P e r s p e c t i v a S e m a n a l De 09 a 13 janeiro de 2012 Cenário Nesta semana, a agenda econômica doméstica não reserva grandes eventos. Os agentes financeiros estarão atentos aos acontecimentos concernentes à crise europeia, acompanhando as variações dos humores dos investidores em linha com as flutuações do apetite ao risco. Deverão, também, mostrar especial atenção para os poucos anúncios econômicos internos marcados para esta semana. Destaque para os resultados das vendas ao varejo referentes a novembro, que serão divulgados pelo IBGE na quinta-feira. Segundo nossas projeções, as vendas do comércio devem apresentar aumento de 0,5% na comparação mensal e 5,6% ante igual mês de 2010. Os fundamentos continuam favoráveis ao consumo. Emprego e renda em alta mantém a confiança do consumidor em patamares elevados. Esses fatores continuarão impulsionando as vendas no curto prazo. O desaquecimento que já toma conta da atividade produtiva, no entanto, vem minando as bases do consumo, devendo resultar em maior desaquecimento das vendas do comércio em futuro próximo. Merecem atenção também as prévias dos indicadores de preços de janeiro que serão conhecidas nesta semana (IGP-M, IPC-Fipe e IPC-S), que poderão fornecer um quadro mais atualizado das tendências inflacionárias neste início de ano. No front externo, as atenções devem se voltar para nova rodada de indicadores econômicos que serão divulgados nos EUA e China. Devem corroborar a percepção de que o dinamismo das duas maiores economias do mundo deve mitigar os efeitos recessivos da crise europeia sobre a economia global. Economia Internacional Os dados de atividade econômica divulgados nos Estados Unidos nas últimas semanas reforçaram a percepção de fortalecimento da economia norte-americana. O indicador ISM industrial situou-se em 53,9 pontos em dezembro, reforçando a expectativa positiva que cerca a atividade industrial nos próximos meses. Esse resultado reflete o processo de recomposição de estoques em curso (novas encomendas atingiram 57,6 pontos, a mais alta dos últimos oito meses) estimulado pelo aumento do consumo verificado ao longo da segunda metade de 2011. Esse maior dinamismo tem se traduzido em melhora nos níveis de emprego. Foram criados 200 mil novas vagas em dezembro, mantendo o quadro de lenta recuperação do mercado de trabalho (a taxa de desemprego recuou para 8,5% em dezembro, a mais baixa desde fev/2009). Os gastos pessoais com consumo crescem por quatro meses seguidos, mas a renda pessoal não mostrou igual performance. Sinal de que o avanço do consumo deve estar ocorrendo à custa de menor poupança. Aqui há uma possível indicação sobre o fôlego da atual recuperação. Se o atual ritmo de criação de emprego se sustentar ao longo dos próximos meses, isso se traduzirá em elevação da massa de salários da economia, ainda que a renda pessoal permaneça relativamente estável. Neste caso o consumo se sustenta, impulsionando a atividade produtiva em curso. Por outro lado, se o avanço do consumo continuar ocorrendo em detrimento da poupança pessoal, a recuperação atual terá vida curta. Perspectiva para a semana Na agenda americana, um dos destaques da semana será as vendas do comércio varejista em dezembro. Com base nos resultados já conhecidos das grandes cadeias de lojas, estima-se que as vendas totais deverão mostrar alta de 0,2% se comparadas ao mês anterior, quando mostraram crescimento semelhante. O núcleo das vendas do comércio (exclusive autos, gasolina e mat. de construção) deverá registrar elevação de 0,3% (novembro: 0,2%). O desempenho esperado para o comércio é compatível com o consumo das famílias evoluindo em torno de 2,5% no último trimestre do ano. Pelo lado dos preços, vale acompanhar a divulgação do índice de preços de importações, que em dezembro deverá mostrar contração de 0,1%, contrastando com a alta de 0,7% observada no mês anterior. No acumulado em doze meses, o índice ainda mostrará alta de 8,2% (9,9% em novembro). Serão conhecidos também os dados da balança comercial em novembro, que segundo as estimativas, deverá registrar déficit comercial de US$ 44,9 bilhões, acima do observado em outubro (-US$ 43,5 bilhões). No âmbito do consumidor, a Universidade de Michigan divulga a preliminar do índice de confiança do consumidor de janeiro, que deverá registrar 70,4 pontos, acima dos 69,9 pontos do fechamento de dezembro. O fortalecimento do mercado de trabalho, com a paulatina melhora na oferta de emprego, explica a recuperação da confiança do consumidor americano, nos meses recentes. Finalmente, merecerá atenção também a divulgação do Livro Bege, contendo avaliação da economia americana efetuada pelos Feds regionais. A avaliação deve ser positiva, captando a evolução 1 favorável apresentada pela economia americana recentemente. Na China, novos indicadores econômicos serão conhecidos ao longo da semana. O grande destaque será a inflação ao consumidor, a qual deverá manter a trajetória de queda. A variação do índice de preços ao consumidor deve mostrar ligeira redução em dezembro, fechando 2011 com inflação em 4,0%, na meta buscada pelo banco central chinês. O indicador de preços ao produtor deve recuar de 2,7% em agosto para 1,6% com o dado de dezembro, acusando os menores preços das commodities por conta da desaceleração da economia global. Atenção também para os dados da balança comercial relativos