86 J. Bras. Nefrol. 1996; 18(1): 86-88 L.E. Ianhez - Resumos de Artigos: Transplante Renal Resumos de Artigos: Transplante Renal Luiz Estevam Ianhez Role of eosinophil in chronic vascular rejection of renal allografts. Nolan CR, Loenz KP, Thomas III CA, Mur phy K Am J Kid Dis. 1995; 26:634-642 Objetivo Conclusão Avaliação do papel do eosinofilo na rejeição crônica vascular. O papel do eosinófilo na rejeição vascular crônica foi bastante evidenciado. Protocolo Comentários Exame histopatológico de 24 enxertos removidos com coloração com Hematoxilina - Eosina e Epifluorescência em amostras coradas pelo método Fisher-Piense. A etiopatogenia e os fatores envolvidos na progressão da rejeição crônica são muito estudados na atualidade. O papel do eosinófilo na rejeição celular aguda já foi por nós demonstrado há anos 1 e confirmado por outros. 2 A conhecida correlação entre rejeição aguda e maior prevalência de rejeição crônica 3 corrobora os fatos obser vados no presente trabalho, sugerindo que o papel do eosinófilo na rejeição crônica já se inicia numa fase precoce pós-transplante. Resultados Da análise dos 24 enxertos examinados, nos 15 casos, cuja perda foi rejeição crônica, eosinófilos foram detectados em 14 casos (93%) com a técnica de epifluorescência, comprovado com somente 6 casos (40%) com a técnica Hematoxilina-eosina. Os eosinófilos puderam ser reconhecidos nas artérias, na íntima e na adventícia e no interstício. Através de estudos em cultura celular pode-se verificar o papel do eosinófilo na estimulação da síntese do DNA. Referências 1. Ianhez LE, Sabbaga J, Araújo JF, De Paula FJ, Sabbaga E. Correlação entre eosinofilia sangüínea e crise de rejeição no transplante renal. J Bras Nefrol. 1985; 7: 103-107 2. Kor mendi F, Armend WJC. Importancy of eosinophil cells in kidney allograft rejections. Transplantation. 1988; 45:537-538 3. Ianhez LE, De Paula FJ, Sabbaga E. Influência da rejeição aguda na perda crônica do enxerto renal. J Bras Nefrol. 1993 - supl. A publicação desta seção foi possível graças à colaboração dos Laboratórios Sandoz S/A. J. Bras. Nefrol. 1996; 18(1): 86-88 87 L.E. Ianhez - Resumos de Artigos: Transplante Renal Effect of fluvastatins on lipoprotein profiles in treating renal transplant recipients with dystipoproteinuria. Li PKT, Mark TWL, Chan TH, Nang A, Lam CWK, Loi KN Transplantation 1995; 60:652-656 Objetivo Avaliação de um estudo duplo cego do efeito de fluxostatina (um novo inibidor do 3 Hydroxy, 3 Multhilglutanyl Coenzyme A Radiutase) em 16 pacientes com transplante renal recebendo ciclosporina. Protocolo O estudo foi realizado durante 32 semanas consecutivas, sendo 4 pré-tratamento, 4 placebo, 12 com 20 mg de fluvastatina/dia e 12 semanas com 40 mg/dia. Avaliou-se o nível das lipoproteína nas diferentes fases. Resultados Após 12 semanas do tratamento com 20 mg de fluvastatina reduziram significativamente os níveis de triglicérides, do LDL colesterol e da Apo B. Com a dose de 40 mg por dia, a redução dos níveis dos referidos ítens foi maior. Não houve interferência nos níveis das outras lipoproteínas e não houve alteração na função hepática, função renal, nos níveis de ciclosporina sérica. Não houve nenhum efeito colateral na esfera clínica. Conclusão A fluvastatina é um medicamento efetivo no tra- tamento da dislipemia por transplante renal Comentários Alterações do metabolismo das lipoproteínas são uma complicação freqüente do paciente transplantado. 1 Esta alteração metabólica tem influência quer na maior incidência e gravidade da aterosclerose do paciente com transplante renal, como também está implicada na progressão da perda funcional do rim transplantado. 