GT08 - Educação e sociedade Ivo Dias Alves[1] A educação como

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GT08 - Educação e sociedade
Ivo Dias Alves1
A educação como campo etnográfico: Peter Woods e a escola por dentro.
A
etnografia
é
um processo
guiado preponderantemente pelo
senso
questionador do etnógrafo. Deste modo, a utilização de técnicas e procedimentos
etnográficos, não segue padrões rígidos ou pré-determinados, mas sim, o senso que o
etnógrafo desenvolve a partir do trabalho de campo no contexto social da pesquisa.
Estas técnicas, muitas vezes, têm que ser formuladas ou criadas para
atenderem à realidade do trabalho de campo. Nesta perspectiva, o processo de
pesquisa será determinado explícita ou implicitamente pelas questões propostas pelo
pesquisador. (MATTOS, 2001, pg.1)
A etnografia é tão importante nas ciências sociais como nas demais ciências
humanas. As primeiras investigações desse tipo foram relatos de viajantes que embora
valiosos resultaram de observações espontânea e informais. A etnografia tem sido uma
“porta de entrada” para abordagens qualitativas e oferece condições privilegiadas para
que se perceba que nem sempre a ação dos atores sociais deriva “obrigatoriamente”
como reflexo de forças estruturais da sociedade. Por isso, o universo da surdez, do
ponto de vista etnográfica é visto também como sistema de significados mediadores.
O trabalho etnográfico é importante tratar em um ambiente de socialização onde o
individuo tem seu primeiro contato com aspectos que futuramente a criança terá na
sociedade que é a escola.
A inserção do pesquisador no grupo a ser estudado é de suma importância. A
coleta de dados da observação participante torna-se vulnerável a aceitação do
observador pelo grupo observado. O momento em que o pesquisador se inseriu na
realidade estudada e é aceito pelo grupo, não apenas como espectador, mas como
1
Bacharel em Sociologia e Política pela FESPSP- Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo – Mestrando em
Educação e Saúde na Infância e na Adolescência, pesquisador do GRUPESCI -UNIFESP e pesquisador convidado do Núcleo de
Antropologia Urbana - USP.
1
observador participante é de extrema relevância, pois identifica a aceitação preliminar
pelo método, sem o qual a pesquisa etnográfica não será possível.
“el etnógrafo tiende, pues, a representar la realidad estudiada, com toda sus
diversas capas de significado social em su plena riqueza e, por isso, las etnografias
típicas son muy detalladas y ricas, pues atraviesan la cascara de significados que
envuelve toda cultura. As, pues, los etnógrafos tratan de desembarazarse de toda
presuposición que puedan alentar acerca de la situación que estudian. Se introducen en
el “campo” para “observar” cómo ocurren las cosas em su estado natural com frecuencia
mediante su própria “participacíon” em la accíon, em calidad de miembros de la
organización o grupo.” (WOODS, 1987, pg.19)
Em relação ao diário – característico da pesquisa etnográfica – é composto de
fatos registrados e reflexões do pesquisador. É um instrumento necessário no qual
devem
constar
peculiaridades,
pensamentos,
impressões pessoais
sobre
os
envolvidos, do cenário, enfim, trazer a tona a subjetividade do contexto através da
percepção do pesquisador. É o relato da experiência do pesquisador, uma memória
que servirá de guia para a pesquisa.
Começando por uma análise do ensino enquanto ciência, Peter Woods passa
em revisão a perspectiva integracionista geral e o modo como ela se relaciona com as
tendências pós-modernas da investigação qualitativa. Esta abordagem é ilustrada com
referências à história pessoal e carreira de investigação do autor, bem como à sua
investigação recente sobre ensino criativo, incidentes críticos e reações dos
professores e alunos no ambiente escolar.
Além das considerações feitas sobre os instrumentos utilizados e o modo como
eles se relacionam com a pessoa do etnógrafo, a forma de representar este tipo de
investigação constitui um dos motivos de interesse desta pesquisa. Contudo,
independentemente
dos
modos
de
representação
selecionados,
serão
as
preocupações na interpretação do presente trabalho.
Neste quadro, constituem temas centrais a pessoa do etnógrafo na
investigação do ensino e novas formas de o representar, não esquecendo a ciência e
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a investigação relativas ao ensino; a investigação ao serviço do ensino e as utilizações
da investigação educacional; o trabalho colaborativo entre investigadores e
professores.
