REQUERIMENTO DE INDICAÇÃO N.º (Do Sr. Geraldo Thadeu) , DE 2007. Requer o envio de Indicação ao Excelentíssimo Sr. Ministro de Estado da Saúde, sugerindo providências no sentido de definir um orçamento que integre os recursos públicos destinados ao tratamento da insuficiência renal crônica. Senhor Presidente, Requeiro a Vossa Excelência, nos termos do artigo 113, inciso I, § 1°, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, que seja encaminhado ao Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado da Saúde, a Indicação em anexo, sugerindo providências no sentido de definir um orçamento que integre os recursos públicos destinados ao tratamento da insuficiência renal crônica. Sala das Sessões, em de Deputado Geraldo Thadeu PPS/MG de 2007. INDICAÇÃO Nº , DE 2007 (Do Sr. Dep. Geraldo Thadeu) Excelentíssimo Senhor Ministro da Saúde, Nos termos das considerações a seguir expostas, sugerimos providências no sentido de que seja definido um orçamento que integre os recursos públicos destinados ao tratamento da insuficiência renal crônica. A Insuficiência Renal Crônica - IRC vem apresentando aumento progressivo nas suas taxas de incidência, em decorrência do incremento da prevalência de algumas doenças crônico-degenerativas como o diabetes e a hipertensão arterial. A falha na detecção precoce destas doenças leva ao desenvolvimento de IRC e à entrada de pacientes em Terapias Renais Substitutivas - TRS em idade cada vez mais precoce (idade média de 47 anos). Esse fato resulta em um gasto médio de R$1,1 bilhões por ano com procedimentos de diálise e uma taxa de mortalidade proporcional de 16% ao ano dos pacientes acompanhados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004; BATISTA e LOPES, 2004). Os gastos com TRS cresceram aproximadamente 50% entre 1999 e 2003, sendo que, em 2002 cerca de 55.000 pacientes foram beneficiados com este tipo de terapia. Mas, embora a diálise e o transplante sejam tratamentos complementares, existe hoje consenso quanto às vantagens do transplante em termos de qualidade de vida e custo. No Brasil observa-se que embora a atividade transplantadora tenha crescido consideravelmente nestes últimos trinta anos, em proporção, ela cresceu bem menos que a atividade dialítica, inobstante os esforços para a consolidação de um sistema integrado de tratamento para a insuficiência renal crônica que privilegie o transplante. Várias estatísticas demonstram que menos de um quarto dos doadores potenciais são convertidos em doadores efetivos. Ou seja, diante de um conjunto de condições - políticas, recursos financeiros, órgãos passíveis de serem transplantados e capacidade transplantadora; não é a falta de doadores o maior entrave para a realização de transplantes no nosso país, mas sim a estrutura deficiente dos serviços de saúde e o seu sistema de financiamento. Sem dúvida, uma questão vital a ser considerada sobretudo pelos gestores estaduais e municipais de saúde é que se analisem as condições para a expansão da capacidade transplantadora em cada esfera de gestão, criando-se capacidades institucionais que hoje não estão disponíveis no interior do sistema público de saúde. Mas, há que se ter em vista também que as regras de financiamento do sistema de saúde representam um obstáculo à integração entre os recursos destinados ao tratamento dos doentes renais crônicos. Afinal, segundo essas regras, montantes fixos de recursos, calculados a partir de parâmetros oficialmente definidos são destinados aos procedimentos ambulatoriais de um lado e aos hospitalares de outro. Ora, um sistema integrado de tratamento depende tanto da integração entre os prestadores como de um orçamento único a partir do qual se possam incentivar as mudanças desejadas na distribuição de recursos entre o transplante e a diálise. Ocorre que um orçamento integrado é até hoje algo que ainda não se consolidou dentro do atual sistema de financiamento da saúde pública no Brasil em todas as áreas. Esse sistema até hoje não conta, com mecanismos simples de realocação de recursos de um procedimento ambulatorial para um procedimento hospitalar. A inexistência de mecanismos administrativos que permitam integrar os recursos financeiros disponíveis para o tratamento da insuficiência renal crônica e alocá-los segundo uma lógica própria a um sistema integrado de tratamento é um dos fatores que explica a falta de impacto das políticas federais - que sempre recomendaram o incentivo ao transplante sobre a relação entre o número de transplantes e procedimentos de diálise realizados no período. Assim, apesar de várias iniciativas do Ministério da Saúde terem como um de seus principais objetivos o incremento da proporção de transplantados, pode-se observar que a relação entre o número de transplantes e tratamentos dialíticos oferecidos, que era de 8%, em 1981, decresceu até 5% em 1998, tendo apresentado um pequeno crescimento a partir de então, chegando a 6% em 2000. Em relação ao financiamento do setor, a distinção existente entre procedimentos ambulatoriais e hospitalares e a conseqüente impossibilidade de transferência de recursos financeiros entre eles pode ser reconhecida como um empecilho para o desenvolvimento de um sistema integrado de tratamento da insuficiência renal terminal crônica. A idéia de consolidar um orçamento integrado para o tratamento da insuficiência renal crônica é o motivo da presente Indicação. Para viabilizar esta alternativa será necessário estudar maneiras de diferenciar o financiamento dos procedimentos de alto custo, permitindo que, nos casos em que isso se mostre necessário, este seja pautado, por exemplo, pela relação entre o custo, a sobrevida e a qualidade de vida propiciada pelos diferentes tratamentos disponíveis. Esta decisão poderá inclusive vir a contribuir para a definição de soluções mais adequadas na área de financiamento dos procedimentos de alto custo como um todo. Acreditamos que mediante a implantação desta proposta será mais fácil alcançar o ideal desejado pelos doentes, nefrologistas e autoridades sanitárias: um sistema integrado de atenção ao doente renal crônico brasileiro. Sala das Sessões, em de Deputado Geraldo Thadeu PPS/MG de 2007.