferior ao crítico Neste caso define-se o coeficiente de amortecimento: ξ= c c = <1 2 ⋅ m ⋅w c cr A equação apresenta as duas soluções: u (t ) = C ⋅ e s 1 ⋅t s 1 = −ξ ⋅w + i ⋅w ⋅ 1 − ξ 2 s 1 = −ξ ⋅w + i ⋅w a Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. ∧ u (t ) = C ⋅ e s 2 ⋅t ∧ s 2 = −ξ ⋅w − i ⋅w ⋅ 1 − ξ 2 ∧ s 2 = −ξ ⋅w − i ⋅w a 6 sendo w a = w ⋅ 1 − ξ 2 a frequência angular do sistema amortecido. A solução geral resulta da soma das duas soluções: u (t ) = C 1 ⋅ e −ξ ⋅w ⋅t +i ⋅w a ⋅t + C 2 ⋅ e −ξ ⋅w ⋅t −i ⋅w a ⋅t u (t ) = e −ξ ⋅w ⋅t ⋅ (A ⋅ cos(w a ⋅ t ) + B ⋅ sin (w a ⋅ t )) Através das condições iniciais do movimento: o deslocamento e a velocidade no instante t = 0s, determina-se o valor das constantes A e B: u (t ) = e −ξ ⋅w ⋅t ⋅ u (0 ) ⋅ cos(w a ⋅ t ) + u& (0 ) + u (0 ) ⋅ ξ ⋅w ⋅ sin (w a ⋅ t ) wa cuja expressão pode ainda escrever-se com o seguinte aspecto: u (t ) = C ⋅ e −ξ ⋅w ⋅t ⋅ cos(w a ⋅ t − α ) C = (u (0)) 2 u& (0 ) ⋅ ξ ⋅w + w (u& (0)⋅ ξ ⋅w ) 2 ∧ tan α = u (0 ) w 5.2 Solicitado por acções harmónicas 5.2.1 Sistema com amortecido inferior ao crítico Seja agora o movimento de um SD1 com amortecimento inferior ao crítico submetido à acção de uma força sinusoidal f(t) de amplitude po e frequência angular w : m⋅ d 2u (t ) du (t ) +c ⋅ + k ⋅ u (t ) = p o ⋅ sin w ⋅ t 2 dt dt ( ) Neste caso, para além da solução em vibração livre ou complementar, existe a solução particular da equação que resolve o valor não nulo do segundo membro: ( ) ( ) u p (t ) = C 3 ⋅ sin w ⋅ t + C 4 ⋅ cos w ⋅ t Substituida esta solução na equação do movimento determinam-se as constantes C3 e C4: C 3 =Uo ⋅ 1− r (1 − r ) 2 2 2 + (2 ⋅ ξ ⋅ r ) ∧ C 4 =Uo ⋅ 2 − 2 ⋅ξ ⋅ r (1 − r ) 2 2 + (2 ⋅ ξ ⋅ r )2 i.e. u p (t ) = U o ⋅ (1 − r ) 2 2 1 + (2 ⋅ ξ ⋅ r ) 2 (( ⋅ 1− r 2 )⋅ sin (w ⋅t )− 2 ⋅ξ ⋅ r ⋅ cos(w ⋅t )) que se pode ainda escrever-se com o seguinte aspecto: Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. 7 ( u (t ) = U ⋅ cos w ⋅ t − α U =Uo ⋅ (1 − r ) 1 2 2 + (2 ⋅ ξ ⋅ r )2 ) ∧ tan α = = U o ⋅D 2 ⋅ξ ⋅ r 1− r 2 Note-se que Uo representa o deslocamento estático, r a razão das frequências e D o coeficiente de amplificação dinâmica. A solução final é igual à soma da solução complementar com a solução particular agora determinada: u (t ) = e −ξ ⋅w ⋅t ⋅ (A ⋅ cos(w a ⋅ t ) + B ⋅ sin (w a ⋅ t )) + U o ⋅ (1 − r ) 2 2 1 + (2 ⋅ ξ ⋅ r ) 2 (( ⋅ 1− r 2 )⋅ sin (w ⋅t )− 2 ⋅ξ ⋅ r ⋅ cos(w ⋅t )) Através das condições iniciais do movimento: o deslocamento e a velocidade no instante t = 0s, determina-se o valor das constantes