UNESP ATENÇÃO FARMACÊUTICA AOS PACIENTES COM HIV Prof. Dr. Patrícia Mastroianni Departamento de Fármacos e Medicamentos Faculdade de Ciências Farmacêuticas – UNESP /Araraquara II Simpósio Internacional de Atenção Farmacêutica UNIFAL-MG Poços de Caldas, 25 a 28 maio/20011 CONCEITO HIV Vírus da imunodeficiência humana (1983); Agente responsável pela Aids; Age sobre o sistema imunológico (dano progressivo à imunidade celular [linfócitos CD4] e o controle humoral); Uma pessoa infectada pode estar assintomática por mais de 10 anos. Aids Síndrome da imunodeficiência adquirida; Estado avançado da doença e se caracteriza por manifestações oportunistas). clínicas (infecções ou neoplasias Brasil. Recomendações para terapia anti-retroviral em adultos infectados pelo HIV : manual de bolso. Brasília : Ministério da Saúde, 2008. 244 p. VIAS DE TRANSMISSÃO Sangue, sêmen, fluidos vaginais ou leite materno é transmitido por contato com mucosas, drogas injetáveis; mulheres > homens (heterossexuais). Vertical ou perinatal na gestação (via transplacentária), durante o parto ou aleitamento (20-28%). DADOS EPIDEMIOLÓGICOS Mundo ≈ 40 milhões de pessoas vivem com HIV/Aids; 730.000 recebem TARV. Brasil ≈ 630 mil pessoas vivem com HIV/Aids; 195.000 recebem TARV; 33.000 novos casos diagnosticados e notificados/ano. Brasil. Adesão ao tratamento antirretroviral no Brasil: coletânea de estudos do Projeto Atar, 2010. Brasil. Boletim epidemiológico – Aids e DST – 2008/2009. TAXA DE MORTALIDADE ESPECÍFICA (TME, ÓBITOS POR 100.000 HABITANTES) E TAXA DE INCIDÊNCIA (CASOS POR 100.000 HABITANTES) POR AIDS, 1990-2006, BRASIL. 25 Alta letalidade Crônico degenerativa 20 15 Lei n 9.313/96 – acesso universal 10 5 0 TME Taxa de incidência Fonte: Ministério da Saúde/SVS/Programa Nacional de DST/Aids. AGENDA NACIONAL DE PRIORIDADES DE PESQUISA EM SAÚDE 19. Doenças transmissíveis 19.3 Avaliação de intervenções, estratégias e políticas 19.3.1 Impacto de tecnologias e políticas de prevenção, vigilância e controle: 19.3.1.1 Adesão e impacto da terapia antirretroviral em Aids. Estratégias para adesão são são:: humanização, integralidade ; descentralização. QUANDO SE INICIA A TARV? Brasil. Recomendações para terapia anti-retroviral em adultos infectados pelo HIV: manual de bolso. Brasília : Ministério da Saúde, 2008. 244 p. ORGANIZAÇÃO DA REDE REFERÊNCIA DO BRASIL DE SERVIÇOS DE 675 unidades dispensadoras de medicamentos (UDM); 636 unidades de referência para o tratamento (Serviços de Assistência Especializada - SAE); 434 hospitais de referência; 79 hospitais-dia; 54 unidades de atendimento domiciliar. 1.210 serviços. Brasil. Adesão ao tratamento antirretroviral no Brasil: coletânea de estudos do Projeto Atar, 2010. CONSIDERAÇÕES: Acesso à TARV X Melhora nos indicadores de morbidade e mortalidade; Qualidade de vida; O desafio da Adesão Perfil crônico-degenerativo; Eventos adversos à TARV: dislipidemia; lipodistrofia; resistência periférica à insulina e acidose metabólica; . ADESÃO À TARV ADESÃO X CUMPRIMENTO A adesão é entendida como o estabelecimento de uma atividade conjunta na qual o paciente não é um mero seguidor da orientação médica, mas entende e concorda com a prescrição, portanto implica na sua participação e compromisso. Trata-se de um processo dinâmico, multideterminado e de co-responsabilidade entre o paciente e a equipe de saúde. O cumprimento da terapia são os indicadores para avaliar a adesão, sendo os seus métodos diretos (monitoramento da concentração