SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA SOBRATI MARILDA PEREIRA MEIRA O TRAUMA EM GESTANTE E A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR JOÃO PESSOA - PB 2011 MARILDA PEREIRA MEIRA O TRAUMA EM GESTANTE E A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR Dissertação de Mestrado apresentado à Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva – SOBRATI, como exigência complementar para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva. Orientadora: Dda.Ma. Auxiliadora Freire Siza JOÃO PESSOA – PB 2011 RESUMO MEIRA, M. P. O Trauma em gestante e a assistência de enfermagem no atendimento pré hospitalar. João Pessoa, 2011._19p. Dissertação de Mestrado - Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva – SOBRATI. O trauma é a principal causa não obstétrica da mortalidade materno-fetal causando complicações em cerca de 6% das gestações. O atendimento pré- hospitalar caracterizase como um conjunto de medidas e procedimentos técnicos que objetivam o suporte de vida à vítima, podendo ser básico ou avançado, estabelecendo-se padrão vital que mais se assemelhe à normalidade, tendo como conceito supremo não agravar lesões já existentes ou gerar lesões que não existiam, bem como transportar a vítima para o centro hospitalar apropriado. A necessidade de atender usuários com tipos específicos de patologias levou o enfermeiro a dedicar-se a especializações, com aprimoramento científico e cultural. A assistência à gestante vítima de trauma requer do enfermeiro habilidades específicas para atender com qualidade o binômio. Nesta pesquisa buscamos analisar como é a assistência prestada pelo enfermeiro a gestante vítima de trauma no contexto pré hospitalar. Trata-se de um estudo exploratório descritivo com abordagem bibliográfica, realizado junto a base de dados indexadas: Sciello por meio de artigos online, bem como pesquisas no acervo bibliográfico da Universidade Federal da Paraíba. Ficou claro que o principal objetivo deste atendimento é diminuir o intervalo terapêutico para gestantes que sejam vitimas de trauma e urgências clínicas, aumentando a chance de sobrevida, reduzindo seqüelas, garantindo continuidade de tratamento com encaminhamento adequado conforme a complexidade de cada caso. Palavras Chave: Assistência de Enfermagem, Gestante, Trauma, ABSTRACT Trauma is the leading non-obstetric causes of maternal-fetal complications caused by about 6% of pregnancies. The prehospital care is characterized as a set of technical measures and procedures that aim at life support to the victim, may be basic or advanced, taking vital pattern most similar to normal, with the supreme concept does not aggravate injuries existing or generate lesions that did not exist, as well as transport the victim to the hospital proper. The need to meet users with specific types of pathologies led nurses to dedicate themselves to specialization, with scientific and cultural enhancement. Assistance to pregnant trauma victim requires special skills of nurses to meet the binomial quality. In this study we sought to analyze how the care provided by nurses to pregnant trauma victim in the run hospital. It is an exploratory descriptive approach literature, carried out with the database indexed: sciello through articles online as well as bibliographic research in the Federal University of Paraíba. It was clear that the main objective of this service is to decrease the therapeutic range for pregnant women are victims of trauma and emergency clinics, increasing the chance of survival, reducing sequelae, ensuring continuity of care with appropriate referral depending on the complexity of each case. Keywords: Nursing Care, Pregnancy, Trauma, SUMÁRIO INTRODUÇÃO..............................................................................................................5 CONTEXTUALIZAÇÃO..............................................................................................6 METODOLOGIA..........................................................................................................14 CONSIDERAÇÕES ......................................................................................................15 REFERÊNCIAS.............................................................................................................16 5 1 INTRODUÇÃO A incidência de traumatismos na gestação vem aumentando a cada ano acompanhando o aumento da violência urbana. A má distribuição de renda, urbanização e o desenvolvimento tecnológico contribuíram para aumentar as vítimas de acidentes de trânsito, no trabalho e as agressões interpessoais. Em conseqüência disso, o trauma no trânsito passou a ser a terceira causa global de