ii UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL TESSIO ARAUJO DE SANTANA RELAÇÕES HÍDRICAS E ASSIMILAÇÃO DE CARBONO EM PLANTAS JOVENS DE Jatropha curcas L. SOB DEFICIÊNCIA HÍDRICA ILHÉUS – BAHIA 2012 i TESSIO ARAUJO DE SANTANA RELAÇÕES HÍDRICAS E ASSIMILAÇÃO DE CARBONO EM PLANTAS JOVENS DE Jatropha curcas L. SOB DEFICIÊNCIA HÍDRICA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal. Área de Concentração: Cultivos em Ambiente Tropical Úmido. Orientador: Prof. Dr. Fábio Pinto Gomes. ILHÉUS – BAHIA 2012 ii TESSIO ARAUJO DE SANTANA RELAÇÕES HÍDRICAS E ASSIMILAÇÃO DE CARBONO EM PLANTAS JOVENS DE Jatropha curcas L. SOB DEFICIÊNCIA HÍDRICA Ilhéus, 07/03/2012 ______________________________________ Fábio Pinto Gomes – DS UESC/DCB (Orientador) ______________________________________ Alex-Alan Furtado de Almeida – DS UESC/DCB ______________________________________ Alan Carlos Costa – DS IFGoiano iii Meu Senhor e Salvador Jesus Cristo pela graça de sete anos de vivida de forma intensa e cheia de vitórias. A todos os meus irmãos e aos E ao Amor meu conhecido através de Eullaysa. DEDICATÓRIA A Deus Posso todas as coisas naquele que me fortalece. Fp 4:13 À minha mãe e Aos meus irmãos, por todo incentivo e amor. iv AGRADECIMENTOS A Deus que nos momentos difíceis, foi a minha força para prosseguir; nos momentos em que parecia só, foi a minha melhor companhia, o meu melhor amigo e que nos momentos de dificuldades, foi a minha certeza de vitória. À minha mãe e aos meus irmãos pelo incentivo e amor e que me ajudaram a vencer cada obstáculo que surgiu nessa minha caminhada. Ao Professor Fábio Gomes, que nesses dois anos, foi muito mais do que um orientador, e sim um amigo que, com palavras, atos e até mesmo suas brincadeiras, muito contribuíram com a minha formação. Aos Professores Adriana Ramos e Marcelo Mielke, meus co-orientadores pelas sugestões dadas durante o mestrado. Aos professores Alan Costa e Alex-Alan, membros da banca, pelas valiosas sugestões que enriqueceram este trabalho. Em especial ao Professor Alex-Alan, a minha sincera gratidão por contribuir valiosamente desde a escrita do projeto até a finalização deste trabalho com críticas, sugestões e, especialmente incentivos. Ao Bruno Laviola, pesquisador da Embrapa Agroenergia, pelas sementes gentilmente cedidas para a realização do trabalho. Aos meus amigos Martiely Santana, Priscila Souza, Elmo Ramos, Léo Dias e Lucas Ferraz, membros da Equipe Jatropha (risos), que tanto me ajudaram em diversas atividades e fizeram com que exaustivos trabalhos se tornassem momentos de muita diversão e alegria. A todos os meus amigos do curso, em especial Alayana Azevedo (a minha cantora favorita), Carolina Benjamin (bem), Cristina Martins (Doidha), Eullaysa Sabóia, Geórgia Figueiredo (fotossíntese), Ilana Sampaio, Michelle Nascimentro, Patrícia Casaes (minha vizinha querida de Casa de vegetação) e Romária Araújo, pelos almoços, pelas alegrias e por todos os momentos em que alegraram os meus dias. Aos meus amigos-irmãos da igreja, que tão bem me receberam nessa nova cidade e que se tornaram parte da minha família. Em especial à Raysa (pelas diversas vezes que tentou atrasar a minha dissertação...kkk) e Arlete que cuidou de mim como se, realmente fosse um filho. v Às secretárias do curso, Caroline Tavares e Liliane Almeida que sempre muito prestativas muito me auxiliaram nesses 2 anos de curso. Ao Marcelo, da casa de vegetação, por todo apoio nas atividades realizadas durante o experimento. Ao CNPq pela concessão da bolsa e à Universidade Estadual de Santa Cruz que permitiram a formação e condução da pesquisa. vi ÍNDICE SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES..................................................................................viii RESUMO.....................................................................................................................ix ABSTRACT..................................................................................................................xi INTRODUÇÃO.............................................................................................................1 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................4 Problemática energética mundial.......................................................................4 Jatropha curcas.................................................................................................5 Déficit hídrico.....................................................................................................7 MATERIAL E MÉTODOS...........................................................................................11 Material biológico e condições de cultivo........................................................11 Microclima........................................................................................................12 Trocas gasosas foliares...................................................................................13 Relações hídricas............................................................................................13 Eficiência de uso da água................................................................................14 Teor de pigmentos cloroplastídicos.................................................................14 Variáveis de crescimento.................................................................................15 Delineamento experimental e análise estatística............................................15 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................16 Variáveis Climáticas.........................................................................................16 Água no substrato e na planta.........................................................................17 Trocas gasosas foliares...................................................................................21 Teor de pigmentos cloroplastídicos.................................................................27 vii Variáveis de crescimento.................................................................................28 Consumo hídrico e eficiência de uso da água.................................................31 CONCLUSÕES..........................................................................................................38 REFERÊNCIAS..........................................................................................................39 viii LISTA DE ABREVIAÇÕES Abreviação A Variável/Parâmetro (unidade) Taxa de fotossíntese líquida (μmol CO2 m-2 s-1) A/E Eficiência instantânea de uso da água (μmol CO2 mmol-1 H2O) Amax Taxa fotossintética saturada pela irradiância (μmol CO2 m-2 s-1) Ca Concentração atmosférica de CO2 (μmol CO2 mol-1 ar) Ci Concentração de CO2 nos espaços intercelulares DPV E EUAMS Diferença de pressão de vapor de água entre a folha e o ar (kPa) Taxa de transpiração (mmol H2O m-2 s-1) Eficiência de uso da água da biomassa (kg m-3) gs Condutância estomática ao vapor de água (mol H2O m-2 s-1) KL Condutividade hidráulica entre solo e a folha (mol H2O MPa-1 m-2 s-1) PC Plantas controle PDI Plantas sob déficit de irrigação Rd Taxa de respiração no escuro (μmol CO2 m-2 s-1) RFA T UR α Radiação fotossinteticamente ativa (μmol fotons m-2 s-1) Temperatura (°C) Umidade relativa (%) Eficiência quântica aparente da assimilação de CO2 (μmol CO2 mmol-1 fótons) Ψw Potencial hídrico foliar (MPa) ΨMD Potencial hídrico foliar ao meio-dia (MPa) ΨPD Potencial hídrico foliar "anti manhã" (MPa) IS Irradiância de Saturação (μmol CO2 mol-1 ar) IC Irradiância de compensação (μmol fótons m-2 s-1) ix RESUMO SANTANA, Tessio Araújo de, M.Sc., Universidade Estadual de Santa Cruz, março de 2012. Relações hídricas e assimilação de carbono em plantas jovens de Jatropha curcas L. sob deficiência hídrica. Orientador: Fábio Pinto Gomes. Coorientadores: Adriana Ramos Mendes e Marcelo Schramm Mielke. Jatropha curcas tem recebido atenção no cenário mundial pela sua aplicabilidade nos setores ambiental e econômico, por meio da utilização em programas de recuperação de áreas degradadas, como cerca-viva e na produção de biocombustível em substituição aos combustíveis fósseis. Sua produção tem crescido em regiões áridas e semi-áridas, principalmente pela sua rusticidade e produção em áreas de baixa pluviosidade. Com o objetivo de quantificar o consumo e a eficiência de uso da água na fase inicial do desenvolvimento de Jatropha Curcas L., três genótipos foram cultivados em vasos, sob condições de casa de vegetação, e submetidos a dois regimes hídricos: Irrigado (-9,8 a -7,4 kPa) e déficit hídrico (-98,6 e -33,5 kPa). O consumo de água foi avaliado diariamente, por ,meio de pesagens dos vasos. O experimento foi conduzido em um delineamento inteiramente casualizado (DIC) desbalanceado, em esquema fatorial (2 condições hídricas x 3 genótipos), com 4 repetições de plantas controle e 5 plantas sob irrigação deficitária, totalizando 27 plantas. