Instituto Tecnológico de Aeronáutica / Departamento de Matemática / 2o. Fund / 2009 . RESOLUÇÃO DA 2a PROVA DE MAT-42 Questão 1: (1.5) Mostre que a transformada de Fourier da função dada por e ajxj , 2a onde a é um parâmetro positivo, é a função dada por p e justi…que por 2 (a2 + ! 2 ) 2a que a transformada de Fourier da função p é a função e aj!j : 2 (a2 + x2 ) Resolução: Temos que F e ajxj = = = = Como Z 1 1 p 2 1 p 2 1 p 2 1 p 2 e x(a Z 1 Z 1 0 e ajxj e i!x dx eax e i!x dx + 1 e ax e i!x dx 1 0 Z 1 Z 1 au i( !)u e ax e i!x dx e e du + Z0 1 Z 10 e x(a !i) dx + e x(a + !i) dx 0 0 1 !i) dx = a 0 e Z lim e x(a !i e x(a !i) x!1 x=0 !i) = 0 ; x!1 pois lim e ax = 0 , para a > 0; e e i!x é uma função limitada, x 2 R, segue que x!1 1 F e ajxj = p 2 1 a !i + 1 1 2a =p 2 a + !i 2 a + !2 (Até aqui vale 0.8) (Erro de conta, ou na integração por substituição, ou falta da justi…cativa para o cálculo do limite quando x ! 1, descontar 0.2 cada). Por outro lado, como f (x) = e ajxj e f^(!) = p 2 2a são funções de classe L2 (R); (a2 + ! 2 ) vale a fórmula integral de Fourier: 1 f (x) = p 2 Z 1 1 1 f^(!)ei!x d! ; de onde Z 1 1 f ( x) = p f^(!)ei!( x) d! 2 1 Z 1 1 f^(!)e i!x d! = p 2 1 ^ = F f (!) (x) Como f é par, i.e., f ( x) = e aj temos que 1 e ajxj = p 2 xj = e ajxj = f (x) ; Z 1 1 p 2 2a a2 + 2 8x2R; e i xd Tomando x = ! 2 R e chamando a variável muda de x; Z 1 2a 1 aj!j p e i!x dx = F e =p 2 + x2 ) 2 2 (a 1 p 2 2a (a2 + x2 ) (!): (Escrever a fórmula integral de Fourier corretamente vale 0.3. A continuação correta do raciocínio, usando a paridade das funções, vale 0.4). 2 Questão 2: (3.0) Ao aplicar separação de variáveis a um problema de condução de calor unidimensional modelando uma barra longa e …na que está isolada nos lados e com uma extremidade mantida a uma temperatura …xa e a outra irradiando calor, obtém-se o seguinte problema de autovalor: y 00 (x) cos y(1) + sen y(x) = 0 ; y(0) = 0 ; y 0 (1) = 0 ; 0 < x < 1; 2 < 2 : (i) Diga quais são as principais propriedades dos autovalores e autofunções que você pode estabelecer a priori (i.e., antes de fazer qualquer cálculo). (ii) Encontre os autovalores e autofunções no caso em que > 0: (iii) Ache uma candidata a solução na forma de uma expansão em série de funções ortogonais para o seguinte problema não-homogêneo: y 00 (x) 2y(x) = f (x) ; 0 < x < 1; 0 y(0) = y (1) = 0 ; onde f (:) é uma função de classe C 1 (0; 1) dada. Resolução: (i) (Vale 0.5) É fácil ver que se trata de um problema de Sturm-Liouville Regular Ly = ry em subC 2 [0; 1] (de…nido pelas condições de fronteira), com Ly (x) = (p(x)y 0 (x))0 + q(x)y(x) p(x) 1 > 0 ; 8 x 2 [0; 1] ; de classe C 1 [0; 1]; q(x) 0 contínua em [0; 1]; r(x) 1 > 0 ; 8 x 2 [0; 1] ; contínua em [0; 1]: A teoria permite garantir a priori (cf. teorema visto em classe) que este problema possui um conjunto enumerável de autovalores reais f 1 ; 2 ; :::; n ; :::g, com autofunções correspondentes f 1 ; 2 ; :::; n ; :::g. Além disso, 1 < 2 < ::: < n < ::: ! 1, quando n ! 1, as autofunções (que são funções reais) correspondentes a autovalores distintos são ortogonais com respeito ao produto interno Z 1 h n ; m ir := r (x) n (x) m (x) dx 0 e vale a seguinte expansão em séries destas autofunções ortogonais: 8 f 2 C 1 (a; b), f (x) = 1 X n=1 onde n = n n (x) ; x 2 (0; 1) ; (convergência ponto a ponto) , hf; n ir : h n ; n ir 3 (ii) (Vale 1.5) Para > 0; digamos, = ! 2 para algum ! > 0, a solução geral da edo y 00 (x) y(x) = 0; 0 < x < 1 ; é da forma y(x) = A cos !x + Bsen !x. Aplicando a condição de fronteira y(0) = 0 resulta y(x) = Bsen !x : Com isto, a equação cos y(1)+sen y 0 (1) = 0 …ca sendo B(cos sen! + !sen cos !) = 0: < Para 2 satisfaça < 2 (1) , teremos soluções não-triviais se e somente se existe um ! > 0 que tan ! = ! tan Esta equação pode ser resolvida gra…camente para !. A …gura 1 mostra os valores dos coe…cientes tan ; para tan ß =2 < < =2: 8 6 4 2 -1.4-1.2-1.0-0.8-0.6-0.4-0.2 -2 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 ß -4 -6 -8 Figura 1. Grá…co tan para =2 < A …gura 2 mostra os grá…cos de f (!) = tan ! e g(!) = y < =2: ! tan para tan 2 1 2 3 4 5 6 7 -2 8 w -4 -6 -8 -10 -12 -14 -16 Figura 2. Soluções para tan ! = 4 ! tan para tan = 2: = 2: < < , a equação Gra…camente, portanto, podemos ver que para qualquer 2 2 tan ! = ! tan possui uma família in…nita de soluções positivas ! 