UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CURSO DE LICENCIATURA GEOGRAFIA A DISTÂNCIA GEOGRAFIA AGRÁRIA Professora: Marceleuze Tavares Aula 05: Reforma Agrária brasileira A implantação de uma Reforma Agrária no Brasil, que atendesse todos os aspectos e necessidades do seu universo rural, depara-se com desafios, que se iniciam com a própria dimensão continental do país e sua diversidade regional: (ver figura 01 na página 06). Porém esta não é a questão principal. O antagonismo de interesses da classe dos grandes proprietários, em relação ao interesse dos pequenos produtores (minifundiários, arrendatários, trabalhadores rurais), sempre foi o maior obstáculo ao estabelecimento de uma situação de justiça social no campo. O capitalismo industrial urbano estimulava a migração campo-cidade, visto que os direitos do operariado urbano foram reconhecidos desde a década de 1950, enquanto os trabalhadores rurais ficavam à margem dos direitos básicos como: férias, descanso remunerados, jornada de 40 horas semanais, 13º salário e aposentadoria. Havia uma corrente de interpretação da situação rural, que entendia que os estímulos a solução de problemas agrários seria contraproducente ao desenvolvimento industrial e a urbanização do país, porque a rentabilidade das atividades agrícolas e pecuárias sempre seriam inferiores a capacidade produtiva da industria – Esta interpretação não previa a distribuição de renda e melhoria de ganhos para os trabalhadores, com a conseqüente ampliação do seu poder de consumo. Portanto, a penetração de capitalismo no campo não alteraria a estrutura agrária – ou o modelo concentrador da posse da terra – nem as relações de trabalho (consideradas semi-feudais ou pré-capitalistas). Na realidade, o capitalismo no mundo rural brasileiro passou a se realizar satisfatoriamente no âmbito da questão agrícola. Através dos acordos, contratos e conjugação de interesses das indústrias de máquinas, insumos, pesticidas e sementes geneticamente modificadas, aliadas aos grandes bancos que financiavam os grandes latifundiários, o Brasil ampliou a produtividade agrícola das enormes extensões de terras plantadas com cana, café e principalmente soja. Como ficaram os pequenos produtores de culturas alimentícias? Não poderiam concorrer com os grandes produtores. Em muitos casos tornaram-se fornecedores para as grandes propriedades ou venderam suas terras, tornando-se “força de trabalho” ou migrantes para a cidade. Quanto ao meio ambiente, o desmatamento a ampliação das “fronteiras agrícolas” e o uso de agrotóxico comprometiam seu equilíbrio empobrecendo seus recursos naturais e mais uma vez expulsando seus moradores. (Ver significados CAIS e UDR na aula 05 pág 03). Desta forma é necessário que os governos federal, estadual e municipal, bem como a sociedade civil dediquem atenção e interesse político ao problema da população de trabalhadores do campo – pequenos proprietários, arrendatários e trabalhadores sem terra. “A principal reivindicação dos trabalhadores rurais é uma reforma agrária que não pulverize anti-economicamente a terra e sim, uma redistribuição de renda e de poder e de direitos em que sujam novas formas alternativas como as cooperativas e multifamiliares. Em resumo, não anseiam a mera distribuição de pequenos lotes, o que apenas os habilitariam a continuarem sendo mão de obra barata para os grandes proprietários, como também almejam uma mudança na estrutura política e social no campo.” (MST, João Pedro Stédile, 1997). Aula 05, pg.07. Atividades: Ver o significado de CONTAG e PNRA e PROCER Ler sobre: o massacre de Eldorado dos Carajás. Aula 05, pág. 10. Fazer a atividade 03 na página 12. Analisar a casta da terra da página 14 e 15 e promover debate entre os alunos. Refletir sobre a poesia “Funeral de um lavrador” de João Cabral de Melo Neto / Música de Chico Buarque.