A e B. A = u (0 ) + U o ⋅ 2 ⋅ξ ⋅ r (1 − r ) 2 2 + (2 ⋅ ξ ⋅ r )2 u& (0 ) + ξ ⋅w ⋅ A − U o ⋅ B = 5.2.2 ( w ⋅ 1− r (1 − r ) 2 2 2 ) + (2 ⋅ ξ ⋅ r )2 wa Sistema criticamente amortecido Se o sistema estiver em ressonância (para ξ de valor pequeno, verdadeiro nos casos correntes, isso corresponde aproximadamente a r = 1), e supondo o deslocamento e a velocidade no instante t = 0s nulos, temos: 1 −ξ ⋅w ⋅t ⋅ e u (t ) = U o ⋅ 2 ⋅ξ ξ ⋅ cos(w a ⋅ t ) + ⋅ sin (w a ⋅ t ) − cos w ⋅ t 2 ξ − 1 ( ) A solução é composta por duas parcelas: a primeira correspondente à resposta em regime estacionário e a segunda em regime transitório: Parcela Transitori a Parcela Estacionar ia ξ → e −ξ ⋅w ⋅t ⋅ cos(w a ⋅ t ) + ⋅ sin (w a ⋅ t ) 2 1−ξ ( ) → cos w ⋅ t Como se supõe ξ de valor pequeno: ( ) w a ≈w 1 ⇒ u (t ) ≈ U o ⋅ e −ξ ⋅w ⋅t − 1 ⋅ cos(w ⋅ t ) ξ ⋅ sin (w a ⋅ t ) ≈ 0 2 ⋅ξ que apresenta amplitude crescente no tempo tendendo para duas assimptotas horizontais: u = + Uo / (2. ξ) e u = - Uo / (2. ξ). Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. 8 NOTA: O valor r que verdadeiramente corresponde à ressonância do sistema é, no caso geral, o valor que impõe a quantidade máxima para o coeficiente D de amplificação do sistema, i.e. ∂D = 0 ⇒ r = 1−ξ ∂r Se o sistema estiver em ressonância e for ξ = 0, a solução é indeterminada. No entanto, essa indeterminação pode ser levantada: lim ξ →0 u (t ) = U o ⋅ 1 (sin (w ⋅ t ) −w ⋅ t ⋅ cos(w ⋅ t )) 2 expressão que corresponde à solução já apresentada para a hipótese de SD1 em ressonância sem amortecimento. 5.2.3 Sistema com amortecido superior ao crítico Seja agora o movimento de um SD1 com amortecimento superior ao crítico submetido à acção de uma força sinusoidal f(t) de amplitude po e frequência angular w . Neste caso, para além da solução em vibração livre ou complementar ja apresentada no ponto 5.1.2, existe a solução particular da equação que resolve o valor não nulo do segundo ( ) membro da equação do movimento ( m ⋅ u&&(t ) + c ⋅ u& (t ) + k ⋅ u (t ) = p o ⋅ sin w ⋅ t ) e que coincide com a solução do movimento de um SD1 com amortecimento inferior ao crítico (uma vez que a equação a resolver é a mesma): ( ) ( ) u p (t ) = C 3 ⋅ sin w ⋅ t + C 4 ⋅ cos w ⋅ t i.e. u p (t ) = U o ⋅ (1 − r ) 2 2 1 + (2 ⋅ ξ ⋅ r ) 2 (( ⋅ 1− r 2 )⋅ sin (w ⋅t )− 2 ⋅ξ ⋅ r ⋅ cos(w ⋅t )) ou ainda, ( u (t ) = U ⋅ cos w ⋅ t − α U =Uo ⋅ (1 − r ) 2 2 1 + (2 ⋅ ξ ⋅ r )2 ) = U o ⋅D ∧ tan α = 2 ⋅ξ ⋅ r 1− r 2 A solução final é igual à soma da solução complementar com a solução particular agora