Todos aqueles que se preocupam com questões educativas encontrarão aqui
algo que lhes interesse, contudo os aspectos abordados têm particular relevância para
os que se interessam pela investigação qualitativa. Relacionam-se com questões
como objetivos da investigação, desenho experimental, carreiras de investigação,
acesso, recolha de dados, análise de dados, critérios de verdade, a relação entre a
teoria e os métodos de investigação e a escrita e sua divulgação.
A escola, portanto, também deve ser abordada em uma pesquisa antropológica
tendo a criança como ator social importante e relevante. Afinal, e pelo que vimos
até agora as crianças não apenas se submetem ao ensino, mesmo em suas faces mais
disciplinadoras e normatizadoras como criam constantemente sentido e atuam sobre o
que vivenciam. (COHN, 2005, pg.41)
A educação é uma das atividades básicas de todas as sociedades humanas, pois
elas dependem, para sobreviver, da transmissão de sua herança cultural aos mais
jovens. Toda sociedade, portanto utiliza os meios que julga necessário para perpetuar
sua herança cultural e treinar os mais jovens nas maneiras de ser e pensar o grupo.
O propósito da educação não e simplesmente contribuir para continuidade da
cultura, mas também modificar, de formar e pacificar, os fundamentos materiais da
civilização.
Visando transmitir ao individuo o patrimônio cultural para integrá-lo na sociedade e
nos grupos em que vive. Ela tem por objetivo, portanto, ajustar os indivíduos à
sociedade ao mesmo tempo em que desenvolve suas potencialidades e a própria
sociedade, a criança, por exemplo, se torna socializada desde pequena aprende as
regras de comportamento do grupo em que nasceu.
3
Na verdade, este trabalho busca fazer uma analise dos métodos de investigação
do sociólogo Peter Woods onde os problemas que ele aborda são problemas comuns
a muitos tipos de pesquisa. Nos últimos anos tem havido um grande desenvolvimento
da etnografia educacional.
A maioria dos etnógrafos defende a “observação participante”, que é sustentável
e comprometida, e requer que o pesquisador não apenas observe repetidamente, mas
também participe como um membro do grupo. A aproximação dos sentidos e da
organização social como tema de pesquisa a partir de uma perspectiva de dentro,
aprendendo a se tornar um membro do grupo, documentando e refletindo sobre o
processo. (CORSARO, 2010, pg.85)
Esta pequena pesquisa
tenta estudar, descrever os esforços e perseverança
necessária, e a sutileza e rigor que elas acarretam. Presta atenção especial à
disposição e atitude do etnógrafo, e o estilo deste tipo de investigação no ambiente
escolar e como a etnografia pode auxiliar profissionais de educação.
Referência Bibliografica:
BECKER, H. Métodos de pesquisas em ciências sociais. São Paulo: Hucitec, 1994.
CARDOSO, Ruth (org.) A Aventura Antropológica: Teoria e Pesquisa – Paz e Terra
Antropologia. 4 edição, São Paulo 2004.
CHARLOT, B. A etnografia na Escola. Em aberto, Brasília, 1992.
COHN, Clarice. Antroplogia da Criança – Ciencias sociais. Passo a Passo, Ed. Jorge
Zahar.São Paulo, 2005
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Ed. Jorge
Zahar,Rio de janeiro, 2007.
MATTOS, Carmen Lúcia Guimarães de. A abordagem etnográfica na investigação
científica, artigo retirado no site: www.inies.gov.br 16/09/10
MULLER, Fernanda. CARVALHO, Ana Maria Almeida (Org.) Teoria e pratica na
pesquisa com crianças: Diálogos com William Corsaro. São Paulo. Ed. Cortez,2009.
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PEIRANO, Marizo G. S. A favor da Etnografia. Rio de Janeiro: Relume:Duramá, 1995.
ROCKWEL,. E. Etnografia e teoria na pesquisa educacional. In. J. Expeleta & E. Rockwwell,
Pesquisa Participante. São Paulo: Cortez, 1986.
WOODS, Peter. La Escuela Por Dentro: Etnografia En La Investigacion Educativa, Editora:
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___________. Investigar a Arte de Ensinar . Coleção: Ciências da Educação - Século
XXI - Editor: Porto Editora. Portugal, 1999.
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