Curva de crescimento, partição da matéria seca e produção de couve-flor ‘Veneza’. RESUMO Com o objetivo de avaliar a dinâmica do crescimento de couve-flor ‘Veneza’ foi instalado um experimento em fevereiro de 2006, o qual constou inicialmente de 480 plantas divididas em três blocos, e dispostas no espaçamento de 0,5 m entre plantas e 1m entre linhas. Duas plantas de cada bloco foram amostradas a cada 14 dias após o transplante, divididas em caule, folha e pecíolo. Em seguida, foi determinada a área foliar e os órgãos foram secos e pesados. Também na mesma data foram avaliadas as características do crescimento: altura da planta; diâmetro do caule; número de folhas; diâmetro da cabeça; altura da cabeça; peso da matéria seca das folhas, do caule, do pecíolo e das inflorescências. Com base nos resultados obtidos as plantas apresentaram crescimento e acúmulo de massa seca contínuos. Do início da formação da inflorescência até a colheita, a mesma foi o principal dreno da planta. Palavras-chave: Brassica oleracea var. botrytis; crescimento de plantas; produção. ABSTRACT - Curve of growth, partition of dry substance and cauliflower production `Veneza' . With the objective to evaluate the dynamic of the cauliflower growth `Veneza'was installed an experiment in February of 2006, which consisted initially of 480 plants divided in three blocks in the spacing of 0,5 m between plants and 1,0 m between lines. Two plants of each block were showed each 14 days after the transplant, divided in stem, leaf and petiole. After that, the leaf area was determined and the agencies dry and had been weighed. Also in the same date the characteristics of the growth had been evaluated: height of the plant; diameter of stem; leaf number; diameter of the head; height of the head; weight of the dry substance of leaf, stem, petiole and the inflorescences. Results showed that the plants presented continuos growth and accumulation of dry mass. The inflorescences was the main drain of the plant of the beginning of the until the harvest. Keywords: Brassica oleracea var. botrytis; growth analysis; production. INTRODUÇÃO Nos últimos anos tem sido introduzido no Brasil cultivares híbridos de couve flor, sendo estes mais produtivos que as anteriormente cultivadas. Por isso, são escassos na literatura, trabalhos apresentando dados que sirvam de ferramentas para recomendações técnicas adequadas para a cultura. A análise de crescimento possibilita identificar as características das plantas associadas às suas adaptações às condições de estresse, bem como seus potenciais de produção sob condições ótimas de crescimento. Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a curva de crescimento da cultivar de couve-flor ‘Veneza’. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em campo, pertencente ao Setor de Olericultura e Plantas Aromático-Medicinais do Departamento de Produção Vegetal da FCAVUNESP, no período de 23-02-2006 a 30-05-2006. As mudas foram transplantadas aos 32 dias após a semeadura, em solo anteriormente preparado e adubado, conforme os resultados da análise do solo e a recomendação de Raij et al. (1997) para a cultura. Para tanto, foram aplicados em adubação de plantio, 60 kg ha-1 de N, 200 kg ha-1 P2O5, e 180 kg ha-1 de K2O, utilizando sulfato de amônio, superfosfato simples e cloreto de potássio como fonte, respectivamente. Foram aplicados em adubação de cobertura 100 kg ha-1 de N e 90 kg ha-1 de K2O, divididos em quatro vezes (15, 30, 45 e 55 dias após o transplante), utilizando-se como fonte uréia e cloreto de potássio, respectivamente. As mudas foram transplantadas no espaçamento de 0,5m entre plantas e 1m entrelinhas. O experimento constou inicialmente de 480 plantas divididas em três blocos. Para cada época de amostragem foram retiradas duas plantas por bloco. Neste experimento, foram realizadas cinco amostragens da parte vegetativa a cada 14 dias após o transplante e três amostragens das inflorescências a cada 4 dias, após o início de sua formação. Para a determinação da dinâmica de crescimento da cultura, as plantas amostradas foram cortadas rente ao solo, divididas em caule, folha; pecíolo inflorescência. Em seguida, foi determinada a área foliar e os órgãos foram secos e pesados. Também na mesma data foram avaliadas as características do crescimento: altura da planta; diâmetro do caule; número de folhas; diâmetro da cabeça; altura da cabeça; massa da matéria seca das folhas, do caule, do pecíolo e das inflorescências. Em seguida foram calculados: taxa de crescimento absoluto da cultura; taxa de crescimento relativo; taxa assimilatória líquida; índice de área foliar; razão de área foliar; razão de massa do limbo foliar; razão de massa de caule, razão de massa de pecíolo e razão de massa de inflorescência e a área foliar específica, conforme metodologia descrita por Evans (1972); Benincasa (1988). Para as análises de regressão foram utilizadas: função logística, polinomial linear e quadrática, de acordo com a que mais se adequava para cada característica. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com as equações apresentadas na Tabela 1, verificou-se que a altura máxima da planta foi atingida aos 64 dias após o transplante (DAT), quando as plantas apresentavam altura de 77,85 cm. Nesta mesma data observou-se o maior número de folhas (27,14), maior área foliar (16.764,41 cm2 planta-1 e maior diâmetro do caule (30,43 mm). As plantas apresentaram contínuo acúmulo de massa seca. Portanto, os maiores valores de massa seca foram observados 64 DAT, quando verificaram-se para o caule 23,63 g planta-1; 50,33 g planta-1 para o pecíolo; 106,44 g planta-1 para o limbo foliar; 100,09 g planta-1 para a inflorescência e massa seca total da planta de 278,14 g planta-1). Aos 64 DAT as inflorescências atingiram o ponto de colheita, quando as mesmas apresentavam massa fresca de 1240,83 g, diâmetro de 30,31 cm e altura de 20,02 cm (Tabela 1). Observou-se que taxa de crescimento absoluto apresentou aumentos contínuos, atingindo seu máximo aos 64 dias após o transplante (14,01 g planta-1 dia-1) e que a maior taxa de crescimento relativo foi aos 28 dias após o transplante com 0,154 g g-1 dia-1. A razão de massa de limbo foliar foi maior aos 42 DAT (0,708), ou seja, nesta data as folhas correspondiam a 70,8% da massa seca da planta. Após esta data verificou-se diminuição neste índice, o qual aos 64 DAT foi de 0,384. Verificou-se aos 56 DAT o maior valor de razão de massa do pecíolo, sendo que nesta data o pecíolo das folhas correspondia a 29,1 % da massa seca da planta. Já a razão de massa de caule apresentou contínuo aumento até os 56 DAT, quando apresentava 10,9% da massa seca da planta. Para a razão de massa da cabeça observaram-se valores de 0,026 aos 56 DAT e 0,356 aos 64 DAT. Isto significa que aos 56 DAT (início da formação da cabeça) este órgão representava 2,6 % da massa seca da planta, passando para 35,6% aos 64 DAT. A maior área foliar específica foi observada aos 14 DAT com 249,85 cm2 g-1 e o maior índice de área foliar (IAF) aos 64 DAT (3,248). A maior taxa assimilatória líquida (TAL) foi observada aos 28 DAT (0,117 g dia-1 dm-2). Verificou-se contínua diminuição dos valores de razão de área foliar, sendo que aos 14 DAT este índice era de 1,576 dm2 g-1, chegando a 0,577 dm2 g-1 aos 64 DAT. Observou-se, nas plantas, crescimento e acúmulo de massa seca contínuos. Do início da formação da inflorescência até a colheita, a mesma foi o principal dreno da planta. LITERATURA CITADA BENINCASA MMP. 1988. Análise de crescimento de plantas. Jaboticabal: Funep, 42p. EVANS GC. 1972. The quantitative analysis of plant growth. Oxford: Blackwell Scientific Publications, 734 p.. RAIJ BV; CANTARELLA H; QUAGGIO JA; FURLANI AMC. (Ed.). 1997. Recomendações da adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2. ed. Campinas: IAC, 285 p. (Boletim Técnico, 100). Tabelas Tabela 1. Altura da planta (AP), número de folhas (NF), área foliar (AF), diâmetro do caule (DC), massa seca do caule (MSC), massa seca do pecíolo (MSP), massa seca do limbo foliar (MSLF), massa seca da inflorescência (MSI), massa seca total (MST), altura da inflorescência (AI), diâmetro da inflorescência (DI) e massa fresca da inflorescência (MFI), de couve-flor ‘Veneza’. UNESP-FCAV, 2007. Equações -0, 068 (x-33, 994) AP= 87,975/1 + e -0, 087 (x-30, 541) Coeficientes de regressão Unidades 2 cm 2 R =0,995 NF= 31,048/1 + e R =0,986 folhas planta-1 AF= 18273,763/1 + e-0, 129 (x-45, 331) R2=0,989 cm2 planta-1 DC= 31,199/1 + e-0, 091 (x-23, 475) R2=0,983 mm -0, 103 (x-50, 397) MSC= 29,463/1 + e R =0,997 g planta-1 MSP= 50,702/1 + e-0, 258 (x-44, 881) R2=0,992 g planta-1 MSLF= 110,356/1 + e-0, 142 (x-40, 738) R2=0,999 g planta-1 MSI= 1,657x2 – 186,9x + 5273,8 R2=1,000 g planta-1 MST= 1408,815/1 + e-0, 069 (x-84, 325) R2=0,993 g planta-1 AI= 1,42x -70,857 R2= 0,961 cm DI= 1,8663x -89,128 2 MFI= 10,242x – 1079,1x + 28352 2 2 cm 2 g R =0,997 R =1,000