morte na fase reprodutiva. De acordo com definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), a morte materna é aquela ocorrida durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, independente da duração ou da localização da gravidez, devido a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela , porém não devida a causas acidentais ou incidentais. É convencionado que uma gestante ou puérpera vitimada por trauma não entra no cálculo da razão de mortalidade materna. Estes óbitos são classificados como morte “não relacionada” ou “morte materna não obstétrica. A exclusão dessas mortes de cálculo da razão de mortalidade materna tem sido muito questionado, principalmente nos países desenvolvidos, onde a prevenção das causas diretas ( desencadeadas) e indiretas (agravadas) é eficaz. Sendo o trauma a principal causa de óbito nos primeiros anos de vida, representa portanto, um grande desafio para o país, promover políticas de prevenção, principalmente no que se refere aos aspectos sociais e econômicos.Os acidentes automobilísticos e as violências generalizadas configuram um problema de saúde pública de grandes proporções, pois tem elevado os índices de morbidade e mortalidade. O Brasil tem como meta para este milênio a diminuição dos óbitos de gestantes e parturientes em 75% até 2015, tomando como base para o cálculo, os dados de 1990, onde a taxa de mortalidade materna no Brasil é de 55,1 óbitos maternos por 100.000 nascidos. Excluindo portanto, os casos das gestantes vítimas de traumatismos. 6 2 CONTEXTUALIZAÇÃO A enfermagem é a ciência e a arte de assistir ao ser humano (indivíduo, família e comunidade) no atendimento de suas necessidades básicas. Destaca-se como característica da profissão a dimensão ampliada do assistir, ou seja, o enfoque não é a doença, mas a promoção, manutenção e recuperação da saúde do ser humano na perspectiva de sua família e comunidade (DUARTE, 2000). Conforme WALDOW (2005) “o cuidar parece deixar de ser um procedimento, uma intervenção para ser uma relação onde a ajuda é no sentido da qualidade do outro ser ou de vir a ser, respeitando-o, compreendendo-o, tocando-o de forma mais afetiva.” Observa-se que o cuidar não comporta somente a excelência na execução das intervenções de enfermagem. Mas, também a condição de que a cuidadora deverá em suas ações expressar a sua sensibilidade fazendo com que o ser cuidado perceba seu interesse e respeito, transmitindo-lhe segurança. Segundo o MINISTÉRIO DA SAÚDE (2003), o atendimento pré-hospitalar pode ser definido como a assistência prestada em um primeiro nível de atenção, aos portadores de quadros agudos, de natureza clínica, traumática ou psiquiátrica, quando ocorrem fora do ambiente hospitalar, podendo acarretar seqüelas ou até mesmo a morte. A finalidade do APH na assistência à pessoa que sofreu acidente, é mantê-la viva até a chegada ao local onde será possível curá-la, diminuir as seqüelas, possibilitando melhor qualidade de vida ou mesmo sua própria vida. Considerando que o objeto de trabalho é a pessoa vítima de trauma e o tempo para cumprir com sua finalidade é extremamente curto, torna-se necessário uma organização do trabalho no APH fundamentado no trabalho em equipe. (Pereira – 2009). 7 THOMAZ (2000) diz que: "o enfermeiro é participante ativo da equipe de atendimento pré hospitalar e assume em conjunto com a equipe a responsabilidade pela assistência prestada as vítimas. Atua onde há restrição de espaço físico e em ambientes diversos, em situações de limite de tempo, da vítima e da cena e portanto são necessárias decisões imediatas, baseadas em conhecimento e rápida avaliação". Várias são as motivações que contribuem para aumentar as vítimas no trânsito, no trabalho e as agressões interpessoais. A crescente participação da mulher na sociedade, a torna mais exposta a atropelamentos, acidentes de avião, atos de violência, acidentes de moto ou outro tipo de traumatismo, principalmente durante a gravidez, fato este que teve considerável aumento de sua incidência nos últimos anos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o trauma aparece como causa mais importante de etiologia não obstétrica na grávida. Apresentando uma incidência de 6 a 7% e a mortalidade fetal entorno de 70%. O trauma pode ser definido como um conjunto de alterações anatômicas e funcionais locais e ou gerais, provocadas no organismo através de meios violentos, seja por agressão (espancamentos, ferimentos por projétil de arma de fogo e arma branca) e acidentes como quedas e queimaduras. É classificado com base na intenção, podendo acontecer de forma intencional ou não-intencional. O trauma intencional acontece quando ocorre um ato de violência