12 | RInclusão DIÁRIO DO NORDESTE | FORTALEZA, CEARÁ - SÁBADO, 31 DE JULHO DE 2010 A FEDERAÇÃO das APAEs do Ceará apresenta o VII Festival Estadual Nossa Arte, amanhã, no Theatro José de Alencar, a partir das 17h. Esta edição conta com o patrocínio exclusivo da Fundação Edson Queiroz PIONEIRISMO HGF inicia implante de ouvido biônico em crianças FIQUE POR DENTRO Inovação Com recursos do SUS, o Hospital Geral de Fortaleza prevê a realização de 24 intervenções por ano MARCUS PEIXOTO Repórter O milagre do som. Mesmo favorecido pela ciência, veio como uma bênção para as crianças, Samuel Timóteo Alves, três anos, e Nicole Santiago, sete. Sem nunca ter escutado, elas foram contempladas, ontem, com os dois primeiros implantes artificiais, realizados pelo Hospital Geral de Fortaleza (HGF), com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). Denominado também de “ouvido biônico”, o primeiro implante no Ceará aconteceu ainda pela manhã, beneficiando o pequeno Samuel. À tarde foi a vez de Nicole. Ambos os pacientes deverão esperar ainda um período de 30 dias para a cicatrização e, em seguida, haverá o implante de instrumentos externos, que vão permitir a audição. Para o chefe do Setor de Otorrinolaringologia do HGF, Deodato Diógenes de Carvalho, trata-se de uma conquista importante não apenas para o hospital que foi credenciado pelo SUS, como também para uma demanda expressiva da população que nunca escutou. Já há uma lista de 90 pessoas cadastradas para o implante, embora o critério de seleção favoreça, prioritariamente, crianças com idade inferior a sete anos. A exceção será para surdez provocada por meningites, B I SAMUEL TIMÓTEO Alves, sete anos, foi o primeiro a receber o equipamento, implantado por médicos do Hospital Geral FOTO: THIAGO GASPAR que implica numa calcificação do aparelho auditivo. “Devemos atender aqueles que têm perda auditiva bilateral e, com a idade muito nova, possam, não apenas discernir os sons como também falar”, afirmou Diógenes. Nessa faixa etária, conforme salienta, ainda é possível fazer uma interpretação dos sons. A primeira cirurgia foi acompanhada por 18 pessoas, entre médicos e residentes, e levou quase quatro horas. O custo des- sa cirurgia em unidades particulares chega a R$ 90 mil, conforme Diógenes. A perspectiva é que o HGF realize duas cirurgias semelhantes por mês. As próximas estão marcadas para os dias 3 e 5 de agosto próximos. Diógenes explicou que não há uma certeza de se adquirir 100% da audição, mas há um ganho significativo na qualidade de vida para os beneficiados. Um outro momento da equipe multidisciplinar destinada a essa atividade será o trabalho a ser realizado pela equipe de fonoaudiólogo do HGF. A profissional em fonoaudiologia Emília Kelma Alves Marques explicou que houve um treinamento específico, baseado na experiência desenvolvida em outros centros do País, onde esse procedimento é executado. Já há 17 unidades de saúde com capacidade para realizar o procedimento. Elas estão no Distrito Federal e nos estados da Bahia, Pernambuco, Rio Gran- de do Sul, Rio Grande do Norte, São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Rio de Janeiro, credenciado este ano. No Brasil, foi desenvolvido há uma década e conta hoje com equipamentos produzidos pela indústria nacional. “Vamos obter resultados de audição tão logo seja completada a fase de implantação dos equipamentos internos e externos e iniciarmos o processo de adaptação”, disse Diógenes. Esse processo é essencial porque o paciente precisa aprender A DENOMINAÇÃO “ouvido biônico” consiste numa associação de materiais mecânicos adaptados à biologia do corpo humano, conforme explicou o médico Deodato Diógenes. O implante coclear é um equipamento computadorizado colocado dentro da cóclea, na parte interna do ouvido. Ele capta os sons e os transforma em sinal elétrico, que é interpretado no cérebro como estímulo sonoro. Além do dispositivo, o aparelho é composto por um processador de fala que fica fora do ouvido. É como se fosse um microfone captando o som do ambiente. O funcionamento do implante coclear é diferente do Aparelho de Amplificação Sonora Individual, uma vez que cria a possibilidade de o usuário perceber o som em vez de só aumentá-lo. O implante coclear é realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2000 e o Ministério da Saúde investe R$ 45,8 mil para o atendimento de cada paciente. O SUS fornece o ouvido biônico, uma prótese que é implantada por meio de cirurgia no ouvido de pacientes com deficiência auditiva. O equipamento auxilia o cérebro a interpretar os estímulos sonoros, devolvendo o sentido ao paciente a utilizar o equipamento no seu dia a dia. O HGF foi credenciado pelo Ministério da Saúde para realizar cirurgias para implante coclear em dezembro do ano passado. Depois de investimento de cerca de R$ 1 milhão, a previsão é de que sejam realizadas 24 cirurgias por ano. o COMENTE C [email protected] NEGLIGÊNCIA Bebê tem alta com clavícula quebrada Há nove dias o bebê S.G.M não para de chorar. Preocupada, a mãe B.G.M, 19 anos, foi ao Hospital Distrital Evandro Aires de Moura, mais conhecido como Frotinha de Antônio Bezerra, em busca de saber o motivo do constante choro do filho recém nascido, já que a amamentação estava regular e o menino não aparentava nenhuma enfermidade.“Quando cheguei no Froti- 361294030 361295516 nha os médicos mandaram bater um Raio X e identificaram que o meu filho estava com a clavícula fraturada”, disse. Os médicos tranquilizaram a mãe e perguntaram se ela não tinha sido informada pelos profissionais que fizeram o seu parto da possível quebra intencional da clavícula para facilitar a vinda do bebê. “De maneira alguma, ninguém me informou nada, e meu parto foi normal, sem complicações”, declarou. A partir da informação, a jovem e sua família ficaram indignados com a equipe do Hospital Nossa Senhora da Conceição, que realizou o parto, no último dia 21. “Tudo bem que esse tipo de fratura seja normal, porém eu não fui avisada de nada. Deixaram voltar para casa como se meu filho não sofresse de nada. Já pensou se eu o pegasse e de mau jeito e machucasse”, indagou a mãe. O diretor do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Pádua Martins, informou à reportagem, ontem à tarde, que somente na próxima segunda-feira poderia dar maiores informações a respeito do caso. Porém ele adiantou que esse tipo de fratura da clavícula em recém-nascidos é normal e pode ser intencional ou acidental, não necessitando nenhum tipo de cirurgia. “Somente munido do prontuário da jovem é que poderei dizer se foi realizada quebra da clavícula ou não”, explicou. o