Funcionalismo 8ª Aula Profª Karina Oliveira Bezerra Funcionalismo • Nova abordagem • Os mentores dessa escola, ao proceder os estudos da cultura, passaram a preocupar-se não mais com suas origens ou sua história, mas com a lógica do sistema focalizado. • Ou seja, defendiam a visão sincrônica, procurando conhecer a realidade cultural em dado momento e a visão sistêmica, relacionando a sociedade a um organismo, a uma unidade complexa, a um todo organizado. • Qualquer traço cultural ou costume, qualquer objeto material ou qualquer ideia, como a escarificação, o fogo, uma peça de cerâmica, a noção de deus ou deuses etc., que existem no interior das sociedades, têm funções específicas e mantêm relações com cada um dos outros aspectos da cultura para a manutenção do seu modo de vida total. Os sociólogos franceses e a sua influência na antropologia • Influeciam, profundamente, os antropólogos britânicos do ínicio do século XX (como Malinowski e Radcliffe-Brown). • Émile Durkheim (1858-1917) Afirma a independência dos factos sociais (regras de comportamento, normas, critérios de valor, expectativas dos membros) relativamente à consciência dos indivíduos que formam a sociedade. • Na expressão da individualidade, quebramos as normas, quer por impulso, quer de forma calculada. • Relaciona o facto social com as necessidades que cumpre e satisfaz – função (exemplo: o castigo do delito, a divisão do trabalho). • Este autor estava preocupado com o problema da ordem e da estabilidade social e pelo modo como se poderia evitar a desintegração da sociedade, sob a pressão dos interesses egoístas dos seus componentes. • Marcel Mauss (1872-1950) estudou o intercâmbio de prendas como princípio das relações sociais, processo atualmente denominado “reciprocidade”. • O esquema da dádiva descrito por Mauss se insere numa espécie de “tríade” que explica um conjunto de obrigações, deveres e contrapartidas que ocorriam nas relações de trocas entre os nativos. Tal tríada é Dar, receber e retribuir. • A NOÇÃO DE PESSOA : A expressão da cultura do grupo, determinam atitudes individuais duráveis, para Marcel Mauss a formulação psicológica não é senão uma tradução, no plano do psiquismo individual, de uma estrutura propriamente sociológica. • A noção de pessoa estava intimamente ligada ao grupo, ao clã, não existindo ainda a noção de pessoa individualizada, de ‘eu’ como entidade única. Nesses povos, a partir de uma análise etnográfica e linguística, é possível perceber como os indivíduos quase sempre eram referenciados pelo grupo (clã) ou pela natureza (totem). • Nas sociedades tribais, são as coletividades como pessoas morais que se obrigam mutuamente, trocam e contratam. Bronisław Malinowski 1884-1940 • Teoria das necessidades humanas 1- primárias ou biológicas (nutrição, defesa, excreção etc.) 2- derivadas ou instrumentais (organização econômica, educação etc.) 3- integrativas ou sintéticas (magia, religião, arte etc.). • O homem, ao atender e satisfazer às necessidades primárias criadas pela própria natureza, constrói um ambiente secundário em resposta às exigências de sua própria sobrevivência. • A cultura é entendida como um todo vivo e interligado, de natureza dinâmica, onde cada elemento ou traço tem uma função especifica, a desempenhar no esquema integral. E não existe isoladamente. • Cada fato social é explicado por sua função de satisfazer as necessidades humanas. • Para ele “o conceito de necessidade é simplesmente a primeira abordagem para a compreensão do comportamento humano organizado. Tem-se afirmado que nem mesmo a necessidade mais simples, nem ainda a função fisiológica mais independente de influências ambientais, pode ser considerada completamente intocada pela cultura”. • Um instituição desprovida de função tende a desaparecer. Etnografia • Malinowski introduziu a ideia do trabalho de campo, com duração mínima de um ano (preferivelmente 2, com um intervalo para ordenar os resultados e ver que perguntas faltaram por fazer). • Antropologia apenas se tornou uma atividade “ao..ar..livre” quando a etnografia passou a existir a partir da ida do pesquisador a campo. • O etnógrafo deve analisar com seriedade e moderação todos os fenômenos que caracterizam cada aspecto da cultura nativa, sem privilegiar aqueles que lhe causam admiração ou estranheza em detrimento dos fatos comuns e rotineiros. Deve, ao mesmo tempo, perscrutar a cultura nativa na totalidade dos seus aspectos. A lei, a ordem e a coerência que prevalecem em cada um desses aspectos são as mesmas que os unem e fazem deles um todo coerente. O etnógrafo, por exemplo, que se propõe a estudar apenas religião, ou somente a tecnologia, ou exclusivamente a organização social, estabelece um campo de pesquisa artificial e acaba por prejudicar seriamente o Radcliffe-Brown 1881-1955 • As sociedades mantêm-se coesa por força de uma estrutura de normas morais e regras civis regulatórias do comportamento que são independentes dos indivíduos que as reproduzem. Estas normas e regras atuam então como uma espécie de ‘consciência coletiva’. Desse modo, o indivíduo submete-se aos desígnios da sociedade e é o seu produto. • Os indivíduos são apenas a expressão da estrutura social. • Considera não propriamente “necessidades”, mas fala em “condições necessárias de existência” para atender aos interesses de sobrevivência dos grupos. • Admitia a existência de culturas mais ou menos integradas. • Eunomia: integração social saudável • Disnomia: não integração