CONFIANÇA DO EMPRESÁRIO DO COMÉRCIO ATINGE MENOR PATAMAR DA SÉRIE HISTÓRICA O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) atingiu em novembro o menor valor da série histórica apurada pela CNC desde março de 2011, com 80,1 pontos, ante os 81,9 pontos observados em outubro. Os três subíndices que compõem o Icec também registraram valores historicamente baixos, novamente com destaque negativo para a avaliação das condições correntes da economia, item que obteve as maiores variações negativas, tanto na comparação mensal (-6,4%) quanto na anual (-50,2%). O Icec reduziu-se 3,4% na série com ajuste sazonal e 27,8% na base de comparação anual, corroborando a tendência de intensificação da piora da atividade econômica e das condições do mercado de trabalho. Índice de Confiança do Empresário do Comércio – 2012 a 2015 140 Índice (0-200) 130 120 110 100 90 80 70 ICEC ICEC com ajuste sazonal Confiança do Empresário do Comércio – Índice e subíndices nov/15 Variação Mensal* Variação Anual Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC) 39,0 -6,4% -50,2% Expectativas do Empresário do Comércio (IEEC) 120,9 -2,8% -17,5% Investimentos do Empresário do Comércio (IIEC) 80,3 -2,9% -25,5% 80,1 -3,4% -27,8% Índice ICEC *Dados com ajuste sazonal 1 Icaec: Varejistas ampliam avaliação negativa da economia Novamente em novembro o subíndice que mede as condições correntes (Icaec) foi o componente do Icec a registrar as maiores quedas, tanto na evolução mensal (-6,4%) quanto em relação ao mesmo mês do ano passado (-50,2%), e está no menor nível da série histórica (39,0 pontos). A taxa negativa apurada no mês é, entretanto, a menor desde setembro, o que pode indicar, na margem, que a velocidade de deterioração do Icaec tem se reduzido. Todos os itens que compõem esse índice ampliaram suas quedas. nov/15 Variação Mensal* Variação Anual ICAEC 39,0 -6,4% -50,2% Economia 18,8 -13,7% -68,2% Setor 38,9 -6,2% -49,4% Empresa 59,4 -4,1% -39,9% Índice *Dados com ajuste sazonal As condições correntes da economia brasileira concentram as piores avaliações por parte dos empresários: 95,2% dos comerciantes varejistas percebem piora na economia em novembro. O item atingiu 18,8 pontos – o mais baixo índice da série. No corte regional, o menor grau de satisfação com as condições correntes da economia, do setor e da empresa continua a ser observado na região Sudeste: 35,3 na escala que vai de 0 a 200 pontos. A avaliação ruim por parte dos comerciantes alinha-se à evolução negativa da economia brasileira nos últimos meses. No varejo, a variação do volume de vendas do comércio varejista no conceito restrito acumulou recuo de 3,3% até setembro, segundo o IBGE. No comércio ampliado a queda nas vendas foi de 7,4%. IEEC: Pioram as expectativas em relação ao desempenho da economia O Índice de Expectativas do Empresário do Comércio (IIEC) alcançou 120,9 pontos em novembro e, apesar de ter atingindo o patamar mais baixo da série histórica, é o único componente do Icec que se mantém acima do nível de indiferença (100 pontos). O IEEC reduziu-se 2,8% na passagem de outubro para novembro – maior taxa negativa dos últimos três meses. No ano as expectativas dos varejistas acumulam queda de 17,5% 2 Índice nov/15 Variação Mensal* Variação Anual IEEC 120,9 -2,8% -17,5% Economia 100,8 -5,2% -24,7% Setor 122,9 -2,4% -16,7% Empresa 138,8 -1,3% -12,2% *Dados com ajuste sazonal O item que mede as expectativas em relação à economia novamente apresentou o pior desempenho do IEEC, com as maiores reduções percentuais nas duas bases de comparação. As quedas se intensificaram em virtude das expectativas negativas para a atividade econômica e para o comércio nos próximos meses, inclusive em relação ao desempenho das vendas nas festas de fim de ano, que deverão ser 4,8% menores que no Natal passado. Já as expectativas para o PIB do terceiro trimestre apontam para reduções de cerca de 1% em relação ao trimestre anterior e de 4% em relação ao mesmo período do ano passado. Na avaliação de 48% dos entrevistados a economia vai piorar nos próximos meses. O IEEC registra menor otimismo nos Estados das regiões Sul (114,1) e Sudeste (110,0). Além da retração no nível de atividade econômica, da demanda em nível historicamente baixo e do custo do crédito mais elevado, as expectativas dos empresários do comércio também têm sofrido influência negativa da retração nas vendas do varejo. A CNC estima que o volume de vendas do varejo, no conceito ampliado, deverá cair 7,1% em 2015. IIEC: Emprego e investimentos no comércio continuam em baixa Em novembro, o subíndice