a dezembro, que deve mostrar superávit de US$ 9,45 bilhões, diminuindo em relação ao dado anterior (US$ 14,53 bilhões). A redução observada no resultado positivo da balança comercial chinesa, nos meses recentes, reflete a perda de vigor das exportações em decorrência da desaceleração global. As projeções apontam para exportações crescendo 13,5% em dezembro (13,8% no mês anterior), enquanto as importações devem crescer 18,0%, ambos em comparação a dezembro do ano passado. Na zona do euro o destaque recairá sobre a decisão de política monetária. Após dois cortes consecutivos na taxa básica de juros – reduzindo-a de 1,50% para 1,0% ao ano – o Banco Central Europeu (BCE) deve promover uma pausa. A sinalização deve ser de manter uma política agressiva de oferta de liquidez ao sistema bancário, tentando estimular a oferta de crédito e as compras de papéis soberanos. Perspectiva Semanal Economia Brasileira A produção brasileira de automóveis, um setor bastante importante para a indústria e a economia como um todo, sofreu bastante no ano de 2011. As vendas totais de automóveis (sem contar motocicletas) chegaram a 3,7 milhões, número 3,21% superior aos 3,58 milhões vistos em 2010. As vendas tiveram crescimento, porém mais fraco que o visto nos anos anteriores (de 12% em 2010, por exemplo). Essa fraqueza deveu-se à maior base de comparação, à menor existência de demanda reprimida (que foi atendida nos anos anteriores) e às medidas macroprudenciais adotadas pelo BC em dez/10 (que foram relaxadas apenas parcialmente no segundo semestre de 2011). Boa parte dessas vendas foi atendida pela oferta externa (importados). A participação dos importados nas vendas subiu de 21,5% em dez/10 para 26,5% em dez/11. O resultado disso é que as vendas atendidas pela oferta interna (uma variável importante para as montadoras nacionais) estão 2 mostrando tendência de queda desde jan/11. Essas vendas declinantes têm afetado a produção, que ficou estagnada, e começam a afetar o emprego, com demissões passando a ocorrer a partir de dez/11. A perspectiva para a indústria automobilística brasileira em 2012 não é boa. A taxa de câmbio não deve ser tão valorizada em 2012 quanto foi em 2011 e o governo instituiu medidas protecionistas para o setor. Mesmo assim, os fortes aumentos salariais concedidos pelas montadoras (10% nominal para 2011 e 2012) fazem a competitividade do produto nacional ainda ser baixa, não permitindo imaginar um ano de crescimento sustentado a não ser que haja mais medidas feitas pelo governo. Dessa forma, a expectativa para esse importante setor da indústria ainda é negativa, o que deve afetar a indústria brasileira como um todo em 2012. Perspectiva Semanal Projeções SulAmérica Focus Expediente SulAmérica Semana anterior Esta semana IPCA em 12 meses 5,33 5,33 5,38 IPCA 2012 5,13 5,32 5,31 IPCA Janeiro 0,58 0,59 0,59 IPCA 2013 4,93 5,00 5,00 Selic final 2012 9,50 9,50 9,50 Selic média 2012 10,00 9,69 9,69 Selic final 2013 11,50 10,38 10,25 Selic média 2013 10,90 10,50 10,50 Câmbio final 2012 1,85 1,75 1,77 Câmbio médio de 2012 1,87 1,79 1,79 Câmbio final 2013 1,77 1,75 1,75 Câmbio médio de 2013 1,76 1,75 1,75 PIB 2011 (%) 2,80 2,87 2,87 PIB 2012 (%) 3,40 3,30 3,30 Preços Administrados 2012 4,50 4,50 4,50 Preços Administrados 2013 4,50 4,50 4,50 Economista-chefe: Newton Rosa [email protected] Economista Rafael Yamano [email protected] Informações: Maria Augusta [email protected] Site: www.sulamericainvestimentos.com.br Clique aqui e conheça os fundos da SulAmérica Investimentos. Este material foi preparado pela SulAmérica Investimentos DTVM S.A. e apresenta caráter meramente informativo, não podendo ser reproduzido ou copiado sem a expressa concordância da mesma. As análises aqui contidas foram elaboradas a partir de fontes fidedignas e de boa-fé. As informações aqui apresentadas deverão ser consideradas confiáveis apenas na data em que este foi publicado. Ainda assim, a SulAmérica Investimentos DTVM não garante, expressa ou tacitamente, exatidão, nem tampouco assertividade sobre os temas aqui abordados. Todas as análises aqui contidas estão sujeitas a alteração sem aviso prévio. As opiniões aqui expressas não devem ser entendidas, em hipótese alguma, como uma oferta para comprar ou vender quaisquer títulos e valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros. Mercados Câmbio A taxa de câmbio continua oscilando em resposta ao aumento à aversão ao risco decorrente das tensões no mercado europeu. O mercado tem oscilado em torno do patamar de R$ 1,85/US$. A evolução da taxa de câmbio fica totalmente na dependência do ambiente externo. Juros Indicadores de inflação (IPC-A e IGPs), mostrando um quadro inflacionário mais favorável, abriram espaço para o fortalecimento de apostas em mais duas reduções na Selic, nas reuniões deste mês e de março, ajudando a arrefecer as pressões sobre a curva, observada nos últimos dias. Mas a volatilidade deve se manter elevada, principalmente nesta semana em que serão conhecidas as vendas do comércio de novembro. Bolsas A recuperação da economia americana, espelhada pela melhora mostrada pelos indicadores recentes, não tem sido suficiente para atenuar as incertezas oriundas da crise europeia. Apenas em um cenário de acomodação das tensões na zona do euro, o Ibovespa teria forças para voltar a operar acima dos 60 mil pontos. Alta 1 3 Queda Estável Volátil