Monografia Pós APH

Propaganda
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC
CENTRO EDUCACIONAL SÃO CAMILO – SUL
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM
CONDUTAS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO
ALICE NASCIMENTO SPÍNDOLA SAVI
ANÁLISE CRÍTICA DA LITERATURA SOBRE O PROTOCOLO
DE INTERVENÇÃO DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE
URGÊNCIA
CRICIÚMA, JUNHO DE 2008
ALICE NASCIMENTO SPÍNDOLA SAVI
ANÁLISE CRÍTICA DA LITERATURA SOBRE O PROTOCOLO DE
INTERVENÇÃO DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE
URGÊNCIA
Projeto de Pesquisa do Curso de Especialização Conduta de Enfermagem no
Paciente Crítico da USC - Centro Educacional São Camilo – SUL e UNESC
Universidade do Extremo Sul Catarinense, apresentado ao CEP da para
parecer e aprovação.
Orientador: Prof.(Dr, MS.). Maria Augusta da Fonte
CRICIÚMA, JUNHO DE 2008
Dedico este trabalho ao meu filho Júnior, pelo
seu
amor
e
carinho.
AGRADECIMENTO
A DEUS pelo Dom da Vida, pela Vocação de
Cuidar e a Missão de Salvar Vidas;
A meus familiares, pelo apoio, incentivo e
carinho.
“O destino do traumatizado está nas mãos de quem
faz o primeiro curativo. NICHOLAS SENN, MD (1844
– 1908)”
RESUMO
Em todo o mundo, o trauma vem preocupando as autoridades e os serviços de saúde.
Esta pesquisa teve por perspectiva relatar os protocolos de intervenção no atendimento
inicial à vítima de trauma, praticado pelos profissionais de saúde, no SAMU. A pesquisa
foi realizada por meio de levantamento teórico, delimitada a livros que abordassem os
protocolos de intervenção no APH. Acredito que os protocolos estabelecidos facilitam a
avaliação inicial, para o profissional do APH, pois é rápido e eficaz, podendo ser
colocado em prática com facilidade, e com grandes chances de um bom prognóstico.
Palavras-chave: Atendimento pré-hospitalar; trauma; protocolos de intervenção.
.
SUMMARY
All over the world, the trauma is worrying the authorities and the services of health. This
research had for perspective to tell the intervention protocols in the initial attendance to
the trauma victim, practiced by the professionals of health, in SAMU. The research was
accomplished through theoretical rising, delimited to books that approached the
intervention protocols in APH. I believe that the established protocols facilitate the initial
evaluation, for the professional of APH, because it is fast and effective, could be placed
in practice with easiness, and with great chances of a good prognostic.
Word-key: Attendance prehospital; trauma; intervention protocols
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APH – Atendimento Pré-Hospitalar
ATLS – Advaced Trauma Life Support
CFM – Conselho Federal de Medicina
COSEMS – SC – Conselho de Secretários Municipais de Saúde de Santa Catarina
EPI – Equipamento de Proteção Individual
LMET – Lincoln Medical Education Fundation
NAEMT – National Association of Emergency Medical Technicians
PAS – Pressão Arterial Sistólica
PASG – Calça Pneumática Antichoque
PHTLS – Atendimento Pré-hospitalar ao traumatizado
SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SAVT – Advanced Trauma Life Support
SUS – Sistema Único de Saúde
UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense
VA – Via Aérea
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................11
2. REVISÃO TEÓRICA...................................................................................................13
2.1 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR DE URGÊNCIA/EMERGÊNCIA....................13
2.2 HISTÓRICO DO ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA.....................................15
2.3 POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL: assistindo ao nascimento do Sistema
Único de Saúde e contextualizando o Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência.........................................................................................................................17
3.METODOLOGIA..........................................................................................................21
3.1 Abordagem metodológica......................................................................................21
3.2 Critérios para o levantamento teórico...................................................................21
3.3 Aspectos éticos.......................................................................................................22
4. ANÁLISE DOS DADOS..............................................................................................22
5. Analise dos Dados e Apresentando os Resultados...............................................23
5.1 Uma breve conversa sobre trauma........................................................................23
5.1.1 Classificação do trauma......................................................................................24
5.2 Os protocolos de intervenção dos serviços móveis de urgência e
emergência.....................................................................................................................25
5.2.1 Exame Primário....................................................................................................29
5.2.2 Controle da Hemorragia.......................................................................................34
5.2.3 Avaliando a Perfusão segundo NAEMT 2007....................................................36
6.Reanimação................................................................................................................40
7.Exame Secundário.....................................................................................................42
8.Os Princípios de Ouro do Atendimento Pré-Hospitalar ao Traumatizado............43
9.Considerações............................................................................................................46
10.REFERÊNCIA............................................................................................................48
1. - Introdução
Este projeto de pesquisa teve por perspectiva relatar os protocolos de
intervenção no atendimento inicial à vítima de trauma, praticados pelos profissionais de
saúde, no atendimento móvel de urgência e emergência.
Em todo o mundo, o trauma vem preocupando as autoridades e os serviços
de saúde, devido a sua alta estatística e hoje é considerado como um grande problema
de saúde pública.
Para combater esta triste realidade que o trauma representa a Secretaria de
Estado de Santa Catarina reuniu-se com o COSEMS-SC (conselho de Secretários
Municipais de Saúde de Santa Catarina) para implantar o Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (SAMU).
Este serviço é de suma importância para a população, pois muitas vidas
podem ser salvas porque muito pode ser feito no atendimento ao paciente crítico, antes
de chegar no hospital, aumentando a sobrevida e reduzindo as seqüelas físicas e
emocionais do paciente crítico e seus familiares.
O atendimento ao paciente vítima do trauma e urgências clínicas é realizado
por profissionais de saúde capacitados e seus atendimentos são prestados segundo os
protocolos de intervenção, adotados em todo o mundo.
Como sabemos o SAMU tem como finalidade diminuir o intervalo terapêutico
para pacientes vítimas de trauma e urgências clínicas, possibilitando maiores chances
de sobrevida
Os protocolos de intervenção utilizados pelos profissionais de saúde dos
Serviços Móveis de Urgência e Emergência são os do ATLS (Advaced Trauma Life
Suport).
Neste contexto, surgem inquietações que transformam em questões de
estudo:
O que preconizam os protocolos de intervenção dos Serviços Móveis de
Urgência e Emergência?
Houve alguma mudança recente nos protocolos de intervenção Serviços
Móveis de Urgência e Emergência?
Os protocolos preconizados são possíveis de ser realizados pelos
profissionais de saúde dos Serviços Móveis de Urgência e Emergência?
