BOLETIM DE TECNOLOGIA DE LATICÍNIOS BRASIL Distribuição gratuita da Sacco Comércio, Importação e Exportação de Alimentos Ltda. • Ano X • Edição 40 • Abril/Maio/Junho de 2013. Brasil BRASIL anos Desde 2003 Espalhando cultura pelo Brasil BRASIL T EC N O L O G I A EM LATICÍNIOS Qualidade do leite para a produção de derivados: alguns pontos para reflexão. Efetivamente houve algum avanço nestes últimos anos, mas ainda hoje falta a uma parcela significativa das indústrias uma visão mais ampla do significado da expressão qualidade do leite. É algo difícil de se dizer, dificílimo de se aceitar, claro. Mas é o que ocorre na realidade. Essencial para a elaboração de produtos de qualidade e com o máximo de rendimento, a qualidade da matéria prima precisa ir muito além do que se considera hoje, razoável. Para avançar, dois pontos importantes precisam ser considerados, ou melhor, reconsiderados: a relação produtor/fábrica e ÷ os parâmetros de controles. ÷ Não resta dúvidas de que a relação produtor/fábrica, muitas vezes delicada, precisa evoluir na direção de um maior comprometimento entre as partes. A equação pode não ser tão simples, precisa ser superada e só será através dos mesmos esforços já realizados em outros países produtores. São esforços difíceis sim, leite mais limpo, mais rico produto de melhor qualidade, maior rendimento e valor de venda melhor remuneração às partes porém não mais do que aqueles que praticamente varreram das linhas de leite do Brasil, o velho latão. Com relação aos parâmetros de controle é preciso fazer mais que provas de acidez, densidade, gordura, EST, ESD, antibióticos e conservantes, por exemplo. Para avançar, é preci-so dar a devida importância aos controles de Contagem Bacteriana To-tal - CBT e de Contagem de Células Somáticas - CCS. Para avançar, é preciso introduzir o controle do teor de proteínas/caseína do leite como parâmetro determinante para a formação do preço da matéria prima. Isto é importante porque na fabricação de queijos, por exemplo, 80% da matéria seca do produto final é constituída de proteína e gordura. Entre as proteínas, a caseína é o principal componente. Logo, para se conseguir bom rendimento, a matéria prima deve ser rica, sobretudo em caseína. Vale ressaltar que as variações no percentual desta proteí-na, ainda que pequenas e aparente-mente sem importância, podem cau-sar prejuízos significativos, como evidenciam de forma simples e clara nos dados apresentados no quadro I. Observe que uma diferença de apenas 0,1% - 2,50 para 2,40% no teor de caseína do leite pode fazer variar em 20 Kg. a quantidade de queijo produzida com 10.000 litros de lei-te. O mais grave na questão proteí-ca é que nos últimos 40 anos, várias pesquisas foram feitas visando o aumento da produção de leite por vaca, porém, o teor de proteínas tem permanecido praticamente inalterado, o teor de caseína tem diminuído e o de proteínas solúveis aumentado. A conseqüência direta é a diminuição rendidimento. Minimizar variações, tanto de teor como das frações proteícas, é uma tarefa árdua por que a composição das proteínas varia em função de fatores como fase de lactação, alimentação do gado, genética do animal e saúde do úbere. Árdua, mas necessária para a melhor equalização do rebanho durante o ano, minimizar seus efeitos sobre a matéria minimizar seus efeitos sobre a matéria prima e por conseqüência na elaboração de queijos e também de outros derivados, como os leites fermentados. É neste momento que o controle da CCS ganha importância mais relevante e menos burocrática como quase sempre lhe é atribuída. É preponderante conscientizar-se de que a CCS, além de determinar o estado de saúde do