O histórico da evolução pedagógica revela que as investigações acerca do ensino e aprendizagem concentraram-se nas capacidades cognitivas e nos fatores motivacionais como os dois determinantes principais da realização escolar. As teorias recentes têm se preocupado com a interação entre o material a ser aprendido e os processos psicológicos necessários para aprender, enfatizando o estudo sobre o modo pelo qual o aprendiz obtém, seleciona, interpreta e transforma a informação. A aprendizagem numa perspectiva cognitivo-construtivista é como uma construção pessoal resultante de um processo experimental, interior à pessoa e que se manifesta por uma modificação de comportamento. O principal objetivo da educação é o de levar o aluno com certo nível inicial a atingir um determinado nível final. Se conseguir fazer com que o aluno passe de um nível para outro, então terá registrado um processo de aprendizagem. Vygotsky (1991) afirma essa concepção ao definir o conceito de zona de desenvolvimento proximal, que nos remete ao papel dos educadores em proporcionar situações de interação tais, que despertem no educando motivação para interação com o objeto do conhecimento, com seus colegas e com os próprios professores. De acordo com Bock (1999), o processo de organização das informações e de integração do material à estrutura cognitiva é o que os cognitivistas denominam aprendizagem. Nesse caso, a aquisição do conhecimento implica em uma interação entre o material a ser aprendido e os processos psicológicos necessários para aprender, onde ocorre uma diferenciação entre a aprendizagem mecânica da aprendizagem significativa. Ausubel (1980) afirma que a aprendizagem significativa, ao contrário da mecânica, ocorre quando a nova informação é adquirida através do esforço deliberado por parte do aluno de relacionar a nova informação com os conceitos ou proposições relevantes preexistentes na estrutura cognitiva. Desse modo, as estratégias de aprendizagem são entendidas como ações mentais e comportamentais que propiciam aos alunos condições para atingir melhores realizações escolares, considerando-se que estas acarretam melhor qualidade de aprendizagem. Assim, apenas o esforço, a persistência e a tolerância à frustração do aluno ao realizar atividades escolares podem não resultar em aprendizagem de qualidade, se este não organizar esses aspectos motivacionais de forma a utilizar estratégias de aprendizagem. Para Vygotsky (1991), o pensamento propriamente dito é gerado pela motivação, isto é, por nossos desejos e necessidades, nossos interesses e emoções. Uma das grandes virtudes da motivação é melhorar a atenção e a concentração. Nessa perspectiva, pode-se dizer que a motivação é a força que move o sujeito a realizar atividades. Para ter bons resultados acadêmicos, os alunos necessitam de colocar tanto a voluntariedade como habilidade, o que conduz à necessidade de integrar tanto os aspectos cognitivos como os motivacionais. Nas situações escolares, o interesse é indispensável para que o aluno tenha motivos de ação no sentido de apropriar-se do conhecimento. De acordo com Bock (1999), a preocupação do ensino tem sido a de criar condições tais, que o aluno “fique a fim” de aprender. Assim, ao sentir-se motivado, o aluno tem vontade de fazer alguma coisa e se torna capaz de manter o esforço necessário durante o tempo necessário para atingir o objetivo proposto. Além disso, a instrução em estratégias de aprendizagem abre novas perspectivas para uma potencialização da aprendizagem, permitindo aos alunos ultrapassar as dificuldades e conseguir obter um maior sucesso escolar. O professor, no entanto, deve utilizar as estratégias que permitam ao aluno integrar conhecimentos novos, utilizando para tal, métodos adequados e um currículo bem estruturado, não esquecendo do papel fundamental que a motivação apresenta neste processo. Desse modo, ao considerarmos que o ensino só tem sentido quando implica na aprendizagem, é necessário conhecer como o professor ensina e entender como o aluno aprende. Só assim o processo educativo poderá acontecer e o aluno conseguirá aprender a pensar, a sentir e