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), testes de média e análises de regressão. Independente da condição hídrica, os genótipos não diferiram quanto às variáveis analisadas. Pôdese observar que, apesar de a redução da disponibilidade hídrica no substrato, o potencial hídrico foliar (Ψw) não apresentou diferença significativa (p<0,05), confirmando o papel da suculência do caule de J. curcas. As trocas gasosas foliares foram avaliadas aos 20, 30, 40, 55 e 66 dias após a imposição do tratamento (DAIT), observando que as plantas, sob estresse moderado, apresentaram, aos 66 DAIT, reduções nos valores de taxa fotossintética líquida (A), condutância estomática (gs) e transpiração (E) de 80, 90 e 85%, respectivamente, em relação às plantas controle. Esses valores associados à redução da condutividade hidráulica (K L), em média de 78%, indicaram estratégias de controle da perda de água via estômatos. Como consequência dessa redução do fluxo de água, houve redução nos valores de x altura (25%), área foliar por planta (36%), biomassa de folha (38%), caule (37%), raiz (41%) e total (38%). Entretanto, não houve variação nos valores do diâmetro do coleto e da área foliar específica (AFE). Ao final do período experimental (108 DAIT), como efeito da diminuição da taxa transpiratória, as plantas DI tiveram um consumo médio, 27% menor do que nas plantas controle, embora a eficiência de uso da água da biomassa (EUAMS) tenha sido inferior (15%) nas plantas sob déficit de irrigação. Devido ao efeito mais expressivo em gs e E, do que em A aos 66 DAIT, as eficiências intrínseca (A/gs) e instantânea (A/E) tiveram aumentos respectivos de 50% e 27%. As regressões entre AFE e o índice SPAD e entre A/E e AFE foram significativas (p < 0,01), sugerindo a possibilidade de utilização do SPAD para a seleção precoce de genótipos mais eficientes no uso de água. Os resultados permitiram concluir que não houve variação intergenotípica para as características avaliadas; e que a redução da disponibilidade hídrica no solo demonstrou ser uma técnica eficiente na elevação da eficiência fotossintética de uso da água em genótipos de J. curcas, reduzindo o consumo de água em 27% nessa espécie. xi ABSTRACT SANTANA, Tessio Araújo de, M.Sc., Universidade Estadual de Santa Cruz, march 2012. Water relations and carbon assimilation in young plants of the Jatropha curcas L. under water deficit. Advisor: Fábio Pinto Gomes. Coadvisor: Adriana Ramos Mendes e Marcelo Schramm Mielke. Jatropha curcas has received attention on the world stage for its high applicability in environmental and economic sectors through the use in the restoration of degraded areas, such as hedge and production of biofuels to replace petroleum fuels. Its productions has grown in arid and semi-arid regions mainly because of its hardiness and high production in arias of low rainfall. In order to quantify the consumption and efficiency of water use in the early development of Jatropha curcas L., three genotypes were grown in pots under greenhouse conditions, and subject to two water: Irrigated (-9,8 to -7,4 kPa) and water deficit (-98,6 e -33,5 kPa). Water consumption was measured daily by weight the pots. The experiment was conducted in a completely randomized design unbalanced factorial (2 water conditions x 3 genotypes) with four replications of control plants and five replications under deficit irrigation, totaling 27 plants. The data were subjected to analysis of variance (ANOVA), mean tests and regression analysis. Independent of water conditions, the genotypes did not differ regarding variables. It can be observed that despite the reduction of water in the substrate, the leaf water potential (Ψw) showed no significant difference (p<0,05), confirming the role stem suculent J. curcas. Gas exchange was evaluated at 20, 30, 40, 55 e 66 days after the imposition of treatment (DAIT), noting that the plants under moderate stress at 66 DAIT reductions in the values of net photosynthetic rate (A), stomatal conductance, (gs) and transpiration (E), 80, 90 and 85% respectively, compared to control plants. These values associated with reduced hydraulic conductance (KL), an average of 78% indicates strategies to control water loss trough stomata. As a result of reduced water flow, reduction in height values (25%), leaf area (36%), leaf biomass (38%), stem (37%), root (41%) and total (38%), however, there was no change in the values of the stem diameter and specific leaf area (SLA). After the experimental period (108 DAIT), the effect of decreasing the transpiration rate, DI plants had an average consumption, xii 27% lower than in control plants, although the water use efficiency biomass (WUEBiomass) was less (15%) in plants under deficit irrigation. Due to the more significant effect on gs and E than A at 66 DAIT, intrinsic (A/gs) and instantaneous efficiency (A/E) water use had increases in their 50% and 27%. The regressions of AFE and SPAD index and A/E and AFE were significant (p<0,01) suggesting the possibility of using the AFE for the selection of genotypes more efficient water use. The results indicate that there was genotypic variation for traits and that the reduction of water availability in the substrate proved to be an effective technique in the increase of photosynthetic efficiency of water use in genotypes of J. curcas, reducing water consumption by 27% in this species. 1 INTRODUÇÃO Devido à crescente preocupação com as questões climáticas, em especial o aquecimento global, os biocombustíveis tem ganhado notoriedade como alternativa ao petróleo como matriz energética mundial. Os biocombustíveis (combustíveis de origem animal ou vegetal, com destaque para as oleaginosas) apresentam vantagens em relação aos óleos petrolíferos, quanto à redução da emissão de dióxido de carbono (CO2) e de dióxido de enxofre (SO2). As culturas energéticas têm se evidenciado como possíveis fontes de óleo para a produção de biodiesel. As espécies Elaeis guineensis, Acrocomia aculeata, Ricinus communis, Glycine max e Jatropha curcas estão entre as principais nesse setor, com destaque para a última que possui alto teor de óleo (DIAS et al., 2007), desenvolvimento em áreas de baixa pluviosidade (MAES et al., 2009b) e não apresenta competição com o setor alimentício. A espécie Jatropha curcas L., da família Euforbiaceae, conhecida popularmente como pinhão-manso, e com centro de diversidade genética presumível no México, de ampla distribuição em regiões tropicais, é perene de porte arbóreo-arbustivo, de crescimento rápido, apresenta frutos do tipo trilocular, carnudo, indeiscente, contendo, via de regra, uma semente em cada lóculo. O teor de óleo nas sementes, que é facilmente convertido em biocombustível, varia de 33 a 38% de sua massa seca (DIAS et al., 2007; HELLER, 1996). 2 Apesar de o grande interesse despertado no cultivo de Jatropha curcas, ainda existem poucas informações a respeito dos aspectos agronômicos básicos da espécie, tais como o consumo hídrico da espécie, mecanismo de tolerância ao déficit hídrico, além do fato de ser uma espécie silvestre, com poucas informações sobre o desempenho de diferentes genótipos (MAES et al., 2009a). A água deverá ser considerada como o mais importante recurso estratégico até o final da próxima década, e como insumo chave para o desenvolvimento econômico. O requerimento hídrico na produção dos cultivos energéticos, como nas demais culturas, e seus impactos em relação ao uso da água dependem de vários fatores, como a espécie, a transpiração nos vários estágios do crescimento, o método de cultivo e a intensidade de uso de produtos químicos e fertilizantes nas lavouras. A expansão da produção de cultivos energéticos em larga escala deverá aumentar a transpiração e, em alguns países, potencializar uma situação de estresse hídrico existente (BERNDES, 2002; YANG et al., 2009). Nesse sentido, práticas agrícolas modernas devem incluir o aumento da eficiência de uso da água, por exemplo, por meio de melhoramento genético para a tolerância à seca, além de tecnologias de irrigação localizada e fornecimento econômico de água. Mediante as condições supracitadas, o desenvolvimento de variedades tolerantes ao déficit hídrico, associado à utilização racional da água, é indicado para a manutenção de uma elevada produção agrícola nestas condições (CHAVES et al., 2002). O déficit hídrico induz respostas fisiológicas e bioquímicas, dentre outras, nas plantas, incluindo o fechamento estomático, repressão do crescimento celular, diminuição da taxa fotossintética, ajustamento osmótico, redução da área foliar por meio do decréscimo do tamanho da folha e abscisão das folhas velhas e o aumento da densidade e profundidade de raízes. Mesmo sendo respostas necessárias para a aclimatação da planta ao estresse hídrico, o fechamento estomático e a redução de área foliar são mecanismos que podem reduzir o crescimento e limitam a produtividade, pois provocam, respectivamente, redução na assimilação de CO2 e na interceptação de luz (LUDLOW ; MUCHOW, 1990; MATTOS et al., 1999). Apesar de a potencialidade de J. curcas na produção de biocombustíveis, a falta de cultivo em larga escala e, consequentemente da produção de óleo, causada, principalmente pela escassez de conhecimento da base agronômica da espécie, 3 ainda não há uma comercialização do biodiesel oriundo de J. curcas em nível mundial (FAIRLESS, 2007). Diante do exposto, esse trabalho objetivou (i) quantificar o consumo e a eficiência de uso da água na fase inicial do desenvolvimento de genótipos de Jatropha curcas; (ii) verificar se os genótipos avaliados respondem diferenciadamente à deficiência hídrica moderada; (iii) avaliar os efeitos do déficit hídrico regulado nas variações morfológicas, relações hídricas, trocas gasosas foliares e teor de pigmentos foliares nos genótipos; (iv) medir a eficiência de uso da água, contabilizando a produção de biomassa e o consumo hídrico no período avaliado; (v) analisar a viabilidade da técnica de déficit hídrico regulado na elevação da eficiência de uso da água e (vi) determinar a relação entre SPAD, AFE e EUA e a possível utilização do índice SPAD para a seleção precoce de genótipos de J. curcas. 