O protocolo de intervenção preconizado contribui na assistência as
urgências traumáticas e clínicas?
A partir da realidade , elaborou-se a questão norteadora para a pesquisa: O
que os protocolos de intervenção dos Serviços Móveis de Urgência e Emergência
preconizam?
Frente ao exposto nos propomos a analisar criticamente a literatura em
relação aos protocolos de intervenção dos Serviços Móveis de Urgência e Emergência.
Para tanto iremos:
Conhecer os protocolos de intervenção dos serviços móveis de urgência e
emergência;
Informar eventuais mudanças ocorridas nos protocolos de intervenção dos serviços
móveis de urgência e emergência;
Analisar os protocolos de intervenção dos serviços móveis de urgência e emergência
na assistência ao paciente crítico;
2. - Revisão Teórica
Busca-se, neste texto, refletir sobre os serviços de atendimento préhospitalar, que é hoje, uma inovação em nossos dias, utilizando-se como referência à
teorização sobre o atendimento pré-hospitalar de urgência e emergência, o histórico do
atendimento móvel de urgência, as políticas de saúde no Brasil e o contexto do serviço
de atendimento móvel de urgência.
A base teórica deste estudo será construída a partir de conceitos específicos
encontrados nas produções teóricas da enfermagem bem como, de outras áreas do
conhecimento com as quais a enfermagem possui transversalidade.
2.1 - Atendimento Pré Hospitalar de Urgência / Emergência
Antes de conceituar Atendimento Pré Hospitalar de Urgência e Emergência
faz-se necessário inicialmente conceituar “urgência” e “emergência”.
O Conselho Federal de Medicina, em sua Resolução CFM nº 1451, de
10/03/1995,conceitua:
Urgência: Ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco de
vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata.
Emergência: constatação médica de condições de agravo à saúde que
impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo
tratamento médico imediato (SANTA CATARINA, 200).
O Ministério da Saúde considera como nível pré-hospitalar na área de
urgência / emergência aquele atendimento que procura chegar a vítima nos primeiros
minutos após ter ocorrido o agravo a sua saúde que possa levar deficiência física ou
mesmo a morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento adequado e
transporte a um hospital devidamente hierarquizado. O principal objetivo deste
atendimento é diminuir o intervalo terapêutico para pacientes que sejam vitimas de
trauma e urgências clínicas, aumentando a chance de sobrevida, reduzindo seqüelas,
garantindo continuidade de tratamento com encaminhamento adequado conforme a
complexidade de cada caso. Este serviço é realizado por ambulâncias equipadas, com
profissionais habilitados para este tipo de assistência, que atendem no local da
ocorrência ou chamado de socorro, criando um grande elo entre os níveis de atenção a
saúde do indivíduo e comunidade. (SANTA CATARINA, 200).
Sabe-se, hoje em dia, que muito pode ser feito no atendimento pré-hospitalar
as urgências para diminuir o sofrimento, aumentar as possibilidades de sobrevivência e
reduzir seqüelas físicas e emocionais.
2.2 - Histórico do Atendimento Móvel de Urgência
Segundo ALEXANDER E PROCTOR (1995), antes de 1980, o atendimento
aos traumatizados nos Estados Unidos era superficial. Não existia em nenhum lugar do
mundo um programa padronizado de treinamento de médicos no atendimento aos
traumatizados. E como freqüentemente acontece, a mudança sempre acontece depois
de uma grande tragédia. Em fevereiro de 1976 ocorreu uma tragédia que mudou a face
do atendimento pré-hospitalar nos Estados Unidos, e conseqüentemente, em muitos
lugares do mundo. Um ortopedista, pilotando seu próprio avião, caiu numa plantação de
milho, na zona rural de Nebraska. O cirurgião e três de seus filhos sofreram
traumatismos graves, outro teve traumas leves. Sua esposa morreu instantaneamente.
A partir deste acontecimento, vários grupos se reuniram para discutir o tema,
como um grupo privado de cirurgiões e clínicos em Nebraska, a Lincoln Medical
Education Fundation (LMEF) e o Lincoln-area Móbile Heart Team Nurses, com ajuda do
Centro Médico da Universidade de Nebraska, o Comitê Estadual em Trauma do Colégio
Americano em Nebraska e os Serviços de Treinamento no Suporte Avançado ao
traumatizado. Uma combinação de palestras, associadas a demonstração de
procedimentos de reanimação e experiências práticas em laboratório, formaram o
primeiro protótipo do Curso de ATLS/SAVT (Advanced trauma Life Support/ Suporte
Avançado de Vida no Trauma) para médicos (ALEXANDER e PROCTOR, 1995).
Como sabemos as situações de urgência e emergência podem ser atendidas
nos hospitais, pronto atendimentos e unidades móveis de suporte básico e avançado
onde conforme o local e recursos disponíveis podem atender com uma equipe
multiprofissional e utilizar meios de transporte mais rápidos. As unidades móveis de
suporte básico e avançado permitem o atendimento pré- hospitalar e sua existência
está associada à ampliação e rapidez de atendimentos a agravos de saúde,
compreendendo a melhoria da saúde, nos aspectos de recuperação da saúde e
prevenção de complicações de agravos nas situações e emergência.(SANTA
CATARINA, 200-).
Antes da implantação do SAMU, o estado de Santa Catarina, disponibilizava
apenas do atendimento com suporte básico de vida no trauma , que era realizado pelos
Corpos de Bombeiros Militares ou Voluntários e Polícias Militares, Rodoviária Estadual
e Federal, com ausência da coordenação do gestor de saúde e de regulação médica,
onde levava a uma desconexão com a rede de saúde e acarretava no envio de todos os
casos atendidos para serem resolvidos na rede hospitalar. Não havia também unidades
móveis de suporte básico de vida para as urgências clínicas como não existiam também
, unidades móveis de suporte avançado de vida, tanto para os casos de urgências
traumáticas como para as urgências clínicas.(SANTA CATARINA, 200-).
2.3 - Políticas de Saúde no Brasil: assistindo ao nascimento do Sistema Único de
Saúde e contextualizando o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
A década de 1980, para as políticas de saúde, é inaugurada por uma
profunda
crise
financeira
da
Previdência
Social.
Isso
foi
conseqüência
da
universalização da cobertura, com muitas pessoas utilizando os serviços de saúde sem
a criação de novas fontes de financiamento que garantissem os recursos necessários
para atender toda a população (FIGUEIREDO, 2005).
