Alessandro Alves “Falam de tudo. Da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, ranzinzisses, chatices, mesmices, grandezas, feitos, espantos. Sobretudo falam do comportamento e falam porque supõem saber. Mas não sabem, porque jamais foram capazes de sentir como o outro sente. Se sentissem não falariam.” Nelson Rodrigues Que ninguém se iluda: a Terapia CognitivoComportamental nasce da observação de teóricos da abordagem cognitiva e da abordagem comportamental. Estamos, portanto, falando de uma área do conhecimento que é uma especialidade da Psicologia. Não há razão para o Conselheiro pensar que deve deter de forma ampla e irrestrita esse conhecimento; isso a ele não cabe. Embora haja significativas diferenças entre a teoria cognitiva e a teoria comportamental, tem sido debatida, ultimamente, que a teoria cognitiva constitui-se como unificadora para a psicoterapia e para a psicopatologia. A Terapia Cognitiva utiliza um conjunto de técnicas dentro do enquadre do modelo cognitivo da psicopatologia, mas utiliza também técnicas derivadas dos modelos comportamentais. Dada esta complexa relação, a Terapia Cognitiva, a Terapia Comportamental e, principalmente, a combinação delas, deve ser aplicadas por profissionais devidamente treinados, com formação e que dominem o conhecimento teórico. Já A PREVENÇÃO DE RECAÍDAS (PR) E O TREINAMENTO DE HABILIDADE (TH) não consistem formalmente num modelo de terapia. A PR e o TH assentam-se nas teorias cognitivas e comportamentais e sua aplicação clínica baseia-se em técnicas mais aprimoradas para o comportamento de uso de drogas. Portanto, a PR e o TH são ideais para serem utilizados pelos Conselheiros, com treinamento adequado, sem a necessidade da formação nem das supervisões como no caso da TC e TCC. Desta forma, as terapias designadas de Terapias Cognitivo-Comportamentais (TCC), denominam-se assim por que constituem uma integração de conceitos e técnicas cognitivas e comportamentais. Atualmente dispõe-se de uma ampla gama de tratamento de diversos problemas psiquiátricos tais como transtornos de ansiedade, depressão, disfunções sexuais, distúrbios obsessivo-compulsivos e alimentares. Na abordagem cognitivo-comportamental têm sido desenvolvidos muitos trabalhos de pesquisa a fim de se verificar experimentalmente a eficácia dos diversos tipos de tratamento. Ao longo dos anos de pesquisa foram desenvolvidas e testadas diversas formas de tratamentos na TCC. As terapias utilizadas diferem umas das outras de acordo com o enfoque predominantemente cognitivo ou comportamental. Apesar da diversidade destas terapias todas compartilham do mesmo pressuposto teórico, ou seja, que mudanças terapêuticas acontecem na medida em que ocorrem alterações nos modos disfuncionais de pensamento. Neste ponto de vista, o mundo é considerado como constituinte de uma série de eventos que podem ser classificados como neutros, positivos e negativos. No entanto a avaliação cognitiva que o sujeito faz destes acontecimentos é o que determina o tipo de resposta que será dada na forma de sentimentos e comportamentos. Desta forma, a TCC dá uma grande ênfase aos pensamentos do paciente e a forma como este interpreta o mundo. -TERAPIA COGNITIVA: PRESSUPOSTOS TEÓRICOSA Terapia Cognitiva utiliza o conceito da estrutura “biopsicossocial” na determinação e compreensão dos fenômenos relativos à psicologia humana, no entanto constitui-se como uma abordagem que focaliza o trabalho sobre os fatores cognitivos da psicopatologia. Vem demonstrando eficácia em pesquisas científicas rigorosas, além de ser uma das primeiras a reconhecer a influência do pensamento sobre o afeto, o comportamento, a biologia e o ambiente. De acordo com a Terapia Cognitiva os indivíduos atribuem significado a acontecimentos, pessoas, sentimentos e demais aspectos de sua vida, com base nisso comportam-se de determinada maneira e constroem diferentes hipóteses sobre o futuro e sobre sua própria identidade. As pessoas reagem de formas