Crescimento de abóbora híbrida na região Norte de Minas Gerais Sanzio Mollica Vidigal¹; Dilermando Dourado Pacheco²; Cláudio Egon Facion²; David de Araújo Moreira². ¹EPAMIG-DPPE, Av. José Cândido da Silveira, 1647, Cidade Nova, Belo Horizonte-MG, CEP: 31.170-000, ‘[email protected]’; ² EPAMIG-CTNM, C. Postal 12, 39.440-000, Nova Porteirinha-MG. RESUMO Um experimento foi conduzido na Fazenda Experimental de Mocambinho da EPAMIG, localizada dentro do Projeto Jaíba, região Norte de Minas Gerais, para avaliar o crescimento de abóbora híbrida, cv. Suprema. As amostragens de plantas foram realizadas aos 28, 42, 56, 70, 84 e 98 dias após a semeadura (DAS) para determinação da matéria seca das folhas, caule, flor, fruto e raiz e a taxa de crescimento absoluto da planta (G) e do fruto (F). A planta teve lento crescimento até 56 DAS. A partir daí o crescimento intensificouse até o final do ciclo. A produção total de matéria seca máxima ocorreu aos 89 DAS, atingindo 1.657,92 g planta-1. Os frutos foram os que mais acumularam matéria seca entre os órgãos da planta. A taxa de crescimento absoluto da planta (G) e dos frutos (F) foram 124,25 g.planta-1.dia-1, aos 74 dias e 172,75 g.planta-1.dia-1 aos 79 dias, respectivamente. No final do ciclo, 70,56% da matéria seca foram alocados nos frutos, 19,76% nas folhas e 8,70% no caule e o restante nas flores e raízes. Palavras-chave: Tetsukabuto (C. maxima x C. moschata); análise do crescimento . ABSTRACT Growth of hybrid pumpkin in the Northerm Minas Gerais State. An experiment was carried out at Experimental Farm of Mocambinho of EPAMIG, located inside of the Projeto Jaíba, Northerm Minas Gerais State, to evaluate the growth of hybrid pumpkin, cv. Suprema. The samplings of plants were taken at 28, 42, 56, 70, 84 and 98 days after the sowing (DAS) for dry matter determination of the leaves, stem, flower, fruit and root and the tax of absolute growth of the plant (G) and of the fruit (F). The plant had her slow growth up to the 56 DAS, intensifying since then until the end of the cycle. The total production of it dries maximum matter happened to the 89 DAS, reaching 1,657.92 g plant-1. The fruits accumulated more matter dries than the other organs of the plant. The tax of absolute growth of the plant (G) and of the fruits (F) they were 124.25 g.plant-1.day-1, to the 74 days and 172.75 g.plant-1.day-1 to the 79 days, respectively. In the end of the cycle, 70,56% of the matter dry were allocated in the fruits, 19,76% in the leaves and 8,70% in the stem and the remaining in the flowers and roots. Keywords: Tetsukabuto (C. maxima x C. moschata); growth analysis. O Norte de Minas Gerais, devido às condições edafoclimáticas favoráveis, apresenta potencial para tornar-se um importante pólo produtor de hortaliças. Anualmente, cultiva-se aproximadamente 5.000 ha de hortaliças na região. Dentre as espécies de hortaliças mais cultivadas destacam-se a abóbora híbrida tipo Tetsukabuto (300 ha/ano) e a melancia (400 ha/ano) (EPAMIG, 2000). Identificar o comportamento de crescimento de hortaliças na região, a partir de mensuração da matéria seca acumulada pela planta e, ou de suas partes secas (folhas, caule, frutos, flores e raiz) é fundamental ao planejamento de métodos de cultivo que expresse o máximo potencial produtivo das plantas. O presente trabalho objetivou determinar o acúmulo de matéria seca durante o ciclo de desenvolvimento da abóbora híbrida na região Norte de Minas Gerais. MATERIAL E MÉTODOS Numa área de abóbora híbrida (0,5 ha) com o manejo de adubação utilizado pelos produtores da região foi conduzido um experimento para avaliar o crescimento de abóbora híbrida, na Fazenda Experimental de Mocambinho da EPAMIG, localizada dentro do Projeto Jaíba, região Norte de Minas Gerais, no período de abril a agosto de 2002. O solo da área, classificado como Neossolo Quartzarênico, apresentava as seguintes composições textural: 13% argila; 5% silte e 82% areia; e química: pH (água) 5,8; Ca, Mg, Al e H+Al respectivamente 2,10; 0,25; 0,00 e 0,90 cmolc dm-³; P e K, 70,65 e 44,00 mg dm-³; e matéria orgânica = 5,90 g kg-1. Em maio de 2002, aos 15 dias após a semeadura (DAS), as mudas de abóbora híbrida cv Suprema foram transplantadas para covas, espaçadas de 3,0 x 1,5 m, e previamente adubadas com 2,0 litros de esterco de gado, 200 g de adubo formulado 4-3010 e 10 g de Bórax. Na adubação de cobertura, parcelou-se o N em três vezes (27, 43 e 64 DAS) e o K em duas (43 e 64 DAS), aplicando-se 10, 50 e 40 g/planta de uréia; e 30 e 30 g/planta de cloreto de potássio. No início da floração e da frutificação, aplicou-se o adubo foliar CaB2 Plus na dose de 3,0 L/ha. A cultura foi conduzida com irrigação por aspersão convencional. Durante o cultivo foram retiradas seis amostras compostas de nove plantas competitivas inteiras. Iniciou-se a coleta de amostras desde 28 DAS até a colheita final, considerando