Mas é nesta época também, que surge e se firma a Reforma Sanitária, que
foi representada por um movimento de professores, pesquisadores e intelectuais da
saúde cujos estudos criticavam os sistema de saúde existente, denunciando as
precárias condições de saúde de grande parte da população brasileira e apresentando
alternativas para a construção de uma nova política da saúde efetivamente democrática
(FIGUEIREDO, 2005).
A Reforma Sanitária Brasileira foi de suma importância pois serviu para
organizar o sistema de saúde precário e atender as necessidades da população. O
grupo de pessoas que liderou o movimento discutiu uma política de saúde, em que a
população fosse bem assistida e sem desigualdades, nesta assistência. Isso porque até
aquele momento da história os modelos de atenção em saúde não davam conta de
responder as necessidades sociais. Os índices de adoecimento e morte continuavam
elevados, o que contribuía com a revolta da população e com a necessidade da
reforma.
FIGUEIREDO (2005) comenta que para construir essa saúde democrática, a
Reforma Sanitária foi levada adiante por esses estudiosos, juntamente com os
movimentos sociais e os partidos políticos progressistas, onde juntos definiram as
diretrizes fundamentais da proposta de mudança das políticas e do sistema de saúde.
Figueiredo coloca a seguir as diretrizes:
O reconhecimento do direito universal à promoção ativa e
permanente de condições que viabilizem a saúde; A criação de um Sistema
Único de Saúde e responsabilização do Estado pela administração deste
sistema; A organização de um sistema de forma descentralizada, articulando
sua organização com a estrutura político-administrativa do país. (FIGUEIREDO,
2005, p. 60).
Sobre a década de 1980, MENDES (1998) comenta que nesta década outro
evento foi marcante. A Oitava Conferência de Saúde influenciou significativamente para
a criação do SUS, em 1988, com a descentralização da saúde e superação do modelo
vigente.
O sistema de saúde do Brasil foi estabelecido pela Constituição Federal de 05
de outubro de 1988, regulamentado pelas leis 8.080, de 19 de setembro e a 8.142, de
28 de dezembro de 1990, que prega a universalização do atendimento, a
descentralização com a municipalização dos serviços e a integralização das ações de
saúde.
FIGUEIREDO (2005) comenta que o SUS é um sistema único porque segue
a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo o território nacional,
sob o comando de três esferas autônomas de governo: federal, estadual e municipal.
Portanto o SUS não é uma instituição ou um serviço, mas um sistema com um conjunto
de unidades, serviços e ações que interagem para um fim comum Os elementos
integrantes do sistema referem-se às atividades de Promoção, Proteção e Recuperação
da Saúde.
O SUS tem como objetivo prestar assistência à população baseada no
modelo da promoção e recuperação da saúde, buscando os meios, processos,
estruturas e métodos capazes de alcançar tais objetivos com eficiência e eficácia e
torná-lo efetivo em nosso país. (SANTA CATARINA, 200-).
É bem verdade, no entanto que nas últimas décadas, observamos uma série
de avanços e retrocessos na política de saúde que provocaram sensíveis
transformações no setor e que culminou com o atual processo de construção do
Sistema Único de Saúde (SUS), forjado pelo movimento da Reforma Sanitária e
institucionalizado pela Constituição de 1998 (CORDEIRO, 2000).
Assim com a perspectiva de melhorar e modernizar a execução dos serviços
de urgência e emergência em saúde no Brasil, o governo Federal delineou uma nova
proposta de organização dos serviços por meio da construção de uma rede assistencial
hierarquizada, considerando a atenção pré-hospitalar fixa e móvel, a atenção hospitalar
e a atenção pós-hospitalar. Diante disso, a Secretaria de Estado de Santa Catarina
reuniu-se com os municípios para analisar e propor a implantação do Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência no Estado, baseando-se nas portarias 2048 de
novembro de 2002, 1863 de setembro de 2003 (SANTA CATARINA 200).
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência é um programa que tem como
finalidade prestar o socorro à população em casos de emergência/urgência, durante
vinte quatro horas por dia com equipes de profissionais de saúde como: médicos,
enfermeiros, técnicos de enfermagem e motoristas socorristas, atendendo as urgências
traumáticas, clínicas, pediátricas, cirúrgicas, gineco-obstétricas e saúde mental da
população, sendo realizado em qualquer lugar como: residências, locais de trabalho e
vias públicas. O socorro é feito depois da chamada gratuita, feita para o telefone 192
(SANTA CATARINA, 200-).
3. - METODOLOGIA
3.1 - Tipo de pesquisa
A pesquisa que foi realizada é de natureza teórica e conforme OLIVEIRA
(1998): “a pesquisa bibliográfica tem por finalidade conhecer as diferentes formas de
contribuição científica, que se realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno.”
Consiste em uma pesquisa descritiva de revisão sistemática sobre o tema em
questão.
3.2 - Critérios para o levantamento teórico
A pesquisa foi realizada por meio de levantamento teórico delimitada a livros
que abordam os protocolos de intervenção nos Serviços de Atendimentos Móvel de
Urgência, encontrados na Biblioteca Central da UNESC (Universidade do Extremo Sul
Catarinense), como também foi utilizada, a Apostila do SAMU do Governo do Estado de
Santa Catarina/ Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina.
3.3 - Aspectos éticos
A pesquisadora se comprometeu em referendar todas as obras consultadas e
utilizadas na elaboração deste estudo.
4 - Análise dos Dados
Os dados serão analisados de acordo com a técnica de análise de conteúdo.
Segundo BARDIN (1991, p.42), a análise de conteúdo pode ser definida
como "um conjunto de técnicas de análise da comunicação visando obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens,
indicadores (qualitativos ou não) que permitem a inferência de conhecimentos relativos
às condições de produção/recepção destas mensagens".
Os dados são tratados a partir de uma análise temática, através da qual os
elementos do texto são classificados num sistema de categorias definidas, após leitura
e releitura dos dados
5 - ANÁLISE DOS DADOS E APRESENTANDO OS RESULTADOS
5.1 – Uma breve conversa sobre o trauma
Ao pensar em trauma, automaticamente pensamos em uma ou mais pessoas
que sofreram um acidente grave. Mas para NAEMT (National Association of Emergency
Medical Technicians), que representa a “ BÍBLIA” dos socorristas do mundo todo, e
defini trauma como um “Incidente Traumático”, pois pode ser prevenido.
NAEMT explica porque o trauma não pode ser definido como acidente:
“...o trauma não é acidente, embora seja assim chamado. Um
acidente é definido como” um evento ocorrido por acaso ou oriundo de causas
desconhecidas” ou “ um acontecimento desastroso por falta de cuidado,
atenção ou ignorância”. A maior parte das mortes e lesões por trauma se
enquadra nessa segunda definição e pode ser prevenida”.
