Dinâmica de acúmulo de macronutrientes pela cultura da couve-flor ‘Verona’. Jean de Oliveira Souza1; Renata Castoldi1; Hamilton César de O. Charlo1; Pablo Forlan Vargas1; Leila Trevizan Braz1 1 UNESP- FCAV-Departamento de Produção Vegetal (Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, Jaboticabal, CEP:14884-900); e-mail: [email protected] RESUMO Com o objetivo de determinar o acúmulo e exportação de macronutrientes pela cultura da couve-flor ‘Verona’, conduziu-se um experimento em campo, no Setor de Olericultura e Plantas Aromático-Medicinais do Departamento de Produção Vegetal (FCAV-UNESP), Câmpus de Jaboticabal, no período de 23-02-2006 a 05-06-2006. O experimento constou inicialmente de 480 plantas divididas em três blocos. Para cada época de amostragem foram retiradas duas plantas por bloco. Neste experimento, foram realizadas cinco amostragens da parte vegetativa a cada 14 dias após o transplante e três amostragens das inflorescências a cada quatro dias, após o início de sua formação, sendo quantificados assim o acúmulo de macronutrientes nas inflorescências, no caule, nas folhas e nos pecíolos. A ordem decrescente dos macronutrientes acumulados pela cultura foi: N (9,62 g planta-1) >K(5,78 g planta-1)>Ca (5,15 g planta-1)>S(0,98 g planta-1)>Mg (0,92 g planta-1)>P (0,56 g planta-1 ). A exportação de nutrientes pelas inflorescências foi de 3,128 g planta-1 de N; 0,275 g planta-1 de K; 0,056 g planta-1 de Ca; 0,283 g planta-1 de S; 0,035 g planta-1 de Mg e 0,231 g planta-1 de P. Palavras-chave: Brassica oleracea L. var. botrytis, acúmulo, macronutrientes. ABSTRACT: Accumulation dynamics of macronutrients of the cauliflower culture ‘Verona’. The accumulation and exportation of macronutrient in plants of Veneza cauliflower was determined under field conditions. This research was carried out an experiment area of the Horticulture, Aromatic and Medicinal Plants Sector of ‘Departamento de Produção Vegetal’ (FCAV-UNESP), Campus Jaboticabal-SP in period of 02-23-2006 the 06-05-2006. The experiment initial consisted of 480 plants distributed in three blocks. The experiment initial consisted of 480 plants distributed in three blocks. For each epoch of samples were retreat two plants per block. In this experiment, was taken five samples of the vegetative part each 14 days after the transplanting and three samples of the inflorescences each four days, after the start its formation, and quantified the accumulation of macronutrients in the inflorescences, stem, leaf and petioles. The order of macronutrients accumulation for the culture was: N (9,62 g plant-1) >K(5,78 g plant-1)>Ca (5,15 g plant-1)>S(0,98 g plant-1)>Mg (0,92 g plant-1)>P (0,56 g plant-1 ). The exportation of nutrient for inflorescences was 3,128 g plant-1 of N; 0,27 g plant-1 of K; 0,05 g plant-1 of Ca; 0,28 g plant-1 of S; 0,03 g plant-1 of Mg and 0,23 g plant-1 of P. Keywords: Brassica oleracea L. var. botrytis L., accumulation, macronutrient. INTRODUÇÃO A couve-flor (Brassica oleracea var. botrytis) está incluída entre as principais brássicas de consumo diário, apreciada pelos consumidores por seu aspecto agradável e ótimo sabor, além de possuir elevada quantidade de vitaminas. O conhecimento da absorção e do acúmulo de nutrientes nas diferentes fases de desenvolvimento da cultura permite determinar as épocas em que os elementos são mais exigidos e orientar as correções das deficiências que venham a ocorrer durante o seu desenvolvimento (Barbosa Filho, 1987). Devido à escassez de trabalhos relacionados a curva de absorção de nutrientes pela cultura da couve-flor, o presente trabalho teve por objetivo determinar as curvas de absorção de macronutrientes pela couve-flor ‘Verona’ em Jaboticabal-SP. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em campo, pertencente ao Setor de Olericultura e Plantas Aromático-Medicinais do Departamento de Produção Vegetal, nas dependências da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (UNESP-FCAV), Câmpus de Jaboticabal, no período de 23-02-2006 a 05-06-2006. A semeadura foi realizada em 23 de fevereiro de 2006, em bandejas de poliestireno expandido com 128 células, preenchidas com substratos Plantmax HT®. As mudas foram transplantadas aos 32 dias após a semeadura, em solo anteriormente preparado e adubado conforme os resultados da análise do solo e a recomendação de Raij et al. (1997) para a cultura. O espaçamento utilizado foi de 0,5m entre plantas e 1m entrelinhas. O experimento constou inicialmente de 480 plantas divididas em três blocos. Para cada época de amostragem foram retiradas duas plantas por bloco. No experimento foram realizadas cinco amostragens da parte vegetativa a cada 14 dias após o transplante, e três amostragens das inflorescências a cada quatro dias após o início de sua formação. Para a determinação da dinâmica de absorção de nutrientes, as plantas amostradas foram cortadas rente ao solo, divididas em caule, folha, pecíolo e inflorescências. As partes foram lavadas em água deionizada, colocadas para secar em estufa com circulação de ar forçado a 60°C até atingirem massa constante e posteriormente moídas e submetidas à análise químicas, segundo método descrito por Malavolta et al. (1997). As características avaliadas foram submetidas a análise de regressão, sendo considerada como variável independente, a idade da planta expressa em dias após o transplante. Para as análises do caule, folha e pecíolo foram utilizados as funções logísticas, as quais são amplamente empregadas para representar dados de crescimento de animais e vegetais (Hoffman & Vieira, 1977). Para a análise dos dados das inflorescências foi utilizada função polinomial. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com as equações de regressão (Tabela 1), verificou-se que dos 56 aos 69 DAT houve uma estabilização nos acúmulos de N nas inflorescências, no caule, nas folhas e nos pecíolos, atingindo valores máximos de 3,12 g planta-1; 0,49 g planta-1; 4,71 g planta-1 e 1,27 g planta-1, respectivamente. Este foi o nutriente mais absorvido pela couve-flor ‘Verona’, com acúmulo total de 9,62 g planta-1. O P foi o macronutriente menos exportado pela cultura, atingindo um valor acumulado na planta de 0,5697 planta-1, sendo que as inflorescências, o caule, as folhas e o pecíolo contribuíram, respectivamente com 4,7%; 18,4%; 46,4% e 30,5%. A equação que descreve a quantidade de K acumulado no caule (Tabela1) foi crescente até o final do ciclo, atingindo valor máximo de 1,0634 g planta-1. Para as folhas e pecíolos essas equações mostraram que houve um acúmulo elevado de K até 56 DAT e após esse período a planta manteve a mesma taxa até o final do ciclo, atingindo valores máximos de 2,68 g planta-1 e 1,76 g planta-1. Já para as inflorescências a quantidade acumulada aumentou desde sua formação, com tendência de queda a partir dos 66 DAT. O Ca foi o terceiro macronutriente mais acumulado pela planta (5,15 g planta-1), sendo exportado desse valor apenas 1,1%. Entre os nutrientes, foi o que apresentou maior acúmulo