Fundamentos da Educação EspecialAnálise da trajetória do atendimento educacional aos alunos com necessidades especiais Cruzeiro do Sul - Acre 2016 Fundamentos da Educação Especial: Análise da trajetória do atendimento educacional aos alunos com necessidades especiais Trabalho de conclusão do curso Fundamentos da Educação Especial Cruzeiro do Sul - Acre 2016 1 INTRODUÇÃO Nos últimos anos, vemos que as discussões, debates e conferências acerca da inclusão têm se intensificado. Por muito tempo, as pessoas com deficiência foram colocadas à margem da sociedade, ditas como um grupo social que nada poderia contribuir com o progresso da sociedade. Diante desse contexto, as políticas que foram implementadas impulsionaram a inclusão educacional, com a necessidade de constituir uma escola, em que as práticas pedagógicas sejam estruturadas de modo a contemplar as necessidades de todos, sem distinção, garantido a esses alunos não apenas o acesso, mas também a permanência. Para responder aos desafios da inclusão educacional, é preciso, antes de tudo, conhecer a situação em que os alunos com necessidades educacionais ocupam no ambiente escolar, ou seja, é necessário conhecer a estrutura física da escola, os recursos de apoio especializados e as práticas pedagógicas que garantam uma educação de qualidade para todos. Deste modo, a inclusão de alunos com deficiência no sistema regular de ensino está fundamentada na perspectiva de educação para todos, pois, ao serem feitas adaptações pedagógicas para um aluno que tenha algum tipo de deficiência, possibilitara diferentes formas de aprender e de ensinar, que de certo modo contribuirá para uma aprendizagem mais prazerosa, proporcionando a essas pessoas a possibilidade de desenvolverem suas potencialidades. Então, mediante esses fatores, mencionados anteriormente, podemos dizer que o uso de estratégias didático-metodológicas de ensino adequadas a diferentes tipos de necessidades, certamente auxiliará o desenvolvimento de todos os alunos envolvidos no processo, ou seja, os sujeitos com necessidades educacionais específicas, de culturas distintas, com habilidades diferenciadas. Tendo em vista que uma Educação Inclusiva de qualidade não implica somente no acesso e permanência dos alunos com necessidades especiais no ensino regular, pois o sucesso da inclusão de alunos com deficiência não decorre das possibilidades de se conseguir progressos significativos, mas da adequação das práticas pedagógicas à diversidade dos educandos, quando se consegue atingir essa meta, quando a escola regular assume que as dificuldades e limitações de alguns alunos não são apenas deles, mas resultam em grande parte do modo como o ensino é ministrado, a aprendizagem é concebida e avaliada. Portanto, a finalidade deste trabalho é refletir sobre as práticas educativas aplicadas no ensino e aprendizagem dos alunos com necessidades especiais, afim de ampliar o conhecimento e a discussão sobre esse novo paradigma. Sabe-se que ainda há muito a ser feito, em relação à aprendizagem desses alunos, e é na prática, no fazer cotidiano do professor, que se dão os avanços rumo à uma educação de qualidade para todos. 2 MARCO HISTÓRICO E NORMATIVO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL Analisar o contexto histórico, da Educação Especial em diferentes épocas faz-nos trilhar o caminho dessa trajetória, para conhecermos as formas como as pessoas com deficiências eram tratados, procurando focalizar a relação entre sociedade e a deficiência, para que compreenda-se os vieses que rodaram o processo de implementações das políticas, que garantiram a essas pessoas o direito à cidadania e a inserção no sistema educacional. Sabe-se que os avanços da inclusão estão intimamente relacionados com as questões socioculturais. Assim, de acordo com Jannuzzi (2006) e Bianchetti (2006), nos séculos XVII e XVIII, se evidenciam teorias e práticas sociais de discriminação que acarretavam em desumanas situações de exclusão, a qual foi caracterizada por uma época de ignorância e rejeição dos indivíduos deficientes. Eles eram excluídos da família, da sociedade e das instituições de ensino. Ficando à margem da sociedade sendo considerados pessoas anormais. Nesse contexto a valorização do corpo são e, principalmente, do cérebro perfeito associava o homem a uma máquina em funcionamento, portanto qualquer diferença que comprometesse seu pleno desenvolvimento nada mais seria do que alguma peça defeituosa. (BIANCHETTI, 2006). Diante disso, segundo Jannuzzi (2006, p.6-7). A instituição das crianças deficientes surgiu de maneira tímida, no conjunto das concretizações possíveis das ideias liberais oriundas da Revolução Francesa, que tiveram divulgação no Brasil no fim do século XVIII e começo do