O termo trauma segundo o NAEMT (2007, pg. 18) é definido como “um
evento nocivo que advém da liberação de formas específicas de energia ou barreiras
físicas ao fluxo normal de energia.”
Existem cinco formas físicas de energia: mecânica, química, térmica, por
irradiação ou elétrica.
Exemplo de traumas decorrentes de energia mecânica: quando um motorista
sem cinto de segurança colide com o pára-brisa durante uma colisão de veículos.
Exemplo de traumas decorrentes de energia química: quando uma criança
curiosa bebe amônia encontrada em um armário destrancado na cozinha.
Exemplo de traumas decorrentes de energia térmica quando um cozinheiro
borrifa combustível fluido em carvão que está queimando em uma churrasqueira ao ar
livre e é atingido na face.
Exemplo de traumas decorrentes de energia por irradiação quando uma
pessoa se expõe de maneira exagerada em busca de um bronzeado dourado no verão
e acaba produzindo queimaduras solares na pele.
Exemplo de traumas decorrentes de energia elétrica: esse tipo de energia
destrói a pele, os nervos e os vasos sanguíneos. Acontece por exemplo quando um
socorrista que não fez uma avaliação apropriada da cena e que toca um veículo que
bateu em um poste de luz.
O NAEMT (2007) diz que o corpo precisa de elementos básicos, como
oxigênio e calor, para que possa produzir energia interna necessária para funcionar
adequadamente. O trauma acontece, quando ocorre alguma condição que impeça o
corpo de usar esses elementos. A asfixia e a hipotermia são traumas físicos que
resultam de uma interrupção do fluxo normal de energia do corpo.
5.1.1 - Classificação do Trauma
O trauma é classificado com base na intenção, podendo acontecer de forma
intencional ou não-intencional.
O trauma intencional acontece quando ocorre um ato de violência
interpessoal ou autodirecionado, como por exemplo homicídios, suicídios, violência
conjugal e guerras.
O
trauma
não-intencional
quando
ocorre
colisões
de
afogamentos, quedas e choques elétricos.
5.2 - Os Protocolos de Intervenção dos Serviços Móveis de Urgência e
Emergência
automóveis,
Entre os autores estudados, é de comum acordo, que no atendimento préhospitalar, a avaliação da cena, é a primeira parte do processo de atendimento ao
paciente. Garantir a segurança é a prioridade principal da equipe do APH, pois é vital
para a segurança do profissional que presta o atendimento, para o paciente e também
dos espectadores presentes no local do incidente.
O NAEMT (2007) e (SANTA CATARINA, 200-) dizem que os profissionais
têm três prioridades nos procedimentos iniciais nos casos de urgência e emergência
sendo eles:
1ª) Avaliação da cena;
2ª) Avaliação de cada paciente;
3ª) Avaliação quando a cena envolver mais de uma vítima.
A avaliação da cena consiste em certificar-se de que a cena seja segura e
considerar cuidadosamente a natureza exata da situação.Esta avaliação da segurança
e da situação da cena pode ser iniciada no trajeto até o local com base em informações
fornecidas pela central de regulação e quando a equipe se aproxima da vítima.
Na avaliação de cada paciente: a prioridade do atendimento deve ser
prestada aos pacientes mais graves primeiramente, devendo ser dada à ênfase na
seguinte seqüência:
a) condições que possam resultar em perda de vida; b) condições que possam resultar
em perda de membros e c) todas as outras condições que não ameacem a vida e nem
os membros.
Mas quando a cena envolver mais de um paciente, o profissional do APH
precisa classificar a situação ou como incidente com várias vítimas ou como incidente
com múltiplas vítimas (desastres). Em um desastre a prioridade muda: em vez de
destinar todos os recursos para o paciente mais grave, deve-se dirigi-los para o
salvamento de maior número possível de vítimas, fazendo portanto, o melhor pelo maior
número.
MANTOVANI (2005) ressalta cinco medidas que devem ser realizadas
seqüencialmente, tornando o resgate eficiente e seguro, influenciando na sobrevida do
paciente que são:
1ª) Avaliação da cena do acidente;
2ª) Garantia da segurança do local do acidente;
3ª) Utilização dos EPIs necessários;
4ª) Realização da triagem e do atendimento inicial;
5ª) Promoção do transporte rápido às unidades de referência.
Na avaliação da cena do incidente o autor justifica que a aparência da cena
cria uma impressão que influência todo o atendimento dos profissionais do APH. É de
suma importância avaliar o número de veículos envolvidos, determinar as forças que
atuaram em cada um e analisar o grau e o tipo de dano, como também, observar a
posição da vítima no local do incidente.
Nesse item o autor diz que a segurança da cena e do pessoal é de
responsabilidade dos profissionais do APH, aonde, ao chegar no local do incidente,
deverão identificar rapidamente as situações e os locais de perigo que possam oferecer
risco de vida.
MANTOVANI (2005) comenta:
“A garantia da segurança da equipe de resgate é imperativa, a fim
de não transformar em vítimas aqueles que estão no local para prestar socorro.
Isso é fator primordial para o atendimento na cena do acidente, visando à nãodispersão dos recursos de salvamento disponíveis para a ocorrência.”
(MANTOVANI, 2005,p.70)
MANTOVANI (2005) recomenda, que ao chegar no local do incidente, que
estacione a ambulância em local seguro, procedendo-se com a sinalização e se
necessário apoio de outras unidades.
Em incidentes que envolvem rede elétrica a área de perigo deve ser
estendida até o local onde os postes estiverem intactos e até a distância exata onde os
fios de alta tensão não possam representar perigo, devendo permanecer fora da área
de perigo até a companhia elétrica chegar no local. Quando, no acidente estiver
envolvido material tóxico, a ambulância deverá ser estacionada no sentido do vento,
devido ao risco de propagação de substancias tóxicas pelo ar.
Ao encontrar um veículo em chamas, ambulância deverá ser estacionada a
35 metros devido ao risco de explosão.
Em colisões com derramamento de combustíveis na pista, a ambulância
deverá ser estacionada longe do local atingido devido ao risco de explosão no momento
da ignição da ambulância.
Em acidentes automobilísticos deve-se identificar perigo de incêndio e a
presença de substancias tóxicas ou descargas elétricas como também a instabilidade
de postes, árvores, encostas, etc...
O reforço policial também deverá ser solicitado quando um incidente envolver
crime para segurança de todos e para preservar as evidencias.