variadas a uma situação específica podendo chegar a conclusões também variadas. Em alguns momentos, a resposta habitual pode ser uma característica geral dos indivíduos dentro de determinada cultura; em outros momentos estas respostas podem ser idiossincráticas, derivadas de experiências particulares e peculiares a um indivíduo. Em qualquer situação estas respostas seriam manifestações de organizações cognitivas ou estruturas cognitivas. Uma estrutura cognitiva é um componente da organização cognitiva em contraste com os processos cognitivos, que são passageiros. Assim, a teoria cognitiva tem como objeto de estudo principal a natureza e a função dos aspectos cognitivos, ou seja, o processamento de informação, que é o ato de atribuir significado a algo. O objetivo da Teoria Cognitiva é descrever a natureza de conceitos (resultados de processos cognitivos) envolvidos em determinada psicopatologia de maneira que, quando ativados dentro de contextos específicos, podem caracterizar-se como mal adaptativos ou disfuncionais. O objetivo da terapia cognitiva seria, ainda, o de fornecer estratégias capazes de corrigir esses conceitos. TERAPIA COMPORTAMENTAL: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS O desenvolvimento da teoria comportamental permitiu o conhecimento a respeito das leis gerais do comportamento, tornando-o mais previsível. Tal conhecimento é o ponto no qual a terapia comportamental se apoia para o desenvolvimento de sua prática clínica. Nesse sentido, é essencial o conhecimento a respeito de termos e conceitos relativos a esta abordagem. Dentro da perspectiva comportamental existem dois tipos de comportamento: o conhecido como “COMPORTAMENTO RESPONDENTE” (denominado assim por responder a um estímulo específico como os comportamentos reflexos, por exemplo) que tem caráter involuntário e o “COMPORTAMENTO OPERANTE” que tem caráter voluntário. O comportamento operante é aquele que modifica o ambiente, estando sujeito a alterações a partir das consequências de sua atuação sobre o ambiente. Ou seja, as probabilidades futuras de um operante ocorrer novamente está na dependência das consequências que foram geradas por ele. Além do conhecimento sobre as formas de comportamento, o conceito de “condicionamento” desempenha papel fundamental dentro desta abordagem. Este conceito traz a ideia de que os comportamentos são mutáveis, ou seja, que a partir de mudanças nas condições do ambiente podem ser alterados. Alguns fatores estão envolvidos no condicionamento operante: presença de reforçadores ou de situações aversivas. Mediante uma consequência reforçadora a probabilidade de que um operante o ocorra novamente é aumentada. O padrão de reforçamento também é um fator que influencia na frequência em que ocorre um comportamento operante. O reforço pode ser contínuo, ou seja, ocorrer sempre após determinada resposta ou intermitente onde acontece de acordo com uma determinada periodicidade. O comportamento tende a ocorrer numa frequência maior quando está vinculado a um esquema de reforçamento intermitente. Ainda com relação ao condicionamento operante, situações que antecedem determinada resposta e que tenham sido vinculadas a um reforçamento constituem-se em fatores que podem governar o comportamento do indivíduo. Esta situação denomina-se estímulo discriminativo, pois, permite que o sujeito consiga discriminar no ambiente as situações que garantem o reforço após a emissão de determinada resposta. Além desta capacidade de discriminação também é importante o conhecimento sobre o conceito de generalização: um organismo é capaz de estabelecer diferenças e semelhanças entre estímulos e a partir disso comportar-se da mesma forma em ambientes diferentes. No condicionamento operante pode ser utilizado um procedimento conhecido como “modelagem” que consiste na forma progressiva com que o repertório comportamental de um organismo vai sendo modificado através de reforçamentos sistemáticos de comportamentos que se