O que é Deficiência Auditiva? Quais as suas causas? Qualquer distúrbio no processo de audição normal, seja qual for sua causa, tipo ou severidade, constitui uma alteração auditiva e deve ser evitada. As alterações chamam-se de deficiências. A deficiência auditiva pode ser congênita, ou seja, o indivíduo nasceu com a deficiência devido a malformações do ouvido, por fatores genéticos, doenças adquiridas pela mãe como rubéola e toxoplasmose que são transmitidas para o feto durante a gestação, ou pelo uso de medicamentos que afete o ouvido do bebê.Também pode ocorrer a deficiência no momento do nascimento devido a complicaçãoes e baixo peso ,ou, no decorrer da vida causada por infecções de ouvido, por doenças como Meningite, Caxumba, Sarampo, por uso de remédios. Esta deficiência é considerada adquirida. Como as deficiências auditivas são classificadas? As deficiências podem ser classificadas quanto à localização da lateração ("Tipo de Perda Auditiva") : - Perda condutiva: A alteração está localizada no ouvido externo e/ou ouvido médio. Na maioria dos casos, essas perdas podem ser reveríveis, após tratamento medicamen- toso ou cirúrgico.Um exemplo é a perda auditiva causada por infecções de ouvidos (Otites). · - Perda Neurossensorial: A alteração está localizada no ouvido interno, ao nível do Órgão de Corti, ou em fibras do nervo auditivo. Esse tipo é geralmente irreversível. Um exemplo é a deficiência auditiva causada pela Meningite. · - Perda Mista: A alteração está localizada no ouvido externo e/ou médio e ouvido interno. Esse tipo de deficiência auditiva pode ocorrer devido a fatores genéticos,onde o indivíduo tem uma malformação nos ossículos do ouvido médio e na cóclea. · - Perda Central: A alteração pode se localizar a partir do tronco cerebral até às regiões subcorticais e córtex cerebral. Quanto ao Grau de Comprometimento ("Grau da Perda Auditiva") O grau de deficiência auditiva é verificado por meio de testes onde são obtidos os limiares tonais, utilizando um instrumento , chamado de Audiômetro. Esses limiares tonais correspondem à menor intensidade de som que o indivíduo consegue ouvir. - Audição Normal: Quando o limiar tonal vai até 15dB. - Deficiência Auditiva leve: quando o limiar tonal está entre 15 e 30 dB. - Deficiência Auditiva Moderada: quando o limiar tonal está entre 31 e 60 dB. - Deficiência Auditiva Severa: quando o limiar tonal está entre 61 e 90 dB. - Deficiência Auditiva Profunda: qunado o limiar tonal está acima de 90 dB. OBS.: Iramaia tem deficiência NEUROSSENSORIAL, sendo severa no ouvido esquerdo e profunda no direito. Ela vai fazer o Implante Coclear no ouvidinho de maior perda auditiva, ou seja, no direito; a idéia é que o ouvido esquerdo seja estimulado o máximo possível para garantir uma audição bilateral, sabendo, óbvio, que o lado esquerdo vai ter a audição mais precária. O IMPLANTE COCLEAR O implante coclear é um dispositivo eletrônico de alta tecnologia, também conhecido como ouvido biônico, que estimula eletricamente as fibras nervosas remanescentes, permitindo a transmissão do sinal elétrico para o nervo auditivo, afim de ser decodificado pelo córtex cerebral. O funcionamento do implante coclear difere do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). O AASI amplifica o som e o implante coclear fornece impulsos elétricos para estimulação das fibras neurais remanescentes em diferentes regiões da cóclea, possibilitando ao usuário, a capacidade de perceber o som. Atualmente existem no mundo, mais de 60.000 usuários de implante coclear. FUNCIONAMENTO O implante coclear consiste em dois tipos de componentes, interno e externo. Para melhor compreensão será descrito separadamente. COMPONENTE INTERNO O componente interno é inserido no ouvido interno através do ato cirúrgico e é composto por uma antena interna com um imã, um receptor estimulador e um cabo com