4 REVISÃO DE LITERATURA Problemática energética mundial A utilização de biomassa, na forma de carvão, foi a forma dominante de geração de energia até meados do século XIX, quando, em função da elevada demanda industrial, foi substituído por combustíveis líquidos oriundos do petróleo (GOLDEMBERG, 2009). A crise energética vem forçando a busca de alternativas energéticas para toda a humanidade, resultando na realização de inúmeras pesquisas com outras fontes não dependentes do petróleo (LOPES et al., 2008). Tendo em vista a introdução do biodiesel, na matriz energética brasileira, é preciso manter e aumentar os investimentos nos projetos de biodiesel; inserindo o Brasil no que há de mais moderno em termos de combustíveis, pois, mantendo-se o atual ritmo de uso do petróleo, as atuais reservas se esgotarão. Logo, é necessária, a inserção de novas formas de geração de energia (RATHMANN et al., 2005). Nos últimos anos a preocupação com os recursos hídricos vem aumentando diante do cenário das mudanças climáticas. Devido a tais aspectos, os estudos que relacionam energia e recursos hídricos tornam-se de fundamental importância para a consolidação das oleaginosas como fonte enérgica. 5 O interesse em biocombustíveis é, principalmente inspirado por questões de mudanças climáticas, com o objetivo de diminuir as emissões de gases de efeito estufa, reduzindo a dependência mundial em combustíveis fósseis. Comparado ao óleo diesel, derivado de petróleo, o biodiesel pode reduzir significativamente as emissões líquidas de gás carbônico, um dos grandes causadores do agravamento do efeito estufa, já que é reabsorvido durante o crescimento das plantas que fornecerão a matéria-prima. Além disso, o biodiesel permite a redução das emissões de fumaça e praticamente elimina as emissões de óxido de enxofre. O cultivo de oleaginosas é considerado como a melhor opção para a produção de biodiesel, com destaque para a Glycine Max L. Merr., Elaeis guineensis Jacq., Ricinus communis L. e Jatropha curcas L. No Brasil, com o advento do Programa Brasileiro de Biodiesel e o surgimento de grande demanda por óleos vegetais, J. curcas tem sido divulgado como uma alternativa para fornecimento de matéria-prima. Esta escolha se baseia na expectativa de que a planta tenha baixo custo de produção e seja resistente ao estresse hídrico, o que seria uma vantagem significativa principalmente na região semi-árida do país (BELTRÃO et al., 2007). Jatropha curcas A espécie Jatropha curcas, conhecida popularmente como pinhão-manso, pertence à família Euforbiácea, que compreende cerca de 8000 espécies, assim como Ricinus communis L., Manihot esculentae L. e Hevea brasiliensis (Willd. ex Adr. de Juss.) Müell. Arg. De porte arbóreo-arbustivo, tem sido apontada como uma das oleaginosas mais promissoras para a produção de biodiesel (ARRUDA et al., 2004; HELLER, 1996; KUMAR e SHARMA, 2008). Países como Índia, China, África do Sul, Egito, Arábia Saudita, Mali, entre outros, que apresentam áreas semi-áridas, desenvolvem, atualmente, projetos de grande porte, utilizando J. curcas (FRANKE, 2008). Existem, segundo Franke (2008), materiais genéticos altamente produtivos, cultivados na China, com produção de até 2700 L de óleo por hectare. 6 Figura 1: Planta de J. curcas aos 2 meses de idade As informações relativas ao centro de diversidade genética desta espécie são bastante controversas (HELLER, 1996). É provável que J. curcas tenha o México como centro. De acordo com Gexsi (2008), foram os portugueses que introduziram J. curcas no Brasil. Hoje, esta espécie ocorre em vários continentes, nas zonas tropicais e subtropicais; tendo sido levado também pelos portugueses do Caribe às ilhas do Cabo Verde, de onde ocorreu sua distribuição para os continentes Africano e Asiático (HELLER, 1996). Esta espécie é caracterizada botanicamente como uma arbustiva, de crescimento rápido, cuja altura pode atingir dois a três metros, podendo alcançar até cinco metros ou mais, em condições especiais, com diâmetro do tronco de 20 cm. Além disso, cresce rapidamente em solos pedregosos e de baixa umidade. Possui raízes curtas e pouco ramificadas, caule liso, de lenho mole e medula desenvolvida, mas pouco resistente; floema com longos canais que se estende até as raízes, nos quais circula o látex. O tronco ou fuste é dividido desde a base, em compridos ramos, com numerosas cicatrizes, produzidas pela queda das folhas na estação seca, as quais ressurgem logo após as primeiras chuvas (CORTESÃO, 1956; BRASIL, 1985). 7 As folhas de J. curcas são verdes, esparsas e brilhantes, largas e alternas, filotaxia em espiral, em forma de palma com três a cinco lóbulos e pecioladas, com nervuras esbranquiçadas e salientes na face abaxial. Em períodos de seca ou em estação fria, as folhas caem total ou parcialmente. Floração monóica, apresentando na mesma planta, mas com sexo separado, flores masculinas, em maior número, nas extremidades, e femininas nas bases das ramificações (CORTESÃO, 1956; BRASIL, 1985; SATURNINO et al., 2005). O fruto é capsular ovóide com diâmetro de 1,5 a 3,0 cm, do tipo trilocular, carnudo, indeiscente, coloração variando de verde a amarelo no processo de amadurecimento, contendo uma semente em cada lóculo (ARRUDA et al., 2004; SATURNINO et al., 2005). As sementes correspondem de 53 a 62% da massa do fruto, medindo de 1,5 a 2,0 cm de comprimento e de 1,0 a 1,3 cm de largura. O teor de óleo nas sementes, que é facilmente convertido em biocombustível, varia de 33 a 38% (DIAS et al., 2007; MAES et al., 2009). A produção da planta se inicia aos oito meses, atingindo produção máxima aos quatro anos, produzindo 2-3 toneladas de sementes/ha em condições semiáridas e esta produção pode se estender por 40 anos (CARNIELLI, 2003). No Brasil, o interesse na produção de J. curcas surgiu com a implantação do Plano Nacional de Produção de Biodiesel. No entanto, os plantios comerciais no Brasil ainda estão em fase inicial de implantação e domesticação de espécies. Espera-se que a cultura deixe de ser um potencial e passe a ser efetivamente uma matéria-prima para o mercado de biodiesel (ANDRÉO-SOUZA et al., 2010). Déficit hídrico Com o aumento da aridez mundial como consequência de um cenário de mudanças climáticas globais, a deficiência hídrica aparece com uma das principais limitações para a produção agrícola mundial (CHAVES; OLIVEIRA, 2004). A escassez de água impõe estresses abióticos como a seca e a salinidade, que estão entre os fatores mais importantes na limitação da capacidade da planta e a produtividade em todo o mundo (AMUDHA; BALASUBRAMANI, 2011). O déficit hídrico tem efeitos em diversos processos fisiológicos das plantas, geralmente aumentando a resistência estomática, reduzindo a transpiração e, 8 consequentemente o suprimento de CO2 para a realização do processo de fotossíntese (NOGUEIRA et al., 2001). Pompelli et al. (2010) relatou, em trabalho com J. curcas, diminuição da condutância estomática (gs), causada por redução do teor de água no solo. Como consequência, a diminuição da concentração de CO2, devido à menor gs, implicou na menor taxa fotossintética. As plantas quando foram irrigadas, tiveram os valores de gs e fotossíntese recuperados, indicando que nessa espécie, o estresse imposto causou apenas um controle via redução de gs. Estresse hídrico moderado tende a reduzir primeiramente gs antes de reduzir a taxa fotossintética, assim, é possível que a planta assimile mais moléculas de CO2 para cada unidade de água transpirada, sendo mais eficiente na utilização da água disponível (TAIZ; ZEIGER, 2004). A eficiência de uso da água (EUA) está associada à essa capacidade da planta em assimilar maiores concentrações de carbono limitando a perda de água por meio do controle da abertura e do fechamento estomático (SILVA et al., 2006). Sousa et al. (2000), para a determinação de EUA de Cucumis melo L., utilizaram a relação entre a produtividade e a lâmina de água aplicada, bem como a relação entre a produção e a evapotranspiração da cultura; enquanto Farias et al. (2008), para Saccharum officinarum L., consideraram apenas a produtividade e o volume total de água aplicada. Os resultados destes estudos demonstram a importância de EUA para a decisão do manejo da irrigação da cultura. De acordo com Condon et al., (2004) existem três principais formas de se aumentar a EUA nos programas