Perspectiva Semanal De 25 a 29 julho de 2011 Cenário O principal evento no âmbito doméstico será a divulgação, na quinta-feira, da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada. O Comitê elevou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 12,50%, em linha com as projeções do mercado. O comunicado que acompanhou a decisão destacou-se pelo laconismo, não fornecendo qualquer pista sobre os próximos passos da política monetária. A ata da reunião deverá trazer a avaliação do Banco Central com relação ao cenário prospectivo de inflação, fornecendo subsídios para se precisar o momento do encerramento do ciclo monetário. A agenda doméstica contempla também a divulgação dos relatórios sobre o setor externo, mercado de crédito e contas públicas, todos referentes ao mês de junho. Destaque para os novos dados sobre a expansão do crédito, cujos dados serão importantes para se conhecer a contribuição deste canal de política monetária no processo de contenção da demanda interna. No front externo, as atenções se concentrarão na economia americana, onde as incertezas que cercam a recuperação continuam assustando os investidores, alimentando a aversão a ativos de risco. Uma nova leva de indicadores, envolvendo atividade e inflação, será conhecida nos próximos dias, que deve reafirmar o quadro morno da recuperação da economia americana, ainda que sem risco de um escorregão para a recessão. Economia Internacional Aumentam as evidências de desaceleração da economia mundial. O índice de gerentes de compras global (PMI) do setor industrial situou-se em 53,3 pontos em junho, perdendo força desde fevereiro último quando atingiu 58,1 pontos. Os países avançados mostraram uma desaceleração mais intensa (perderam 6 pontos), enquanto os emergentes recuaram apenas 2 pontos no intervalo considerado. Deve-se notar que os PMIs permanecem acima dos 50 pontos, significando que não estão voltando para trás, mas tão somente apresentando uma moderação no crescimento econômico. Esses dados reforçam a percepção de que a economia mundial deverá mostrar fraco desempenho neste ano. Parte da fraqueza decorre de fatores pontuais, atuantes principalmente na primeira metade do ano. A redução da atividade industrial, por conta da interrupção das linhas de produção devido ao terremoto japonês, e a alta dos preços do petróleo e demais commodities, deprimindo a produção e o consumo, explicam boa parte do enfraquecimento apresentado pela economia mundial nos meses recentes. Por outro lado, há elementos recessivos decorrentes do esforço fiscal efetuado na Europa, como também do aperto monetário em curso na China, que deverão persistir ao longo dos próximos meses. Desta forma, o cenário prospectivo para a economia mundial no segundo semestre deve contar com contribuições positivas por parte da economia japonesa e norteamericana, que deverão mostrar crescimento mais elevado, enquanto o ajuste fiscal na Zona do euro e a redução do crescimento chinês refletindo a continuidade do aperto monetário continuarão impedindo uma recuperação mais firme da economia global. Perspectiva para a semana A agenda econômica reserva munição mais do que suficiente para assegurar um ambiente de elevada volatilidade nos mercados internacionais. Boa parte terá origem na economia norte-americana, onde nova safra de dados mostrando uma economia mais fraca poderá azedar o humor dos investidores. O destaque caberá à primeira divulgação do PIB do segundo trimestre de 2011, que deverá mostrar performance muito próxima ao 1º trimestre. Segundo o consenso do mercado, o PIB americano deve ter crescido 1,8% no período (1,9% no 1º trimestre). Este resultado acusa a redução no consumo pessoal – responsável por 70% do PIB – que deverá aumentar 0,9% no período, perdendo força frente ao primeiro trimestre (2,2%). O menor crescimento da renda, tanto por conta da alta dos preços dos combustíveis como pelo enfraquecimento do 1mercado de trabalho, e a estagnação da riqueza das famílias (queda dos preços dos imóveis e estabilidade das bolsas) minaram a confiança do consumidor, reduzindo a propensão ao consumo nos meses recentes. Merecerão destaque também os novos números sobre as encomendas de bens duráveis referentes a junho, que deverão aumentar 0,3% no mês, (+1,9% observada em maio). Excluídos os itens mais voláteis, como material de transporte, os pedidos à indústria devem mostrar um aumento de 0,5% ante ao mês anterior (+0,6%). Apesar dos aumentos projetados, a tendência delineada pelas novas encomendas segue sendo de desaceleração, como apontado por este componente no índice ISM da indústria do período. No âmbito imobiliário, as atenções se concentrarão na divulgação de novas estatísticas sobre as vendas de novas residências, que devem reforçar o cenário de fraqueza do setor. Estima-se que as vendas devem mostrar aumento de 0,9% em junho frente ao mês anterior, equivalendo a 322 mil novas casas vendidas no mês, em termos anualizados. As vendas de casas pendentes (vendas compromissadas, mas não efetivadas) devem mostrar queda de 2,0% na comparação com maio, equivalendo a 87,5 mil unidades 1 vendidas, em termos anuais. Com o mercado estagnado, os estoques de residências à venda permanecem em alta, deprimindo os preços e, por conseguinte, mantendo a inadimplência do setor em níveis elevados, que, por sua vez, resulta em oferta adicional de casas no mercado a preços deprimidos. No âmbito do consumidor, a Universidade de Michigan divulga seu indicador de confiança do consumidor referente a julho, que