1 ; ! 2 ; : : : ; ! n ; : : : tais que lim ! n = 1. Portanto, temos uma família in…nita de autovalores n = ! 2n com as n!1 autofunções correspondentes = sen ! n x n (x) Para = 2 ; n = 1; 2; : : : , a equação (1) resulta em ! cos ! = 0, o que resulta em 2 n = (2n 2 1) e 4 n (x) (Reparar que as expressões para 2 1 2 por exemplo, n = n ) 2 n = sen (2n 1) x 2 ; n = 1; 2; : : : podem ser dadas de forma diferente como, (iii) (Vale 1.0) Consideremos o problema não-homogêneo dado y 00 (x) 2y(x) = f (x) ; 0 < x < 1; 0 y(0) = y (1) = 0 ; P Vamos procurar uma solução expandida em autofunções na forma y(x) = 1 n=1 n n (x), onde iremos tomar as autofunções geradas pelo seguinte problema de Sturm-Liouville associado: achar tal que o problema com condições de fronteira y 00 (x) = y(x) ; 0 y(0) = y (1) = 0 ; (2) (3) 0 < x < 1; tenha solução não-trivial. porém, repare que este problema é exatamente o problema resolvido no ítem (ii) com = =2. Assim, 2 n = (2n 1)2 4 e n (x) = sen (2n 1) x 2 ; n = 1; 2; : : : (Até aqui vale 0.5) Introduzindo o operador L pondo Ly (x) := y 00 (x), o problema não-homogêneo pode ser P1escrito como Ly = 2y + f , de forma que assumindo uma solução na forma y(x) = n=1 n n (x) , com as n ’s determinadas acima, então ! 1 1 X X L = 2 n n n n+f n=1 1 X n=1 nL n = n=1 2 n n +f 2 n n +f n=1 1 X n n n n( n 2) = n=1 1 X 1 X 1 X n=1 n = f n=1 5 (4) Como f é de classe C 1 , ela admite uma expansão em série destas autofunções, a saber, f (x) = 1 X ponto a ponto, n n (x) n=1 com n < f; = < n; n > = n > R1 f (x)sen(2n 1) 2 xdx R1 sen2 (2n 1) 2 xdx 0 0 Substituindo em (4), …camos com 1 X n( 2) n n = n=1 1 X [ 1 X ; n = 1; 2; : : : n n n=1 n( n 2) n] n = 0 n=1 de onde segue da ortogonalidade das autofunções que n n = n uma vez que n ; 2 n( n 2) n = 0, ou seja, n = 1; 2; : : : ; 6= 2 para todo n: Assim, nossa candidata a solução é dada por y(x) = 1 X n=1 n n 2 sen(2n 1) x 2 (Erro de conta, ou não atentar para denominador se anular: descontar 0.2). 6 Questão 3: (2.5) Considere o problema u 2 C 2 ( ) \ C( ) limitada, uxx + uyy = 0 em ; u(x; 0) = f (x) ; x 2 R ; onde = f(x; y) 2 R2 = y > 0g e f é uma função contínua e limitada dada. Sendo dado que Z 1 2y e j!jy ei!x d! = 2 ; 8x2R ; y>0 ; x + y2 1 mostre que uma candidata a solução do problema acima é dada por u(x; y) = f y 1 onde Py (x) = : 2 2 R1 x +y f g (x) := 1 f (s)g(x x2R ; x2R ; Py (x) ; ; y>0 ; y > 0 ; é chamado de núcleo de Poisson, e s)ds: Questão bônus: mostre que se retirarmos a condição de u ser limitada, então o problema não tem solução única se f 0: Resolução: Aplicando a transformada de Fourier na variável x a 4u = 0, obtemos ! 2 u^(!; y) + @ 2 u^(!; y) =0 @y 2 u^(!; 0) = f^(!) ; e cuja solução geral é u^(!; y) = A(!)e!y + B(!)e !y e, pela fórmula integral de Fourier, a candidata à solução seria Z 1 1 u(x; y) = p u^(!; y)ei!x d!: 2 1 Para que u^(!; y) seja limitada quando y ! 1 (e consequentemente, u(x; y)), devemos ter u^(!; y) = C(!)e j!jy ; onde C(!) = B(!) ; se ! > 0; A(!) ; se ! < 0: Impondo a condição inicial resulta u^(!; y) = f^(!)e 7 j!jy : Assim, nossa candidata a solução é Z 1 1 u(x; y) = p f^(!)e j!jy ei!x d! 2 1 Z 1 Z 1 1 1 p = p f (s)e i!s ds e j!jy ei!x d! 2 2 Z 1 1 Z 11 1 = f (s) e j!jy ei!(x s) d! ds: 2 1 1 Como foi dado que Z temos que 1 u(x; y) = 2 Z 1 1 f (s) 1 (x 1 e j!jy ei!x d! = 2y ds = f s)2 + y 2 x2 2y ; + y2 Py (x) ; Questão bônus: Se f é identicamente nula, então u1 (x; y) são ambas soluções do problema. 8 x2R ; y>0 : 0 e u2 (x; y) = y (não-limitada)