de melhoramento: (1) aumentando a capacidade de absorção de água; (2) aumentando a eficiência de transpiração, ou seja, aumentando o ganho de biomassa para cada unidade de volume de água transpirada e (3) modificando o padrão de alocação de fotoassimilados em favor das estruturas comercialmente mais valiosas. Por outro lado, a avaliação de EUA é geralmente muito trabalhosa e demorada, especialmente em cultivos perenes. Dessa forma, a obtenção de ferramentas precisas e rápidas para estimar a eficiência de uso da água ou características associadas se faz necessária. Uma técnica recente e com grande aplicação, apesar de dispendiosa, é a que envolve análise da discriminação isotópica do carbono, em vista de sua estreita correlação com EUA, sobretudo, em plantas C3 (RAJABI et al., 2009). Apesar de a importância da economia de água no cultivo de diversas culturas 9 de interesse econômico, EUA tem gerado discussões sobre sua efetiva contribuição nos programas de melhoramento genético. Blum (2009) discute o uso efetivo da água (UEA), que consiste em maximizar a captação de água do solo, mantendo os estômatos abertos, suprindo a demanda de CO2, mantendo uma elevada produção de biomassa e, com isso, mantendo uma elevada taxa transpiratória. Características como área foliar específica (AFE), teor de clorofilas foliar, índice SPAD e suas inter-relações, têm sido apontadas como promissoras para a indicação de variabilidade de EUA (SHESHSHAYEE et al., 2006; FOTOVAT et al., 2007; SONGSRI et al., 2009). Medidores portáteis do tipo SPAD, baseados na absorbância da radiação nos comprimentos de onda de 650 e 940 nm, têm sido usados como indicadores da integridade do sistema fotossintético, para a determinação rápida e não-destrutiva de clorofilas ou como indicadores indiretos da nutrição por N (TORRES NETTO et al., 2005; PINKARD et al., 2006; WU et al., 2007). Sheshshayee et al. (2006), demonstraram para Arachis hypogaea L. uma estreita correlação entre o índice SPAD e AFE. Diante da demonstração de uma relação positiva e significativa entre eficiência de transpiração e o teor de clorofila para esta espécie, passou-se a sugerir o SPAD como uma ferramenta útil à seleção precoce e não-destrutiva de genótipos de Arachis hypogaea mais eficientes em relação ao uso da água. Apesar de ser considerada uma espécie tolerante ao déficit hídrico, J. curcas, como todas as espécies, apresenta condições edafoclimáticas adequadas para uma elevada produção econômica (ACHTEN et al., 2008). Kheira e Atta (2008) avaliaram a EUA e o rendimento de J. curcas em diferentes regimes hídricos e constataram diminuição no rendimento de óleo, tanto com a diminuição quanto com o aumento da água disponível no solo, em relação a um ótimo, considerado pelos autores como 100% da evapotranspiração. Uma das técnicas de déficit de irrigação é a que consiste na seca de parte do sistema radicular (PRD). Este manejo de água faz com que apenas um lado do sistema receba água e a absorva para o suprimento das exigências hídricas da planta. O lado que se encontra em déficit hídrico induz a produção de ABA que é deslocado para a parte aérea, promovendo o fechamento estomático (SAMPAIO et al., 2010). Esta técnica se mostrou eficiente para a produção de Citrus latifolia, 10 permitindo uma economia de água sem efeitos negativos na produtividade (SAMPAIO et al., 2010). Outra técnica bastante utilizada é o déficit de irrigação regulado (DIR), comumente baseado na evapotranspiração da cultura ou na capacidade de campo do solo. O DIR deve ser utilizado em uma fase que não seja crítica e afete o desenvolvimento da planta de modo a reduzir a produtividade e,ou qualidade do produto de interesse (FERERES; SORIANO, 2007). Marinho et al. (2009) compararam diferentes lâminas de água aplicada (0; 50 e 100% ETc), em diferentes dias antes da colheita (5; 13 e 21 dias), observaram que a redução das lâminas, na fase de maturação beneficiou a qualidade dos frutos de Vitis vinifera no submédio do vale do São Francisco. Segundo estes autores, observou-se elevação da produtividade, qualidade dos frutos e EUA, quando o déficit hídrico foi aplicado aos 13 ou 21 dias antes da colheita. A aplicação de DI, em plantas de J. curcas, se mostrou promissor para o aumento de eficiência fotossintética de uso da água na fase inicial do crescimento. Observou-se uma economia em torno de 20%, em indivíduos cultivados sob menor disponibilidade hídrica (Ψm = -27kPa) em relação ao controle, que apresentava Ψm de -15kPa (ROZA, 2010). 11 MATERIAL E MÉTODOS Material biológico e condições de cultivo Os experimentos foram conduzidos em casa de vegetação, no Campus da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), localizada próxima à região urbana do município Ilhéus, BA (14°47'00" S, 39°02'00" W), no período de 06/07/2011 a 14/11/2011. As sementes de J. curcas, dos genótipos CNPAE 126, 137 e 139, oriundas do banco ativo de germoplasma da EMBRAPA – Agroenergia, foram colocadas para germinar em vasos (seis sementes por vaso), contendo 50 L de uma mistura solo:areia (2:1), conforme descrito na tabela 1, previamente adubado segundo análise química do substrato. Após 15 dias da germinação, realizou-se um desbaste, deixando apenas uma planta por vaso. Imediatamente, os vasos foram cobertos com papel alumínio para reduzir a evaporação da água no solo e o tratamento de deficiência hídrica foi iniciado por um período de 108 dias. As plantas controle foram mantidas, durante todo o período experimental, irrigadas próximo à capacidade de campo (-7,4 e -9,8 kPa). As demais plantas foram mantidas sob irrigação deficitária, com faixa de deficiência hídrica entre -9,1 e -98,6 kPa. O consumo de água nos dois tratamentos foi avaliado por meio de pesagens periódicas dos vasos, utilizando células de carga CSA/ZL – 100 (MK Controle Instrumentos, Brasil) acopladas a coletor automático de dados. Os valores do potencial mátrico (Ψm) do substrato, para cada tratamento durante o período experimental, foram estimados a partir de equação derivada da curva de retenção de água no solo. 12 A C E B D F Figura 2: Etapas de cultivo de Jatropha curcas durante o período experimental. Germinação (A e B); após 15 dias da germinação, antes (C) e após o desbaste (D); planta de J. curcas aos 40 dias após a imposição do tratamento (E) e visão geral do experimento (F). Tabela 1: Caracterização granulométrica do substrato. Areia Grossa 70 dag kg-1 Areia Fina 18 Silte Argila 4 8 Classe Textural Areia-Franca Durante o período experimental o controle de pragas foi feito mediante a aplicação do inseticida sistêmico Dimethoate (0,8 mL L-1). Microclima Durante o experimento, a radiação fotossinteticamente ativa (RFA) foi monitorada por meio de sensores quânticos S-LIA-M003, a temperatura e umidade relativa do ar foram monitoradas utilizando-se sensores microprocessados Hobo H8 13 Pro Series (Onset, USA). Essas variáveis foram medidas e armazenadas permanentemente por coletores de dados Hobo Micro Station Data Logger (Onset, USA). Trocas gasosas foliares Aos 20, 30, 40, 55 e 66 dias após a imposição dos tratamentos (66 DAIT), avaliou-se as trocas gasosas, em folhas completamente maduras, com um sistema portátil de medição de fotossíntese Li-6400 (Li-Cor, USA). A taxa fotossintética líquida (A), condutância estomática (gs), transpiração (E), razão entre as concentrações internas e externas de CO2 (Ci/Ca), foram medidas sempre das 08:30 às 11:30 h, sob luz saturante artificial de 1000 μmol fótons m-2 s-1 e concentração atmosférica de CO2 (Ca) de 380 μmol mol-1. As eficiências instantânea (A/E) e intrínseca (A/gs) de uso da água foram calculadas a partir dos valores obtidos. Curvas de saturação da radiação foram obtidas com o mesmo aparelho, equipado com uma fonte de luz artificial 6400-02B RedBlue SI-925. Por meio da rotina Light curve do software Open 3.4, foram realizadas medições de trocas gasosas em diferentes níveis de radiação fotossinteticamente ativa incidente (PARi) na superfície foliar. Parâmetros derivados das curvas de saturação pela irradiância tais como taxa fotossintética saturada por luz, eficiência quântica aparente, irradiância de compensação e irradiância de saturação, foram estimados por meio do ajuste dos dados a um modelo exponencial (GOMES et al., 2006; 2008). Relações hídricas O estado hídrico das plantas foi avaliado por meio de medições do potencial hídrico foliar (Ψw). As medições de Ψw foram realizadas utilizando a câmara de pressão 1000 (PMS Instrument Company, EUA) e um Psicrômetro de TermoPar, modelo L-51A (Wescor Inc., EUA) (Figura 3), antes do amanhecer (potencial hídrico antimanhã) e ao meio dia. 14 A B Figura 3: Câmara de pressão (A) e Psicrômetro de TermoPar (B) utilizados na determinação do Ψw durante 66 dias após a aplicação dos tratamentos. A condutividade hidráulica foi estimada, ao longo dos períodos de tratamentos utilizando a fórmula: [KL = (gs x DPV)/(Ψam – Ψmd)], onde gs é a condutância estomática ao vapor de água, DPV é o déficit de pressão de vapor de água entre a folha e o ar, Ψam e Ψmd são os potenciais hídrico antimanhã e ao meio dia, respectivamente (HUBBARD et al., 1999). Para a estimativa de KL, gs e DPV