filamento de múltiplos eletrodos envolvido por um tubo de silicone fino e flexível. COMPONENTE EXTERNO O componente externo é constituído por um microfone direcional, um processador de fala, uma antena transmissora e dois cabos. A sensação auditiva ocorre em frações de segundos. Todo o processo iniciase no momento em que o microfone presente no componente externo capta o sinal acústico e o transmite para o processador de fala, por meio de um cabo. O processador de fala seleciona e codifica os elementos da fala, que serão reenviados pelos cabos para a antena transmissora (um anel recoberto de plástico, com cerca de 3mm de diâmetro) onde será analisado e codificado em impulsos elétricos. Por meio de radiofreqüência, as informações são transmitidas através da pele (transcutaneamente), as quais serão captadas pelo receptor estimulador interno, que está sob a pele. O receptor estimulador contém um “chip” que converte os códigos em sinais eletrônicos e libera os impulsos elétricos para os eletrodos intracocleares específicos, programados separadamente para transmitir sinais elétricos, que variam em intensidade e freqüência, para fibras nervosas específicas nas várias regiões da cóclea. Após a interpretação da informação no cérebro, o usuário de Implante Coclear é capaz de experimentar sensação de audição. Quanto maior o número de eletrodos implantados, melhores serão as possibilidades de percepção dos sons. ETAPAS ETAPA PRÉ CIRÚRGICA: Para a indicação cirúrgica do implante coclear é necessário que o indivíduo submeta-se a diferentes avaliações, que fazem parte da etapa pré-cirúrgica e que serão realizadas por médicos, fonoaudiólogas, assistentes sociais e psicólogas com o objetivo de definir a indicação do implante coclear. Realizado o diagnóstico diferencial da deficiência auditiva, torna-se de fundamental importância a seleção e indicação do AASI, anteriormente à indicação do IC, com o intuito de verificar-se os benefícios obtidos com o uso da amplificação no que diz respeito às habilidades auditivas. Nesta etapa além das avaliações dos aspectos funcionais relativos à audição, da determinação do tipo e grau da deficiência auditiva e da avaliação com AASI, é fundamental o estudo por imagem (tomografia computadorizada de cortes de 1 (um) milímetro de temporais nas posições coronal e axial e ressonância magnética dos temporais em 3 D). A importância de estudos por tomografia computadorizada de temporais com secções de 1mm de espessura, nas posições coronais e axiais, para constatar malformações cocleares, graus de ossificação labiríntica, principalmente em surdez pós-meningite. A tomografia computadorizada de alta resolução é útil para averiguar as estruturas ósseas do temporal, sendo de uso limitado para o estudo das estruturas não-ósseas, vias auditivas e tecido nervoso central. A ressonância magnética dá informações adicionais quanto ao grau de fibrose ou ossificação da cóclea e outras patologias do sistema nervoso central (Meira et al, 1998; Arriaga, Carrier,1996; Nikolopoulos et al,1997). A utilização da ressonância magnética em pacientes implantados tem atraído a atenção de vários autores, pois a presença do ímã no dispositivo interno impediria a utilização deste importante recurso diagnóstico. ETAPA CIRÚRGICA: A cirurgia do Implante Coclear é realizada para inserção do dispositivo interno (receptor-estimulador e cabo com filamento de múltiplos eletrodos). Após a inserção dos eletrodos já é possível a realização da telemetria de impedancio dos eletrodos e telemetria de respostas neurais (testes que permitem avaliar o funcionamento dos eletrodos na sala de cirurgia, ou seja, antes de fechar a incisão). E a radiografia intra-operatória.Antes da cirurgia, é realizada a tricotomia de aproximadamente dois dedos acima do ouvido. Após a cirurgia, alguns cuidados são necessários, até a alta médica completa, ou