2,3 O uso desta droga, mostrando eficiência e com ausência de efeitos colaterais, nos confirma outros dados da literatura, 4 e sugere que o seu emprego possa ter efeito na diminuição da perda crônica do enxerto e da diminuição de mortalidade por doença cardiovascular. Referências 1. Ianhez LE, Fonseca JA, Cruz O Sabbaga E. Alterações do metabolismo lipídico em pacientes com alotransplante renal. Arq. Bras Cardiol. 1980;34;35-39. 2. Paul LC, Chronic renal transplant loss. Kidney Int. 1995; 47: 1491-1499 3. Guijarro G, Massuy ZA, Kasiske BL Clinical correlation between renal allograf and lyperlipedemia. Kidney Int. 1995; 48 (suppl 52): 56-59 4. Waner C, Bartins W, Galle J, Clinical utility of antilipider mia therapies in chronic renal allograft failure. Kidney Int. 1995; 48 (suppl 52): 60-62 88 J. Bras. Nefrol. 1996; 18(1): 86-88 L.E. Ianhez - Resumos de Artigos: Transplante Renal The impact of pretransplantation Hepatitis C infection on the outcome of renal transplantation. Pereira BJG, Wright TL, Schmidt CH, Levy AS Transplantation 1995: 60:799-805 Objetivo Avaliação da evolução de 23 pacientes com transplante renal portadores de anti HCV positivo, comparado com 80 casos anti-HCV negativo, em um estudo multicêntrico. Protocolo O acompanhamento dos dois grupos até 7 anos, avaliando vários fatores como: episódio de rejeição, tipo de imunossupressor, prevalência de RNA do vírus C, perda do enxerto e causa do óbito. Resultado A mortalidade foi significativamente maior nos casos HCV positivo, sendo a principal causa de óbito, a infecção. Óbito por insuficiência hepática ocorre somente em 1 caso do grupo HCV positivo. Conclusão Questiona-se se pacientes HCV positivo, com maior risco de óbito, devam ser transplantados ou mantidos em diálise crônica. Comentários A pior evolução de pacientes HCV positivos comparados com aqueles negativos, no pós-transplante renal mostrado no presente trabalho, não deve ser aceito sem restrições. É fato conhecido que existem vários tipos de vírus da hepatite C, com uma distribuição diferente nos diversos países. 1 No nosso meio a prevalência de positividade para HCV é em volta de 40%, na experiência da Unidade de Transplante Renal do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Na análise de 1511 pacientes transplantados com pelo menos 4 anos de evolução, 41 casos faleceram por hepatopatia, sendo somente 12 casos com HCV positivo. 2 Não devemos esquecer que outros fatores interferem na evolução da hepatopatia nos pacientes pós transplante renal, como sexo dos pacientes, esquema de imunossupressão, ingestão de álcool, usos de outras drogas, hepatotóxicas, e padrão sócio-econômico. 2 Fato importante relatado neste trabalho é que 61% dos casos com vírus C já tinham hepatopatia no pré transplante, fato que pode explicar a pior evolução do transplante. Achamos que não deva ser negado o transplante renal aos portadores de vírus C, desde que não tenham hepatopatia grave, que a imunossupressão seja sem azatioprina e seria útil o tratamento prévio da infecção pelo vírus C pelas drogas atualmente disponíveis. Referência 1. Pereira BJG. Hepatitis C infection and post. transplantation liver disease. Nephrol Dial Transplant. 1995; 10 (suppl): 58-67 2. Ianhez LE, Fonseca JA, De Paula FJ, David Neto E, Saldanha LB, Sabbaga E. Hepatopatia como causa de óbito pós transplante renal. J Bras Nefrol. 1966: (no prelo). Luiz Estevam Ianhez Disciplina de Nefrologia-U.T.R. Faculdade de Medicina da Universidade de Sào Paulo