universidade do vale do itajaí centro de educação de

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
RESPOSTAS ANSIOGÊNICAS, DE APRENDIZAGEM E MEMÓRIA
EM RATOS ALBINOS SUBMETIDOS A TRATAMENTO CRÔNICO
COM FLUOXETINA.
ANA PAULA MAURICI
Itajaí (SC), 2008.
1
ANA PAULA MAURICI
RESPOSTAS ANSIOGÊNICAS, DE APRENDIZAGEM E MEMÓRIA EM RATOS
ALBINOS SUBMETIDOS A TRATAMENTO CRÔNICO COM FLUOXETINA.
Monografia apresentada como requisito
parcial para obtenção do titulo de Bacharel
em Psicologia da Universidade do Vale do
Itajaí.
Orientador: Prof. Dr. Eduardo José Legal.
Itajaí (SC), 2008.
2
Dedico este trabalho à minha família, por
quem busco fazer sempre o melhor.
Família que sempre esteve ao meu lado,
dando
apoio,
exemplo,
incentivo,
contribuindo para o meu crescimento.
Família que me ensinou que sucesso
futuro é resultado de constante dedicação
no presente.
“A mente que se abre para uma nova idéia,
jamais voltará ao seu tamanho original.”
Albert Einstein
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, àqueles que contribuíram para os experimentos,
tornando este trabalho real: André, Xana, Telmo, Sabrina, Mariane e Arthur.
Ao meu orientador, Eduardo Legal, pela paciência, amizade e
compreensão.
À banca, Telmo e Márcia, pelo apoio e contribuições desde o início
deste projeto.
Às amigas, pelo companheirismo e lealdade.
À família e ao meu amor, vocês são fundamentais em minha vida!
4
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................ 5
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 6
2. EMBASAMENTO TEÓRICO .............................................................................. 7
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 13
3.1 Sujeitos ........................................................................................................... 13
3.2 Coleta de Dados ............................................................................................. 13
3.2.1 Open-field .......................................................................................... 13
3.2.2 Nado Forçado .................................................................................... 14
3.2.3 Administração da Fluoxetina ............................................................. 15
3.2.4 Modelagem ........................................................................................ 15
3.3 Análise de Dados ............................................................................................ 16
3.4 Procedimentos Éticos ..................................................................................... 17
4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ......................................................... 18
4.1 Open-field ....................................................................................................... 18
4.2 Nado Forçado ................................................................................................. 21
4.3 Modelagem ..................................................................................................... 24
5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................. 26
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 27
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 29
5
RESPOSTAS ANSIOGÊNICAS, DE APRENDIZAGEM E MEMÓRIA EM RATOS ALBINOS
SUBMETIDOS A TRATAMENTO CRÔNICO COM FLUOXETINA.
Orientador: Prof. Dr. Eduardo José Legal.
Defesa: Novembro de 2008.
Resumo:
Dentre os variados métodos utilizados para o tratamento da depressão, o mais utilizado é a farmacoterapia,
como a fluoxetina, medicamento utilizado para inibir a recaptação da serotonina, fazendo com que se
estabilizem alguns processos corporais, como humor, agressividade, sono. Comparando o número de efeitos
colaterais, os IRSS (como a fluoxetina) estão associados a menos efeitos colaterais do que os antidepressivos
tricíclicos, sendo que os principais efeitos apresentados são: ansiedade, diminuição do apetite, disfunção
sexual, insônia, náuseas, alteração da concentração ou raciocínio, sedação, sonolência e tonturas. Contudo,
comparado ao uso de medicamento mais moderno, como o citalopran, a fluoxetina apresenta maiores índices
de eventos adversos. O presente estudo teve como objetivo averiguar diferenças comportamentais entre
fêmeas diante aplicação da fluoxetina em procedimentos de desamparo aprendido, ansiedade, aprendizagem e
memória. A amostra foi composta por 16 ratas albinas da linhagem Wistar, divididos em dois grupos de oito
animais: à um grupo foi administrado fluoxetina intraperitonial 2,5mg/kg de modo crônico (14 dias) e no
outro salina (também de modo crônico). Os seguintes procedimentos foram utilizados: Open field, nado
forçado (para indução de estado depressivo), e modelagem, respectivamente. Os resultados foram comparados
através da análise de variância para grupos independentes levando em consideração a variável tratamento.
Não foi observada nenhuma diferença significativa entre os grupos fluoxetina e controle, indicando que o
medicamento não apresentou influência nos processos de memória e aprendizagem, da mesma forma que não
alterou sintomas depressivos. Dentro dos grupos a variação ocorrida nos comportamentos foi estatisticamente
significante. Em ambos houve redução dos cruzamentos, da atividade exploratória, do tempo de nado e
freqüência de escaladas; aumento do tempo de imobilidade e nenhuma alteração significativa na produção de
bolos fecais e limpeza. Estes resultados apontam que o medicamento não realizou alteração do
comportamento dos animais em nenhum aspecto, nem mesmo para diminuição da ansiedade, o que aponta
para uma não resposta da fluoxetina na dosagem utilizada.