século XIX. Sendo que nessa época não havia apoio governamental, mas sim de uma elite intelectual que estava preocupada em elevar o Brasil à qualidade de pais civilizado. Porém, a autora nos acrescenta que na Constituição de 1824 (título II, artigo 8, item 1), a sociedade já se protegia juridicamente de adultos deficientes, privando-os do direito político, o incapacitado físico e moral. No cenário brasileiro vemos alguns marcos históricos de implantação da educação especial, com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos hoje Benjamin Constant, esse despertou o interesse de Couto Ferraz, que encaminhou o projeto que resultou no Instituto dos Meninos Cegos, que destinava ao ensino primário e alguns ramos do secundário, ensino moral e religioso, que era de regime de internato. Em relação a educação do deficiente, vale salientar, na concepção de Jannuzzi (2006), que A primeira iniciativa para o atendimento, ocorreu no período imperial, onde José Álvares de Azevedo juntamente com o doutor Xavier Sigaud, conseguiram convencer o imperador a criar o decreto para institucionalização definitiva para o atendimento de deficientes visuais em 1854. O Instituto dos Surdos-Mudos (Instituto Nacional de Educação de Surdos, Ines) criado em 1857, foi por influência do professor Eduard Huet, que logo após instalação foi nomeado presidente da Comissão Organizadora do Instituto, pois fora recomendado pela Instrução Pública da França para tal atividade no Brasil, ambos os institutos oficialmente instalados na cidade do Rio de Janeiro (JANNUZZI, 2006, p. 11-15). Além das iniciativas com os cegos e surdos no período Imperial, também se iniciou o trabalho para deficientes mentais, hoje considerados deficientes intelectuais. A iniciativa teve origem na Bahia em 1874 na cidade de Salvador, com o nome atualizado de Hospital Juliano Moreira. O atendimento prestado aos deficientes mentais deste Hospital ficou em vias de falta de qualificação quanto ao seu tipo de atendimento para deficientes, pelo fato de estar em vias pedagógicas e médico-pedagógicos (MAZZOTTA, 2005, p.30). Nesse sentido, segundo Jannuzzi (2006), no final do império até meados de 1920, não houve mudanças significativas quando falamos de Educação especial no Brasil, a preocupação maior era agrupar as pessoas por sexo e gravidades patológicas. Entretanto, o precário corpo técnico e a imprecisão dos professores e médicos para realizar essa classificação resultaram na distinção daqueles que por qualquer motivo não se encaixavam no padrão de normalidade da época. Mediante essa realidade o autor nos acrescenta que diversos profissionais: Como médico, psicólogos, professores, iam atuando na área estruturando no fim dos anos de 1920 a base de associações profissionais que, de maneira ambígua e imprecisa, foram criando um campo de reflexão a procura de um espaço efetivo para concretização de uma ação pedagógica. Se, de um lado, no discurso e na prática, os profissionais vão refletindo as expectativas daquela sociedade de então, patenteando e justificando a separação do deficiente, vão também viabilizando, tornando possível a vida dos mais prejudicados, juntamente com a família e outros setores da sociedade (JANNUZZI, 2006, p. 2425). Dessa forma, analisando esses acontecimentos, que nos proporcionam um olhar diferenciado, sobre a história da Educação Especial no Brasil, podemos perceber que as instituições voltadas para o atendimento desses alunos reproduziam exatamente o que a sociedade valorizava, ou seja a segregação dos anormais. Porém não podemos negar que essas instituições contribuíram de certa forma para a vida dessas pessoas, pois foi quando se iniciou o interesse pela escolarização dos deficientes nesse país. Assim, de acordo com o autor, o governo não assume esse tipo de educação, mas contribui parcialmente com entidades filantrópicas. Em São Paulo, por exemplo, o governo auxilia tecnicamente o Instituto Padre Chico (para cegos) em 1930 e a fundação para o livro do cego no Brasil, esta fundada por Darina Nowwil e Adelaide Peis Magalhães em 1946, decretada de utilidade pública em 1954. Em 1954, surge o movimento das Associações dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), e aumenta o número de escolas especiais. Entretanto, no decorrer da história da humanidade, observa-se que as concepções sobre as deficiências foram evoluindo “conforme as crenças, valores culturais, concepção de homem e transformações sociais que ocorreram nos diferentes momentos históricos” (BRASIL, 2001, p.25). O processo de inserção de alunos com deficiências na rede regular de ensino iniciou-se a partir dos anos 70, período que ocorreram mudanças significativas impelidas por acontecimentos como campanhas, congressos, seminários