a agir. Entretanto, não é suficiente apenas conhecer as estratégias para melhorar o rendimento escolar dos alunos. Faz-se necessário que os mesmos compreendam como e quando usá-las. Se por um lado, o ensino de estratégias de aprendizagem é capaz de melhorar consideravelmente o desempenho dos alunos, por outro lado, não há dúvidas de que a intervenção em estratégias de aprendizagem somente será eficaz para desenvolver a capacidade do aluno para aprender a aprender, se ao ensino de estratégias forem associadas estratégias de motivação. Considerando-se que não há aprendizagem sem motivação, o aluno estará motivado quando sentir necessidade de aprender o que está sendo tratado. Por meio dessa necessidade, o aluno se dedica às tarefas inerentes até se sentir satisfeito. Portanto, a motivação pode produzir um efeito na aprendizagem e no desempenho assim como a aprendizagem pode interferir na motivação. A psicologia cognitiva traz como principal característica a construção do conhecimento através do processamento de informações. Encontramse nesta abordagem diversas teorias que definem o processo de ensino e aprendizagem de formas distintas, considerando, entretanto, a relação do sujeito com o mundo externo para uma organização interna do conhecimento, ou seja, a organização cognitiva. Nesta perspectiva, o ensino e a aprendizagem são entendidos em um processo de interação e construção pessoal, resultando em uma modificação de comportamento. Destacam-se assim, alguns aspectos que influenciam neste processo, tais como a relação professor-aluno, motivações e estratégias utilizadas, aos quais determinam os caminhos a serem percorridos para a construção do conhecimento. Vygotsky, em sua teoria sócio-interacionista, afirma que o indivíduo constrói seu conhecimento a partir das relações intra e interpessoais, enfatizando a idéia de que o aprendizado é um processo profundamente social, baseado no desenvolvimento cognitivo mediado. Esta concepção nos remete à idéia de que as interações sociais do indivíduo são fatores essenciais para a construção do conhecimento. Entretanto, precisamos entender como ocorre este processo na perspectiva do ensino-aprendizagem, onde o professor, embora saiba que é preciso ensinar, na maioria das vezes não corresponde às expectativas de um ensino que torne o aluno cada vez mais ativo em seu processo de aprendizagem. Quando o professor tem a habilidade e competência de proporcionar as condições necessárias para o ensino, a probabilidade de sucesso é equivalente. Nesse sentido, ele deve se perceber como um organizador de situações didáticas e de atividades que tenham sentido para os alunos, envolvendo-os e, ao mesmo tempo, gerando aprendizagens fundamentais. É preciso entender que o ensino, assim como a aprendizagem, é uma realização pessoal e, por isso, não existem receitas, técnicas e metodologias que sejam eficazes para todos. Portanto, é imprescindível promover condições necessárias para a aplicação de estratégias de ensino especificas, as quais contemplem as peculiaridades de cada aluno. Desse modo, a aprendizagem ocorre no relacionamento do aluno com o professor e com outros alunos. Não existem habilidades gerais, portanto não há medida que possa mensurar essa transformação constante. É necessário, portanto, que o professor seja uma fonte de provocações, instigando o educando a questionar, inventar, pesquisar o conhecimento de acordo com sua modalidade de aprendizagem, para transformar-se em um facilitador do processo ensino e aprendizagem. O ensino deve apontar as experiências mais efetivas para implantar em um indivíduo a predisposição para a aprendizagem. Deve ser estruturado um conjunto de conhecimentos para melhor ser apreendido pelo estudante, deve citar qual a sequência mais eficiente para apresentar as matérias a serem estudadas e deve, finalmente, deter-se de uma teoria de instrução baseada na aplicação dos prêmios e punições, no processo de aprendizagem e ensino. Atualmente as investigações sobre a motivação para o ensino e aprendizagem têm sido objeto de pesquisa de educadores e psicólogos que com diferentes metodologias, têm