Se o local do incidente apresentar potencial para intoxicação com baixos
níveis de oxigênio ou presença de material tóxico, solicitar pessoal treinado com
equipamentos apropriados de proteção e ventilação.
Os espectadores também podem oferecer perigo tanto a vítima quanto aos
profissionais pela hipótese de portarem arma de fogo, de que briguem entre si ou de
que tenham conduta alterada devido ao uso abusivo de álcool ou drogas ilícitas. Em
qualquer situação de perigo solicitar proteção policial.
A segurança do paciente deverá sempre ser mantida avaliando se o mesmo
está em perigo ou submetido a alguma condição capaz de agravar sua situação. É
função dos profissionais do APH tornar cena do incidente segura.
Quanto ao uso dos EPIs MANTOVANI (2005) comenta que a cena do trauma
é o local que mais expõe os profissionais do APH aos fluidos corporais (sangue, saliva)
e outros fluídos capazes de carregar germes por meio da solução de continuidade da
pele ou por meio dos olhos, nariz e boca.
Os EPIs padrão incluem óculos, máscara, luvas e aventais. A troca de luvas é
sempre necessária após o atendimento a cada vítima. Atentar também quanto às
agulhas e os materiais perfurocortantes, manuseando com o máximo de cuidado, nunca
recapar agulhas e armazenar contaminados em recipientes próprios.
Na triagem e no atendimento inicial MANTOVANI (2005) diz que é
fundamental saber o número de pacientes, dando prioridade aos mais graves. Se existir
muitos pacientes, devem ser iniciados os protocolos de atendimento a desastres, isto é,
o atendimento ao maior número de pacientes, onde os pacientes deverão ser
identificados. Em caso de inconsciência da vítima, a historia deverá ser coletada com as
testemunhas.
5.2.1 - Exame Primário
Após uma exaustiva leitura, todos os autores relatam que avaliar as
condições da vítima é de suma importância que o profissional do APH faça de uma
maneira rápida e eficaz, seguindo as normas e rotinas do ATLS, que traz o ABCDE do
trauma, desenvolvida pelo American College of Surgeons, que permite ao profissional,
reconhecer e estabelecer as prioridades de tratamento às vítimas, podendo ser
facilmente aplicada para prestar um atendimento de boa qualidade e segurança,a
acima de tudo, não causar mais dano.
NAEMT (2007) diz que a primeira meta na avaliação primária é determinar a
condição atual do paciente, desenvolvendo-se uma impressão geral do estado do
doente e estabelecendo valores basais para os estados respiratórios, circulatórios e
neurológicos do doente, com o intuito de identificar problemas externos em relação à
oxigenação, a circulação, a hemorragia ou a deformidades.
Para realizar a avaliação inicial é utilizado o ABCDE do Trauma, que é um
processo de cuidados com o traumatizado e que identifica as condições que ameaçam
a vida. O ABCDE do Trauma é composto de cinco etapas, nas seguintes ordens de
prioridades de atendimento:
A – Atendimento das Vias Aéreas e Controle da Coluna Cervical;
B – Respiração (Ventilação);
C – Circulação (Sangramento e Perfusão);
D – Incapacidade (Estado Neurológico);
E – Exposição e Ambiente.
Etapa A – Atendimento da Vias Aéreas e Controle da Coluna Cervical
O controle da vias aéreas ocupa um lugar de destaque no atendimento ao
paciente traumatizado. NAEMT (2007) diz que quando não se mantém uma oxigenação
e uma ventilação adequada, ocorre uma lesão cerebral secundária, agravando a lesão
cerebral primária causada pelo trauma inicial. Proporcionar controle adequado das vias
aéreas e da ventilação são etapas cruciais na redução da lesão cerebral global e no
aumento da probabilidade de um bom prognóstico, tornando-se um dos aspectos mais
importantes do APH.
MANTOVANI (2005) relata que o diagnóstico da permeabilidade das vias
aéreas pode ser feito pela resposta verbal adequada do paciente, onde uma resposta
inapropriada implica em obstrução das vias aéreas ou déficit neurológico.
Na procura de sinais de obstrução é de suma importância a visualização da
orofaringe, remoção de corpos estranhos, manobras para desobstruir a laringe,
podendo ser realizado com a elevação do queixo e anteriorização da mandíbula,
juntamente com o uso de cânulas orofaríngeas e nasofaríngeas, em pacientes
inconscientes, e a oferta de oxigênio a 12 litros por minuto.
SANTA CATARINA (200-) diz que o profissional do APH ao avaliar e ao
manipular as vias aéreas deve suspeitar de lesão medular. O movimento excessivo
pode causar quanto agravar lesões neurológicas.
MANTOVANI (2005) ressalta que para estabelecer uma via aérea pérvia, a
cabeça e o pescoço não devem ser hiperextendidos, hiperfletidos ou rodados.
NAEMT (2007) descreve as técnicas essenciais para obter uma via aérea
pérvia, que são: Desobstrução Manual das Vias Aéreas, Manobras Manuais, Aspiração,
Cânulas Orofaríngea e Nasofaríngea, Cânulas de Duplo Lúmen, Intubação Traqueal,
Intubação
Orotraqueal
e
Nasotraqueal,
Intubação
Face
a
Face,
Intubação
Farmacologicamente Assistida, Intubação Retrógrada, Intubação Digital, Máscara
Laríngea, Ventilação Percutânea Transtraqueal e Cricotireoidostomia Cirúrgica.
Quanto à imobilização da coluna cervical o método mais utilizado é o
emprego do colar cervical, que é um dispositivo que limita parcialmente a
movimentação do segmento cervical, mas não elimina completamente a movimentação.
Por isso, para assegurar melhor proteção e maior estabilidade a coluna cervical, é
utilizado coxins imobilizadores laterais. (MANTOVANI, 2005).
Etapa B – Respiração (Ventilação)
NAEMT (2007) relata que a avaliação e o tratamento da ventilação é um outro
aspecto fundamental da APH. O profissional do APH deve providenciar suporte
ventilatório e oferecer oxigênio para manter a saturação superior a 95%.
Pacientes apnéicos deve-se iniciar ventilação assistida com máscara facial
associada a um balão dotado de válvula unidirecional com oxigênio suplementar. Em
pacientes bradipnéicos oferecer suporte ventilatório, assistido ou total, com ambu
conectado à fonte de oxigênio (FiO2 > 0,85). Nos pacientes taquipnéicos deve ser
estimada a ventilação/minuto. Quando a VA do paciente estiver patente, continuar com
ventilação assistida e preparar a inserção de cânula oro ou nasofaríngea, intubação ou
outros meios de proteção mecânica da VA.