Palavras-chave: Depressão; Ansiedade; Fluoxetina
Sub-Área de concentração: 7.07.02.00-4 – Psicologia Experimental
MEMBROS DA BANCA
Telmo José Mezadri
Professor convidado
Márcia Ghisi Mezadri
Professor convidado
Eduardo José Legal
Professor Orientador
6
1 INTRODUÇÃO
A depressão, ou transtorno depressivo maior, é caracterizado por estados de
tristeza profunda, perda do interesse e redução dos níveis de atividade da pessoa
e estados de humor deprimido (APA, 2002).
Algumas variáveis podem estar relacionadas aos transtornos depressivos
como: sexo feminino, renda baixa (menor que três salários mínimos), história
prévia de depressão e uso de psicofármacos (CIGOGNINI; FURLANETTO, 2006).
É um transtorno característico de resposta a eventos estressantes, como
perdas ou situações traumáticas, que debilita muito o indivíduo e que acomete
5,1% dos brasileiros (ZUNKEL, 2003 apud MORETTI; CARO, 2006).
Dentre os variados métodos utilizados para o tratamento da depressão, o
mais utilizado é a farmacoterapia, como a fluoxetina, medicamento utilizado para
inibir a recaptação da serotonina, fazendo com que se estabilizem alguns
processos corporais como humor, agressividade, sono.
Comparando o número de efeitos colaterais, os inibidores da recaptação de
serotonina (IRSS, como a fluoxetina) estão associados a menos efeitos colaterais
do que os antidepressivos tricíclicos (ASBAHR et al., 2001; GRAEFF, 1990).
Contudo, comparado ao uso de medicamento mais moderno, como o citalopran, a
fluoxetina apresenta maiores índices de eventos adversos (MATTOS; BUENO,
1997).
O estudo de Leuner, Mendolia-Loffredo e Shors (2004) indica que o
tratamento crônico com a fluoxetina pode ser um fator importante na prevenção
dos déficits de aprendizagem.
Há poucos estudos que avaliem o efeito da fluoxetina sobre a aprendizagem
e memória. Neste sentido, este estudo teve por objetivo testar o desempenho de
ratos
em
respostas
de
depressão
(desamparo
aprendizagem e memória sob ação da fluoxetina.
aprendido),
ansiedade,
7
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
A depressão, caracterizada pelo DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual
of Mental Disorders – APA, 2002), pode assumir manifestações variadas, sendo a
mais devastadora o “transtorno depressivo maior”. Este transtorno tem como
sinais proeminentes tristeza profunda e redução significativa dos níveis de
atividade do indivíduo, apresentando pelo menos duas semanas de humor
deprimido ou perda de interesse, acompanhado de pelo menos quatro sintomas
adicionais de depressão (apresentados no quadro abaixo).
Critérios diagnósticos para Depressão Maior
Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, indicado por relato subjetivo (por
exemplo: sente-se vazio) ou observação feita por terceiros (por exemplo: chora muito);
Exacerbada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades em grande
parte do dia, quase todos os dias;
Perda ou ganho significativo do apetite e/ou peso sem estar em dieta (mais de 5% do peso
corporal em um mês);
Insônia ou hipersônia quase todos os dias;
Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por terceiros);
Fadiga ou perda de energia quase todos os dias;
Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada quase todos os dias;
Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase todos os dias (relato
subjetivo ou observação de terceiros);
Pensamentos de morte recorrentes, ideação suicida sem plano específico, tentativa de suicídio ou
plano específico para cometê-lo.
Fontes: APA, 2002; Lambert; Kinsley, 2006.
O transtorno depressivo maior afeta grande parte da população, com
prevalência, no Brasil, de 5,1% ao longo da vida. É classificada como a doença
que mais incapacita o ser humano e causa risco de vida por suicídio em até 15%
dos casos (ZUNKEL, 2003 apud MORETTI; CARO, 2006).
Em pesquisa realizada por Cigognini e Furlanetto (2006) pertencer ao sexo
feminino, ter renda menor que três salários mínimos, história prévia de depressão
8
e uso de psicofármacos foram apontadas como as variáveis psicossociais mais
associadas aos transtornos depressivos.
Hilbbeln e Salem (1995 apud LAMBERT; KINSLEY, 2006) apontam
algumas hipóteses para a causa do transtorno depressivo. Acreditam que a
variação das taxas de depressão em diferentes culturas pode estar relacionada ao
consumo de peixe. Em alguns estudos realizados, as taxas de depressão foram
muito altas em países como EUA e Europa de forma geral, onde o consumo de
gorduras saturadas é maior; enquanto a população de Taiwan e Japão, onde é
alta a ingestão de peixe, apresentou baixas taxas de depressão.
