ESTADO DE SANTA CATARINA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DIRETORIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA NOTA TÉCNICA CONJUNTA Nº 01/09 DIVE/ LACEN Assunto: Orienta sobre conduta frente o surto de conjuntivite 1 - Definição de caso: A conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva, membrana transparente e fina que reveste a porção anterior da esclera e a face interna das pálpebras. De fácil contágio e muito freqüente na população. 2 - Causa: Alérgica, infecciosa (viral, bacteriana, ou por irritação química). Conjuntivite infecciosa: Transmitida, mais freqüentemente, por vírus ou bactéria. De maior interesse na área da saúde pública, pelo caráter contagioso e disseminação fácil, principalmente quando as condições de higiene e saneamento básico são precárias. 3 - Transmissão: Pelo contato direto de pessoa a pessoa, ou indireto pelo uso de objetos contaminados, pelo ar, especialmente em ambientes coletivos como creches, escolas, asilos, fabricas e outros. A doença pode apresentar-se na forma aguda ou crônica. 4 – Sintomas • • • • • • Olhos avermelhados (hiperemia dos vasos sangüíneos da conjuntiva); Prurido, sensação de desconforto; Inchaço (edema) do olho ou pálpebra; Lacrimejamento com a presença de secreção purulenta; Sensibilidade à luz (fotofobia); Visão borrada Pode ocorrer febre, dor de garganta e dores pelo corpo. As conjuntivites bacterianas se diferenciam das virais pela produção de secreção purulenta em abundância e pela duração de três a cinco dias, enquanto que as virais apresentam secreção esbranquiçada em pouca quantidade e geralmente regridem dentro de aproximadamente 15 dias. 5 – Diagnóstico (Conjuntivite Bacteriana) em situação de surto 5.1- Identificação De Haemophilus influenzae biogrupo aegyptius (cepa invasora), agente etiológico da Febre Purpúrica Brasileira, Streptococcus pneumoniae, S. aureus e Streptococcus pyogenes. • Amostra biológica: secreção conjuntival • Meio de cultura utilizado para o transporte da amostra: tubo de ágar chocolate • Coleta: Com um swab estéril, colher a amostra da região próxima ao saco conjuntival, no canto interno do olho, evitando-se movimentos circulares. É conveniente manter, por alguns segundos, o swab no saco conjuntival, o que irá promover o lacrimejamento e absorção da secreção pelo algodão. Com o swab que foi coletada a amostra semear imediatamente no tubo de agar chocolate, nas condições mais assépticas possíveis (abrir o tubo de ágar chocolate próximo à chama do bico de bunsen e semear rolando o swab na superfície inclinada do meio. Desprezar o swab. Fechar imediatamente o tubo com a tampa de borracha e a tampa metálica) e identificar a amostra. • Transporte para o LACEN Quando a coleta for realizada em Florianópolis, o tubo de ágar chocolate deve ser enviado imediatamente ao LACEN, em temperatura ambiente. Quando a coleta for realizada em outro município, incubar o tubo de ágar chocolate a 35±1°C por 24 a 48 horas. Após, en viar imediatamente ao LACEN, em temperatura ambiente. O tubo deve estar devidamente identificado e acompanhado com as seguintes informações: nome completo do paciente, tipo de material semeado, data e hora da coleta, data e hora da semeadura e por quanto tempo a amostra ficou incubada no local de origem. 5.2 - Exame para identificação de Chlamydia trachomatis. • Amostra biológica: raspado da conjuntiva O exsudato ocular não é adequada para a pesquisa de clamídia. • Utilizar lâmina própria para imunofluorescência direta (IFD): lâmina com círculo central. • Coleta: Limpar a secreção externa do olho com gaze estéril. Descer a pálpebra inferior de maneira a expor a conjuntiva. Com um swab umedecido, limpar a secreção acumulada nos cantos do olho. Descartar este swab. Com um swab estéril, coletar a amostra girando o swab várias vezes para obter células epiteliais em quantidade suficiente para o diagnóstico. Transferir a amostra coletada no swab para o círculo central da lâmina para imunofluorescência, rolando firmemente o swab, tendo o cuidado para não ultrapassar o círculo. Deixar a lâmina secar a temperatura ambiente por 5 a 10 minutos. Identificar a lâmina com o nome do paciente. • Quantidade de amostras: Surtos até 30 doentes = 05 amostras Surtos acima de 30 doentes = 10% do total de doentes • Transporte para o LACEN Embalar a lâmina em papel alumínio e acondicioná-la em porta-lâmina. Transportar em caixa térmica com gelo. A lâmina deve estar devidamente identificada e acompanhada com as seguintes informações: nome completo do paciente, tipo de material semeado, data e hora da coleta. A lâmina, com esfregaço fixado, embalada em papel alumínio, pode ser conservada em geladeira (5±3°C) por até 72 horas an tes do envio ao LACEN. Observações importantes: • Contatar o Setor de Controle da Rede do LACEN (Fone: (48) 32517833) para solicitar material para coleta da amostra (swab, tubo de ágar chocolate e lâmina para imunofluorescência). • 2. Considerar as amostras e todo o material utilizado na coleta como potencialmente infecciosos e realizar o descarte em recipiente próprio para resíduos infectantes. ATENÇÃO: Em caso de surto, deverá ser feito contato prévio com o Setor de Bacteriologia do LACEN (48) 3251-7824 para verificar a possibilidade da realização do exame. 6 – Tratamento • Limpeza do olho e pálpebras com água limpa e fervida; • Antibiótico (em caso de bactérias) ou anti-viral (em caso de vírus), de acordo com o tipo e o grau de resistência do agente que causa a doença . 7 – Vigilância Epidemiológica: conduta frente ao caso 7.1 –Prevenção - evitar contágio: • • • • • • • Lavar as mãos e rosto frequentemente; Não coçar os olhos; Usar lenços, toalhas e fronhas dos travesseiros individuais. Não compartilhar objetos (canetas, produtos de beleza, lenços etc), de pessoa portadora de conjuntivites. Não usar lentes de contato durante esse período; Evitar aglomerações; Evitar banhos de sol e freqüentar piscinas. 7.2- Notificação/ Investigação Preenchimento e digitação da Ficha de Surto do Sinan/Net Florianópolis, 06 de maio de 2009. Luis Antônio Silva Diretor da DIVE-SES João A. Daniel Filho Diretor do LACEN-SES