e documentos, refletindo uma organização das pessoas com necessidades educacionais especiais que buscavam espaço maior na participação social e reivindicavam a condição de cidadão há tanto esquecida. Diante desse contexto, segundo Godoy (2002) citado por Costa (2010), documentos como a Declaração dos direitos Humanos (1948), a Declaração dos direitos da Criança (1959), a declaração das Pessoas Mentalmente Retardadas (1971), entres outros, foram fundamentais para se iniciar uma nova concepção de Educação em nosso país. Na década de 80 com as discussões sobres direitos sociais que precederam a Constituição 1988, as quais enfatizavam reivindicações e demandas de grupos, a luta pela ampliação do acesso e qualidade da educação das pessoas com deficiência, que culminou no início dos anos 90 com a proposta da Educação Inclusiva, hoje amparada e fomentada pela Legislação em vigor e determinante das políticas públicas (FERREIRA & GLAT, 2003). Essa retrospectiva nos mostra que nos últimos anos por influências e diretrizes internacionais vem se consolidando cada vez mais, em nosso pais, o discurso em prol da educação Inclusiva, diante disso, diferentes diretrizes e propostas educacionais foram criadas e implementadas. Em 1990 foi realizada a Conferência mundial sobre a Educação para Todos, satisfação das necessidades básicas de aprendizagem, em Jomtien, na Tailândia. Promovida pelo Banco Mundial, a organizações das nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura (UNESCO), o fundo das Nações Unidas para a infância (UNICEF) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a conferência teve participação de 155 países (GLAT, 2011). Assim, em 1994 foi realizada a referencial e marcante Declaração de Salamanca, a partir da qual, a política de Educação Inclusiva começou a ser divulgada e adotada em diferentes sistemas educacionais do mundo, inclusive no Brasil. Este documento é o produto da Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais, Acesso e Acessibilidade, promovido pela UNESCO e o governo da Espanha. Este encontro teve como objetivo, oferecer uma educação para todos e discutir as mudanças necessárias para o desenvolvimento da educação inclusiva. Sendo assim, esta declaração oportuniza uma educação de qualidade a todos, sem nenhum privilégio, independentemente de suas condições físicas intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas entre outras, afim de construir uma sociedade inclusiva, integradora e uma educação para todos (UNESCO, 1994). Nesse sentido, a Constituição Federal diz que a inclusão escolar dos deficientes na escola regular, tem como objetivo “ promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de descriminação” (art. 3º, inc. IV CF). Ainda no artigo 205, fala que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família, sendo assim, vemos que a inclusão da criança com deficiência na escola regular, nada mais é do que assegurar seus direitos estabelecidos por lei. A Constituição Federal em seu artigo 208, inciso III, oficializou a inclusão dos portadores de deficiência na rede regular. Outro documento em que vemos direcionamento aos portadores de deficiência é a LDB, onde um de seus capítulos é direcionado a educação especial. No capítulo V, artigo 58, a educação especial é compreendida como a modalidade de educação escolar, oferecida de preferência na rede regular de ensino. É assegurado no artigo 59, “que os educandos com necessidades especiais, terão currículo, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender as suas necessidades”. Nessa mesma perspectiva, faz-se necessário mencionar o Decreto 6571 de setembro de 2008, que trata da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação. Este documento dispõe sobre a oferta de atendimento educacional especializado (AEE), o qual é definido como conjunto de atividades e recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar a formação dos alunos no ensino regular. Em suma, vimos que com o decorrer das décadas, foram criados dispositivos legais na forma de Leis, Decretos, Portarias, Resoluções, Instruções e Medidas Provisórias no âmbito da Legislação Federal, Estadual e Municipal. Desde a época do Império, até os dias atuais. Esses dispositivos legais possibilitaram significantes mudanças e melhorias no atendimento das pessoas com necessidades especiais. Entretanto, é preciso ter clareza que não é a legislação que define, por si só, o projeto educacional, mas sim, a forma como a mesma materializa no contexto escolar. 