determinada: u (t ) = u (t ) = C 1 ⋅ e s 1 ⋅t + C 2 ⋅ e s 2 ⋅t + U o ⋅ Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. (1 − r ) 2 2 1 + (2 ⋅ ξ ⋅ r ) 2 (( ⋅ 1− r 2 )⋅ sin (w ⋅t )− 2 ⋅ ξ ⋅ r ⋅ cos(w ⋅t )) 9 s 1 = w ⋅ − ξ + ξ 2 − 1 ∧ s 2 = w ⋅ − ξ − ξ 2 − 1 Através das condições iniciais do movimento: o deslocamento e a velocidade no instante t = 0s, determina-se o valor das constantes C1 e C2. u& (0 ) − s 2 ⋅ u (0 ) + U o ⋅ C1 = C 2 = u (0 ) − C 1 + U o ⋅ 6 ( 2 ⋅ s 2 ⋅ξ ⋅ r + 1 − r (1 − r ) 2 2 2 )⋅w + (2 ⋅ ξ ⋅ r )2 s1 −s 2 2 ⋅ξ ⋅ r (1 − r ) 2 2 + (2 ⋅ ξ ⋅ r )2 Exemplos de aplicação Nas páginas seguintes encontram-se alguns resultados de aplicação dos conceitos teóricos apresentados a uma estrutura pendular invertida. Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. 10 ENGENHARIA CIVIL MECÂNICA II 2º Ano / 1º Semestre – 2002/2003 Prof. João Miranda Guedes (DEC) SISTEMA DISCRETO COM 1 GRAU DE LIBERDADE (Pêndulo invertido em movimento oscilatório horizontal) u(t) – Lei de movimento da massa no topo do pilar (representada nos gráficos) F(t) = po * sin (W * t) – Lei da acção a impor (ou não) no topo do pilar na direcção do deslocamento (t) Massa = 100kg Rigidez do pilar = 200 N/m Amortecimento relativo do pilar = ξ (variável) MOVIMENTO LIVRE NÃO AMORTECIDO ( m ⋅u&&(t ) + k ⋅ u (t ) = 0 ) Dados u(0) [m] = v(0) [m/s] = Resultados 1 0 (Deslocamento para t = 0s) (Velocidade para t = 0s) ω [rad/s] = 1,414214 T [s] = 4,442883 f [Hz] = 0,225079 Solução da Equação de Movimento 1,5 1 u(t) [m] 0,5 0 -0,5 0 2 4 6 8 10 12 14 -1 -1,5 t [s] Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. 1 Dados u(0) [m] = v(0) [m/s] = Resultados 0 1 (Deslocamento para t = 0s) (Velocidade para t = 0s) ω [rad/s] = 1,414214 T [s] = 4,442883 f [Hz] = 0,225079 Solução da Equação de Movimento 0,8 0,6 u(t) [m] 0,4 0,2 0 -0,2 0 2 4 6 8 10 12 14 -0,4 -0,6 -0,8 t [s] Dados u(0) [m] = v(0) [m/s] = Resultados 1 1 (Deslocamento para t = 0s) (Velocidade para t = 0s) ω [rad/s] = 1,414214 T [s] = 4,442883 f [Hz] = 0,225079 Solução da Equação de Movim ento 1,5 1 u(t) [m] 0,5 0 -0,5 0 2 4 6 8 10 12 14 -1 -1,5 t [s] Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. 2 MOVIMENTO FORÇADO NÃO AMORTECIDO ( m ⋅u&&(t ) + k ⋅ u (t ) = f (t ) ) Acção -> f(t) = po * sin (W * t) Dados Resultados p0 [N] = W [rad/s] = 100 1 u(0) [m] = v(0) [m/s] = 0 0 ω [rad/s] = T [s] = f [Hz] = 1,414214 4,442883 0,225079 (Deslocamento para t = 0s) (Velocidade para t = 0s) Solução da Equação de Movimento 2 1,5 u(t) [m] 1 0,5 Sol. Complementar 0 -0,5 0 Sol. Particular 2 4 6 8 10 12 14 Sol. Final -1 -1,5 -2 t [s] Solução da Equação de Movimento 2 1,5 u(t) [m] 1 0,5 0 -0,5 0 Sol. Complementar Sol. Particular 5 10 15 20 25 Sol. Final -1 -1,5 -2 t [s] Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. 