foram medidos ao meio dia quando das medições de Ψmd. Eficiências de uso da água Foram calculados três tipos de eficiência de uso da água, a eficiência instantânea (A/E), calculada pela razão entre a taxa fotossintética líquida (A) e a taxa de transpiração (E), a eficiência intrínseca (A/gs), calculada pela razão entre A e a condutância estomática (gs) e a eficiência de uso da água da biomassa (ou eficiência de transpiração), calculada pela razão entre a biomassa produzida e a água consumida (Transpirada). Pigmentos cloroplastídicos O teor de pigmentos cloroplastídicos foi determinado por meio do medidor portátil de clorofilas SPAD, aos 108 DAIT, em folhas completamente maduras. A partir dos valores de índice SPAD calculou-se o teor de clorofilas a e b e de carotenóides usando-se as equações propostas por Araújo et al. (2009) específicas 15 para J. curcas. Variáveis de crescimento No final do experimento, aos 108 DAIT, mediu-se com uma fita métrica, a altura da planta como a distância entre o coleto e o ápice da planta. Além disso, o diâmetro do coleto foi medido com o auxílio de um paquímetro. Para a determinação da biomassa, as plantas foram secionadas em raiz, caule e folha. A massa seca foi obtida por meio de secagem em estufa de circulação forçada de ar a 70 ºC, até massa constante. A área foliar (AF) foi estimada utilizando-se a equação de Severino et al. (2007), em que AF = 0,84*(P x L)0,9, onde P e L são, respectivamente, o comprimento da nervura principal e a maior largura da folha. A partir dos dados de massa seca e de área foliar, calculou-se a área foliar específica (AFE = AF / MSF) e as razões de massa seca (RM = massa seca do órgão / massa seca total). Delineamento experimental e análise estatística O experimento foi conduzido em um delineamento inteiramente casualizado, desbalanceado, em esquema fatorial formado por dois regimes hídricos e três genótipos de J. curcas, com cinco repetições para cada genótipo sob deficiência hídrica e quatro quando mantidos sob condição controle. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e, quando indicado, as médias foram comparadas pelos testes F (comparação entre regimes hídricos) e Tukey (comparação entre genótipos), ambos a 5% de probabilidade. Análise de regressão foi utilizada para avaliar as relações entre as variáveis EUA, AFE e índice SPAD. 16 RESULTADOS E DISCUSSÃO Variáveis microclimáticas Os valores médios da radiação fotossinteticamente ativa (RFA), temperatura (T) e umidade relativa (UR) do ar, medidos durante o período experimental, das 06:00 às 18:00h, são apresentados na tabela 2. No período experimental, o valor médio de RFA foi de 12 ± 0,6 mol fótons m-2 dia-1, com o pico de 24 mol fótons m-2 dia-1, enquanto de T variou entre 22 e 28 °C e de UR entre 53 e 96%, com médias de 25 °C e 77%, respectivamente. Tabela 2: Variação da radiação fotossinteticamente ativa (RFA – mol fótons m-2 dia-1), temperatura (T - °C) e umidade relativa (UR - %) do ar, dentro da casa de vegetação durante o período experimental. Os valores correspondem à média (±erro padrão da média), máximo e o mínimo diário. RFA T UR Média 12 (0,6) 25 (0,2) 77 (1,4) Máximo 24 28 96 Mínimo 5 22 53 A pequena variação da temperatura, dentro da casa de vegetação, durante o período experimental, indica que não houve sobreposição de estresse nas plantas avaliadas, sendo assim, as respostas observadas são exclusivamente devido ao déficit hídrico aplicado. 17 Água no substrato e na planta Durante os 108 dias em que as plantas foram submetidas ao tratamento de déficit hídrico, a umidade do substrato foi monitorada por meio do método gravimétrico (pesagens de amostras do substrato). A redução da disponibilidade de água nas plantas em condições de déficit hídrico (DI) ocorreu progressivamente, porém de forma lenta, pois não houve corte da irrigação, considerando que o objetivo deste trabalho foi manter as plantas sob estresse moderado. A umidade do substrato, no tratamento controle, manteve-se em torno de 9,6%, enquanto no tratamento de DI, os valores foram mantidos em torno de 6,3% (70% do controle). O potencial mátrico (Ψm) do substrato, calculado usando a curva de retenção de água, variou entre -9,8 e -7,4kPa e -98,6 e -33,5 kPa nos tratamentos controle e DI, respectivamente (Figura 4). 18 12 Controle DI A Umidade do Solo (%) 10 8 6 4 2 0 Máxima Mínima Média 100 Potencial Mátrico (-KPa) B 80 60 40 20 0 Máxima Mínima Média Figura 4: Teor gravimétrico de umidade (A) e potencial mátrico (Ψm) (B) do substrato. O Ψm foi calculado com base na curva de retenção de água. As colunas são valores médios (n = 5) e as barras representam o erro padrão da média. Plantas de caules suculentos, ou seja, com elevado teor de água no caule, têm como principal característica a regulação do potencial hídrico foliar (Ψw), que praticamente não varia, em contraposição à diminuição do potencial hídrico do solo (Ψs) (MAES et al., 2009). Plantas que não possuem esse controle tendem a apresentar valores mais baixos de Ψw nos horários mais quentes do dia, quando o déficit de pressão de vapor (DPV) é mais elevado, devido ao aumento da temperatura e diminuição da umidade relativa do ar. 19 Os genótipos não apresentaram diferenças nos valores de Ψw aos 66 DAIT, com valores de potencial hídrico foliar antimanhã (Ψam) variando entre -0,47 ± 0,04 (controle) e -0,56 ± 0,05 MPa (DI) e potencial hídrico foliar ao meio-dia (Ψmd) entre -0,73 ± 0,08 nas plantas controle (PC) e -0,95 ± 0,03 kPa (Figura 5). Apesar de a diferente disponibilidade hídrica, pôde-se observar que as PC e as DI, aos 66 DAIT, não apresentaram diferença em Ψw, bem como não houve diferença significativa entre as diferentes horas do mesmo dia, variando entre -1,5 e -2,0 MPa, sendo os valores apresentados como a média dos três genótipos (Figura 6). 1,2 A 1,0 ψam (-MPa) 0,8 0,6 Aa Aa Aa Aa Aa Aa 0,4 0,2 0,0 1 2 1,2 Controle ψmd (-MPa) B DI Aa Aa 1,0 0,8 3 Aa Aa Aa Aa CNPAE 137 CNPAE 139 0,6 0,4 0,2 0,0 CNPAE 126 Genótipos Figura 5: Valores de potencial hídrico antimanhã (Ψam) e ao meio-dia (Ψmd) medidos aos 66 dias após a imposição do tratamento (DAIT). O Ψw foi determinado com a câmara de pressão. As colunas são valores médios (n = 3) e as barras representam o erro padrão da média. Letras maiúsculas indicam comparação entre genótipos e minúsculas entre regimes hídricos pelo teste Tukey (p<0,05). 20 Controle 2,5 Aa 2 Aa Aa Ψw (-MPa) DI Aa Aa Aa 1,5 1 0,5 0 9 11 Tempo (h) 13 Figura 6: Valores de potencial hídrico foliar (Ψw), medidos aos 66 dias após a imposição do tratamento de déficit hídrico, nos diferentes tratamentos, em função da hora do dia. As colunas são valores médios (n=3-4) e as barras representam o erro padrão da média. Letras maiúsculas indicam comparação entre horários do dia e minúsculas entre regimes hídricos pelo teste Tukey (p<0,05). Para a determinação de Ψw nos diferentes horários do dia (Figura 6) utilizouse o psicrômetro de termopar que faz as determinações na folha in situ, tendo a vantagem de não precisar remover a folha da planta, sendo vantajoso, principalmente em plantas que exsudam látex como J. curcas que dificulta a medição com a câmara de Scholander. Além disso, os valores do psicrômetro são menores (mais negativos), pois consideram o Ψw da folha inteira, enquanto a câmara, apenas o Ψm do apoplasto no xilema (JONES, 2007). A equidade nos valores de Ψw, em especial nas horas mais quentes do dia, se dá principalmente pelo fechamento dos estômatos nas plantas controle, como necessidade de evitar a perda excessiva de água pelo processo de transpiração. Como efeito do déficit hídrico, os três genótipos avaliados apresentaram reduções de KL, porém não houve efeito significativo para efeito dos genótipos, apesar de a menor redução de KL no genótipo CNPAE 126 (65%), em contraponto às reduções de 85 e 87 dos genótipos CNPAE 137 e 139 (Figura 7). Sob deficiência hídrica, os valores de KL tenderam a diminuir de modo a aumentar a resistência ao transporte de água para as folhas e, por conseguinte, a redução de gs. Valores elevados de KL em clones de Coffea canephora têm sido associados a maior produção de biomassa (PINHEIRO et al., 2005), porém, nesse 21 caso, há a necessidade de maior consumo de água. Dessa forma, K L se mostra como uma característica a ser considerada em programas de melhoramento genético, devido ao seu efeito no uso efetivo da água (UEA) por meio da maximização da absorção de água no solo. Entretanto, quando o interesse é na eficiência de uso da água (EUA), deve-se selecionar genótipos que reduzam o KL sob déficit hídrico, sendo assim, mais econômico no consumo de água (BLUM, 2009). KL (mol H2O MPa-1 m -2 s-1) 1,6 1,4 Controle DI Aa Aa 1,2 Aa 1 0,8 0,6 Ab 0,4 Ab 0,2 Ab 0 CNPAE 126 CNPAE 137 CNPAE 139 Genótipos Figura 7: Condutividade hidráulica (KL) em genótipos de J. curcas (CNPAE 126, 137 e 139) sob irrigação e deficiência hídrica (DI) após 66 dias de aplicação do tratamento. As colunas são valores médios (n=3) e as barras representam o erro padrão da média. Letras maiúsculas indicam comparação entre genótipos e minúsculas entre regimes hídricos pelo teste Tukey (p<0,05). Trocas gasosas foliares Não foram observadas