nas folhas sendo estas responsáveis por 75,9%. O total acumulado de Mg na planta foi de 0,92 g planta-1, com maior demanda no período de 42 a 56 DAT (Tabela 1). As participações das inflorescências, do caule, das folhas e dos pecíolos foram de 3,8%; 8,5%; 67,6% e 20,1% respectivamente. O S, semelhante ao ocorrido com os demais macronutrientes, apresentou maior acúmulo nas folhas, atingindo valor máximo de 0,50 g planta-1 (51,6%), as demais partes da planta, ou seja, inflorescências, caule e pecíolos tiveram acúmulos máximos de 0,28 g planta-1; 0,07 g planta-1 e 0,11 g planta-1 respectivamente. A ordem decrescente dos macronutrientes acumulados pela cultura foi: N (9,62 g planta-1)>K(5,78 g planta-1)>Ca (5,15 g planta-1)>S(0,98 g planta-1)>Mg (0,92 g planta-1)>P (0,56 g planta-1 ). A exportação de nutrientes pelas inflorescências foi de 3,12 g planta-1 de N; 0,27 g planta-1 de K; 0,05 g planta-1 de Ca; 0,28 g planta-1 de S; 0,03 g planta-1 de Mg e 0,23 g planta-1 de P. A demanda de macronutrientes na planta foi crescente ao longo do ciclo. LITERATURA CITADA BARBOSA FILHO M. 1987. Nutrição e adubação do arroz (sequeiro e irrigação). Piracicaba, Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato. 120p. (Boletim Técnico, 9). HOFFMANN R; VIEIRA S. 1977. Análise de regressão – uma introdução à econometria. São Paulo: HUCITEC – EDUSP. 399 p. MALAVOLTA E; VITTI GC; OLIVEIRA SA de. 1997. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. 2. ed. Piracicaba: POTAFOS. 319 p. RAIJ BV; CANTARELLA H; QUAGGIO JA; FURLANI AMC. (Ed.). 1997. Recomendações da adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2. ed. Campinas: IAC. 285 p. (Boletim Técnico, 100). Tabela 1. Equações de regressão relacionando a taxa de acúmulo de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) nas inflorescências, no caule, na folha e no pecíolo da planta de couve-flor ‘Verona’. UNESP–FCAV, 2007. Nutriente Partes da planta Inflorescência Caule Folha Pecíolo Equações N inf= -0,064 x² + 8,5382 x – 281,16 N cau = 0,52366 / 1+ e-011068 (X – 42,24618) N fol = 4,793 / 1+ e-0,13245 (X – 37,80032) N pec = 1,28709 / 1+ e-0,18878 (X – 42,7119) Coeficientes R²= 1,00000 R2= 0,99704 R2= 0,99956 R2= 0,96209 P Inflorescência Caule Folha Pecíolo P inf = -0,0025 x² + 0,3432 x – 11,6 P cau = 0,03838 / 1+ e-0,16269 (X – 39,52736) P fol = 0,23852 / 1+ e-0,19135 (X – 36,41487) P pec = 0,0627 / 1+ e-0,17811 (X – 37,27677) R²=1,00000 R2= 0,99976 R2= 0,99359 R2= 0,94136 K Inflorescência Caule Folha Pecíolo K inf = -0,0038 x² + 0,5037 x – 16,537 K cau = 12,57021 / 1+ e-0,05668 (X – 111,01669) K fol = 2,74032 / 1+ e-0,13261 (X – 40,2639) K pec = 1,88935 / 1+ e-0,12028 (X – 46,766) R²= 1,00000 R2= 0,98495 R2= 0,99695 R2= 0,99919 Ca Inflorescência Caule Folha Pecíolo Ca inf = 0,0003 x² + 0,0382 x – 1,1889 Ca cau = 5,6383 / 1+ e-0,04544 (X – 135,23313) Ca fol = 3,95202 / 1+ e-0,14312 (X – 36,40344) Ca pec = 0,9412 / 1+ e-0,1278 (X – 39,44029) R²= 1,00000 R2= 0,94627 R2= 0,99782 R2= 0,99539 Mg Inflorescência Caule Folha Pecíolo Mg inf = 7E – 06 x² + 0,0007 x – 0,0428 Mg cau = 0,0925 / 1+ e-0,08371 (X – 47,96526) Mg fol = 0,62587 / 1+ e-0,18357 (X – 33,47073) Mg pec = 0,18952 / 1+ e-0,13185 (X – 38,94444) R²=1,00000 R2= 0,97952 R2= 0,99491 R2= 0,99842 S Inflorescência Caule Folha Pecíolo S inf = -0,0026 x² + 0,3701 x – 12,682 S cau = 0,08205 / 1+ e-0,12239 (X – 48,03043) S fol = 0,51709 / 1+ e-0,12654 (X – 38,49642) S pec = 0,12061 / 1+ e-0,12647 (X – 43,35812) R²= 1,00000 R2= 0,99970 R2= 0,99961 R2= 0,99621 N