3 MOVIMENTO FORÇADO NÃO AMORTECIDO EM RESSONÂNCIA ( m ⋅u&&(t ) + k ⋅ u (t ) = f (t ) para r = 1 ) Acção -> f(t) = po * sin (W * t) Dados Resultados p0 [N] = W [rad/s] = 100 1,414214 u(0) [m] = v(0) [m/s] = 0 0 ω [rad/s] = T [s] = f [Hz] = 1,414214 4,442883 0,225079 (Deslocamento para t = 0s) (Velocidade para t = 0s) Solução da Equação de Movimento 5 4 3 u(t) [m] 2 1 0 -1 0 2 4 6 8 10 12 14 25 30 35 -2 -3 -4 t [s] Solução da Equação de Movimento 15 10 u(t) [m] 5 0 -5 0 5 10 15 20 -10 -15 t [s] Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. 4 Acção -> f(t) = po * sin (W * t) Dados Resultados p0 [N] = W [rad/s] = 100 1,414214 u(0) [m] = v(0) [m/s] = 1 1 ω [rad/s] = T [s] = f [Hz] = 1,414214 4,442883 0,225079 (Deslocamento para t = 0s) (Velocidade para t = 0s) Solução da Equação de Movimento 4 3 u(t) [m] 2 1 0 -1 0 2 4 6 8 10 12 14 25 30 35 -2 -3 t [s] Solução da Equação de Movimento 10 8 6 u(t) [m] 4 2 0 -2 0 5 10 15 20 -4 -6 -8 -10 t [s] Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. 5 MOVIMENTO LIVRE COM AMORTECIMENTO INFERIOR AO CRÍTICO ( m ⋅u&&(t ) + c ⋅u& (t ) + k ⋅ u (t ) = 0 para ξ < 1 ) ξ= Dados u(0) [m] = v(0) [m/s] = Resultados 0,10 (Amortecimento) 1 1 (Deslocamento para t = 0s) (Velocidade para t = 0s) ωa [rad/s] = 1,407125 ω [rad/s] = 1,414214 T [s] = 4,442883 f [Hz] = 0,225079 Solução da Equação de Movimento 1,5 u(t) [m] 1 0,5 0 0 5 10 15 20 25 -0,5 -1 t [s] ξ= Dados u(0) [m] = v(0) [m/s] = Resultados 0,20 1 1 (Amortecimento) (Deslocamento para t = 0s) (Velocidade para t = 0s) ωa [rad/s] = 1,385641 ω [rad/s] = 1,414214 T [s] = 4,442883 f [Hz] = 0,225079 u(t) [m] Solução da Equação de Movimento 1,4 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 -0,2 0 -0,4 -0,6 -0,8 Sol. Complementar Sol. Particular Sol. Final 5 10 15 20 25 t [s] Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. 6 MOVIMENTO FORÇADO COM AMORTECIMENTO INFERIOR AO CRÍTICO ( m ⋅u&&(t ) + c ⋅u& (t ) + k ⋅ u (t ) = f (t ) para ξ < 1 ) Acção -> f(t) = po * sin (W * t) Dados Resultados p0 [N] = W [rad/s] = 100 1 ξ= 0,10 (Amortecimento) u(0) [m] = v(0) [m/s] = 1 1 ω [rad/s] = T [s] = f [Hz] = 1,414214 4,442883 0,225079 (Deslocamento para t = 0s) (Velocidade para t = 0s) ωa [rad/s] = 1,407125 Solução da Equação de Movimento 1,5 1 u(t) [m] 0,5 Sol. Complementar 0 -0,5 Sol. Particular 0 2 4 6 8 10 12 14 Sol. Final -1 -1,5 t [s] Solução da Equação de Movimento 1,5 1 u(t) [m] 0,5 Sol. Complementar 0 -0,5 Sol. Particular 0 5 10 15 20 25 Sol. Final -1 -1,5 t [s] Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. 