2 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: COMO FAZER PARA QUE ACONTEÇA UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA DE QUALIDADE A partir do momento em que se percebe que uma mesma educação para os indivíduos diferentes já não levava aos resultados esperados, filósofos e pedagogos passam a voltar a sua atenção para o estudo da especificidade, mediante isso, entre o século XVIII e XX, teremos alguns teóricos que se preocuparam com certas especificidades na educação, que são: Rousseau (1712-1778) na defesa da infância, Pestalozzi (17461827) ao cuidado de crianças pobres, abandonadas e excluídas da sociedade e do sistema formal de ensino da época. Piaget (1896-1980), Vygostky (1896-1934), estes se preocuparam com as questões relacionadas como se dá a aprendizagem e ao desenvolvimento de meios e recursos para facilitá-la (BIANCHETTI, 1995, p.43-44). Diante dessa perspectiva, fica evidente que desde o século passado muitos estudiosos já se preocupavam com a educação e o processo de aprendizagem de diferentes indivíduos, porque os métodos utilizados, muitas vezes, levavam ao fracasso de muitos alunos. Assim com as contribuições de diferentes filósofos e pedagogos, a escola foi desafiada a mudar e adequar-se a uma nova realidade. Dentro dessa nova realidade encontra-se a Educação Especial, que repercute no âmbito da sua especificidade, avança-se na medida em que indica a necessidade de transformação pedagógica no contexto mais amplo da escolarização. Sendo que a abertura da escola para recebimento de alunos com deficiência e outras condições atípicas cria a necessidade dos sistemas de ensino ressignificarem seus conceitos de aprendizagem, currículo e avaliação, seja na Educação Infantil, no Ensino Fundamental, no Ensino Médio ou Superior. Nessa perspectiva, através da Política Nacional de Educação Especial e da LDB 9.394/ 96, a educação especial é definida: Como uma modalidade educacional que se constitui através de um conjunto de recursos e serviços educacionais especiais, organizados para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação formal aos alunos que apresentam necessidades educacionais. Assim, requer uma prática formativa na qual os recursos e os programas pedagógicos correspondam às especificidades dos alunos que apresentam altas habilidades/superdotação, deficiência auditiva, visual, física/motora e múltiplas e condutas típicas de síndromes, quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos (BRASIL, 2008). Neste novo contexto, para que a escola cumpra de fato, sua função de acolher a todos os alunos, as características individuais, que antes eram vistas como sinais de impossibilidade para aprendizagem, agora elas precisam ser consideradas como dados relevantes para que faça adequação do ensino do aluno, deste modo a instituição precisarão de professores preparados para lidar com cada especificidade, recursos didáticos, metodologias e currículos adaptados. Visto que, para a concretização da Política de Inclusão cabe aos docentes estarem capacitados pedagogicamente para lidar, com diferenças significativas na aprendizagem, e assim cumprirem seu papel de mediador e facilitador da aprendizagem, deste modo garantindo o acesso a todos de igual maneira. Assim, é imprescindível que um novo olhar paire sobre esses alunos e sobre as suas necessidades, bem como deve surgir também um novo olhar sobre o papel da escola. Nessa direção, segundo, Glat (2011), a escola não pode ser mais seletiva: Mas sim promover o acesso e a aprendizagem de todos os alunos, inclusive os que apresentam deficiências. Para tal, precisa possibilitar aos professores e gestores uma formação continuada, rever sua estrutura organização, e projeto político pedagógico, atualizar seus recursos didáticos, metodologias, estratégias de ensino e práticas avaliativas, e, sobretudo, repensar as suas escolhas curriculares, como esse currículo será desenhado e desenvolvido no cotidiano escolar (GLAT, 2011,p.5). Em suma, na visão da autora, no contexto da educação especial é preciso ampliar nossos olhares para além de uma abordagem simplista de que a inclusão em classes regulares de alunos com deficiências ou outras condições que afetam a aprendizagem ocorrerá naturalmente. Ao contrário, faz-se necessário dispor de estratégias auxiliares aos serviços educacionais que exige reflexão e planejamento para que sejam identificadas as necessidades de aprendizagem especificas que ele apresenta, em sua interação com o contexto educacional, que as formas tradicionais de ensino não podem contemplar. Mediante isso exposto, as práticas pedagógicas desenvolvidas devem assegurar respostas competentes e compatíveis por parte do sistema escolar, que tem o compromisso social da inclusão e o dever de garantir uma educação efetiva para todos. Assim, segundo Winnicott (1982, apud Nunes, 2002, p.17), a escola é: A escola é a “primeira experiência da criança como participante de um grupo de iguais” e como tal, tem