assemelham ao comportamento final ao qual se quer atingir. Situações ditas aversivas também produzem determinados tipos de comportamentos. A punição, por exemplo, é uma delas: a punição caracteriza-se pela retirada de um estímulo reforçador diante de determinada resposta ou pela apresentação de um estímulo aversivo. A punição somente produz diminuição de um dado comportamento temporariamente e nas situações em que o agente punitivo estiver presente. Assim a punição não é eficiente para a remoção de um comportamento, podendo gerar outros comportamentos indesejados tais como a agressividade. A utilização do reforço positivo é mais adequada quando se quer promover uma mudança prolongada e eficaz do repertório comportamental do indivíduo. Frente a um estímulo aversivo, o indivíduo pode emitir comportamentos de fuga (evitação do estímulo na presença deste) ou de esquiva (evitação quando o estímulo aversivo ainda não está presente). Outra situação aversiva é a frustração que consiste na situação em que o estímulo reforçador é inacessível ao organismo por fatores de impedimento diversos, dentre eles o fator tempo (situações em que o indivíduo precisa esperar para receber o reforço), ou situações de conflito onde a opção por determinado tipo de reforço implica necessariamente na frustração de não obter o outro. Na década de 70 houve um grande desenvolvimento e reconhecimento da terapia comportamental devido ao surgimento de técnicas novas especialmente no tratamento de fobias, obsessões e disfunções sexuais. Foi nesta época que autores desenvolveram a idéia de que um problema psicológico poderia ser compreendido sob três enfoques diferentes (ou “três sistemas”) ligados entre si, tais como os sistemas comportamental, cognitivo/afetivo e fisiológico. Esta idéia representou uma quebra com a visão unitária dos problemas psicológicos que até então existia na Psicologia. Pesquisadores desenvolveram estudos com pacientes depressivos e perceberam que, apesar de os pacientes realizarem com maior frequência atividades agradáveis (ao contrário do que se pensava a partir de trabalhos anteriores), era comum que avaliassem negativamente tais atividades e o seu desempenho em realizá-las. Estes fatos chamaram a atenção para influência dos fatores cognitivos na forma como um indivíduo reage aos fatores do meio e na constituição das psicopatologias, contribuindo assim para que muitos terapeutas comportamentais passassem a utilizar também conceitos e técnicas cognitivos na prática clínica. Desta forma, as terapias designadas de terapias cognitivo-comportamentais, denominamse assim por que constituem uma integração de conceitos e técnicas cognitivas e comportamentais. Atualmente dispõe-se de uma ampla gama de tratamentos de diversos problemas psiquiátricos, tais como transtornos de ansiedade, depressão, disfunções sexuais, distúrbios obsessivo-compulsivos e alimentares. Na abordagem cognitivo-comportamental têm sido desenvolvidos muitos trabalhos de pesquisa a fim de se verificar experimentalmente a eficácia dos diversos tipos de tratamento. Ao longo dos anos de pesquisa foram desenvolvidas e testadas diversas formas de tratamentos na TCC. As terapias utilizadas diferem umas das outras de acordo com o enfoque predominantemente cognitivo ou comportamental. Apesar da diversidade destas terapias todas compartilham do mesmo pressuposto teórico. A Terapia Cognitivo-Comportamental centra-se nos problemas que estão sendo apresentados pelo paciente no momento em que este procura a terapia, sendo que seu objetivo é ajudá-lo a aprender novas estratégias para atuar no ambiente de forma a promover mudanças necessárias. A metodologia utilizada na terapia é de uma cooperação entre o terapeuta e o paciente de forma que as estratégias para a superação de problemas concretos são planejadas em conjunto. FIQUE TRANQUILO, FUTURO CONSELHEIRO: Você pode ter a impressão, após ler o texto acima, que é muita informação para digerir, ou que o conteúdo é complexo