Outro fator influente na variante dos índices de depressão é o nível de
ansiedade experimentada pelos indivíduos ao longo da vida. Populações como
idosos e doentes, por exemplo, tendem a apresentar maior ansiedade, podendo
ser mais suscetíveis à depressão (SCHWARTZ et al, 2001 apud LAMBERT;
KINSLEY, 2006).
Pesquisas com gêmeos idênticos e fraternos indicam forte contribuição
genética para transtornos de humor. As taxas de concordância em gêmeos
idênticos foram de 60 a 70%, enquanto que para gêmeos fraternos esse número
cai para 20% (LAMBERT; KINSLEY, 2006).
A depressão pode ser efeito de resposta a eventos estressantes
prolongados, como perdas da vida ou situações traumáticas (como um abuso
sexual), ou ainda à mudança de estações, na qual muitas pessoas experimentam
um estado depressivo devido à falta de luminosidade em algumas regiões e
épocas (HOLMES, 1997; LAMBERT; KINSLEY, 2006).
É interessante observar que, mesmo com tanta informação a respeito da
depressão, não há ainda um tratamento plenamente eficaz para tal. Tendo em
vista que a depressão é o resultado de múltiplos processos, não é de surpreender
que as estratégias de tratamento sejam diversas. A eletroconvulsoterapia, a
estimulação magnética transcraniana, as terapias cognitivo-comportamentais e a
farmacoterapia são alguns recursos na luta contra a depressão.
A eletroconvulsoterapia (ECT) usa a estimulação elétrica de pacientes
anestesiados para induzir uma série de convulsões a fim de ajudá-los a combater
9
os sintomas da depressão. É um método antigo e tem eficácia de 60 a 80%,
porém apresenta grandes índices de efeitos colaterais, como desorientação e
problemas de memória. Devido a isso, esta espécie de tratamento só é aplicada
em casos específicos (LAMBERT; KINSLEY, 2006).
A estimulação magnética transcraniana repetitiva (rTMS) é uma técnica que
consiste em colocar um forte ímã sobre o couro cabeludo. Mudanças no campo
magnético influenciam potenciais de ação no tecido neural e têm eficácia clínica
em pacientes com depressão. É uma técnica que não exige anestesia, não causa
convulsões e nem déficits na memória como outros métodos; porém os pacientes
relatam dores de cabeça leves e fortes e desconfortos nos locais de estimulação
(Idem).
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) oferece a mesma eficácia clínica
dos antidepressivos. A técnica tem sido trabalhada de forma individual e em
grupos e em pacientes internados e ambulatoriais. Tem como objetivo: educar o
paciente sobre como as cognições influenciam as emoções; discutir a forma pela
qual os pacientes podem mudar seu comportamento e cognições para lidar com a
depressão; realizar sessões de tratamento em que o paciente e o terapeuta
constroem e trabalham por meio de agenda, na qual a dramatização de papéis e a
imaginação servem como ferramentas para reestruturar as cognições e os
comportamentos dos pacientes (DECKERSBACH; GERSHUNY; OTTO, 2000
apud LAMBERT; KINSLEY, 2006).
“Uma vantagem que a terapia parece ter sobre a farmacoterapia é a sua
proteção prolongada contra a assustadora taxa de recaídas de 80% observada
após as abordagens farmacoterapêuticas” (JARRETT et al, 2001 apud LAMBERT;
KINSLEY, 2006, p. 255). De acordo com a pesquisa descrita por MacLean e
Hakstian (1990 apud LAMBERT; KINSLEY, 2006), dois anos depois do
tratamento, 64% dos pacientes de TCC permaneciam significativamente melhores
em comparação com 28% daqueles que fizeram farmacoterapia.
Tendo em vista que o quadro de depressão engloba também determinadas
alterações fisiológicas, o uso de fármacos é sempre uma alternativa relativamente
rápida para a amenização dos sintomas. Portanto, dentre as técnicas acima
10
citadas, a farmacoterapia é a mais popular e mais empregada em centros de
atendimento especializado (PEREIRA, 2006).
Foi por volta dos anos 50 que os primeiros medicamentos antidepressivos
começaram a ganhar espaço, ainda que tenham sido empregados inicialmente no
combate a outras doenças. O primeiro fármaco utilizado foi a iproniazida,
empregada até então no tratamento da tuberculose; em seguida, a imipramina,
criada com propósito de tratar pacientes com esquizofrenia, foi mais ativa como
medicamento antidepressivo do que antipsicótico (LAMBERT; KINSLEY, 2006).
Por fim, as pesquisas se voltaram para a recaptação seletiva de serotonina
como tratamento para o TOC (transtorno obsessivo compulsivo). A partir daí, os
inibidores seletivos de recaptura de serotonina (ISRS) como a fluoxetina
(Prozac®), tornaram-se populares, não por serem mais eficazes que os fármacos
anteriores, mas por apresentar menos efeitos colaterais (Idem).