plasmática do fármaco ou seus metabólitos, parâmetros clínicos) ou indiretos (auto-relato, contagem das formas farmacêuticas, retirada ou dispensação de medicamentos). (Polejack, Seidl, 2010) DADOS EPIDEMIOLÓGICOS 2004-2009 DA NÃO ADESÃO, Adesão a TARV ≥ 95%* (75 – 100%); Medidas de adesão no Mundo (176): Autorrelato ( 125 [71%]); Registro de dispensação ( 30 [17,1%]); Contagem de pílulas (12 [6,8%]); Dispositivo eletrônico (7 [4%]); Nível sérico (1 estudo); Registro prontuário (1 estudo). Metanálise Brasil (n=13) ≈ 34,4% (27,5 – 42,1%). Bartlett JA. Addressing the challenges of adherence. J. Acq. Immun. Def. Synd. 2002; 29 (Suppl. 1): 2–10. Brasil. Adesão ao tratamento antirretroviral no Brasil: coletânea de estudos do Projeto Atar, 2010. NÃO CUMPRIMENTO DA TARV Fatores estruturais: estruturais: Falta de recursos humanos nos serviços de saúde; Baixa qualificação técnica; Grande sobrecarga de trabalho (nº de pacientes/dia/profissional); Condições laboratoriais limitados; Local de retirada. *4 x ou mais a chance de não adesão. * Rev. Ass. Med. Bras.2009; 55 (2): 207-12. NÃO CUMPRIMENTO DA TARV Fatores sociodemográficos sociodemográficos:: Homens; Baixa escolaridade; Desempregados; Pobreza; Uso de drogas; Criminalidade; Perda de membros em função da Aids. NÃO CUMPRIMENTO DA TARV Fatores econômicos econômicos:: Maiores custos com pacientes não cumpridores Usa mais os serviços (consultas); Mais hospitalizações. Menores custo-efetividade* * Rev. Esp. Salud Publica 2006; 80: 41-54. NÃO CUMPRIMENTO DA TARV Motivos:: Motivos Uso abusivo de substâncias psicoativas (álcool); Esquecimento; Ausência de compreensão dos benefícios do tratamento; Regimes complexos (IP); Tempo de terapia. Bastos FI et al. AIDS in Latin American: assessing the current status of the epidemic and the ongoing response. International Journal of Epidmeiology. 37: 729-737; 2008. NÃO CUMPRIMENTO DA TARV Dificuldades: Dificuldades Rigidez do horário; Número de comprimidos, sabor, odor, tamanho; Alteração da rotina diária; RAM (dor no estômago e gosto ruim). NÃO ADESÃO X ADESÃO À TARV Discriminação e o preconceito (núcleo familiar); Desmotivação → “doença não tem cura”, “preguiça de tomar”; Lembrança da doença; Falta de sintomas. X Consequências da não adesão; Motivação → “vontade de vencer”; Superação das dificuldades. Kourrouski MFC, Lima RAG. Adesão ao tratamento: vivência de adolescentes com HIV/AIDS. Rev Latino-am Enfermagem 17 (6): 2009 LITERATURA SOBRE AF EM HIV/AIDS, NO BRASIL LITERATURA SOBRE AF EM HIV/AIDS, NO BRASIL UNESP ESTUDOS FARMACOEPIDEMIOLÓGICOS EM ARARAQUARA AVALIAÇÃO DO CUMPRIMENTO À TERAPIA ANTI-RETROVIRAL (TARV) E IDENTIFICAÇÃO DOS FATORES QUE INFLUENCIAM A ADESÃO, ARARAQUARA-SÃO PAULO/BRASIL Patrícia de Carvalho Mastroianni, Thais de Souza Cordeiro, Marisa Marques Monteiro. OBJETIVOS Avaliar o cumprimento da TARV em pacientes HIV/AIDS em Araraquara-SP/Brasil; e Identificar fatores que influenciam a adesão a TARV. MÉTODOS Estudo descritivo e transversal; Janeiro a Maio/2010 (95 pacientes ≥ 18 anos) Dados indiretos (bases de dados): Carga viral; Retirada de medicamentos (data Dispensação); Dados diretos (entrevista): Autorrelato de adesão “Simplified Medication Adherence Questionnaire (SMAQ)” (Knobel et al, 2002); Dificuldades de adesão (Remor et al, 2007); Critérios para cumpridores: Carga Viral ≤ 400 cópias/mL; Em SMAQ ≥ 95%; Retirada Mensal dos Medicamentos (atraso ≤ 2 dias). Knobel H et al. AIDS, v. 16, n. 4, p. 605-613, 2002. Remor E et al. Rev. Saúde Pública, São Paulo. v. 41, n. 5, 2007. RESULTADOS 98 pacientes → 75 (76,5%): Perfil: homens (41-55 anos [60,0%]) e estudaram até sete anos (45,3%). 