revelado resultados importantes para a psicologia escolar e educacional no que diz respeito à mensuração da motivação para aprender dos estudantes. Por isso é preciso entender que o trabalho docente não está restrito a um conteúdo ou domínio deste. Trata-se de um processo que envolve diferentes elementos, entre eles professor e aluno na construção de saberes. A docência e a aprendizagem são ações cooperativas, colegiadas, coletivas. Ambas são singulares e recíprocas. A motivação no contexto escolar tem sido avaliada como um determinante crítico do nível e da qualidade da aprendizagem e do desempenho. Um estudante motivado mostra-se ativamente envolvido no processo de aprendizagem, engajando-se e persistindo em tarefas desafiadoras, desprendendo esforços, utilizando estratégias adequadas, buscando desenvolver novas habilidades de compreensão e de domínio. Apresenta entusiasmo na execução das tarefas e orgulho acerca dos resultados de suas habilidades ou conhecimentos prévios. Lidar com as necessidades e demandas internas e externas por diferentes estratégias implica em mudar hábitos de trabalho docente na educação, criar oportunidades para integração entre os membros do grupo, proporcionar situações reais de atuação, usar o espaço escolar para dinamizar as aulas, motivar os alunos a se dedicarem a seus estudos na busca de uma profissão competente e co-responsável pela sociedade, e ainda atualizar currículos. Isso sim motiva, pois traz um sentimento de “aprender de verdade”, como parte integrante do universo profissional. No entanto, é sabido que as escolas públicas do Brasil estão longe de proporcionar tal realidade para seus alunos fazendo assim com que todas as teorias de ensino e aprendizagem se tornem utopias, metodologias inviáveis para se aplicar na maioria das escolas públicas nacionais. O professor, sendo o elo entre os alunos e o conhecimento a ser adquirido, deverá valer-se de recursos que possam trabalhar esse diferencial da heterogeneidade e conseguir o melhor rendimento do grupo. É certo que a variável aluno é de fundamental importância, uma vez que trata-se de um elemento que em si apresenta diversificação ampla de características (idade, nível de conhecimento, situação econômica, objetivos etc.), pelo fato de tratar-se de turmas de naturezas diferentes. É necessário provocar os alunos a elaborarem soluções e não oferecer respostas prontas. Deve-se, ainda, instigar a curiosidade em aprender e despertar o prazer no aprender. Cabe ao professor conduzir essa relação de forma a otimizar as potencialidades de cada aluno. A relação aluno-professor deve ser uma relação de colaboração e apoio mútuo para o desenvolvimento de cada um. Precisa-se basear no respeito, dignidade, integridade, capacidade, abertura, amor e compaixão mútua. Os professores facilitadores da autonomia de seus alunos nutrem suas necessidades psicológicas básicas de autodeterminação e de competência, determinantes das modalidades auto-reguladas de motivação. Para satisfazer as necessidades dos alunos, os professores com esse estilo oferecem oportunidade de escolhas e de feedback significativos, reconhecem e apóiam os interesses dos estudantes, incentivam sua auto-regulação autônoma e buscam alternativas para leválos a valorizar a educação, em suma, tornam o ambiente de sala de aula principalmente informativo e lúdico. Assim, conclui-se que para que o aluno se sinta motivado em suas estratégias de aprendizagem, também é preciso oferecer estratégias de ensino e qualidade de vida, na finalidade de gerar expectativas positivas. Diante a este fato, evidencia-se que proporcionar um ambiente motivador para os educandos exige condições que na realidade brasileira quase nunca existem. Assim, é possível mensurar o desafio que é educar, porém, não se esgotam as possibilidades de uma prática de ensino para o desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem. Referências: AUSUBEL, David Paul. Psicologia Educacional. Ed. Interamericana. 1980. BOCK, Ana M. Bahia (org.) Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 1999. VYGOTSKY, Lev. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.