grande influência e importância em sua vida. Faz parte de suas atribuições contribuir para o crescimento intelectual como também para a cultural, o social, o físico e emocional. Seu papel não restringe ao simples ensinar, o professor, dentro dessa visão, tem como função trazer o seu aluno o mundo para que ele conheça e o conhecendo possa desfrutá-lo e aproveitar tudo o que o mundo pode lhe oferecer. O professor enquanto mediador dessa relação sujeitomundo, deve fornecer formas, novas e diversas, do aluno perceber e organizar o real. Esse se tornar o objetivo principal da proposta pedagógica pensada para meus alunos, que antes de mais nada precisam de ter consciência de si mesmos, consciência de seu lugar no mundo e desse mundo (WINNICOTT, 1982, apud NUNES, 2002, p.17). Diante desse exposto, compreendemos que a Educação Inclusiva somente conseguirá atingir esse sucesso, quando a escola regular assumir que as dificuldades de alguns alunos não são apenas deles, mas resultam em grande parte do modo como o ensino é ministrado, a aprendizagem é concebida e avaliada. Portanto, a inclusão educacional necessita ser vista e valorizada como ação pedagógica coletiva, completa e sistemática, onde as instituições que lidam com educação possam adequar as suas ações levando-se em consideração a diversidade, não só do ponto de vista da quantidade, mas também da qualidade, em que os alunos possam apropriar-se de todos os conhecimentos disponíveis e de todas as possibilidades surgidas para uma inserção criativa que proporcione ao desenvolvimento de suas potencialidades. Nesse sentido, segundo Vygotsky (1996), a educação é um processo do qual: Deve participar o adulto que tem a incumbência de estimular, despertar na criança o desejo de descobrir, de conhecer, de vencer desafios tendo sempre o cuidado de adaptar todas as atividades às necessidades da criança, levando-a a participar, a envolver-se para que dessa forma alcance um progresso real a duradouro com ser humano.( VYGOTSKY, 1996, p 66). Diante dessa afirmação compreendemos que em se tratando de crianças com necessidade especiais será necessário que o educador tenha a sensibilidade, para planejar atividades que atenda ás peculiaridades dessa criança, levando-a a superar seus limites nesse sentido, para isso faz-se necessário a escolha de elementos pedagógicos atrativos e interessantes para criança. 2.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS Enfim, este estudo foi de suma importância, porque nos faz refletir, aprofundar e avaliar, propor e aperfeiçoar, o modo como as práticas pedagógicas são desenvolvidas aos alunos com necessidades especiais, já que o atendimento dessas pessoas, deve ser realmente um processo inclusivo, o qual a instituição escolar intensifique as suas práticas pedagógicas, no intuito de atender as diferenças. Visto que, o aprimoramento das práticas é primordial, no sentido de que os discentes possam passar pela experiência educacional e dela tirar proveito, pois só assim os mesmos podem alcançar o conhecimento. Mas ainda, temos muitas crianças que devido as suas limitações a nível cognitivo, motor, linguístico, intelectual, entre outras, e que são muitas vezes rotuladas como crianças incapazes de realizar um trabalho como outra criança designada normal. Deste modo elas acabam sendo excluídas pelo sistema. Diante dessa realidade é necessário investir na formação para se adquirir profissionais qualificados; não se pode perder de vista a realização dessas formações, estando sempre sincronizados ao modo pelo qual os professores aprendem para se profissionalizar e para aperfeiçoar seus conhecimentos pedagógicos. Essa formação precisa contribuir para a cooperação, a autonomia intelectual e social, a aprendizagem ativa dos docentes, à medida que essas são condições que propiciam o desenvolvimento global de todos os educadores. Para finalizar este tema, queremos reiterar que o direito a educação inclusiva já foi conquistado. Mas isso não é o suficiente, pois para oferecer uma educação de qualidade para todos os educandos, inclusive os que têm necessidades especiais, cabe à escola renovar suas práticas pedagógicas, tais como metodologia, recursos pedagógicos. E além disso, conscientizar e capacitar seus profissionais para a nova realidade. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial, 1988. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Decreto Nº 6571, aprovada 13 de maio de 2008. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 2001. ______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 1994. ______. Ministério da Educação e do Desporto. Plano Nacional de Educação. Brasília, 2001. BIANCHETTI, Lucídio; FREIRE, Ida Mara. 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