MANTOVANI (2005) destaca que as principais lesões ameaçadoras da vida a
serem identificadas são o pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, hemotórax
maciço e o tórax instável.
SANTA CATARINA 200- diz que o profissional do APH ao detectar ventilação
anormal deve expor, observar e palpar o tórax rapidamente. Deve também auscultar os
pulmões para identificar murmúrio vesicular anormal, diminuído ou ausente. Alerta
também a observar a normalidade da profundidade e a freqüência ventilatória, para
avaliar se o paciente está movimentando ar suficiente. Assegurar que o ar inspirado
contenha ao menos 85% de oxigênio. Para isso fazer uso da oximetria de pulso para
monitorar a oxigenação e manter a saturação de hemoglobina superior a 95%.
Etapa C - Circulação
No APH toda hemorragia externa requer atenção imediata do profissional,
pois é a causa mais freqüente de morte no paciente vítima de trauma.
NAEMT (2007) relata que na avaliação inicial do paciente traumatizado, o
socorrista deve identificar e controlar a hemorragia externa, e em seguida, pode obter
uma estimativa global adequada do débito cardíaco e do estado de perfusão.
MANTOVANI
(2005)
diz
que
depois
de
diagnosticada
a
alteração
hemodinâmica, além do controle das hemorragias esternas, é importante assegurar
acesso venoso por meio da punção de no mínimo duas veias periféricas com cateteres
de grosso calibre, de inicio nos membros superiores. Em seguida coletar amostras de
sangue para os exames laboratoriais de rotina ou que seja necessário para o cuidado
com paciente. Após a coleta de sangue iniciar administração intravenosa de fluidos com
soluções salinas balanceadas, sendo que a mais utilizada é o Ringer-lactato, devendo
ser infundido de maneira rápida em pacientes adultos.
5.2.2 - Controle da Hemorragia
No controle da hemorragia houve controvérsias entre os autores estudados.
Alguns autores justificam seus métodos utilizados, outros porém, somente descrevem o
método sem justificativas. Vejamos:
NAEMT (2007) descreve dois métodos para o controle da hemorragia que
são: Pressão Direta, que é exatamente o que o termo diz: aplicar pressão no local do
sangramento; e o Torniquete. Segundo o autor essa técnica é tida por muitos autores
como “último recurso”, mas a experiência militar no Afeganistão e no Iraque, onde
utilizaram o torniquete diariamente e com sucesso, pelos cirurgiões, levou-o a
reconsiderar esse método. NAEMT não recomenda o uso de “elevação” e pressão
sobre “pontos de pressão”, devido a insuficiência de dados que apóiem sua eficácia.
NAEMT (2007) faz a seguinte afirmação quanto ao uso dos torniquetes:
“Os torniquetes são muito eficazes no controle de hemorragia grave e devem
ser usados caso a pressão direta ou um curativo de pressão não consigam
controlar a hemorragia de uma extremidade’. (NAEMT, p.97).
Já OLIVEIRA (2001) descreve os seguintes métodos para o controle da
hemorragia, descritos a seguir.
Método da Pressão Direta; Elevação da Área Traumatizada; Pressão Digital
Sobre o Ponto de Pulso; Aplicação de Gelo e o uso do Torniquete. O autor recomenda
que o método da elevação da área traumatizada, deve ser utilizado juntamente com ao
da pressão direta, porém, é contra indicado em casos de fraturas, luxações ou de
objetos empalados na extremidade. Recomenda também que após controlar o
sangramento de extremidade, verificar a presença do pulso distal, caso contrario,
reajustar a pressão da bandagem, para restabelecer a circulação. Caso esses dois
métodos falarem o autor recomenda a Pressão Digital sobre o Ponto de Pulso, que
consisti em aplicar pressão com os dedos sobre os pontos de pulso de uma artéria
contra uma superfície óssea. O método da Aplicação de Gelo consiste no uso
compressas frias ou bolsas de gelo para diminuir o sangramento interno ou para
interromper sangramentos venosos e capilares. Quanto o uso do Torniquete o autor
relata que está totalmente fora de uso, pois pode levar à perda do membro. Ele, (o
autor), descreve que o uso do Torniquete, somente poderá ser usado, em casos de
destruição completa ou amputação de extremidades, com sangramento severo. Mas
mesmo diante dessas situações, o autor defende que a pressão direta e a elevação do
membro podem ser suficientes.
MANTOVANI (2005) recomenda para o controle da hemorragia, pela pressão
manual direta. Ele (o autor) defende que o uso de torniquete é contra indicado, pois
pode causar isquemia e aumentar o sangramento venoso.
Após o controle da hemorragia, NAEMT (2007) diz que o profissional deve
avaliar o estado circulatório geral do paciente, verificando o pulso, a cor, a temperatura
e umidade da pele e o tempo de enchimento capilar.
5.2.3 - Avaliando a Perfusão segundo NAEMT (2007)
Pulso: verificar a presença, a qualidade e a regularidade do pulso. A
presença de pulso periférico palpável também fornece uma estimativa da pressão
arterial. Essa verificação mostrará se o paciente tem taquicardia, bradicardia ou ritmo
irregular. Caso, o pulso radial, não for palpável em uma extremidade não lesada, indica
que o paciente entrou na fase descompensada de choque, sendo um sinal tardio da
condição grave. Se o paciente não possuir pulso carotídeo ou femoral, é indicação de
parada cardiorespiratória. No exame primário não é necessária a verificação da
freqüência do pulso exata.
Pele: Cor : a coloração normal da pele é rosada. Quando a pele torna-se
pálida é porque o sangue esta sendo desviado para alguma área. A pele azulada é
indicação de oxigenação incompleta. A pele pigmentada é difícil de diagnosticar. Para
superar esse desafio deve-se avaliar a cor do leito ungueal e das mucosas, para
superar esse desafio, pois as mudanças de coloração aparecem de inicio nos lábios,
nas gengivas ou nas extremidades dos dedos.
Temperatura: a pele fria indica perfusão diminuída, não importando a causa.
A avaliação é realizada tocando a pele do paciente com o dorso da mão. A temperatura
da pele é morna ao toque.
Umidade: Quando a pele está seca indica boa perfusão. Pele úmida é sinal
de choque e a perfusão diminuída.
Tempo de Enchimento Capilar: O tempo de enchimento capilar é avaliado
pressionando-se o leito ungueal. Tempo de enchimento capilar maior que dois
segundos indica que os leitos capilares não estão recebendo perfusão adequada.
Etapa D – Incapacidade (Avaliação Neurológica)
A avaliação neurológica é a próxima etapa do exame primário e consiste em
medir a função cerebral do paciente, tendo como objetivo avaliar o nível de consciência
do paciente e inferir o potencial de hipóxia.