úbere, pode indicar alterações importantes com relação às proteínas. A presença de um número elevado de células somáticas no leite promove a degradação proteolítica da caseína, reduzindo o rendimento queijeiro ou o corpo, a viscosidade e o sabor de um iogurte. Quando o leite é refrigerado, parte de uma fração de caseína, denomi-nada â-caseína, se solubiliza, ou se-ja, sai de dentro da micela que a pro-tege e fica mais exposta à ação e das enzimas produzidas por bactérias psicrotróficas e da plasmina; uma enzima proteolítica presente nas células somáticas. Com isto, ocorre maior proteólise do leite, aumentando a perda de proteínas no soro. Um bom exemplo foi identificado na fabricação de Minas Frescal, na qual foi observado um ganho de rendimento da ordem de 10% quando a CCS baixou de 1.250.00 para 90.000/ml. Em geral a CCS deve ser a menor possível. Em países com tradição queijeira é prática penalizar produtores que entregam leite com contagem superior a 200.000 CCS por ml nas fábricas. Segundo alguns Quadro I: Influência da variação do teor de caseína do leite no rendimento da fabricação de queijo Prato B A Teor de caseína 2,50% 2,40% Teor de gordura 3,20% 3,20% Rendimento - l/Kg 9,73% 9,92 Kilogramos de queijo 1.028 1008 Fabricação de 10.000 litros de queijo Prato com 44% de umidade. T EC N O LO GIA EM LATICÍNIOS BRASIL por ml nas fábricas. Segundo alguns estudiosos, quando o leite cru contém CBT - Contagem Bacteriana Total de até 104 UFC/ml, ou seja, menos que 10.000 UFC/ml, os microrganismos predominantes são os láticos. Porém, quando essa contagem ultrapassa 104 UFC/ml começa a predominar as indesejáveis psicrotróficas, que podem chegar a mais de 80% da microbiota quando a con-ir dimento. O período de lactação da vaca também influencia no equilíbrio de proteínas do leite. A tendência é de aumento do teor de gordura e proteínas no decorrer da lactação. Porém, quando a lactação já se encontra me estágio avançado, há uma diminuição no teor de caseína e aumento na CCS. Além disso, a coalhada obtida é mole, com dificuldade de sinérese, principalmente se eor Figura I: Evolução da contagem microbiana em leite cru a 4º C ufc/ml 100.000.000 10.000.000 1.000.000 100.000 10.000 7 0 1 tagem supera 10 UFC/ml, ou seja, maior que 10.000.000 UFC/ml. O grande problema não são as bactérias psicrotróficas em si, mas as enzimas que elas produzem que po-dem resistir até mesmo ao tratamen-to UHT. O ideal é produzir o leite em boas condições higiênicas e processá-lo o mais rápido possível. Caso contrário, a termização do leite a 63 64º C por 15 segundos na sua chegada à fábrica é uma excelente ferramenta de trabalho pois, o problema com os psicrotróficos se agrava com o tempo de resfriamento. Quando refrigerado cru por mais de 48 ho-ras, mesmo se mantido a 4ºC, a degradação das proteínas pelas enzimas e a contagem bacteriana aumentam consideravelmente, como ilustra a figura I. A termização elimina essas bactérias evitando a produção de mais enzimas até o momento da pasteurização e fabricação. Nesse cenário, há um “ganho” significativo de qualidade com melhoria de sabor, aroma, textura e ren- 2 Dias 3 4 houver um desbalanceamento na alimentação das vacas, muito comum nos longos períodos de estiagem. A gordura do leite deve estar o mais intacta possível, com baixo teor de ácidos graxos livres. Com efeito, eles +2 se ligam ao cálcio Ca reduzin-do as propriedades de coagulação, além de influenciarem negativa-mente no sabor, tornando-o rançoso. Em leite refrigera-do os problemas na gordura podem ser mais intensos, devido ao rompimento da membra-na que envolve e protege o glóbulo de gordura. A ruptura ocorre em fun-ção de