seja, no retorno para ativação, entre eles: Manter repouso no leito com a cabeça elevada a 30º nas primeiras 24 horas. Manter posição lateral, não deitar do lado operado durante 15 dias. Não molhar o curativo, não se deve lavar a cabeça nas duas primeiras semanas, quando lavá-la colocar um tampão, o ouvido operado não deverá ser molhado. Se tiver necessidade de espirrar, fazê-lo de boca aberta e assoar delicadamente o nariz usando soro fisiológico para a limpeza do mesmo. Proibir pegar peso e fumar. Evitar bebida alcoólica e queda. Não tomar sol durante 30 dias. Geralmente, a cicatrização completa ocorre entre 3 e 5 semanas após a cirurgia. No entanto durante este período, o indivíduo é capaz exercer suas atividades normalmente. Em condições ideais os pacientes permanecem de dois a três dias no hospital após a realização da cirurgia. Entre as complicações cirúrgicas descritas pela literatura científica internacional em pacientes submetidos à cirurgia para inserção do Implante Coclear incluem-se: • paralisia facial; • necrose tecidual no leito cirúrgico; • extrusão dos eletrodos; • mal posicionamento dos eletrodos; • presença de zumbido; • alterações vestibulares na primeira semana do pósoperatório; • e/ou defeito no componente interno. Após a cicatrização cirúrgica, o paciente retornará à equipe do Programa de Implante Coclear para ativação dos eletrodos. É recomendado que a ativação dos eletrodos ocorra aproximadamente, quatro semanas após a cirurgia. O acompanhamento pós-cirúrgico dos pacientes usuários do Implante Coclear é realizado por equipe interdistidisciplinar, devendo atender a retornos periódicos para avaliação otorrinolaringológica, mapeamento e balanceamento dos eletrodos, audiometria em campo livre, testes de percepção de fala, orientação fonoaudiológica, entre outros, de acordo com a necessidade e/ou etapa do tratamento. No momento da ativação e mapeamento dos eletrodos, serão realizados os ajustes necessários para que o processador de fala seja capaz de converter efetivamente a energia acústica em uma área dinâmica elétrica adequada para cada eletrodo. CUIDADOS Cuidados necessários para obter o funcionamento adequado do Implante Coclear, relacionadas aos aspectos ambientais: Radiação Eletromagnética (monitores de televisão e computadores em funcionamento, forno de microondas em funcionamento) Os usuários de Implante Coclear devem evitar a aproximação direta à monitores de televisão, computadores e forno de microondas quando os mesmos encontram-se em funcionamento, uma vez que a radiação eletromagnética presente nestes equipamentos pode ser capaz de alterar a função do circuito eletrônico do Implante Coclear e ocasionar alteração na qualidade do som e falha no envio da estimulação. Sistema de Vigilância Eletrônica (lojas, supermercados e grandes magazines) No momento em que os usuários de Implante Coclear passam com o dispositivo em funcionamento entre as barras de sistemas de Vigilância Eletrônica, presentes na grande maioria de lojas e supermercados, pode ocorrer uma sensação sonora distorcida. É aconselhável que o usuário desligue o processador de fala no momento em que ocorre a aproximação do sistema. Épouco provável que o Implante Coclear dispare o alarme presente nos sistemas de vigilância eletrônica. Sistema de Detecção de Metais (bancos, aeroportos, etc) Os materiais presentes no IC são capazes de ativar o sistema de detectores de metais. Assim sendo, o usuário deve apresentar a carteira de identificação do Implante Coclear fornecida pelo fabricante e entregue após a cirurgia. Vôos Aéreos Como solicitado para qualquer equipamento eletrônico, o processador de fala do Implante Coclear deve ser desligado durante o pouso e decolagem de aeronaves. Eletricidade Estática A eletricidade estática é definida como o acúmulo de carga elétrica em uma pessoa ou objeto, capaz de criar um