demais. Lembre-se do que falamos anteriormente, sobre a especificidade da TCC, e, portanto não deverá o Conselheiro procurar apropriar-se desse conhecimento teórico de modo profundo. Deverá apenas ter conhecimento sobre esses postulados, a fim de poder basear seu trabalho na forma prática. O Aconselhamento é um trabalho realizado eminentemente com técnicas práticas, e em cima delas que o Conselheiro deverá se debruçar. Teoria do Aprendizado Social De acordo com Heather, o homem não é um ser totalmente racional. Persistem, na espécie homo sapiens, processos instintivos. Este mecanismo instintivo permite que as pessoas ajam pelos meios aos quais estão mais acostumadas a fazê-lo. A teoria do Aprendizado Social estuda, de forma sistemática, como os humanos aprendem a agir, pensar e sentir em determinadas circunstâncias. Esse aprendizado se dá em diversos níveis, mas destacaremos, aqui, os dois principais: condicionamento instrumental. clássico e aprendizagem 1. Condicionamento clássico: Pavlov conduziu um experimento em laboratório que demonstrou que um estímulo neutro poderia ser transformado em estímulo condicionado pelo aprendizado. Ao tocar um sino (estímulo neutro) e oferecer carne repetidas vezes a um cão (estímulo não condicionado), este salivava. Depois de certo tempo, ao tocar o sino, mesmo na ausência da recompensa, o cão ainda salivava. O barulho do sino passou a ser um estímulo condicionado ao alimento e a salivação se tornou uma resposta condicionada ao barulho do sino. Este modelo pode ser aplicado aos comportamentos humanos. Autores mostraram a relação entre a exposição de pacientes a determinadas situações, lugares, objetos e pessoas, com a reação deles a estes sinais e afirmaram que esse conhecimento poderia ser útil para melhorar a habilidade de enfrentamento dos pacientes ao uso de drogas. Observemos que o foco da teoria comportamental está nas situações de alto risco e no comportamento de uso de droga. A teoria cognitiva tem seu foco voltado às cognições que evocam a fissura e aos pensamentos e crenças que facilitam o comportamento de busca e de uso da droga. Baseando-se nesses princípios, o terapeuta faz um mapeamento, junto com o paciente, sobre as situações, lugares, companhias, etc., que estão condicionados ao uso da droga. Ele ajuda o paciente a reconhecer estes sinalizadores e a traçar novos comportamentos, visando desfazer alguns estímulos que se condicionaram ao uso da droga. 2. Aprendizagem instrumental: Esta teoria decorre da existência de primórdios biológicos que atraem os humanos para a busca de prazer imediato e evitação das situações que os privem de satisfação ou imponham sofrimento. Reforços positivos (satisfatórios) ou negativos (desprazer) influenciam o comportamento. A Terapia Comportamental postula que a vida do dependente químico é desprovida das recompensas cotidianas (contatos sociais, amigos, diversões). Além disso, os pacientes têm dificuldades para lidar com afetos negativos, críticas ou frustrações. Por outro lado, os próprios efeitos bioquímicos da droga provocam sintomas desagradáveis e disfóricos na ausência dela. De acordo com a Teoria da Aprendizagem Instrumental, a droga representa um reforço positivo momentâneo para o paciente que não encontra recompensas em outros comportamentos. O terapeuta encoraja o paciente a encontrar prazer em outras situações que não ofereçam riscos e ajuda no manejo da síndrome de abstinência, com vistas a encontrar outras recompensas que não sejam pelo uso da droga. É IMPORTANTE SABER: 1) Pesquisas recentes postulam a hipótese de que algumas pessoas apresentam uma dificuldade biologicamente determinada para obter prazer em atividade do cotidiano e tendem a buscá-lo em atividades de risco como esportes radicais e uso de drogas. Postulou-se que essas pessoas tinham "Deficiência do Sistema de Recompensa Cerebral". Esta teoria invalidaria a técnica de busca por simples. atividades prazerosas em coisas 2) Na busca por outras