A escolha do tratamento adequado ao caso clínico baseia-se na
determinação da resposta terapêutica prévia à medicação, na consideração de
possíveis efeitos colaterais, na historia de resposta à medicação em parentes de
primeiro grau e na presença de outras doenças que possam indicar uma melhor
opção de tratamento (MORETTI; CARO, 2006).
Quando a medicação antidepressiva é iniciada, é de grande importância a
monitoração das doses e das reações iniciais, revisão do tratamento com o
paciente logo após seu início, o aumento gradual das doses até atingir o nível
terapêutico e a revisão semanal das respostas clínicas, objetivando, por fim, a
cura dos sintomas (Idem).
A fluoxetina é um antidepressivo inibidor da recaptação da serotonina,
substância esta envolvida nos processos de temperatura corporal, respiração,
pressão sanguínea, liberação de hormônios, atividades uterinas, atenção e
excitação, consumo de alimentos, humor, agressividade, sensação de dor, sono e
sonhos (LAMBERT; KINSLEY, 2006). Os efeitos mais comuns gerados por este
medicamento são: anorexia, ansiedade, dores de cabeça, diarréia, diminuição do
apetite, fadiga, disfunção sexual, contração muscular involuntária, incluindo
tremores, dor abdominal, insônia, náuseas, alteração da concentração ou
11
raciocínio, sedação, sonolência e tonturas. Ao mesmo tempo, a ingestão deste
medicamento não está associada a ganho de peso nem alta letalidade quando
tomada em alta dosagem (CORDIOLI, 2005; KAPLAN; SADOCK, 1999).
Em estudo comparativo de eventos adversos no tratamento com fluoxetina
e citalopram (outro medicamento antidepressivo), realizado por Mattos e Bueno
(1997), pôde-se constatar que a fluoxetina apresentou mais efeitos colaterais
quando comparada à outra substância, sendo que os sintomas mais relatados
pelos pacientes foram agitação, cefaléia, insônia e irritabilidade. Na mesma
análise constatou-se que, do grupo de pessoas que relataram eventos adversos,
apenas 16,7% eram do sexo masculino, enquanto 83,3% eram mulheres.
Poltronieri, Zangrossi Jr. e Viana (2003) testaram o efeito ansiolítico e antipânico de três substâncias (fluoxetina, buspirona e clomipramina) em ratos,
utilizando o labirinto em cruz elevado (LCE) e o campo aberto (open-field). Os
resultados mostraram que a fluoxetina não inibiu comportamentos motores, mas
foi eficaz, assim como a clomipramina, nos sintomas anti-pânico diminuindo as
respostas de esquiva no LCE e não afetando o comportamento de exploração no
open-field.
Em pesquisa realizada por LaRoche e Morgan (2007), visando identificar o
comprometimento do uso de recaptadores da serotonina para a atenção visual,
estes apontam que os machos apresentaram performance reduzida, enquanto nas
fêmeas não houve qualquer diferença. Com relação à aprendizagem, o estudo de
Leuner, Mendolia-Loffredo e Shors (2004) indica que o tratamento crônico com a
fluoxetina é um fator importante na prevenção dos déficits de aprendizagem em
fêmeas, não tendo sido observados os mesmos efeitos nos machos.
Villalba et al (1997) não detectaram efeitos da fluoxetina sobre
comportamento social em ratos. Kovalenko, Avgustinovich e Tolstikova (2007)
reconhecem a fluoxetina como medicamento de grande eficácia no tratamento da
depressão, porém não foram observadas diferenças entre os sexos na resposta
ao tratamento.
A quantidade administrada da droga também é um fator importante para se
verificar alterações significantes nos comportamento sob teste. Em experimento
12
realizado por Lifschytz et al (2006), ratos foram submetidos ao paradigma do nado
forçado. Doses de 5mg/kg não foram suficientes para alterar as respostas
motoras.
Diferenças
significativas
só
puderam
ser
observadas
com
a
administração de 10mg/kg de fluoxetina. Da mesma forma, no estudo de Bravin et
al (2005) só pôde ser percebida uma mudança no comportamento dos animais a
partir da administração de 30mg/kg de imipramina. Conclui-se que diferentes
medicamentos podem exigir doses distintas para que possam alterar respostas
nos experimentos.
13
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
3.1 Sujeitos
Os procedimentos experimentais foram realizados com 16 ratos albinos
(Rattus norvegicus), linhagem Wistar, com idade aproximada de 90 dias, do sexo
feminino. Estes indivíduos foram obtidos do Biotério Central da UNIVALI. Os
animais foram mantidos em sala apropriada (sala 211 do Bloco 27, CCS), onde há
um controle de temperatura, umidade, luminosidade (esquema 12h/12h),
ventilação e alojamento (gaiola ou caixas) que garantem a saúde dos animais. Os
animais receberam água e ração ad libitum, com exceção das 48 horas antes dos
experimentos de modelagem, cujo procedimento implica em restrição hídrica.