diferenças significativas (p<0,05) entre os genótipos (CNPAE 126, 137 e 139) de J. curcas nos 40 primeiros DAIT para as características de trocas gasosas foliares, sendo verificado apenas efeito do déficit hídrico. Após esse período, gs foi afetado, reduzindo à medida que aumentava o tempo de exposição à deficiência hídrica, com valor médio de 0,35 mol m -2 s-1 nas plantas controle, enquanto que nas sob DI, aos 66 DAIT, os valores chegaram a 0,03 mol m-2 s-1 (Figura 8B, D e F). O controle da abertura estomática surge como a primeira resposta à redução da quantidade de água disponível no solo. De acordo com 22 Arcoverde et al. (2011) plantas de J. curcas, cultivados em vasos de 10 L, apresentaram reduções significativas nos valores de gs no segundo dia de imposição de estresse moderado (50% da irrigação do controle). Essa diferença no tempo de resposta pode estar relacionada à variação no volume de substrato nos vasos utilizados e, por consequência a menor disponibilidade real de água nos vasos de 10L em relação aos de 50L, utilizados neste trabalho. Tabela 3: Níveis de significância da ANOVA comparando os efeitos dos genótipos (G), Regimes hídricos (RH) e a interação entre genótipos e regimes hídricos (G x RH) para as variáveis de trocas gasosas (A, gs, E, Ci/Ca, A/gs e A/E) em plantas de J. curcas durante os 66 dias após a aplicação do tratamento (DAIT). FONTE DE VARIAÇÃO Genótipo (G) Regime hídrico (RH) G x RH A ns gs ns E ns * * * ns ns ns VARIÁVEL Ci/Ca ns A/gs ns A/E ns * * * ns ns ns ns e asterisco indicam, respectivamente, p>0,05 e p<0,05. Ricinus comunis cv. Energia sob deficiência hídrica (7% umidade no solo) apresentou comportamento estomático semelhante a J. curcas, alcançando valores próximos a zero, enquanto em solo com teor de água em torno de 13% os valores de gs estavam acima de 0,4 mol m-2 s-1 (Carvalho, 2010). O fechamento estomático, em função da limitação de água no solo, indica que essas espécies, ambas euforbiáceas, apresentam um comportamento conservativo de água, quando submetida à deficiência hídrica. Efeitos significativos em A, assim como em gs, só foram observados a partir do 55º DAIT quando as plantas do tratamento DI apresentaram reduções, em média, de 45% em relação às PC (Figura 8A, C e E). O principal efeito da redução da disponibilidade hídrica, ainda que o estresse seja moderado, é a redução da fixação de carbono (CHAVES; OLIVEIRA, 2004). Pompelli et al. (2010) relataram em trabalho com J. curcas cultivadas por períodos de 4, 8 e 18 dias sem irrigação, uma diminuição de gs (99%) quando o teor de água no solo estava abaixo dos 5%. 23 Segundo estes autores, como consequência, a diminuição da concentração de CO2, devido à menor gs, implicou em menor taxa fotossintética. Entretanto, quando irrigadas, as plantas tiveram os valores de gs e A recuperados, indicando que, nessa espécie, o estresse severo causou um controle via redução de gs. As taxas de transpiração (E) acompanharam os decréscimos de gs, reduzindo 84% no CNPAE 126 e 91% nos genótipos CNPAE 137 e 139 (Figura 9A, C e E). A redução de E como efeito da diminuição de gs, tem sido relatado por diversos autores como mecanismo de proteção contra a desidratação foliar (OLIVEIRA et al., 2002; FERERES; SORIANO, 2007; POMPELLI et al., 2010). Valores baixos de gs podem induzir reduções dos valores de A e eficiência de carboxilação. Estas respostas podem ser provocadas por efeitos estomáticos, assim como não-estomáticos, sendo este segundo fator evidenciado em condições de diminuição de A, ainda que em condições de elevada concentração interna de CO2 (MEDRANO et al., 2002). A redução na razão Ci/Ca, aos 66 DAIT, variando entre 0,73-0,42; 0,69-0,39 e 0,65-0,34, para os genótipos CNPAE 126, 137 e 139, respectivamente, suportam a hipótese de que o fechamento estomático é um dos principais efeitos da queda da taxa fotossintética. Assim, como no presente estudo, Sophora davidii, cultivada com irrigação de 40% da capacidade de campo, apresentou reduções em A e gs, seguidos de reduções nos valores de Ci, indicando que a diminuição da atividade fotossintética ocorreu devido à limitação da disponibilidade de CO2 e, possivelmente, este potencial fotossintético seria compensado com a elevação da concentração ambiente de CO2 (WU et al., 2008). 24 CNPAE 126 0,6 A B 24 gs (mol H2O m -2 s-1) A (μmol CO2 m -2 s-1) 30 * * 18 12 6 0 0,4 * * 0,2 0,0 0 20 40 DAIT 60 80 0 20 40 DAIT 60 80 CNPAE 137 0,6 D C * 24 gs (mol H2O m -2 s-1) A (μmol CO2 m -2 s-1) 30 * * 18 12 6 0 0,4 * * 0,2 0,0 0 20 40 DAIT 60 80 0 20 40 DAIT 60 80 CNPAE 139 30 0,6 * * 24 F * gs (mol H2O m -2 s-1) A (μmol CO2 m -2 s-1) E * 0,4 18 12 * * 0,2 6 0,0 0 0 20 40 DAIT 60 80 0 20 40 DAIT 60 80 Figura 8: Taxa fotossintética líquida (A) [A] e condutância estomática (gs) [B] em três genótipos de Jatropha curcas irrigadas (símbolos cheios) e sob déficit de irrigação (símbolos vazios), durante 66 dias após a imposição dos tratamentos (DAIT). Os valores são médias (n = 4-5) e as barras indicam o erro padrão da média. Asteriscos indicam diferença significativa entre regimes hídricos dentro de um mesmo genótipo (Teste F, p<0,05). 25 CNPAE 126 1,0 A 6,0 B * * 5,0 0,8 4,0 Ci/Ca E (mmol H2O m -2 s-1) 7,0 3,0 * * 0,6 0,4 2,0 0,2 1,0 0,0 0,0 0 20 40 60 80 0 20 40 60 80 CNPAE 137 1,0 C 6,0 * D 0,8 * 5,0 Ci/Ca E (mmol H2O m -2 s-1) 7,0 4,0 3,0 * * 0,6 0,4 2,0 0,2 1,0 0,0 0,0 0 20 40 60 80 0 20 40 60 80 CNPAE 139 1,0 F E 6,0 * * 5,0 0,8 4,0 Ci/Ca E (mmol H2O m -2 s-1) 7,0 3,0 * * 0,6 0,4 2,0 0,2 1,0 0,0 0,0 0 20 40 DAIT 60 80 0 20 40 DAIT 60 80 Figura 9: Taxa de transpiração (E) [A] e razão entre concentrações intercelular e atmosférica de CO2 (Ci/Ca) [B] nos diferentes genótipos de J. curcas durante 66 dias após a imposição dos tratamentos (DAIT). Plantas controle (símbolos cheios) e plantas sob déficit hídrico (símbolos vazios). Asterisco (*) indica diferença, pelo teste F (p<0,05) entre regimes hídricos em genótipos iguais. Os pontos representam os valores médios de 4 a 5 repetições e as barras indicam o erro padrão da média. 26 O valor de Amax nas plantas cultivadas sob déficit hídrico diminuiu em 45% quando comparadas às plantas controle, indicando menor ganho fotossintético nas plantas DI. De forma similar, os valores de α também foram menores em condições de DI em relação às PC (0,054-0,063 μmol CO2 mmol-1 fótons) (Tabela 4). Reduções dos valores de Amax e α estão relacionadas à diminuição observada nos valores de gs e Ci nos três acessos aos 55 DAIT (GOMES et al., 2008). Apesar de a redução desses parâmetros, não se espera um dano fotoquímico nas plantas sob estresse moderado, já que sob estresse severo (-167 kPa), J. curcas não apresentou fotoinibição (ROZA, 2010). Esta mesma resposta foi observada por Silva et al. (2010), quando J. curcas foi exposta por 8 dias a solução de polietilenoglicol (PEG 6000) com o potencial osmótico de -220 kPa. Reduções também foram observadas nos valores de respiração no escuro (Rd) (17%) e IS (34%), enquanto a irradiância de compensação (IC) não apresentou diferença significativa. Os valores de Rd estão relacionados com a quantidade de CO2 liberados quando as folhas não absorvem radiação luminosa, enquanto IC indica o fluxo de fótons em que a quantidade de moléculas de CO2 liberadas pela respiração é igual à quantidade de moléculas de CO2 absorvido (TAIZ; ZEIGER, 2004). Reduções nos valores dessas variáveis pode indicar alteração da capacidade de acúmulo de biomassa induzido pelo favorecimento de um balanço positivo de carbono (GOMES et al., 2008; SILVA et al., 2001). Tabela 4: Parâmetros derivados da curva de saturação da fotossíntese em resposta à irradiância em folhas maduras de J. curcas sob diferentes regimes hídricos, aos 66 dias após a imposição dos tratamentos. PARÂMETRO AmaxPAR (μmol Co2 m-2 s-1) Regime hídrico CONTROLE DI % F (p<0,05) 23,5 ± 0,6 12,9 ± 1,7 55 * 0,063 ± 0,002 0,054 ± 0,002 85 * Rd (μmol CO2 m-2 s-1) 1,87 ± 0,12 1,55 ± 0,08 83 * IC (μmol fótons m-2 s-1) 29,8 ± 1,76 29,0 ± 1,04 97 ns α (μmol CO2 mmol-1 fótons) -2 -1 IS (μmol fótons m s ) 968,8 ± 38,6 642,1 ± 67,3 66 * Anmax – Taxa fotossintética líquida; α – Eficiência quântica aparente; Rd – Respiração no escuro; IC – Irradiância de compensação; IS – Irradiância de saturação. Asterisco (*) indica, para cada parâmetro, diferença significativa entre os tratamentos hídricos, pelo teste F (p<0,05). 