TARV COM SUPRESSÃO DA REPLICAÇÃO DO HIV EM PACIENTES DA POLICLÍNICA OSWALDO CRUZ – PORTO VELHO/RO Alberto Saraiva Tibúrcio - Médico Infectologista INTRODUÇÃO Entre os objetivos do tratamento antirretroviral estão a supressão de forma sustentada da replicação viral e as conseqüentes preservação e restauração do sistema imunológico.1 O médico assistente deve sempre perseguir a supressão viral completa como meta de terapia, reforçando freqüentemente junto ao paciente a importância da adesão ao tratamento. CASUÍSTICA Até final de novembro de 2009, o SAE da POC tinha 352 pacientes: 262 (74,4%) sob TARV e 90 (25,6%) sem TARV. Dos 262 pacientes sob TARV, 102 deles (38,9%) já tinham alcançado carga viral indetectável quando da realização deste estudo. Entre estes 102 pacientes havia os que estavam em seus primeiros esquemas terapêuticos e os que já haviam trocado de medicação devido resistência viral ou intolerância. São 52 pacientes do sexo feminino e 50 do sexo masculino. Quanto à idade: 1,9% até 12 anos, 9,8% de 20 a 29 anos, 29,5% de 30 a 39 anos, 40,2% de 40 a 49 anos, 18,6% com 50 ou mais anos. METODOLOGIA Estudo observacional transversal. Pesquisa dos prontuários com tabulação dos dados coletados no aplicativo Excel 2003. OBJETIVO Descrever os resultados relativos à TARV em um grupo de pacientes do SAE da Policlínica Oswaldo Cruz (POC) que se apresentam com carga viral abaixo de 50 cópias/ mm3. RESULTADOS 1. ESQUEMAS DE TRATAMENTO Os esquemas de tratamento antirretroviral utilizados no momento do levantamento dos dados são mostrados no gráfico 1 e tabela 1. Gráfico 1 - Esquemas ARV atuais 84,3% 13,7% 2,0% TDF+1 ITRN 2 ITRN 1 ITRNN + 2 IP/r Tabela1– Frequênciasdos esquemasutilizados TDF + 1 ITRN + 1 ITRNN + 1 IP + 1 IP/r + 1 IP/r + 1 ITRNN + 2 IP/r + 1 ITRNN 2 ITRN 2 IP/r TOTAL 03 01 07 01 02 EFV NVP 59 10 69 + 1 IP + 1 IP/r 06 11 + 1 ITRNN + 1 ITRN + 1 ITRNN 01 01 102 O Tenofovir (TDF) foi utilizado geralmente com a Lamivudina (3TC). A associação de dois ITRN mais freqüente foi AZT/3TC (95,3%). Os dois esquemas sem ITRN foram instituídos por falência terapêutica ao esquema anterior. 2. CARGA VIRAL PRÉVIA O gráfico 2 mostra os níveis de viremia plasmática antes da TARV atual ser iniciada. Gráfico 2 - Carga viral plasmática prévia à TARV 42,9% 15,5% 34,5% 6,0% 1,2% > 30.000 10.000 - 30.000 500 - 3.000 < 500 3.000 - 10.000 3. AUMENTO MÉDIO DA CONTAGEM DE CD4 As contagens iniciais de CD4 ao início da TARV atual foram divididas em três grupos: até 200/mm3 (33,4%), 201 a 350/mm3 (22,5%) e acima de 350/mm3 (30,4%). Quanto às diferenças entre a média dos últimos resultados da contagem de CD4 e a média dos resultados da contagem de CD4 ao início da TARV, ocorreram ganhos médios de 502% no grupo com até 200/mm3, de 104% no grupo de 201 a 350/mm3, e de 47% no grupo que tinha valor médio basal de mais de 350/mm3, conforme gráfico 3. Quatorze (13,7%) dos 102 pacientes não tinham o valor de CD4 prévio à TARV. Gráfico 3 - Aumento médio de CD4 de acordo com os níveis médios iniciais 900 848 576 600 577 300 572 282 95 0 CD4 inicial CD4 final 0 a 200 201 a 350 > 350 4. TEMPO DE USO DA TARV ATUAL Todos os 91 pacientes de quem as datas de início da TARV atual e da última carga viral foram identificadas são mostradas no gráfico 4, através de freqüências cumulativas. Não foi possível calcular os tempos de uso da TARV atual referentes a doze pacientes. Gráfico 4 - Tempo de uso da TARV atual 100 83 80 91 65 60 50 40 20 37 19 0 > 60 m > 48 m > 36 m > 24 m > 12 m todos DISCUSSÃO Entre os 102 pacientes havia os que estavam em seus primeiros esquemas terapêuticos e os que já haviam trocado de medicação devido resistência viral ou intolerância, daí a existência de três grupos de pacientes de acordo com a contagem de CD4 prévia à TARV e as grandes diferenças nos valores prévios de CV. As categorias de CD4 (0-200, 201-350 e acima de 350) e de carga viral (menor que 500, 500-3000, 3000-10000, 10000-30000 e acima de 30000) foram escolhidas de acordo com o estudo de Mellors et cols, que medem a probabilidade de desenvolver Aids em três anos, em função do CD4 e CV.2 Ao se calcular os aumentos médios de CD4 para cada grupo de CD4 prévio à TARV não foi levado em consideração o tempo de uso da TARV atual, o qual variou entre mais de 60 meses (19 pacientes) e menos de 12 meses (oito pacientes). Não foi levado em conta o tempo que transcorreu para a CV se tornar indetectável, bastando apenas que o último valor da CV estivesse abaixo de 50 cópias/mm3, como critério de inclusão no estudo. A importância em se alcançar a supressão completa da replicação do HIV é evidenciada pela capacidade de gerar respostas imunológicas mais robustas e duradouras.1 CONCLUSÃO Diferentes esquemas de TARV podem ser eficazes quanto à supressão da replicação do HIV, podendo melhorar os parâmetros imunológicos e a qualidade de vida das pessoas. Para que a indetecção da carga viral se mantenha, um dos fatores que devem ser monitorados é a boa adesão pelo paciente à TARV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Ministério da Saúde. Recomendações para terapia antirretroviral em adultos infectados pelo HIV 2007/2008. Brasília, 2008. 2. Mellors JW et al. Plasma Viral Load and CD4+ Lymphocytes as Prognostic Markers of HIV-1 Infection. Ann Intern Med. 1997; 126:946-954.