Os sujeitos foram divididos em dois grupos: 1) grupo experimental, com 8
fêmeas; e 2) grupo controle, também com 8 fêmeas. Nestes dois grupos, os
animais receberam doses diárias de fluoxetina e salina, respectivamente, durante
duas semanas.
3.2 Coleta de dados
Antes de serem submetidos às doses de fluoxetina ou salina, todos os 16
animais passaram pelo procedimento de Open-field e nado forçado, como se
descreve a seguir.
3.2.1 Open Field (Campo Aberto)
Os animais dos grupos controle e fluoxetina foram submetidos ao
procedimento de open-field, que é utilizado para verificar a atividade locomotora e
ansiedade do animal. Sua lógica baseia-se no princípio de que animais menos
ansiosos devem explorar mais o ambiente. O teste foi realizado numa arena
circular com 60cm de diâmetro por 54cm de altura, com o piso dividido em 12
14
quadrados. Os animais foram colocados individualmente no centro do campo
aberto, no qual permaneceram por cinco minutos.
Durante a observação foi registrada a freqüência de locomoção (aqui
definida como entrar em uma divisão com as quatro patas), exploração (atividade
do animal sobre duas patas), auto-limpeza e bolos fecais. A arena foi limpa com
solução de água-álcool a 5% após cada animal ter sido submetido ao teste
(BEIJAMINI et al., 1998 apud CONSONI, 2005).
3.2.2 Nado Forçado (Indução de respostas depressivas)
Os procedimentos relatados seguem o padrão descrito em Consoni (2005).
Após cada passagem pelo procedimento de open-field, os animais dos dois
grupos foram submetidos ao procedimento de nado forçado em um cilindro de
PVC preenchido com água (a 25ºC) a uma profundidade de 30 cm para evitar que
os ratos possam tocar o fundo com as patas, permanecendo em nado. Os animais
foram mantidos no cilindro por 15 minutos. Estima-se que este tempo seja o
necessário para diminuição dos níveis dos neurotransmissores serotonina e
norepinefrina (DETKE; LUCKI, 1996 apud CONSONI, 2005), que pode ser
considerado um marcador neuroquímico da depressão (CARLSON, 2002;
HOLMES, 1997). Após 24 horas da primeira sessão experimental no cilindro, as
animais foram novamente submetidos ao teste de nado forçado por 5 minutos a
fim de manter a resposta depressiva. Nesta segunda sessão do teste foram
monitorados os comportamentos de nado, tentativas de escaladas das paredes do
cilindro e imobilidade. A fim de garantir a confiabilidade das observações, além da
observação in loco, o procedimento foi filmado com câmera localizada à frente do
cilindro. Foram computados os tempos de imobilidade, a freqüência de tentativas
de escalada e o tempo de nado.
Nas palavras de Consoni (2005, p. 22), as variáveis observadas são
descritas da seguinte forma:
O comportamento de escalada consiste em movimentos verticais, no qual
o animal tenta com as patas dianteiras fora da água, escalar as paredes do
15
cilindro. O comportamento de natação é definido como movimentos
horizontais, no qual o animal realiza movimentos circulares [...]. A
imobilidade é verificada quando não existe nenhum movimento adicional
além daqueles necessários para manter a cabeça do animal fora da água.
Vinte e quatro horas após o primeiro teste, aos 16 animais divididos nos dois
grupos (experimental e controle) foram administradas fluoxetina e salina, como
descrito a seguir. Sete dias depois de iniciado o tratamento e no décimo quarto dia
do mesmo, os animais passaram por nova sessão de 5 minutos de nado forçado.
3.2.3 Administração da Fluoxetina
Para os fins deste experimento, 10mg fluoxetina foram dissolvidos em 4ml de
salina (0,9%). O tratamento foi de uma dose diária na proporção de 2,5mg/Kg
animal aplicada por via intraperitonial com agulhas hipodérmicas 26Gx1/2, durante
14 dias. A fluoxetina foi obtida do laboratório de Biologia Comportamental (CCS,
UNIVALI).
Aos animais do grupo de controle foi administrada apenas salina, pelo
mesmo período.
3.2.4 Modelagem
Os animais dos dois grupos, no 5º. dia de tratamento, foram privados de
água por 24 horas. No dia seguinte (sexto) os animais foram submetidos ao
procedimento de modelagem de pressão à barra.
Para tanto, o animal foi colocado na caixa de condicionamento modelo ELT03, marca Eltrones®, onde encontrava uma barra de pressão. Quando
pressionada, acionava um mecanismo que fazia com que uma pequena haste
(“pescador”) disponibilizasse uma gota de água ao animal.