atividades recompensadoras, o paciente pode manter algumas cognições distorcidas. Ele pode esperar encontrar, em alguma atividade livre de riscos, o mesmo prazer, intenso e imediato, ocasionado no momento de uso de droga. Entretanto, por questões óbvias, nenhum prazer se equipara aquele ocasionado pela droga e o paciente pode se frustrar e passar a não acreditar na terapia e no terapeuta. O terapeuta comportamental deve estar atento a estas questões, para não gerar expectativas infundadas. Os Vouchers Este programa de tratamento necessita de três amostras semanais de urina para screening de droga. Na ausência de droga ao exame, o paciente recebe um sistema de Vouchers atribuindo pontos que podem ser trocados por objetos consistentes com um estilo de vida sem drogas, como artigos desportivos e bilhetes para espetáculos culturais e cinemas. Em dois estudos clínicos controlados, autores observaram alta taxa de aceitação, retenção e abstinência nos pacientes que seguiram o programa baseado em Vouchers, quando estes foram comparados aos pacientes que receberam o tratamento padrão. Ao substituir os Vouchers por outras formas de incentivos de menor valor, os desfechos não os não apresentaram diferenças significativas se comparados ao sistema de Vouchers. Pilares conceituais da prática de TCC - Esquemas e Crenças Básicas: Os Esquemas são estruturas psíquicas que contêm avaliações firmemente estabelecidas. O Esquema, se traduzido em palavras, forma criações hipotéticas chamadas de Crenças Básicas. As Crenças Básicas, quando disfuncionais, caracterizam-se por serem irracionais, supercentralizadas e rígidas. Levam a sofrimento psíquico e comportamentos mal adaptados, além de impedirem a realização de metas. As Crenças Básicas disfuncionais podem ser classificadas em dois tipos: 1) Crenças de Desamparo 2) Crenças de "Não ser querido" Pensamentos automáticos As Crenças Centrais Básicas são avaliações genéricas sobre si mesmo, sobre o outro e sobre a relação com o mundo que o cerca. Na maioria das vezes, tais não são conhecidas e claras para o indivíduo, mas, sob determinadas circunstâncias, influenciam a percepção sobre as coisas e é expressa como pensamento automático, específico a uma situação. Os pensamentos automáticos derivam de um "erro" cognitivo e têm íntima relação com as crenças. Estratégia compensatória São comportamentos que visam aliviar ou anular os pensamentos automáticos e emoções negativas. Por exemplo, imaginemos um paciente músico, diante de uma situação na qual vai se apresentar publicamente. Ocorre-lhe um pensamento: "Vou errar”. Lembrando que o pensamento automático é uma constatação inflexível, o paciente sente-se triste, com medo e ansioso. Ele, então, faz uma suposição: "se eu beber conseguirei ficar menos ansioso e poderei me apresentar". Pede uma bebida alcoólica e bebe. O comportamento de busca e ingestão do álcool é um exemplo de Estratégia Compensatória. Poderíamos nos perguntar: por que esse conjunto de cognições ocorreu? Uma explicação possível seria a seguinte: o fato de ser exposto a essa situação ativou, neste paciente, um Esquema disfuncional que, em palavras, seria: "Sou inadequado"; "Sou incapaz". A partir desta ativação, desencadeou-se todo o processo cognitivo descrito. O terapeuta chega a hipóteses semelhantes à descrita acima ao longo do processo terapêutico. Ele vai testando, reconstruindo suas hipóteses e se aproximando da Estrutura Cognitiva do paciente. Essa construção da hipótese é chamada de Conceituação Cognitiva, que é uma hipótese sobre pensamentos, suposições, emoções e crenças do paciente. Ela pode ser reformulada no decorrer da terapia, à medida que novas informações e evidências vão se reunindo. Estrutura das sessões de TCC 1. Estabelecer uma agenda explicitamente, por escrito, para a sessão; 2. Estabelecer o início de uma relação empática; 3. Identificar o foco principal da terapia; 4. Coletar informações (queixa atual, história do problema, antecedentes, comorbidades); 