10 pacientes Cumpridores em todos os critérios; Segundo a Carga viral – 60 pacientes (80,0%); Segundo o Autorrelato – 23 pacientes (30,6%); Segundo a Retirada – 22 pacientes (30,6% - Referente a 72 pacientes em que o dado pôde ser determinado). 15 pacientes Não cumpridores em todos os critérios: 25 pacientes Não cumpridores apenas segundo a Carga viral. RESULTADOS Fatores que podem influenciar o cumprimento Nada N (%) Pouco N (%) Regular N (%) Intensidade dos efeitos colaterais da TARV 48 (64,0%) Tempo que acredita ocupar tomando os medicamentos 71 (94,7%) Esforço necessário para seguir corretamente o tratamento 0 Benefício que o uso da TARV pode trazer à sua saúde 0 4 (5,3%) 7 (9,3%) 64 (85,3%) Melhora na saúde após o início da TARV 0 11 (14,7%) 4 (5,3%) 60 (80,0%) Capacidade de seguir com o tratamento 0 2 (2,7%) 1 (1,3%) 72 (96,0%) Informação que possui sobre os medicamentos 0 29 (38,7%) 24 (32%) 22 (29,3%) 13 (17,3%) 9 (12,0%) 2 (2,7%) 0 Muito N (%) 5 (6,7%) 2 (2,7%) 24 (32,0%) 13 (17,3%) 38 (50,7%) PERCEPÇÕES DO GRUPO Será que os indicadores são muito rígidos? Suspeita de Inefetividade Terapêutica (FV)? Os pacientes sabem que a TARV é benéfica à saúde, no entanto não sabem exatamente como (IE); Estratégias se fazem necessárias para aumentar a adesão/cumprimento da TARV de modo prospectivo e individual (estudo de coorte, semi experimental). INTERVENÇÃO FARMACÊUTICA NA TERAPIA ANTIRRETROVIRAL (TARV) EM PACIENTES NÃO CUMPRIDORES. Ingrid Stephanie Stein Ambiel Natália Corveloni Monteiro Rosa Camila Lucchetta Prof. Ms. Luis do Nascimento Ortega Prof. Dr. Patricia de Carvalho Mastroianni PLANO DE INTERVENÇÃO I Encontro II Encontro Avaliações: • Clínica; • Humanística; • Terapêutica. III Encontro IV Encontro V Encontro • Consulta ao banco de dados referente à carga viral e contagem de linfócitos CD4; • Aplicação de questionário de qualidade de vida específico para pacientes HIV+ (HAT-Qol) 1; • Retirada de Medicamentos; • Aplicação do questionário SMAQ 2; • Aplicação do formulário de atenção farmacêutica para anamnese e identificação de possíveis problemas relacionados ao uso dos medicamentos 3. 1 – De Soárez PC et al. Rev Panam Salud Publica. 2009; 25(1): 69–76. 2 – Knobel H et al. AIDS, v. 16, n. 4, p. 605-613, 2002. 3 – Machuca M et al. Granada, Espanha: Universidade de Granada, 2004. PLANO DE INTERVENÇÃO I Encontro II Encontro Avaliações: • Clínica; • Humanística; • Terapêutica. III Encontro IV Encontro V Encontro • Consulta ao banco de dados referente à carga viral e contagem de linfócitos CD4; • Aplicação de questionário de qualidade de vida específico para pacientes HIV+ (HAT-Qol) 1; • Retirada de Medicamentos; • Aplicação do questionário SMAQ 2; • Aplicação do formulário de atenção farmacêutica para anamnese e identificação de possíveis problemas relacionados ao uso dos medicamentos 3. 1 – De Soárez PC et al. Rev Panam Salud Publica. 2009; 25(1): 69–76. 2 – Knobel H et al. AIDS, v. 16, n. 4, p. 605-613, 2002. 3 – Machuca M et al. Granada, Espanha: Universidade de Granada, 2004. PLANO DE INTERVENÇÃO I Encontro II Encontro Avaliações: • Clínica; • Humanística; • Terapêutica. III Encontro IV Encontro V Encontro • Consulta ao banco de dados referente à carga viral e contagem de linfócitos CD4; • Aplicação de questionário de qualidade de vida específico para pacientes HIV+ (HAT-Qol) 1; • Retirada de Medicamentos; • Aplicação do questionário SMAQ 2; • Aplicação do formulário de atenção farmacêutica para anamnese e identificação de possíveis problemas relacionados ao uso dos medicamentos 3. 