27 Teor de pigmentos cloroplastídicos Não se observou diferença significativa (p<0,05), entre os regimes hídricos, para a concentração de clorofilas (a, b e total) e carotenóides, embora apresentaram acréscimos de 19 e 12% nas plantas DI, respectivamente (Tabela 5). Luís (2009) demonstrou que em plantas de J. curcas, mantidas por quatro, oito e dezoito dias sem irrigação, os teores de clorofila e carotenóides apresentaram reduções. Contrariamente a essa redução, Roza (2010) constatou diminuições do conteúdo de pigmentos apenas nas plantas cultivadas sob estresse severo (Ψm variando entre -174,53 e -159,53 kPa). Os dados aqui apresentados, relacionados aos resultados de Luís (2009) e Roza (2010), indicam que efeitos negativos nos pigmentos de plantas de J. curcas ocorrem apenas sob estresse hídrico severo. Os cultivares de Triticum aestivum L., CY17 e XN889 cultivadas sob 85, 55 e 25% da capacidade de campo, só apresentaram reduções nos teores de clorofilas a e b sob condição mais severa de seca (WU; BAO, 2011). Tabela 5: Valores são médias (± erro padrão, n = 8-10) do teor de clorofilas a (Cl a), clorofila b (Cl b) e clorofila total (Cl a+b), de carotenóides (Carot) e a razão Cl a/Cl b em plantas de Jatropha curcas. Genótipo Tratamento CNPAE Controle 126 Déf. hídrico CNPAE Controle 137 Déf. hídrico Controle CNPAE 139 Déf. hídrico Fontes de Variação Genótipo Regime hídrico Gen x Reg. hídrico ns – tratamentos não (p<0,05). Cl a 6,3 ± 1,0 7,3 ± 0,7 7,0 ± 0,6 8,9 ± 1,1 7,0 ± 1,0 8,7 ± 0,9 Cl b 1,6 ± 0,3 1,8 ± 0,2 1,8 ± 0,2 2,3 ± 0,3 1,8 ± 0,3 2,2 ± 0,2 Cl (a+b) 7,8 ± 1,2 9,1 ± 0,9 8,7 ± 0,7 11,2 ± 1,4 8,7 ± 1,3 10,9 ± 1,1 Carot 1,5 ± 0,2 1,6 ± 0,1 1,6 ± 0,1 1,9 ± 0,2 1,6 ± 0,1 1,8 ± 0,1 Cl a/Cl b 4,00 ± 0,01 3,98 ± 0,01 3,99 ± 0,01 3,97 ± 0,01 3,99 ± 0,01 3,97 ± 0,01 ANOVA ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns apresentam diferença significativa a 5% pelo teste ns ns ns Tukey 28 Variáveis de crescimento O tratamento de déficit hídrico influenciou negativamente a produção de biomassa, enquanto os genótipos não apresentaram diferenças significativas entre si (Tabela 5). Reduções na altura das plantas DI em relação às plantas controle de 25, 28 e 23%, nos genótipos CNPAE 126, 137 e 139, respectivamente, foram observadas. Apesar de a menor disponibilidade hídrica e da redução na produção de fotoassimilados, as medições do diâmetro do caule não indicaram variação significativa (Tabela 6). O crescimento celular é o processo mais afetado pela baixa disponibilidade hídrica, devido à redução da turgescência, tendo a divisão e a expansão celular inibidas pelo estresse hídrico (ZHU, 2001). Tabela 6: Altura e diâmetro de plantas jovens de J. curcas submetidas a diferentes regimes hídricos. Valores médios de 4 a 5 repetições (± erro padrão, n = 4-5). Altura (cm) Diâmetro (cm) Controle DI Controle DI CNPAE 126 88,13 ± 4,34 Aa 66,43 ± 3,83 Ab 3,05 ± 0,16 Aa 2,65 ± 0,09 Aa CNPAE 137 95,83 ± 3,98 Aa 69,16 ± 3,51 Ab 3,20 ± 0,07 Aa 2,74 ± 0,07 Aa CNPAE 139 89,57 ± 8,08 Aa 69,34 ± 3,54 Ab 3,08 ± 0,20 Aa 2,81 ± 0,11 Aa Letras maiúsculas indicam comparação entre genótipos e letras minúsculas comparação entre regimes hídricos pelo teste Tukey (p<0,05) Genótipos Reduções na altura também foram relatadas por Achten et al. (2010) em J. curcas cultivadas sob estresse hídrico severo (sem irrigação), médio (40% da CC) e em plantas completamente irrigadas. Segundo estes autores, as plantas tiveram reduções tanto mais intensas quanto menor a umidade no solo, apresentando decréscimos de 39 e 21%, em relação ao controle. Dentre as características morfológicas, a área foliar é a primeira afetada pelo estresse imposto pela deficiência hídrica, devido ao decréscimo na expansão foliar, podendo ser acompanhado de senescência foliar como forma de redução da área transpiratória. Essas adaptações da planta, como diminuição da altura e da área foliar, são estratégias de sobrevivência ao ambiente estressante (ZHANG et al., 2004; DÍAZ-LOPEZ et al., 2012). 29 Tabela 7: Valores médios (± erro padrão, n = 4-5) da área foliar por planta (AF) e área foliar específica (AFE) de plantas de Jatropha curcas submetidas a diferentes regimes hídricos [ controle e deficiência hídrica (DI)]. AFE (cm2 g-1) Controle DI Controle DI 1 4421,90 ± 168,21 Aa 2635,90 ± 201,56 Ab 281,61 ± 15,03 Aa 276,60 ± 28,19 Aa 2 4117,10 ± 169,91 Aa 2814,66 ± 292,90 Ab 237,66 ± 14,65 Aa 239,84 ± 20,03 Aa 3 4368,38 ± 419,48 Aa 2804,31 ± 338,75 Ab 248,40 ± 15,13 Aa 247,72 ± 20,50 Aa Letras maiúsculas indicam comparação entre genótipos e letras minúsculas comparação entre regime hídrico pelo teste Tukey (P<0,05) Acesso AF (cm2) Aos 108 DAIT, observou-se redução de 37% da área foliar nas plantas DI em relação às plantas controle. Plantas de Ricinus communis, cultivar BRS 188 Paraguaçu, sob corte de irrigação, em apenas 6 dias, mostraram redução da área foliar em 60% em relação às plantas controle, indicando alta sensibilidade dessa espécie ao estresse (BELTRÃO et al., 2003). No presente experimento, apesar de a diminuição da área foliar nas plantas DI, a AFE não foi diferenciada entre os genótipos e não se observou efeito significativo do déficit hídrico, com valores variando entre 281,61 ± 15,03 e 237,66 ± 14,65 cm2 g-1 (Tabela 7). Com a intensificação do déficit hídrico, devido ao corte de irrigação, três genótipos de Amaranthus spp. só apresentaram reduções na AFE quando a água no solo estava entre 60-70% CC (LIU; STÜTZEL, 2004). De acordo com Achten et al. (2010), a aplicação de um estresse moderado (40% da capacidade de campo), em plantas de J. curcas, provocou reduções na produção de biomassa total, porém não foi o suficiente para produzir alterações no padrão de alocação da biomassa, sendo este mecanismo notório apenas em plantas mantidas sem irrigação. Estas informações corroboram com os dados aqui apresentados, onde a produção de biomassa das diferentes partes da planta foi fortemente influenciada pelo déficit hídrico. A produção de biomassa seca no final do experimento (108 DAIT) foi comprometida nas plantas sob DI, observando-se reduções de 38, 41, 37 e 38% na biomassa seca de folha, raiz, caule e total, respectivamente, quando comparadas às plantas controle (Figura 10). 30 35 30 A Controle DI 45 Aa Aa 40 Aa 35 Ab Ab 20 Ab 15 BSR (g) BSF (g) 25 B Controle Aa DI Aa Aa 30 25 Ab Ab CNPAE 137 CNPAE 139 Ab 20 15 10 10 5 5 0 0 CNPAE 126 100 CNPAE 139 CNPAE 126 180 C Aa 90 80 CNPAE 137 160 Aa Aa 140 60 Ab Ab Ab 40 30 BS T (g) BSC (g) Aa Aa Aa 120 70 50 D 100 80 Ab Ab Ab CNPAE 137 CNPAE 139 60 40 20 20 10 0 0 CNPAE 126 CNPAE 137 Genótipos CNPAE 139 CNPAE 126 Genótipos Figura 10: Biomassa seca de folha (BSF) [A], raiz (BSR) [B], caule (BSC) [C] e total (BST) [D] de plantas de J. curcas hidratadas (Controle) e sob deficiência de irrigação (DI). As colunas são médias (n = 4-5) e as barras o erro padrão da média. Letras maiúsculas indicam comparação entre genótipos e letras minúsculas entre regimes hídricos pelo teste Tukey (p<0,05). Não se observou efeitos dos genótipos e dos tratamentos hídricos na alocação de biomassa seca (Tabela 8). Os valores foram de 19,75 e 19,44 para a razão de biomassa foliar (RBF), de 55,84 e 57,35 para a razão de biomassa caulinar (RBC) e de 24,41 e 23,21 g g-1 razão de biomassa radicular (RMR) para os tratamentos controle e DI, respectivamente. Estes resultados corroboram com os de Achten et al. (2010), em que o padrão de alocação de biomassa em J. curcas não apresentou diferença entre os genótipos avaliados, tendo efeito significativo apenas no tratamento de estresse severo (ausência de irrigação por 52 dias), enquanto que as plantas cultivadas sob déficit controlado (40% CC) tiveram respostas semelhantes ao tratamento de irrigação contínua, com valores de 34% (RMF), 45% 31 (RMC) e 21% (RMR). Tabela 8: Razões de biomassa foliar (RBF), caulinar (RBC), radicular (RMR) e razão raiz/parte aérea (R/PA) em plantas de Jatropha curcas (CNPAE 126, 137 e 139) em condição controle e sob déficit hídrico. Os valores correspondem à média (n = 4-5) e entre parênteses o erro padrão da média. Genótipo CNPAE 126 CNPAE 137 CNPAE 139 Tratamento VARIÁVEL RMF RMC RMR R/PA Controle 20,4 (1,6)Aa 55,6 (1,3)Aa 24,1 (1,0)Aa 0,32 (0,02)Aa Déficit hídrico 18,7 (1,4)Aa 57,8 (1,8)Aa 23,5 (0,3)Aa 0,31 (0,01)Aa Controle 17,7 (0,8)Aa 58,6 (2,0)Aa 23,7 (1,2)Aa 0,31 (0,02)Aa Déficit hídrico 19,8 (1,5)Aa 57,7 (1,4)Aa 22,5 (0,9)Aa 0,29 (0,02)Aa Controle 21,1 (1,4)Aa 53,4 (1,9)Aa 25,5 (0,8)Aa 0,34 (0,01)Aa Déficit hídrico 19,8 (1,3)Aa 56,5 (1,3)Aa 23,6 (1,1)Aa 0,31 (0,02)Aa De modo semelhante, a razão raiz/parte aérea (R/PA) também não foi afetada pelos tratamentos, apresentando valores médios de 0,32 e 0,30 para controle e DI, respectivamente, indicando efeito semelhante do déficit hídrico moderado na parte aérea e no sistema radicular (Tabela 8). O mesmo foi observado em Schinus terebinthifolius Raddi sob déficit hídrico (SILVA et al. 2008). Esses resultados também estão de acordo com os apresentados por Achten et al. (2010), em que R/PA em plantas sob estresse moderado (40% CC) foi de 0,33, sendo que, segundo estes autores, a diferença observada entre estresse moderado e plantas bem irrigadas se deu, principalmente, pela perda de folhas, o que não aconteceu nesse presente experimento. Consumo hídrico e eficiência de uso da água A menor aplicação de água nas plantas DI provocou a redução do consumo de água nessas plantas (Figura 11). Aos 65 DAIT, foi possível observar diferença significativa (p<0,05) no consumo de água entre as plantas, tornando-se, após esse período, o consumo nas plantas controle cerca de 2 vezes maior do que nas DI (266 e 138 mL dia-1, respectivamente). A regulação da transpiração foliar por meio de reduções de gs provocou menores consumos de água em plantas de J. curcas, mantidas sob um moderado déficit hídrico no substrato. 