O SR. EDISON ANDRINO (PMDB-SC) pronuncia o seguinte discurso: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para trazer ao conhecimento desta Casa alguns dados sobre o extraordinário desempenho das contas externas brasileiras, com especial destaque para o superávit na conta de Turismo, que vem-se transformando em uma real perspectiva para o desenvolvimento econômico brasileiro. De fato, Senhor Presidente, o Brasil registrou em março deste ano um superávit de 817 milhões de dólares na conta de transações correntes, que soma os saldos da balança comercial com o saldo de viagens internacionais, de pagamento de juros e de remessa de lucros, contra 169 milhões de dólares no mesmo mês do ano passado. Este substancial aumento do superávit nas contas externas se deve, principalmente, ao maior gasto de turistas estrangeiros no País, bem como ao forte saldo comercial, que saiu de 1,5 bilhão de dólares em março de 2003 para 2,6 bilhões de dólares em março deste ano. A conjunção destes fatores, Senhores Deputados, fez com que o primeiro trimestre de 2004 representasse o melhor resultado em transações correntes desde o ano de 1947. É importante destacar, Senhor Presidente, que a conta de transações correntes era justamente aquele indicador que, em um 2 passado recente, traduzia a vulnerabilidade externa da economia brasileira frente às expectativas internas e externas. A rigor, a necessidade de manutenção de um câmbio sobrevalorizado traduzia a dependência de capitais externos para que se pudesse financiar o déficit em transações correntes, levando ao círculo vicioso que culminou com a desvalorização abrupta do Real. No atual momento, o desempenho favorável reflete a importante reação do setor exportador brasileiro, que vem ano a ano melhorando o seu desempenho, mas também a reversão do saldo das receitas com viagens internacionais, que há alguns anos nos era fortemente desfavorável e que, atualmente, apresenta resultado positivo, significando que os turistas estrangeiros no País hoje gastam mais em moeda forte que os turistas brasileiros no exterior. Mais do que um resultado momentâneo, é preciso ter em conta que há uma nítida evolução destas contas, que atingiram o maior nível mensal da história, no valor de 308 milhões de dólares, em março. O mês de abril poderá apresentar um déficit corrente de 450 milhões de dólares, conforme previsão do Departamento Econômico – DEPEC - do Banco Central, devido a um maior pagamento de juros, que, tradicionalmente, constitui a maior conta negativa do balanço em transações correntes. 3 Entretanto, tudo indica que este resultado será eventual e a ele deverão suceder novos superávits. O fato é, Senhores Deputados, que o superávit na conta de transações correntes torna-se um fator positivo para a economia nacional em um momento em que o fluxo de recursos financeiros continua instável para o País, face à conjuntura internacional e às expectativas de alta dos juros domésticos norte-americanos. Com efeito, Senhor Presidente, o fluxo de investimentos estrangeiros diretos, embora tenha melhorado em relação ao ano passado, ainda está bem aquém da previsão do Banco Central, que estimava uma entrada média mensal de 1,1 bilhão de dólares, totalizando 13 bilhões de dólares no ano. No mês passado, contudo, os investimentos diretos que foram efetivamente contabilizados somaram 703 milhões de dólares, contra 284 milhões de dólares no mesmo mês de 2003. Estes resultados nos levam a algumas importantes reflexões. Primeiramente, está claro que a reação da economia nacional está reduzindo a sensação de vulnerabilidade externa, o que aumenta a confiança na economia brasileira. Mesmo em face de uma maior instabilidade na economia internacional, devido a fatores geopolíticos e às perspectivas de maior inflação e de elevação de taxas de juros nas 4 economias desenvolvidas, a posição do Brasil se mostra bem mais sólida do que em outras ocasiões no passado. Em segundo lugar, cabe destacar a diligente política comercial que vem sendo executada nos últimos anos e que sinaliza um caminho seguro para a retomada de um crescimento econômico com bases sólidas e menos vulnerável a fatores de natureza conjuntural. Os estímulos já implantados, no entanto, não podem mitigar a necessidade urgente de reformas estruturais de natureza tributária, creditícia e logística que possam efetivamente alavancar o setor exportador dentro de suas reais possibilidades de expansão. Finalmente, Senhores Deputados, está claro que uma política conseqüente e coordenada para o turismo como fonte de divisas e de geração de empregos é fundamental e pode vir a contribuir de maneira extraordinária para a consolidação de uma nova perspectiva econômica para o País. Era o que tinha a dizer. Muito Obrigado.