5. Utilizar as informações e queixa para estabelecer uma meta compartilhada com o paciente; 6. Educar o paciente sobre a metodologia utilizada na terapia; 7. Iniciar um raciocínio teórico visando à construção da Conceituação Cognitiva; 8. Estabelecer um contrato de parceria com a participação do paciente, incluindo custos, a necessidade dos deveres entre as consultas e o sigilo. As demais sessões podem ser estruturadas da seguinte maneira: 1. Construir uma agenda para a sessão, baseando-se nos acontecimentos da semana, na demanda do paciente e no foco da terapia (breve atualização, por exemplo, sobre o uso de droga) e nas metas estabelecidas; 2. Fazer uma ponte com a sessão anterior; 3. Revisar a tarefa de casa; 6. Discutir os tópicos do roteiro estabelecido na agenda; 7. Estabelecer a nova tarefa de casa; 8. Fazer um resumo do que foi discutido na sessão e dar feedback (retorno) 6. Discutir os tópicos do roteiro estabelecido na agenda (item um); 7. Estabelecer a nova tarefa de casa; 8. Fazer um resumo do que foi discutido na sessão e dar feedback(retorno). Discutiremos Prevenção de Recaídas em um encontro específico para esse fim. Treinamento de Habilidades As principais dificuldades de habilidade se dão nas seguintes situações: 1. Sentimentos negativos; 2. Assertividade; 3. Fazer críticas; 4. Receber críticas; 5. Comunicação; 6. Recusar droga; 7. Dizer não; 8. Socialização; 9. Frustrações; 10. Adiar prazeres; 11. Reconhecer e enfrentar situações de risco; 12. Fissura; 13. Realizar um planejamento. As técnicas usadas são verbais e dramatizações (role play). Em cada sessão, o grupo elege uma das situações listadas e realiza um role play. O grupo planeja uma cena na qual apareça uma ou mais das situações listadas. Durante a representação, não é necessário ser fiel ao roteiro estabelecido. É importante a improvisação, porque ela estimula a criatividade. É aconselhável trocar de personagem, perguntando ao grupo quem daria uma resposta diferente à situação encenada. Desta forma, o paciente adquire flexibilidade de respostas e desenvolve novas habilidades. Para cada situação, uma lista de habilidades é compilada e o profissional estimula o treino dessas habilidades durante o role play. Exemplos sobre a lista de habilidades a serem treinadas para algumas situações: Habilidade de comunicação verbal: Ouviu e observou antes de falar? Fez questões abertas ou fechadas? As colocações foram de forma educada? 2. Habilidade de comunicação não verbal: Qual foi a postura? Houve contato visual? Qual a expressão facial? Qual o tom de voz utilizado? Como movimentou os pés, mãos, cabeça? 3. Assertividade: Pensou antes de falar? Foi objetivo e claro no que disse? Assegurou-se de estar sendo ouvido? Reafirmou a posição se percebeu que não estava sendo ouvido? 4. Fazer críticas: Acalmou-se antes de falar? Colocou a crítica como sendo uma opinião pessoal, não um fato absoluto? Criticou o comportamento e não a pessoa? O tom de voz esteve firme e não zangado? Mostrou-se disposto a ouvir o outro? 5. Receber críticas: Conseguiu ouvir sem se colocar na defensiva? Conseguiu avaliar a crítica com clareza e selecionar os pontos pertinentes? Conseguiu explorar a crítica com questões para se certificar de que ficou clara qual é a crítica do outro? 6. Recusar álcool/outras drogas: Conseguiu dizer "não"? Ao negar, foi claro, firme, sem hesitação? Fez contato visual? Sugeriu alternativas ao álcool/outras drogas? Disse à pessoa que não lhe ofereça álcool/outras drogas novamente? Evitou respostas vagas? 7. Dizer não: Fez revisão do que é prioritário? Decidiu-se de fato a recusar? Deixou claro que entendeu o pedido, mas mesmo assim o recusará? Foi firme, claro, breve e decidido? Como esteve a postura (comunicação não verbal) Ela foi coerente com a comunicação verbal? Lembramos que, à semelhança da Prevenção da Recaída, o Treinamento de Habilidades não exige formação e pode, com treinamento adequado, ser aplicada na clínica pelo Conselheiro.