Para se realizar essa avaliação é utilizada a Escala de Glasgow, que é um
método simples e rápido para determinar a função cerebral. A Escala de Glasgow é
composta por três partes: 1ª) Abertura Ocular; 2ª) Melhor Resposta Verbal e 3ª) Melhor
Resposta Motora. NAEMT (2007).
Segue abaixo um modelo da Escala de Glasgow
Abertura Ocular
Pontos
Abertura ocular espontânea
4
Abertura ocular sob comando verbal
3
Abertura ocular com estimulo doloroso
2
Sem abertura ocular
1
Melhor Resposta Verbal
Respostas adequadas (orientado)
5
Respostas confusas
4
Respostas inadequadas
3
Sons inteligíveis
2
Sem resposta verbal
1
Melhor Resposta Motora
Obedece a comandos
6
Localiza estímulos dolorosos
5
Retirada do estimulo doloroso
4
Responde com flexão anormal aos
3
estímulos dolorosos (decorticação)
Responde com extensão anormal aos
2
estímulos dolorosos (descerebração)
Sem resposta motora
1
Total
Fonte: NAEMT, 2007.p 98.
A avaliação é realizada por meio de pontuação do paciente, em um escore de
acordo com a melhor resposta para cada item da escala.
MANTOVANI (2005) descreve além da Escala de Glasgow, um acrônimo
AVDI, que significa A (Alerta), V(responde a estimulo Verbal), D (responde a estimulo
de Dor) e I (Inconsciente). É uma avaliação neurológica rápida, que verifica o nível de
consciência do paciente, o tamanho da pupila e sua reação.
Porem NAEMT (2007) diz que esse método (AVDI) não informa como o
paciente responde aos estímulos verbais ou dolorosos. Relata também que é pouco
preciso e que deve ser abandonado, pois a Escala de Glasgow é mais precisa e útil.
Os demais autores não descrevem sobre essa etapa em suas publicações.
Etapa E – Exposição e Ambiente
NAEMT (2007) descreve que é necessário tirar as roupas do paciente porque
sua exposição é importante para que sejam encontradas todas as lesões. Quando todo
o corpo do paciente for examinado, poderá ser coberto para manter o calor
corporal.devido ao risco de hipotermia, o autor recomenda que somente as partes
necessárias do paciente devem ser expostas quando o mesmo estiver em um ambiente
externo. Só depois dentro de uma unidade de emergência aquecida, o profissional do
APH poderá completar o exame recobri-lo o mais rápido possível.
MANTOVANI (2005) destaca que a hipotermia deve ser prevenida utilizandose cobertores aquecidos, fluidos intravenosos aquecidos antes da administração no
paciente e manter o ambiente aquecido.
NAEMT (2007) diz que as roupas devem ser removidas rapidamente e que o
profissional não deve ter medo de remover a roupa se este for o único meio pelo qual
podem ser completados a avaliação e o tratamento.
Portanto sabemos que na prática não é bem assim. Devemos tomar cuidado
na hora de cortar as roupas do paciente, de preferência cortar próximo as costuras,
para evitar aborrecimentos mais tarde.
6 - REANIMAÇÃO
Segundo NAEMT (2007) a Reanimação :
“...descreve as etapas de tratamento para corrigir problemas com risco de vida,
identificados no exame primário. A avaliação do PHTLS é baseada em uma
filosofia de “trate à medida que encontrar”, onde o tratamento é iniciado assim
que cada ameaça à vida é identificada, ou, então, o mais cedo
possível”.NAEMT (2007, p 99).
O PHTLS , segundo NAEMT (2007) defende uma filosofia de “intervenção
limitada no local”, focado na avaliação rápida para identificar as lesões com risco de
vida e na execução de intervenções que possam realmente melhorar o prognóstico do
paciente. As intervenções são as seguintes: cuidar das vias áreas e da ventilação,
controlar a hemorragia externa e imobilizar a coluna vertebral. Os traumatizados graves
devem ser transportados dentro de 10 minutos após a chegada no local “Período de
Ouro”, para o hospital mais próximo de referência, conforme os protocolos que
designam o melhor hospital de destino, para cada situação.
NAEMT (2007) diz ainda que a caminho do hospital, devem ser inseridos dois
cateteres de grosso calibre e começar a administração de preferência de Riger lactato,
devendo ser aquecidas para auxiliar na prevenção de hipotermia
MANTOVANI (2005) ressalta ainda, que a sondagem vesical e gástrica
devem ser consideradas como parte da fase de reanimação. O débito urinário é um
indicador da perfusão do traumatizado, e que também chama a atenção do profissional
do ATLS quanto à presença de hematúria. Mas a sonda vesical está contra indicada
nos casos suspeitos de lesão de uretra. A suspeita ocorre nos casos de sangue no
meato peniano, sangue no escroto, próstata alta e não palpável ao toque retal.
Quanto à sondagem gástrica, MANTOVANI (2005) diz que está indicada para
reduzir a distensão gástrica e para diminuir os riscos de aspiração. A presença de
sangue no aspirado gástrico pode representar sangue orofaríngeo, trauma na hora da
colocação da sonda ou lesões no próprio estomago. A sonda nasogástrica está contraindicada nos casos suspeitos de fratura de base de crânio. Nesta situação, utiliza-se a
via orogástrica.
7 - Exames Secundários
Para MANTOVANI (2005) o exame secundário só poderá iniciar quando
estiverem cumpridas três exigências: o exame primário houver sido completamente
realizado, a reanimação já estiver iniciada e após uma reavaliação das funções vitais
que demonstre tendência à normalização das mesmas.
NAEMT (2007) diz que o exame secundário é:
...”um exame físico sistemático, da cabeça aos pés, que serve para identificar
todas as lesões. Deve começar com uma historia AMPLA ( Alergias,
Medicações, Passado médico, Líquidos e alimentos ingeridos e Ambiente e
eventos relacionados ao trauma)”. NAEMT (2007, p.488)
Para OLIVEIRA (2001) o objetivo do exame secundário é de identificar lesões
que não foram identificadas no exame primário. E só iniciar depois de completada a
abordagem primária, examinando todos os segmentos do corpo, sempre na mesma
ordem: crânio, face, pescoço, tórax, abdome, quadril, membros inferiores, membros
superiores e dorso.
NAEMT (2007) faz o seguinte comentário sobre o exame secundário:
“No exame secundário, a abordagem “ver, ouvir e sentir” é usada para avaliar a
pele e tudo que ela contem. Em vez de olhar o corpo inteiro de uma vez, e
finalmente voltar para auscultar e palpar todas as áreas, o corpo é “explorado”.