deverá ficar em 64,0 pontos, praticamente no mesmo nível da divulgação preliminar ocorrida em meados do mês. O Conference Board também divulga seu índice de confiança do consumidor de julho, que deverá ficar em 56,0 pontos, contra 58,5 pontos no mês anterior. Dado que as condições do mercado de trabalho permanecem enfraquecidas, a confiança do consumidor deve seguir flutuando em torno dos níveis atuais, sem grandes surpresas a curto prazo. O Livro Bege será divulgado na quarta-feira, com visão atualizada sobre as condições econômicas. A análise deve constatar o menor dinamismo da economia americana, refletindo a moderação do consumo, das vendas no varejo e produção industrial, com reflexos negativos sobre a criação de empregos. Pelo lado da inflação, deve-se constatar baixo risco, dado a reduzida contaminação dos custos mais altos da produção para o restante dos preços da economia. Na Inglaterra, atenções para a divulgação do PIB do 2º trimestre, que deverá mostrar desaceleração para 0,2% T/T ante 0,5% do período anterior. Na Zona do euro e no Japão, os índices de preços ao consumidor deverão continuar em patamares relativamente elevados, captando ainda as pressões oriundas dos preços dos combustíveis e alimentos. Perspectiva Semanal Economia Brasileira Como amplamente esperado, o Banco Central elevou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual para 12,50%. A surpresa ficou para a retirada da expressão “período suficientemente prolongado” do comunicado, interpretada como sinalização de que o ciclo de aperto monetário está próximo do fim. Essa nova postura pode estar refletindo o aumento das preocupações da autoridade monetária com os riscos crescentes do cenário externo, uma vez que o âmbito doméstico segue sinalizando para a continuidade do aperto monetário. Os dados do mercado de trabalho reforçam um quadro de pleno emprego, dificultando a contração da demanda doméstica e, por conseguinte, a queda mais consistente da inflação. O laconismo que caracterizou o comunicado não permite apostas convictas na linha de que foi o último aumento do ciclo. Da 2 mesma forma, não dá para afirmar que nova alta esteja contratada para a reunião de agosto. Tudo indica que a próxima decisão dependerá da evolução dos dados domésticos de atividade e inflação como também do contexto internacional. Na nossa avaliação, mercado de trabalho apertado, atividade recuando em ritmo lento e inflação corrente com perspectivas de alta nos próximos meses deverão determinar aumento adicional de 0,25 ponto percentual na próxima reunião em agosto. O agravamento do cenário externo poderá precipitar a interrupção desse processo. Nesta linha, a ata da reunião, que será divulgada nesta semana, ganha importância no sentido de revelar a avaliação que o BC faz do cenário prospectivo, bem como dos riscos presentes. Perspectiva Semanal Projeções SulAmérica Focus Expediente SulAmérica Semana anterior Esta semana IPCA em 12 meses 5,32 5,37 5,40 IPCA 2011 6,22 6,31 6,31 IPCA Julho 0,15 0,20 0,20 IPCA Agosto 0,25 0,29 0,28 IPCA 2012 5,50 5,20 5,28 Selic final 2011 12,75 12,75 12,75 Selic média 2011 12,24 12,25 12,25 Selic final 2012 12,75 12,63 12,75 Selic média 2012 12,75 12,75 12,75 Câmbio final 2011 1,68 1,60 1,60 Câmbio médio de 2011 1,67 1,60 1,60 Câmbio final 2012 1,72 1,69 1,65 Câmbio médio de 2012 1,70 1,65 1,65 PIB 2011 (%) 4,10 3,94 3,94 PIB 2012 (%) 4,50 4,00 4,00 Preços Administrados 2011 5,00 5,20 5,20 Preços Administrados 2012 4,50 4,50 4,50 Economista-chefe: Newton Rosa [email protected] Produtos Bianca Abondanza [email protected] Informações: Maria Augusta [email protected] Site: www.sulamerica.com.br Clique aqui e conheça os fundos da SulAmérica Investimentos. Este material foi preparado pela SulAmérica Investimentos DTVM S.A. e apresenta caráter meramente informativo, não podendo ser reproduzido ou copiado sem a expressa concordância da mesma. As análises aqui contidas foram elaboradas a partir de fontes fidedignas e de boa-fé. As informações aqui apresentadas deverão ser consideradas confiáveis apenas na data em que este foi publicado. Ainda assim, a SulAmérica Investimentos DTVM não garante, expressa ou tacitamente, exatidão, nem tampouco assertividade sobre os temas aqui abordados. Todas as análises aqui contidas estão sujeitas a alteração sem aviso prévio. As opiniões aqui expressas não devem ser entendidas, em hipótese alguma, como uma oferta para comprar ou vender quaisquer títulos e valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros. Mercados Câmbio O dólar deverá continuar oscilando em torno dos patamares atuais (R$ 1,56 a R$ 1,58/US$). Um cenário de redução da aversão ao risco, com o acordo em torno da dívida grega e provável elevação do teto da dívida pública americana, deve favorecer a apreciação do real, que poderá testar o importante suporte de R$ 1,55/US$. Juros Mercado deverá ficar a espera da ata do Copom, na próxima quinta-feira, para tentar vislumbrar o que aguardar das próximas decisões de política monetária. Após a remoção do termo “período suficientemente prolongado” ganhou força a aposta na interrupção da alta de juros. No entanto, as condições macroeconômicas não corroboram o fim do ciclo neste momento. Bolsas Aversão ao risco diminuiu após o anúncio do novo pacote de ajuda à Grécia, permitindo que o Ibovespa recuperasse o patamar de 60 mil pontos. Para seguir em frente, dependerá da solução do impasse em torno da elevação do teto do endividamento do setor público americano. Alta 3 Queda Estável Volátil