um intervalo regular de 14 dias. O material amostrado foi separado em folha, caule, raiz, flor e fruto, secado em estufa de circulação forçada de ar a 65°C até peso constante, obtendo-se, assim, o acúmulo de matéria seca na abóbora. Esses dados associados às épocas de coleta das amostras foram usados para determinar a curva de acúmulo de matéria seca pela abóbora híbrida. Os dados de matéria seca foram submetidos a análise de regressão, tendo como variável independente a idade da planta, expressa em dias após a semeadura. O crescimento das plantas foi caracterizado pela produção de matéria seca das folhas, caule, flor, fruto e raiz, e a taxa de crescimento absoluto da planta (G) e do fruto (F) por meio da derivada primeira da equação ajustada ao peso da matéria seca da planta e do fruto, respectivamente. RESULTADOS E DISCUSSÃO A planta de abóbora híbrida tipo Tetsukabuto, cv. Suprema, teve lento crescimento até 56 DAS, intensificando-se a partir daí a produção de matéria seca até o final do ciclo. Houve acúmulo de matéria seca das plantas, ao longo do ciclo, sendo que a produção total de matéria seca máxima ocorreu aos 89 DAS, atingindo 1.657,92 g planta-1 distribuídos em folhas, caule, flores, frutos e raízes. (Figura 1) 1800 18 Y1=EXP(14,99603 - 0,05681X - 20013,38/X²) R²=099 1600 Y2=EXP(5,29532 - 4285,407/X²) R²=0,98 16 1400 Y3=EXP(6,17895 - 3641,574/X²) R²=0,96 14 Matéria seca (g/planta) Y4=EXP(22,27219 - 0,11526X - 38418,66/X²) R²=099 1200 12 Y5= -293,616 + 103,792X0,5 - 11,9463X + 0,455601X1,5 R²=0,96 1000 10 Y6=EXP(5,56458 - 0,02566X - 6741,26/X² R²=0,99 800 8 600 6 400 4 200 2 0 28 42 56 70 84 98 0 Dias após a semeadura Figura 1 – Acúmulo de matéria seca na planta (Y1), caule (Y2), folha (Y3), fruto (Y4), flor (Y5) e raiz (Y6) pela cultura da abóbora híbrida cv. Suprema em Neossolo Quartzarênico na região Norte de Minas Gerais EPAMIG Jaíba-MG (2002). As folhas e o caule, parte vegetativa da planta, acumularam matéria seca continuamente até a colheita, atingindo 330,22 e 127,62 g.planta-1, aos 98 DAS, respectivamente. Entre os órgãos da planta, os frutos foram os que mais acumularam matéria seca, atingindo 1.298,59 g.planta-1 aos 87 DAS, demonstrando ser o dreno principal na partição de fotoassimilados, a exemplo do ocorrido com outras hortaliças fruto, como o tomate (Fayad et al., 2001) e melancia (Grangeiro e Cecílio Filho, 2004). As primeiras flores foram produzidas próximo aos 40 DAS, atingindo máximo acúmulo matéria seca de 5,43 g.planta-1 aos 65 DAS, período de plena floração e frutificação. As raízes, por sua vez, atingiram o máximo acúmulo de matéria seca aos 81 DAS, alcançando 11,69 g.planta-1, representando menos de 1% da matéria seca total da planta. Até 56 DAS, o acúmulo de matéria seca na parte vegetativa das plantas representou 62,48% do total (Figura 1). Após isso, com a frutificação, alterou-se a força de drenos da planta, proporcionada pela predominância da fase reprodutiva sobre a vegetativa, aumentando a translocação de fotoassimilados das folhas para os frutos (Marschner, 1995). No período de 56 a 84 DAS, a taxa de crescimento absoluto da planta (G) acelerou, atingindo valor máximo, de 124,25 g.planta-1.dia-1, aos 74 DAS. Também, neste período a taxa de crescimento dos frutos aumentou, atingindo o máximo de 172,75 g.planta-1.dia-1 aos 79 DAS (Figura 2). Assim, o fato da planta atingir máximo de crescimento antes do fruto, demonstra a ocorrência de translocação de fotoassimilados para o fruto. Na colheita, aos 98 DAS, 70,56% da matéria seca alocou-se nos frutos, 19,76% nas folhas e 8,70% no caule, e o restante nas flores e raízes. G Y = ( - 0,05681 + 40026,76X / (X²)²) . EXP(14,99603 - 0,05681X - 20013,38/X²) F Y = ( - 0,11526 + 76837,32X / (X²)²) . EXP(22,27219 - 0,11526X - 38418,66/X²) 200 Tx. Crescimento absoluto (g/planta/dia) 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 28 42 56 70 84 98 Dias após a semeadura Figura 2 – Taxa de crescimento absoluto da planta (G) e de frutos (F) da abóbora híbrida cv. Suprema em Neossolo Quartzarênico na região Norte de Minas Gerais EPAMIG Jaíba-MG (2002). AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). LITERATURA CITADA EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais. “A olericultura na região norte de Minas Gerais – Diagnóstico e ações de desenvolvimento”. Relatório interno, Nova Porteirinha: EPAMIG/CTNM, 2000. 18p. FAYAD, J.A.; FONTES, P.C.R.; CARDOSO, A.A.; FINGER, L.F.; FERREIRA, F.A. Crescimento e produção do tomateiro cultivado sob condições de campo e de ambiente protegido. Horticultura brasileira, Brasília, v.19, n.3, p.365-370, 2001. GRANGEIRO, L.C.; CECÍLIO FILHO, A.B. Acúmulo e exportação de macronutrientes pelo híbrido de melancia Tide. Horticultura brasileira, Brasília, v.22, n.1, p.93-97, 2004. MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. San Diego: Academic Press, 1995. 889p.