campo magnético. Níveis elevados de eletricidade estática podem danificar dispositivos eletrônicos, inclusive o Implante Coclear. Os Implantes Cocleares apresentam um circuito protetor contra este tipo de eletricidade, oferecendo um alto grau de proteção. No entanto alguns cuidados devem ser tomados: Colocação de tela protetora para o monitor do computador Retirar o processador de fala no momento em que as crianças usuárias de Implante Coclear estão em contato com piscina de bolinha e escorregador de plástico. Ultrasom A utilização de ultrasom terapêutico está contra-indicada (proibida) em regiões próximas ao Implante Coclear. O ultrasom diagnóstico não oferece riscos aos usuários de Implante Coclear. No entanto, para a realização de qualquer procedimento que não seja considerado de rotina, é aconselhável que o usuário ou seus familiares, entrem em contato com a equipe do Programa de Implante Coclear. Raio X As doses de radiação utilizadas na radiologia médica não oferecem riscos aos usuários de Implante Coclear. No entanto, durante o procedimento, o componente externo do dispositivo deve permanecer desligado. Luz Ultravioleta A utilização de luz ultravioleta em clínicas odontológicas e camas solares não oferecem riscos aos usuários de Implante Coclear. Bisturi Elétrico ou Eletrocautério A utilização de bisturi elétrico ou eletrocautério em cirurgias está proibida em usuários de Implante Coclear. Para maiores informações, é aconselhável que o cirurgião entre em contato com a equipe de Implante Coclear. Ressonância Magnética Está proibido aos usuários de Implante Coclear tanto a realização da ressonância magnética, bem como a entrada em salas em que este procedimento é realizado. Em indivíduos usuários do sistema Nucleus 24, em situações em que se faz de extrema necessidade a realização deste procedimento, existe a possibilidade de remoção do magneto interno por meio de uma pequena cirurgia. MODELOS DE IMPLANTES COCLEARES Entre os implantes cocleares multicanais de gerações mais avançadas utilizados nos principais centros internacionais dedicados ao tratamento da surdez estão: Nucleus 24, desenvolvido na Austrália pela Cochlear Corporation; Combi 40 , desenvolvido na Áustria pela Med-EL; e Clarion, desenvolvido nos Estados Unidos pela Advanced Bionics. Os modelos diferem entre o número e configuração dos eletrodos, disponibilidade de telemetria e telemetria de respostas neurais (NRT), localização do microfone externo, design e tecnologia do processador de fala, estratégia de comunicação de fala, número e tipos de estimulação e sistema de programação. A Cochlear Corporation iniciou-se no mercado com o modelo Nucleus 22. Posteriormente, foram lançados os modelos Nucleus 24, Nucleus 24 M, Nucleus 24K, Nucleus 24 Contour e recentemente o Nucleus 3. Com os avanços tecnológicos, foi possível a miniaturização do processador de fala, como o uso do processador de fala modelos ESPrint e ESPrint 3G (retroauricular) . Nucleus® 24 Contour ESprint 3G Sprint Nucleus® A Med-EL inseriu-se no mercado com o modelo C 40 e em função dos avanços tecnológicos, estão disponíveis atualmente os modelos C40 S, C40 , também permitindo o uso de dispositivos externos retroauriculares. Med-EL®Combi 40 Med-EL® Tempo Med-EL® Tempo E a Advanced Bionics iniciou com o modelo Bipolar Enhaced, posteriormente foi lançado o modelo Hifocus e com avanços tecnológicos lançaram o modelo HiRes 90K. HiRes 90K Platinum HiRes Auria OBS.: Iramaia deverá usar o modelo Nucleus 24 (mostrado no primeiro quadrado), desenvolvido na Austrália pela Cochlear Corporation, pois é o que melhor se adapta à anatomia infantil e que dispõe de um número maior de eletroldos, ou seja: vai possibilitar que Iramaia possa identificar um número maior de frequências sonoras em tempos curtos – ela terá mais chances de desenvolver a capacidade de ouvir música, por exemplo!