1 – De Soárez PC et al. Rev Panam Salud Publica. 2009; 25(1): 69–76. 2 – Knobel H et al. AIDS, v. 16, n. 4, p. 605-613, 2002. 3 – Machuca M et al. Granada, Espanha: Universidade de Granada, 2004. PLANO DE INTERVENÇÃO I Encontro II Encontro III Encontro Apresentação do plano de metas elaborado para cada paciente. IV Encontro V Encontro • Tabela e Diário para relato escrito da tomada da medicação; • Caixinhas para medicamentos ou porta-pílulas (pill box); • Alarmes ou bips sonoros; • Alteração no modo ou horário da tomada da medicação; • Recomendações nutricionais para atenuar sintomas gastrintestinais; • Exercícios físicos e alimentação saudável e equilibrada para prevenção e manejo da lipodistrofia. • Sugestão de moderação consumo de álcool. no PLANO DE INTERVENÇÃO I Encontro II Encontro III Encontro IV Encontro • Acompanhamento do plano de metas; • Esclarecimento de dúvidas; • Intervenção educativa sobre HIV/Aids. V Encontro PLANO DE INTERVENÇÃO I Encontro II Encontro III Encontro • Breve mecanismo de ação dos fármacos; • RAM; • Importância e vantagens do cumprimento da TARV. IV Encontro V Encontro • Acompanhamento do plano de metas; • Esclarecimento de dúvidas; • Intervenção educativa sobre a TARV. PLANO DE INTERVENÇÃO I Encontro II Encontro III Encontro IV Encontro • Avaliação das intervenções; • Consulta ao banco de dados referente à carga viral e contagem de linfócitos CD4; • Aplicação de questionário de qualidade de vida específico para pacientes HIV+ (HAT-Qol); • Retirada de Medicamentos; • Aplicação do questionário SMAQ; • Avaliação da Farmacêutica. satisfação da Intervenção V Encontro Avaliações: - Intervenções; - Clínica; - Humanística; - Terapêutica; - Satisfação. Desligamento. PLANO DE INTERVENÇÃO I Encontro II Encontro III Encontro IV Encontro • Avaliação das intervenções; • Consulta ao banco de dados referente à carga viral e contagem de linfócitos CD4; • Aplicação de questionário de qualidade de vida específico para pacientes HIV+ (HAT-Qol); • Retirada de Medicamentos; • Aplicação do questionário SMAQ; • Avaliação da Farmacêutica. satisfação da Intervenção V Encontro Avaliações: - Intervenções; - Clínica; - Humanística; - Terapêutica; - Satisfação. Desligamento. PERCEPÇÕES DO GRUPO Dificuldades: Dificuldades Compreensão x déficit cognitivo; Pacientes que não revelam sua doença a familiares e outros médicos; Importância de utilizar estratégias diferenciadas para promoção do cumprimento: Que permitam discrição da doença; Não prejudiquem a estabilidade dos medicamentos. É possível padronizar as intervenções e ao mesmo tempo atender às necessidades individuais individuais? Pesquisa X Extensão. 01 e 02 de novembro de 2011 Local: Auditório 109 (Faculdade de Ciências Farmacêuticas – UNESP/Araraquara) Palestrante: Dr. Manuel Machuca González Professor da Facultad de Ciencias Químicas Farmacêuticas da Universidad de Sevilla (Espanha). Práticas de atenção farmacêutica na pesquisa e ensino universitário da Universidade de Sevilla; Essência filosófica sobre a necessidade de otimizar a farmacoterapia; O processo assistencial: Discussão de casos clínicos e vídeos; Análise da relação terapêutica; Compromissos, Implantação, Docência e Investigação. Apoio: Realização: