FELIPE NYLAND Monitoramento durante o sono é um dos exames usados para detectar problemas Data No dia 17 de março, foi celebrado o Dia Mundial do Sono. Iniciativa da Associação Mundial de Medicina do Sono, ele é lembrado em cerca de 75 países e quer chamar a atenção para a importância do sono regular diário. Hábitos influenciam na hora de dormir Quando se trata de dificuldade para dormir, nem tudo se deve a problemas físicos: muitas causas têm a ver com hábitos e estilos de vida. – A insônia está aumentando nos últimos anos, e isso se deve ao aumento da pressão e da competição. Há também cada vez mais atividades para serem feitas 24h por dia. Outra causa é o abuso do uso de eletrônicos, a pessoa fica no Face, no iPad, mesmo quando não há necessidade, e isso atrapalha o sono – enumera a médica Luciana Palombini. Por isso, a especialista aconselha a diminuir os estímulos: – Uma hora antes de deitar, o ideal é desligar todos os eletrônicos, o computador. E a televisão, pelo menos uma meia hora antes de dormir. Então pode fazer uma coisa relaxante, como ler, em luz baixinha, luz amarela, até ficar com sono. Além disso, é preciso ir para a cama com sono – o que não é o mesmo que estar cansado, mas com o cérebro ativo, pois nesse caso o sono não vem, o que gera nervosismo e ativa ainda mais o cérebro. A cirurgiã-dentista caxiense Natalia Guerra, que trabalha desde 2009 com tratamento de ronco e apneia e está estudando o assunto no Instituto do Sono, aconselha quem está sem sono a se levantar, tomar um pouco de leite, ler e só voltar para a cama quando estiver sonolento. Outra dica, repetida por todos que trabalham com o assunto, é evitar substâncias estimulantes, como cigarro e café, depois das quatro ou cinco da tarde (para algumas pessoas, após as três já prejudica). Um ambiente adequado também é essencial, e isso inclui a chamada “higiene do sono”: evitar TV no quarto, não ter luzinha de nenhum aparelho no ambiente, não levar problemas para a cama e tentar dormir e acordar sempre no mesmo horário. Até mesmo o celular no Whatsapp ao lado da cama pode atrapalhar: – Tem de desligar tudo. Para liberação da melatonina (hormônio do sono), o cérebro tem de estar tranquilo – diz Luciana. DORMINDO MENOS Nas últimas décadas, o número de horas dormidas diminuiu cerca de uma hora no mundo todo. O problema, entretanto, não é o número de horas em si, mas quando essa diminuição acarreta em privação do sono, ou seja, não se dorme o suficiente para que o organismo se recupere. Embora a média de necessidade de sono dos adultos jovens seja de sete a oito horas, isso não é uma regra fixa: – Dormir maior ou menor número de horas vai depender da necessidade individual de sono, ou seja, há pessoas que podem estar satisfeitas após terem dormido, digamos, cinco horas na noite, o que seriam os chamados dormidores curtos. Por outro lado, existem aqueles que necessitam dormir nove horas toda noite, que são os dormidores longos – diz Eduardo Garcia, da Sonoclin. A faixa etária também influencia: enquanto bebês dormem de 14 a 16 horas, com a idade essa necessidade vai diminuindo. Depois dos 65, há ainda a tendência a acordar mais durante o sono, o que faz parte da variação normal, desde que 10 . ALMANAQUE . isso não acarrete consequências como cansaço. Há ainda aqueles que restringem o sono não por uma doença, mas por opção: poderiam dormir, mas preferem ficar acordados por terem muita coisa a fazer. Assim como nos distúrbios, isso pode acarretar prejuízos à saúde, até porque nunca se consegue recuperar totalmente o sono acumulado, mesmo dormindo mais horas aos finais de semana, por exemplo: – Você melhora um pouco da sensação de cansaço, mas não recupera o prejuízo ao longo dos anos. Com isso, aumenta do risco das doenças de que já falamos, como as cardiovasculares. O certo é dormir o suficiente, na rotina – alerta Luciana. MINIMIZANDO OS PREJUÍZOS Para quem trabalha à noite, Luciana aconselha a fazer o máximo para facilitar o sono durante o dia: manter um ambiente escuro, silencioso, e, quando preciso e sob orientação médica, repor melatonina. Vale ainda, antes de ir para o trabalho noturno, tirar um cochilo de cerca de meia hora (se o trabalho permitir, um cochilo programado de uns 20 minutos durante o plantão pode ser acrescentado). – Algumas pessoas têm mais facilidade para trabalhar a noite – diz a especialista. Para outras, nem tanto, e nesses casos o ideal é não fazer esse tipo de trabalho. Já aquelas atividades que exigem uma variação muito grande de horários – às vezes de dia, outras de noite, por exemplo – podem ser ainda mais prejudiciais, pois não permitem estabelecer uma rotina de sono adequada. 1º/2 ABR 17 Banho e leite Aquelas dicas caseiras de um banho morno ou um copo de leite podem ajudar, dizem os especialistas, pois ajudam a relaxar. No caso do banho, de uma a duas horas antes de dormir, ele também abaixa a temperatura corporal, o que é necessário para desencadear o sono. Da mesma forma, exercícios físicos regulares ajudam, desde que pelo menos seis horas antes do sono – muito próximo da hora de dormir, eles podem ter efeito contrário.