7 MOVIMENTO FORÇADO COM AMORTECIMENTO INFERIOR AO CRÍTICO EM RESSONÂNCIA & & & ( m ⋅u (t ) + c ⋅u (t ) + k ⋅ u (t ) = f (t ) para ξ < 1 e r = 1 ) Acção -> f(t) = po * sin (W * t) Dados p0 [N] = W [rad/s] = 100 1,414214 ξ= Resultados 0,10 (Amortecimento) u(0) [m] = v(0) [m/s] = 1 1 ω [rad/s] = T [s] = f [Hz] = 1,414214 4,442883 0,225079 (Deslocamento para t = 0s) (Velocidade para t = 0s) ωa [rad/s] = 1,407125 Solução da Equação de Movimento 4 3 u(t) [m] 2 Sol. Complementar 1 Sol. Particular 0 -1 0 5 10 15 20 25 Sol. Final -2 -3 t [s] Solução da Equação de Movimento 4 3 u(t) [m] 2 Sol. Complementar 1 Sol. Particular 0 -1 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Sol. Final -2 -3 t [s] Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. 8 MOVIMENTO LIVRE COM AMORTECIMENTO SUPERIOR AO CRÍTICO ( m ⋅u&&(t ) + c ⋅u& (t ) + k ⋅ u (t ) = 0 para ξ > 1 ) ξ (>1) = Dados Resultados 1,50 (Amortecimento) u(0) [m] = v(0) [m/s] = 1 1 ω [rad/s] = T [s] = f [Hz] = 1,414214 4,442883 0,225079 (Deslocamento para t = 0s) (Velocidade para t = 0s) s1 = -0,54018 s2 = -3,70246 Solução da Equação de Movimento 1,2 1 u(t) [m] 0,8 0,6 0,4 0,2 0 0 2 4 6 8 10 12 14 t [s] ξ (>1) = Dados Resultados 3,00 (Amortecimento) u(0) [m] = v(0) [m/s] = 1 1 ω [rad/s] = T [s] = f [Hz] = 1,414214 4,442883 0,225079 (Deslocamento para t = 0s) (Velocidade para t = 0s) s1 = -0,24264 s2 = -8,24264 Solução da Equação de Movimento 1,2 1 u(t) [m] 0,8 0,6 0,4 0,2 0 0 2 4 6 8 10 12 14 t [s] Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. 9 MOVIMENTO FORÇADO COM AMORTECIMENTO SUPERIOR AO CRÍTICO ( m ⋅u&&(t ) + c ⋅u& (t ) + k ⋅ u (t ) = f (t ) para ξ > 1 ) Acção -> f(t) = po * sin (W * t) Dados Resultados p0 [N] = W [rad/s] = 100 1 ξ (>1) = 1,50 u(0) [m] = v(0) [m/s] = 1 1 ω [rad/s] = T [s] = f [Hz] = 1,414214 4,442883 0,225079 (Amortecimento) (Deslocamento para t = 0s) (Velocidade para t = 0s) s1 = s2 = -0,54018 -3,70246 Solução da Equação de Movimento 1,6 1,4 1,2 u(t) [m] 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 -0,2 0 2 4 6 8 10 12 14 -0,4 t [s] Solução da Equação de Movimento 1,6 1,4 1,2 u(t) [m] 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 -0,2 0 5 10 15 20 25 -0,4 t [s] Vibração de Sistemas Discretos de 1 G.L. 10