As lesões são identificadas, e os achados físicos são correlacionados região
por região, começando pela cabeça e prosseguindo pelo pescoço, tórax e
abdome até as extremidades, concluindo-se com um exame neurológico
detalhado.” NAEMT(2007, p. 101).
Para NAEMT (2007) as frases seguintes expressam a essência do processo
inteiro de avaliação:
Veja, não apenas olhe.
Ouça, não apenas escute.
Sinta, não apenas toque.
NAEMT (2007) explica as diferenças entre os significados das palavras ver e
olhar e ouvir e escutar:
“A definição da palavra ver é “perceber com olho” ou “descobrir”, ao passo que
olhar é definido como “exercitar o poder da visão”. Escutar é definido como
“monitorar sem participação”, e ouvir é definido como “escutar com atenção”.
(NAEMT, 2007, p.101)
Nos traumatizados graves o exame secundário é realizado somente se
houver tempo e só depois de cuidar das lesões com risco de vida. o profissional do
APH deve reavaliar o paciente com freqüência, pois pode não ter lesões com risco de
vida inicialmente, mas vir a apresenta-los na evolução. NAEMT (2007)
8 - Os Princípios de Ouro do Atendimento Pré-Hospitalar ao Traumatizado
NAEMT (2007) em sua bibliografia descreve os período de ouro no
atendimento pré-hospitalar, onde o profissional do APH deve reconhecer e estabelecer
as prioridades de tratamento dos pacientes com lesões múltiplas, seguindo estes
princípios:
PRINCIPIOS DE OURO DO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR AO
TRAUMATIZADO
1 – Garantir a segurança dos socorristas e do paciente.
2 – Avaliar a situação para determinar a necessidade de solicitar outros recursos.
3 – Reconhecer a biomecânica envolvida nas lesões.
4 – Reconhecer as lesões com risco de vida já no exame primário.
5 – Cuidar das vias aéreas mantendo coluna cervical estabilizada.
6 – Providenciar suporte ventilatório e oferecer oxigênio para manter SaO2
superior a 95%.
7 – Controlar toda hemorragia externa significativa.
8 – Tomar todas as medidas iniciais para tratamento do choque, incluindo a
restauração e manutenção da temperatura corporal normal e a imobilização
adequada das lesões músculo-esqueléticas.
9 – Considerar o uso de calça pneumática antichoque (PASG) nos pacientes com
choque descompensado (PAS < 90 mmHg) e suspeita de fratura de bacia ou
hemorragia intraperitoneal ou retroperitoneal e nos pacientes com hipotensão
grave (PAS < 60mmHg).
10 – Manter a estabilização manual da coluna até que o paciente esteja
imobilizado em prancha longa.
11 – Quando se tratar de traumatizados graves, iniciar o transporte para o hospital
apropriado mais próximo dentro de 10 minutos apo´s chegar ao local.
12 – A caminho do hospital, iniciar a reposição de volume com soluções
aquecidas.
13 – Uma vez adequadamente tratadas ou descartadas as lesões com risco de
vida, obter a historia medica do paciente e fazer o exame secundário.
14- -Acima de tudo, não causar mais dano.
FONTE: (NAEMT, 2007, p.489).
9 – CONSIDERAÇÕES
O Atendimento pré-hospitalar é hoje uma grande valia para a pessoa
portadora de alguma patologia e/ou vítima de trauma. Proporciona a pessoa um
tratamento rápido e eficaz na cena do trauma e um transporte adequado até o ambiente
hospitalar, aumentando as chances de sobrevida.
O tratamento de uma vítima grave requer uma avaliação rápida da situação,
das lesões e a tomada de decisão quanto a medidas de suporte de vida. A abordagem
deve ser sistematizada.
Atuar na área da saúde, principalmente no APH, requer estudo,
conhecimento, perspicácia, tranqüilidade e acima de tudo, habilidade.
No APH o profissional deve dar ênfase, ao avaliar a vítima, à manutenção das
vias aéreas, ao controle de hemorragias e a imobilização da vítima até o hospital
apropriado mais próximo.
Os objetivos inicialmente traçados foram alcançados, uma vez que consegui
conhecer os protocolos de intervenção no atendimento inicial à vítima de trauma.
Acredito que os protocolos estabelecidos facilitam a avaliação inicial, para o
profissional do APH, pois é rápido e eficaz, podendo ser colocado em prática com
facilidade, e com grandes chances de um bom prognóstico.
É importante destacar a importância da educação continuada por parte dos
profissionais, é necessário o interesse pela leitura, em aprender todos os dias, o
conhecimento médico mais atualizado, em participar de eventos, palestras, enfim
sempre estar, reciclancando o conhecimento, para poder sempre estar preparado para
prestar um atendimento de boa qualidade aos nossos pacientes, oferecer o que há de
melhor em nós.
Os profissionais que atuam no APH devem em primeiro lugar “amar o ser
humano”, “amar a sua profissão”, ser experiente, e ter características especificas e
necessárias para um excelente atendimento.
10 - REFERENCIAS
ALEXANDER, Raymond H.; PROCTOR, Herbert J. Manual de Suporte Avançado de
Vida no Trauma. American College of Surgeons, 1995, 413 p.,il.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2004.223p.
FIGUEIREDO, Nébia Maria Almeida. Ensinando a cuidar em Saúde Pública. São
Caetano do Sul, SP: Difusão Enfermagem. Yendis Editora S. A., 2005 487 p.
MANTOVANI, Mário. Suporte básico e avançado de vida no trauma. Coordenador
acadêmico Marcello Frederico Santos Schmidt. São Paulo: Editora Atheneu, 2005.
MENDES, Eugênio Vilaça. Uma Agenda para a Saúde.S.P. 1999.
NAEMT. Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado / NAEMT (National Association
of Emergency Medical Technicians), [tradução de Diego Alfaro e Hermínio de Mattos
Filho]. – Rio de Janeiro : Elsevier, 2007 – 2ª Tiragem
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Saúde. Apostila do SAMU. Santa
Catarina, [200- ], 212p.,il.
OLIVEIRA, Beatriz Ferreira Monteiro. Trauma: atendimento pré-hospitalar / Beatriz
Monteiro Oliveira, Mônica Koncke Fiúza Parolin, Edson Vale Teixeira Jr; co-autores
Vinícius Augusto Filipak, Ricardo Rydygier de Ruediger, Sueli Bueno de Moraes Cabral.
– São Paulo: Editora Atheneu, 2001.
Download