ações mecânicas em geral, como por exemplo, agitação e bombeamentos inadequados ou excessivos, ou ainda pela ação de bactérias lipolíticas como as psicrotróficas. Para queijos com olhaduras por bactérias propiônicas ou de longa maturação, é preciso tomar muito cuidado com a contagem de bactérias esporuladas no leite. Elas podem causar estufamento tardio em queijos com prejuizos enormes. Existem várias formas de se evitar os proble-mas rias formas de se evitar os proble-mas causados por este grupo de microrganisnismos dentre os quais se destacam: uso de lisozima; æ microfiltração por membranas e æ bactofugação ou degerminação. æ Elas podem ser também a causa de sabor amargo em leites fermenta-dos. Outro grupo de bactérias natu-rais do leite que também poder in-terferir nas características sensoriais do queijo são as chamadas NSLAB - sigla da expressão inglesa “No Star-ter Lacticid Bacteria” ou Bactérias Láticas Não Oriundas do Fermento. Trata-se de um grupo grande de bactérias que pode variar de uma região para outra com muitas delas resistindo à pasteurização. As NSLAB interferem principalmente na maturação de queijos alterando seu flavor e textura. Podem causar sinérese e alteração de cor, com escurecimento de leites fermentados. Mais uma vez, destaca-se a importância da baixa CBT, diretamente associada à menor presença de NSLAB. Uma a-nálise qualitativa simples e de baixo custo para conhecer a microbiota presente é a realização do teste de lactofermentação do leite cru. De acordo com os resultados, pode-se realizar uma boa triagem do leite, direcionando-o para cada tipo de produto em função da microbiota predominante. Outra ferramenta pouco trabalhada no Brasil é o preparo do leite para fabricação de queijos. Existem várias formas de melhorar a qualidade do leite antes da coagulação, que não é somente a pré maturação com fermento e a adição de cloreto de cálcio. Recomenda-se a leitura dos Via Láctea de número 3, 5, 16 e 26 nos quais este tema já foi abordado. T EC N O L O G I A EM LATICÍNIOS BRASIL Y 450 B ABC 1 Y 450 B Y 450 B BLC 1 SAB 440 A LA 3 Y 456 B Y 470 E BLC 1 SAB 440 A Y 456 B Y 450 B Y 470 E SAB 440 A LA 3 SAB 440 A Y 472 E BGP 93 M 030 N MO 040 M 030 N PRN M 536 N M 536 N M 030 N PRN Y 456 B PRN PRN BLC 1 Produtos... Tecnologia... Comprometimento! M 536 N MO 040 M 030 N BLC 1 MO 040 Y 450 B M 539 N M 536 N PR N Y 472 E SAB 440 A MO 040 M 030 N MO 040 Y 470 E Y 456 B SAB 440 A LA 3 Clerici LH 591 Albamax LH 091 Albamax LH 591 ST 066 YH 092 F Clerici GCA Albamax MOS 066 B Clerici Albamax M 030 N Clerici SH 092 F ST 060 Clerici Albamax LH 091 Albamax Clerici SH 092 F LA 3 PCV 5 ST 066 YH 597 Albamax ST 060 BLC 1 SH 092 F PCV 5 DH 1 Clerici MO 040 GCA PCV 5 Clerici YH 598 LH 591 CLO M 036 N Clerici ST 060 CLO MO 040 M 030 N CLO Clerici Albamax ST 060 ST 060 DH 1 LH 591 YH 598 MO 032 ST 060 MOS 062 E MO 040 PB 1 SH 092 F MOS 064 C MOS 066 B ST 066 M 036 L PB 1 M 030 N MOS 066 B MOS 064 C PB 1 PB 1 ST 060 ST 060 LH 591 LH 091 LH 591 SH 092 F LH 091 ST 064 ST 060SH 092 F LH 091 YH 092 E YH 092 E LH 591 LH 591 YH 092E YH 092 E SH 092 F LH 091 M 036 L M 030 N SH 092 F SH 092 F LH 591 LH 591 SH 092F M 030 N MOS 062 E MO 046 Expediente: Produção: Sacco Com. Imp. e Exp. de Alim. Ltda. R. Uruguaiana, 1379 - Bosque 13.026-002 Campinas SP [email protected] www.saccobrasil.com.br Ambiente naturalmente Colaboração: João Pedro de M. Lourenço Neto Hans Henrik Knudsen Maria Tereza Cratiú Moreira Eduardo Reis Peres Dutra Patricia B. Mattos limpo... Microperfurada: forma com forma! Publicação trimestral Tiragem: 3.000 Publicação de distribuição gratuita Brasil Impressão: Personal Grafik Gráfica e Editora Ltda.