32 Plantas de J. curcas, cultivadas no Egito e sob alta disponibilidade hídrica, tiveram necessidade hídrica em torno de 800 mL dia -1, sendo reposta de acordo com a sua evapotranspiração potencial (KHEIRA; ATTA; 2009). Esse elevado valor apresentado pode estar associado ao fato de ser a água reposta e não necessariamente essa água ter sido consumida pela planta, podendo ser perdida por processos como lixiviação e evaporação. Consumo diário de água (L) 0,45 * 0,40 Controle DI 0,35 0,30 0,25 0,20 * 0,15 0,10 0,05 0,00 0 20 40 60 DAIT 80 100 120 Figura 11: Consumo diário de água nas plantas de Jatropha curcas durante 108 dias após a imposição dos tratamentos (DAIT). Asteriscos indicam início do efeito significativo dos tratamentos no consumo hídrico. Os valores são médias de 3 e 5 repetições para as plantas controle e sob déficit de irrigação, respectivamente). Roza (2010) relatou o consumo médio de 1 L de água por dia, em 100 dias de cultivo de J. curcas sob irrigação plena. Assim, como Kheira e Atta (2008), esses dados mais elevados ocorrem devido ao consumo hídrico ter sido calculado baseado na transpiração da planta acrescido da evaporação do solo (evapotranspiração). Além disso, as temperaturas registradas por Roza (2010) são superiores (temperatura média de 29 °C, com valor máximo de 38 °C), ressaltando que o experimento foi conduzido entre os meses de novembro de 2008 e março de 2009 (verão), às apresentadas neste trabalho (média de 25 °C). 33 Tabela 9: Consumo hídrico total e eficiência de uso da água (Biomassa/água consumida) aos 108 dias após a imposição do tratamento (DAIT). Valores médios (± erro padrão) de 3 (controle) e 5 (DI) repetições. Tratamento Controle DI Consumo hídrico total (L planta-1) 19,1 (± 1,8)a 13,9 (± 0,4)b EUA (kg m-3) 7,26 (± 0,19)a 6,18 (± 0,18)b Letras diferentes indicam diferença pelo teste Tukey (p<0,05) Apesar de a redução do consumo hídrico total (27%), a EUAMS foi inferior nas plantas DI, devido ao efeito negativo do tratamento na produção de biomassa (Tabela 9). Esta mesma resposta foi encontrada por Hund et al. (2009) avaliando o efeito do estresse hídrico (50% CC) em quatro híbridos de Zea mays, que apresenta reduções de 29% em EUA. Dez genótipos de Vigna unguiculata, quando mantidas sem irrigação até Ψm atingir -75 kPa, o qual foi mantido por 10 dias, tiveram variações quanto à resposta na EUAMS. No presente estudo, houve redução do consumo hídrico em todos os genótipos, variando entre 12,6 e 35,8%, porém apenas dois tiveram elevação de EUA em torno de 24,5% (ANYIA; HERZOG et al., 2004). Vale ressaltar que, apesar de a redução de EUAMS estar relacionada à produção da planta, torna-se necessário estudos em relação aos efeitos dessa redução de biomassa na produção de óleos e frutos, por meio de experimentos a longo prazo. Como na avaliação de trocas gasosas, não houve variação entre genótipos para as eficiências intrínseca (A/gs) e instantânea (A/E) de uso de água, sendo observada somente diferença significativa entre tratamentos hídricos (p<0,05) aos 55 e 66 DAIT (Figura 12). No tratamento controle, A/gs variou entre 58 e 73 μmol CO2 mol-1 H2O, enquanto no tratamento DI a variação foi de 58 a 133 μmol CO 2 mol-1 H2O, com acréscimo de aproximadamente 50% aos 66 DAIT. No mesmo período, A/E teve acréscimo de 38% nas plantas DI (5,1-7,0 μmol CO2 mmol-1 H2O). 34 160 A A/gs (μmol CO2 mol -1 H2O) 140 * * 120 100 80 60 40 20 0 0 20 40 DAIT 8 * B A/E (μmol CO2 mmol -1 H2O) 60 80 * 6 4 2 0 0 20 40 DAIT 60 80 Figura 12: Eficiências intrínseca (A/gs) e instantânea (A/E) de uso de água em plantas de J. curcas sob tratamento controle (símbolos cheios) e déficit de irrigação (símbolos vazios). Os pontos representam valores médios de 12 a 15 repetições e as barras são o erro padrão da média. Asteriscos indicam diferença significativa entre os regimes hídricos (Teste F, p<0,05). Pôde-se observar o efeito direto da diminuição de gs na redução dos valores de A e E, que foram relacionados à produção de biomassa e ao consumo hídrico nas plantas de J. curcas, ou seja, o estresse hídrico moderado atuou como regulador das trocas gasosas foliares, de forma a maximizar a relação de consumo de água e assimilação de CO2 (Figura 13). A relação entre gs e A foi logarítmica, com duas faixas distintas. Na primeira, os valores de gs, variando de 0,03 a 0,11 mol m-2 s-1, apresentaram incremento de aproximadamente 5 vezes. A segunda faixa, 35 com os valores de gs variando entre 0,29 e 0,45 mol m -2 s-1, o incremento foi de apenas 31%. A limitação do aumento da assimilação de CO2 indica que, apesar de não haver limitação estomática, a disponibilidade de CO2 pode ser a principal inibição da A. A relação direta entre E/DPV e gs, indica que a redução de gs age como mecanismo de minimização da perda de água via estômatos. Essas observações foram comprovadas pela forma com que a razão A/E se relacionou com gs. Assim, a aplicação de deficiência hídrica, provocando reduções de gs se mostrou eficiente no controle do consumo de água nessa espécie em nível foliar. Plantas de Bactris gasipaes, cultivadas sem irrigação, apresentou valores de A e E variando proporcionalmente com os de gs, porém, A/E apresentou valores máximos em gs maiores, indicando que o déficit hídrico afetou mais intensamente a assimilação de CO2 em relação à economia de água (OLIVEIRA et al., 2002). 30 7 y = 7,0237ln(x) + 29,658 R² = 0,90 6 E (mmol m -2 s-1) A (μmol CO2 m -2 s-1) 25 20 15 10 5 5 4 3 2 1 A B 0 0 6 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0 12 y = 9,49x + 0,0498 R² = 0,99 Controle 5 4 3 2 1 C 0,1 0,2 0,3 y = -8,4684x + 7,8033 R² = 0,68 DI A/E (μmol CO2 mmol -1 H2O) 0 E/DPV (mmol m -2 s-1 kPa-1) y = -10,509x 2 + 16,985x + 0,1773 R² = 0,90 10 0,4 Controle 0,5 0,6 DI 8 6 4 2 D 0 0 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 gs (mol H2O m -2 s-1) 0,5 0,6 0 0,1 0,2 0,3 0,4 gs (mol H2O m -2 s-1) 0,5 0,6 Figura 13: Taxa fotossintética líquida (A) [A], transpiração (E) [B], transpiração padronizada em relação ao déficit de pressão de vapor entre a folha e a atmosfera (E/DPV) [C] e eficiência instantânea de uso da água (A/E) [D] em função da condutância estomática (gs), em plantas de Jatropha curcas. Cada ponto representa o valor médio de três repetições. 36 Além da relação do índice SPAD com o teor de clorofila nas folhas, esse índice também tem sido relacionado com características como AFE e EUA (SHESHSHAYEE et al., 2006; MARENCO et al., 2009). Independente da disponibilidade hídrica, a relação entre SPAD e AFE em plantas de J. curcas se mostrou inversa, ou seja, as folhas que apresentaram maior índice SPAD apresentaram menor AFE (Figura 14A). Folhas mais espessas, tendem apresentar maior teor de clorofilas por unidade de área foliar (SONGSRI et al., 2009), que influencia diretamente nas medições feitas com o SPAD. Folhas com menor AFE, usualmente apresentam maior capacidade fotossintética do que as folhas menos espessas (maior AFE), sendo confirmado pela relação linear inversa entre a AFE e A/E (Figura 14B). Com o aumento da espessura (aumento do número e, ou tamanho das células mesofílicas por unidade de área foliar), as folhas tendem elevar a assimilação de CO2 e, consequentemente há um aumento da eficiência fotossintética, sendo um mecanismo de redução das taxas transpiratórias (LIU; STÜTZEL, 2004). Além dessas relações, o índice SPAD se mostrou eficiente para a estimativa, de forma simples, de A/E, porém, diferentemente das demais relações, que foram negativas, SPAD e A/E se relacionaram positivamente. 37 140 Controle DI AFE (cm 2 g-1) 120 y = -2,9832x + 221,1 R² = 0,6997 100 80 60 40 y = -2,6004x + 176,23 R² = 0,607 20 A 0 0 10 20 30 40 50 60 70 SPAD A/E (μmol CO2 mmol-1 H2 O) 12 Controle y = -0,0351x + 14,119 R² = 0,5773 DI 10 8 6 4 2 B 0 0 50 100 150 AFE A/E (μmol CO2 mmol -1 H2O) 10 Controle (cm2 200 250 300 g-1 ) DI y = 0,1806x - 2,3835 R² = 0,56 8 6 4 2 C 0 30 35 40 45 SPAD 50 55 60 Figura 14: Relação entre índice SPAD e área foliar específica (AFE) [A] e entre AFE e eficiência instantânea de uso da água (A/E) [B] em plantas de J. curcas sob tratamento controle (círculo) e déficit de irrigação (losango). 38 CONCLUSÕES Os genótipos não apresentaram resposta diferenciada para a eficiência de uso da água. Jatropha curcas, sob deficiência hídrica moderada, apresentou reduções das taxas de trocas gasosas, principalmente devido às reduções de gs e KL. Apesar de ocorrer a conservação da água nos tecidos (manutenção do Ψw), J. curcas apresentou assimilação de CO2 reduzida. A menor produção de biomassa, nas plantas sob déficit hídrico, apesar de o menor consumo de água, acarretou em redução da EUAMS. Estudos em plantas adultas, tornam-se necessários para verificar se a redução de biomassa na fase jovem, representa efeito negativo na eficiência de produção de óleo (óleo produzido/água consumida) em frutos de Jatropha curcas. O SPAD pode ser utilizado para estimativa de A/E e para a seleção precoce de genótipos de J. curcas. 39 REFERÊNCIAS ACHTEN, W. M. J. et al. Jatropha bio-diesel production and use. Biomass and Bioenergy v. 32, p. 1063–1084, 2008. ACHTEN, W. M. J. et al. Biomass production and allocation in Jatropha curcas L. seedlings under different levels of drought stress. 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