CONHECENDO MELHOR O SEU CÉREBRO Você acha esquisito dividir a noite de sono em duas partes? Pois saiba que antigamente era assim. Você pode salvar este artigo no seu computador e enviar para amigos POR DR. RICARDO A. TEIXEIRA T anto a ciência como a história nos mostra que o sono naturalmente se divide em duas partes. Antigamente dormíamos uma primeira parte por quatro horas e, após um intervalo de uma a duas horas, dormíamos um segundo período de quatro horas. Estranho? Esse também foi o comportamento das pessoas que participaram de um experimento conduzido na década de 1990 em que ficavam na escuridão completa por 14 horas consecutivas. Logo em seguida o historiador Roger Ekrich publicou outro estudo clássico, após 16 anos de pesquisa, evidenciando que era assim mesmo que as pessoas dormiam antes da fartura de iluminação. Roger chegou a essa conclusão no intervalo entre os dois sonos, pois nesse após análise de textos médicos antigos, estudos período a fertilidade seria maior. Outro dizia antropológicos de tribos mais modernas da que o intervalo era o melhor momento para se Nigéria e a própria literatura, incluindo a Odisseia estudar. de Homero, Dom Quixote de Cervantes entre outros. As referências dos dois sonos passaram a ficar cada vez mais raras a partir do fim do século No intervalo dos dois tempos, na “chuveirada”, XVII, coincidente com a iluminação das casas as pessoas faziam de tudo, desde visitar um e das ruas e da criação de estabelecimentos vizinho, fumar um cigarrinho, mas a maioria noturnos. A noite que era só para os malditos ficava na cama mesmo, lendo, fazendo sexo, (bêbados, criminosos, prostitutas), passou a refletindo ou rezando. Um manual médico ser um cenário de pessoas respeitáveis. Paris do século XVI recomendava que o casal em 1667 foi a primeira cidade a se iluminar e que quisesse fazer um filho deveria tentar dois anos depois foi a vez de Amsterdã. A noite CONHECENDO MELHOR O SEU CÉREBRO passou a ser fashion e passar a noite na cama passou a ser considerado uma perda de tempo. Umjornal médico em 1829 recomendava que os pais estimulassem os filhos a dormir num bloco só, um sono contínuo. Parece mesmo que acordar no meio da noite faz parte da nossa fisiologia normal. A ideia fixa de dormir num único round pode trazer angústia ao homem moderno e também vender bilhões e bilhões de medicamentos para “consertar” o sono. O intervalo entre os sonos pode ter sido importante para o equilíbrio psíquico, já que há muitos relatos que esse tempo era usado para refletir sobre os sonhos. Set 2013 Confira outros artigos acessando nosso site www.icbneuro.com.br SHLS 716 - Centro Clínico Sul - Torre II - 2º Andar - Sala 207 • 61 3346-5383 — 3346-9102