A primeira etapa do procedimento consistiu em reforçar manualmente
(através da pressão a chave de reforço manual) a aproximação do indivíduo à
barra. Dessa forma, cada vez que ele se aproximava da barra lhe era fornecida
uma gota de água. Após 10 (dez) respostas de beber água, passou-se à segunda
16
etapa, a qual consistiu em reforçar cada vez que ele farejava a barra. Em seguida,
o animal era reforçado cada vez que tocava a barra. E por fim, o reforço foi
fornecido somente quando o animal pressionava a barra. No caso do sujeito
diminuir a freqüência de respostas aproximativas, o comportamento anteriormente
reforçado era colocado novamente sob contingência de reforço por mais 10
respostas.
A partir da décima resposta de pressão à barra (RPB) sob controle manual, a
chave de controle era colocada no modo “automático” e o animal poderia se autoreforçar por mais 10 RPB’s, após as quais o experimento era finalizado.
Neste experimento contabilizou-se o tempo total do procedimento, o tempo
de latência entre a disponibilização dos reforços e o comportamento de beber a
primeira gota (primeira etapa), o número de reforços disponibilizados o tempo
gasto em cada etapa da modelagem e o número de reforços que o animal recebeu
até que a RPB seja realizada.
Estes procedimentos são descritos por Gomide e Weber (2001) e Tomanari e
Matos (2001).
Após seis dias da execução do procedimento de modelagem de pressão à
barra, o rato, submetido a 24 horas de privação da água, foi colocado novamente
na caixa de condicionamento e observado durante 10 minutos a fim de se
averiguar a recuperação da RPB. Foi computado o número de RPB’s total de cada
animal.
3.3 Análise dos Dados
Os dados de nado, tempo de latência, tentativas de escalada (nado forçado)
e deslocamentos entre os campos no open-field foram comparados através de
suas freqüências absolutas e submetidos ao teste de análise de variância para
duas amostras independentes (teste “t” com correção de Dunnett). Para os dados
da modelagem e da manutenção da RPB os mesmos foram comparados entre os
grupos por meio de teste qui-quadrado.
17
3.4 Procedimentos Éticos
Os procedimentos deste estudo seguiram protocolos já clássicos e
utilizados correntemente na literatura específica. Até o momento não são
conhecidos outros métodos que possam substituir com precisão e eficiência o
modelo adotado nestes experimentos.
Foi garantido que os animais não fossem submetidos a mais nenhum
procedimento doloroso ou de estresse além dos já citados.
Quanto às demais informações e práticas de descarte dos animais,
seguiram os protocolos existentes na instituição, elaborados pela Comissão de
Ética em Pesquisa da UNIVALI.
18
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Os resultados dos experimentos serão relatados na seguinte seqüência: 1)
open-field; 2) nado forçado; 3) treino ao bebedouro.
A fim de facilitar a leitura dos dados, os mesmos foram dispostos em figuras
seguidos dos respectivos comentários.
4.1. Open-Field
Foram realizados três testes como previsto na sessão de aspectos
metodológicos. As figuras 1, 2 e 3 demonstram os resultados apresentados no
pré-teste, teste 1, 2 e 3.
120
100
80
controle
60
fluoxetina
40
20
0
pré
teste 1
teste 2
teste 3
Figura 1. Comparação da freqüência média de cruzamentos realizados pelos
animais do grupo controle e fluoxetina durante as sessões de teste do Open-field.
Não houve diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos
em relação ao comportamento de cruzar quadrantes no teste open-field. De modo
19
geral, os animais dos dois grupos apresentaram padrões semelhantes como pode
ser observado na figura 1.
35
30
25
20
c ontrole
15
fluox etina
10
5
0
pré
tes te 1
tes te 2
tes te 3
Figura 2. Comparação da freqüência média da atividade exploratória realizadas
pelos animais do grupo controle e fluoxetina durante as sessões de teste do
Open-field.
Da mesma forma, não foi observada diferença estatisticamente significativa
com relação à freqüência de atividade exploratória. Como visto na figura 2, os
gráficos mostram uma semelhança do comportamento entre os grupos controle e
fluoxetina, porém pode ser percebida uma diminuição expressiva da atividade
quando comparando o pré-teste com os demais, o que pode ter ocorrido devido ao
efeito depressivo causado pelo experimento de nado forçado.
20
3
2,5
2
c ontrole
1,5
fluox etina
1
0,5
0
pré
tes te 1
tes te 2
tes te 3
Figura 3. Comparação da freqüência média de bolos fecais produzidos pelos
animais do grupo controle e fluoxetina durante as sessões de teste do Openfield.
Com relação ao número de bolos fecais produzidos pelos animais, não
ocorreu diminuição gradativa como ocorreu nos resultados anteriores, da mesma
forma que demonstrou irregularidade entre os dois grupos.
4
3,5
3
2,5
c ontrole
2
fluox etina
1,5
1
0,5
0
pré
tes te 1
tes te 2
tes te 3
Figura 4. Comparação da frequência média de comportamento de limpeza
realizado pelos animais do grupo controle e fluoxetina durante as sessões de
teste do Open-field.
21
O comportamento de limpeza apresentou resultados semelhantes no que se
refere aos testes 1, 2 e 3, tendo o grupo fluoxetina apresentado freqüências
maiores nesses casos. Porém, no pré-teste o comportamento de limpeza no grupo
controle esteve notavelmente mais presente que no grupo fluoxetina.
Conclui-se, portanto, que de forma geral, o experimento open-field
apresentou uma diminuição nos comportamentos de cruzamentos e atividade
exploratória no teste 1 e 2, o que pode ter ocorrido em função do efeito depressivo
causado pelo experimento de nado forçado, que foi realizado entre o pré-teste eo
teste 1 deste experimento.
4.2. Nado Forçado
Este experimento foi realizado três vezes e seus resultados são
apresentados abaixo por meio das figuras 5, 6 e 7. O pré-teste deste experimento
foi realizado em seqüência do pré-teste do open field. Contudo, tal procedimento
visou apenas a adaptação dos sujeitos à condição da água e, por este motivo não
são computados os dados deste primeiro contato do animal com a condição de
nado. O primeiro teste de nado ocorreu logo após a primeira sessão do open-field.
22
300
250
200
c ontrole
150
fluox etina
100
50
0
tes te 1
tes te 2
tes te 3
Figura 5. Comparação da média de tempo de imobilidade apresentado pelos
animais do grupo controle e fluoxetina durante as sessões de teste do Nado
Forçado.
Como é possível perceber na figura 5, os níveis de imobilidade apresentados
permanecem semelhantes entre os grupos controle e fluoxetina nos três testes
apresentados, havendo um aumento significativo deste comportamento desde o
teste 1 até o 3.
180
160
140
120
100
c ontrole
80
fluox etina
60
40
20
0
tes te 1
tes te 2
tes te 3
Figura 6. Comparação da média de tempo de nado apresentado pelos
animais do grupo controle e fluoxetina durante as sessões de teste do Nado
Forçado.
23
Novamente, relativo ao tempo de nado não houve diferenças significativas
entre os grupos controle e fluoxetina, apresentando resultados semelhantes entre
eles. O comportamento, em ambos os grupos, diminuiu do primeiro ao último teste
realizado.
80
70
60
50
40
c ontrole
30
fluox etina
20
10
0
tes te 1
tes te 2
tes te 3
Figura 7. Comparação da média de tempo de escalada apresentado pelos
animais do grupo controle e fluoxetina durante as sessões de teste do Nado
Forçado.
Os comportamentos de escalada tiveram uma diminuição notável do primeiro
ao último teste, sendo que no terceiro esta atividade é quase inexistente. Porém, a
diminuição ocorreu nos dois grupos da mesma forma, não havendo, portanto,
diferença entre o grupo controle e fluoxetina.
De forma geral, no experimento de nado forçado percebemos que, ao longo
dos testes, os animais tiveram uma redução das atividades, apresentando assim
um aumento da categoria imobilidade. Porém, pode-se perceber uma congruência
no que se refere aos grupos controle e fluoxetina, havendo a mesma diminuição
das atividades em ambos, sem diferenças estatisticamente significativas.
24
4.3 Modelagem
As etapas do experimento de modelagem foram realizadas em dois dias,
sendo que os dados do treino ao bebedouro são apresentados abaixo.
800
700
600
500
controle
400
fluoxetina
300
200
100
0
teste 1
teste 2
Figura 8. Comparação da média de tempo de beber água apresentado pelos
animais do grupo controle e fluoxetina durante as sessões de teste de Treino ao
Bebedouro.
Percebe-se uma grande semelhança no tempo de associação entre o barulho
do acionamento do dispositivo de disponibilização de água (“pescador”) e o
comportamento de beber água entre os grupos controle e fluoxetina. Entre os
testes, de maneira geral o tempo tendeu a diminuir, porém a diferença não foi
significativa.
A etapa modelagem não será discutida por não ter apresentado resultados
significativos, contudo, digno de nota foi o fato de três animais do grupo controle
terem passado para esta fase, enquanto só um animal do grupo fluoxetina o fez.
Apesar disto, nenhum animal conseguiu completar a modelagem de resposta de
pressão à barra.
25
A fim de testar as diferenças dentro do grupo controle e fluoxetina nos
testes aos quais foram submetidos realizou-se uma análise de variância não
paramétrica para k amostras relacionadas (Teste de Friedman)
.
Os resultados são demonstrados na tabela 1.
Tabela 1. Análise da variação das diferenças encontradas entre as sessões dos experimentos
2
Open-Field e Nado Forçado nos grupos “controle” e ”fluoxetina” através do teste de Friedman (χ ).