que mede as condições de investimentos (IIEC) registrou 80,3 pontos – abaixo do resultado de setembro (81,1 pontos). A queda mensal de 2,9% do índice ajustado reflete o baixo apetite na intenção de novos aportes de investimentos (-4,4%), como também na contratação de funcionários (-3,7%). A avaliação do item de intenção de contratação de funcionários está em linha com as projeções da CNC, as quais consideram que serão criados 139,6 mil postos de trabalho temporários no fim deste ano (2,8% a menos que os postos criados no mesmo período de 2014). Índice nov/15 Variação Mensal* Variação Anual IIEC 80,3 -2,9% -25,5% Funcionários 88,2 -3,7% -31,8% Investimentos 66,6 -4,4% -35,0% Estoques 86,1 -0,9% -6,1% *Dados com ajuste sazonal 3 Acirram-se as reduções mensais e anuais, em relação tanto à contratação de funcionários quanto a novos aportes para invetimentos. Mesmo com a proximidade do Natal, os empresários seguem pretendendo reduzir as contratações de funcionários nos próximos meses, sendo que 45% dos entrevistados pretendem reduzir muito. Para 71,8% dos empresários consultados as intenções de investimento no capital físico das empresas deverão ser menores nos próximos meses, o que reflete a elevação do custo na captação de recursos e financiamento. É crescente o número de comerciantes consultados que têm intenções de cortar investimentos em seus negócios: em novembro de 2014 cerca de 46% dos empresários tinha intenção de reduzir investimentos. Os empresários do Sudeste permanecem com a menor intenção de investir (76,7), seguidos dos comerciantes do Centro-Oeste (81,2). O item que considera a percepção sobre os estoques caiu 0,9% em novembro, ante 0,7% de queda em outubro, na série com ajuste sazonal. Para 30,7% dos empresários os estoques estão acima do adequado, o que reflete a queda observada das vendas do varejo e a piora nas expectativas quanto à redução nas vendas nos próximos meses. Conclusão: A confiança do empresário do comércio atingiu o mais baixo patamar da série histórica, iniciada em 2011. A retração do Icec continua se ampliando, e a maior influência sobre o índice geral permanece na percepção negativa em relação às condições correntes da economia, apesar de a queda mensal na série ajustada ser a menor dos últimos três meses. Já os índices de expectativas e de intenções de investimento apresentaram acirramento no ritmo de queda em novembro e continuam apontando para a baixa capacidade de recuperação do comércio no médio prazo. 4 Sobre a pesquisa: O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) é indicador antecedente apurado exclusivamente entre os tomadores de decisão das empresas do varejo, cujo objetivo é detectar as tendências das ações empresárias do setor do ponto de vista do empresário. A amostra é composta por aproximadamente 6 mil empresas situadas em todas as capitais do País, e os índices, apurados mensalmente, apresentam dispersões que variam de zero a duzentos pontos. O índice é construído a partir de nove questões. As três primeiras, que constituem o Índice de Condições Atuais do Empresário do comércio (Icaec), comparam a situação econômica do País, do setor de atuação e da própria empresa em relação ao mesmo período do ano anterior. As três perguntas seguintes avaliam os mesmos aspectos, porém em relação ao futuro no curto prazo, e formam o Índice de Expectativas do Empresário do Comércio (IEEC). Em todas as seis primeiras perguntas as opções de resposta são as seguintes: (i) Melhorou/Melhorará muito; (ii) Melhorou/Melhorará um pouco; (iii) Piorou/Piorará muito; e (iv) Piorou/Piorará um pouco. Além dos dados nacionais, os nove componentes do Icec também são divulgados segundo as cinco regiões geográficas do Brasil. As últimas três perguntas, que compõem o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC), abordam questões mais específicas, relativas aos seguintes temas: (i) expectativa de contratação de funcionários para os próximos meses (aumentar muito, aumentar pouco, reduzir pouco ou reduzir muito); (ii) Nível de investimentos em relação ao mesmo período do ano anterior (muito maior, um pouco maior, um pouco menor ou muito menor); e (iii) Nível atual dos estoques diante da programação de vendas (abaixo do adequado, adequado ou acima do adequado). Ajuste sazonal: Sujeitas ao comportamento sazonal do nível de atividade do comércio e da atividade econômica em geral, a partir de fevereiro de 2014 as séries passaram a ser dessazonalizadas por meio do método X-12 aditivo, permitindo a comparação mensal (mês sobre o mês anterior) dos componentes do Icec. 5