Grupos
Experimento e
Comportamentos Observados
Controle
Fluoxetina
8,323*
16,063**
17,250**
16,263**
Bolos Fecais
5,586
2,647
Limpeza
5,235
2,579
Nado
10,750**
12,250**
Imobilidade
14,250**
12,250**
Escalada
15,200**
11,185**
OPEN-FIELD
Cruzamentos
Exploração
NADO FORÇADO
* p < 0,05
** p < 0,01
A maioria dos escores aponta para uma variância significativa nos grupos
fluoxetina e controle, o que indica que houve uma modificação do comportamento
dos animais do início ao fim dos testes. Porém, nem mesmo ao avaliar a variância
concernente a cada grupo é possível perceber uma diferença significativa entre
eles, o que demonstra que o medicamento não apontou nenhum resultado relativo
à diminuição da ansiedade ou de sintomas depressivos.
26
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Quando comparado o experimento open-field à pesquisa realizada por
Poltronieri, Zangrossi Jr. e Viana (2003) é possível perceber uma semelhança nos
resultados, mostrando que a fluoxetina não inibe comportamentos motores e não
afeta o comportamento dos animais nesse experimento.
Analisando o estudo de Bravin et al (2005), são percebidas diferenças
estatisticamente significativas da administração da fluoxetina e salina, sendo que a
droga mostrou redução no número de levantamentos no experimento open-field.
De modo contraditório, o experimento open-field aqui descrito não apresentou
diferença significativa quanto aos grupos controle e fluoxetina. Por outro lado, os
resultados foram semelhantes para os dois experimentos no que se refere ao
tempo de imobilidade no teste de nado forçado. A fluoxetina não apresentou
diferenças significativas do grupo controle, tendo aumentado o tempo de
imobilidade da primeira à última fase do experimento.
O estudo de Leuner, Mendolia-Loffredo e Shors (2004) indica o tratamento
crônico com a fluoxetina como um fator importante na prevenção dos déficits de
aprendizagem. Neste experimento, não foram percebidos resultados mais eficazes
no grupo fluoxetina, porém semelhantes aos do grupo controle. Os resultados
mostraram que o medicamento, na forma como foi administrado, não apresentou
influência alguma nos processos de aprendizagem e memória, tal como nas taxas
de respostas ansiogênicas.
Torna-se difícil fazer maiores comparações do experimento realizado com
outros já publicados, levando-se em consideração a escassez de estudos
realizados com animais fêmeas. De maneira geral é realizada uma comparação
entre gêneros ou estudos desenvolvidos com animais machos.
27
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os
grupos
fluoxetina
e
controle
não
apresentaram
diferenças
estatisticamente significativas em nenhum dos experimentos. Isso aponta que o
medicamento não influencia nos processos de aprendizagem e memória, não
apresentando dificuldades para tais processos mesmo quando em tratamento
crônico. Com base nos resultados apresentados nos testes open-field e nado
forçado é possível perceber que a fluoxetina também não alterou o estresse
experimentado pelos animais, sendo que a ansiedade apresentada pelos grupos
controle e fluoxetina foi a mesma.
Seguindo o padrão de algumas pesquisas, como esta acima citada, decidiuse por aplicar neste experimento doses crônicas da fluoxetina, buscando apontar
melhor a realidade das pessoas que fazem uso do medicamento. Desta maneira,
foi possível verificar os efeitos durante o uso da medicação, mais do que as
implicações pós-medicação, que é o que se obtém com tratamento agudo.
Algumas situações podem ter colaborado para estes resultados. Um deles
deve-se ao fato de terem sido utilizados ratos fêmeas nesta primeira fase do
experimento. Observações realizadas no laboratório de Psicologia Experimental
da UNIVALI durante as práticas de Análise Experimental do Comportamento têm
demonstrado que fêmeas tendem a responder mais lentamente aos experimentos
de modelagem. Porém, tendo em vista que o experimento tinha como objetivo
inicial testar as diferenças entre machos e fêmeas submetidos ao uso da
fluoxetina, ao acaso, a experiência teve início com tratamento com as fêmeas e
não pôde ter continuidade com os machos devido a problemas técnicos e de
prazos para entrega desta monografia. O objetivo do estudo era avaliar diferenças
sexuais em respostas ansiogênicas, de memória e de aprendizagem em ratos
submetidos à aplicação da fluoxetina. Pretende-se realizar a segunda parte do
experimento no primeiro semestre de 2009.
Outra questão importante a ser investigada quanto aos resultados diz
respeito a dosagem da medicação (fluoxetina) e sua pureza. Estudos realizados
por Portes et al. (2006) demonstraram que o uso crônico da fluoxetina demonstrou
28
efeitos sobre o comportamento motor e ansioso de ratas tratadas com a droga e
submetida aos mesmos testes. Contudo, mesmo sendo os mesmos técnicos que
tenham aplicado a droga, as respostas entre tratados e não tratados foi a mesma,
o que nos leva a reavaliar as condições da droga utilizada.
Infelizmente não foi possível testar sua pureza antes dos testes, mas é algo
que deverá ser questionado e verificado na segunda parte destes experimentos.
29
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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