interpessoal ou auto direcionado, como por exemplo homicídios, suicídios, violência conjugal e guerras.O trauma não-intencional quando ocorre afogamentos, quedas e choques elétricos. NAEMT explica porque o trauma não pode ser definido como acidente: “...o trauma não é acidente, embora seja assim chamado. Um acidente é definido como” um evento ocorrido por acaso ou oriundo de causas desconhecidas” ou “ um acontecimento desastroso por falta de cuidado, atenção ou ignorância”. A maior parte das mortes e lesões por trauma se enquadra nessa segunda definição e pode ser prevenida”. A assistência de Enfermagem no atendimento pré hospitalar a gestantes vítima de trauma, deve observar antes de qualquer procedimento, o tipo de evento traumático, se colisão de veículos, atropelamentos, quedas, lesão por projétil de arma de fogo, lesão por arma branca. Geralmente o tratamento deve ser realizado no local da ocorrência do 8 fato. As condições maternas devem ser estabilizadas, assegurando sua vitalidade, enquanto ela é conduzida para o hospital. Para assistir uma grávida traumatizada a equipe de enfermagem deve ter conhecimento das alterações fisiológicas e anatômicas, seguindo a regra geral de abordagem a qualquer vítima de trauma. Existe porém, um cuidado maior, por se tratar de duas pessoas. Devemos, entretanto, ficar atentos com o estado hemodinâmico, uma vez que na grávida ao se instalar o choque se torna mais difícil o tratamento e que os danos no feto, como hipóxia e hipotensão que são alterações provocadas pela homeostase materna, poderão ser fatais. Como os acidentes geralmente ocorrem no último trimestre, com o útero mais volumoso, a mulher perde grande parte da sua agilidade física, sendo necessário cuidados redobrados neste período. O NAEMT (2007) diz que o corpo precisa de elementos básicos, como oxigênio e calor, para que possa produzir energia interna necessária para funcionar adequadamente. O trauma acontece, quando ocorre alguma condição que impeça o corpo de usar esses elementos. A asfixia e a hipotermia são traumas físicos que resultam de uma interrupção do fluxo normal de energia do corpo. O Ministério da Saúde considera como nível pré-hospitalar na área de urgência / emergência aquele atendimento que procura chegar a vítima nos primeiros minutos após ter ocorrido o agravo a sua saúde que possa levar deficiência física ou mesmo a morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento adequado e transporte a um hospital devidamente hierarquizado e integrado (Brasil, 2004, p.22). O principal objetivo deste atendimento é diminuir o intervalo terapêutico para pacientes que sejam vitimas de trauma e urgências clínicas, aumentando a chance de sobrevida, reduzindo seqüelas, garantindo continuidade de tratamento com encaminhamento adequado conforme a complexidade de cada caso. O Atendimento Pré-Hospitalar foi regulamentado pelo Ministério da Saúde, (Portaria nº 2048/GM de 5 de Novembro de 2002). reconhecendo o Médico, o Enfermeiro, o Técnico e o Auxiliar de Enfermagem como aqueles que têm efetiva competência para intervir na área; regulamentando o papel do Bombeiro Militar; dos demais profissionais da área de segurança (militares, rodoviários); eliminando o chamado Socorrista e Técnico de Emergências Médicas enquanto leigos. Está assegurada a obrigatoriedade do Enfermeiro, Técnico de Enfermagem e do Auxiliar de Enfermagem em todo o serviço de APH. 9 Destacando o profissional enfermeiro, pode-se verificar desta Portaria 2048, que é de competência do mesmo, além das ações assistenciais, prestarem serviços administrativos e operacionais tais como: Supervisionar e avaliar as ações de enfermagem da equipe no Atendimento PréHospitalar Móvel; executar prescrições médicas por telemedicina; prestar cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica a pacientes graves e com risco de vida, que exijam conhecimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões imediatas; prestar a assistência de enfermagem à gestante, a parturiente e ao recém-nato; realizar partos sem distocia; participar nos programas de treinamento e aprimoramento de pessoal de saúde em urgências, particularmente nos programas de educação continuada; fazer controle de qualidade do serviço nos aspectos inerentes à sua profissão; subsidiar os responsáveis pelo desenvolvimento de recursos humanos para as necessidades de educação continuada da equipe; obedecer à Lei do Exercício Profissional e o Código de Ética de Enfermagem; conhecer equipamentos e realizar manobras de extração manual de vítimas, (BRASIL, 2002, p.25). conhecer equipamentos e realizar manobras de extração manual de vítimas, (BRASIL, 2002, p.25). MANTOVANI (2005) ressalta cinco medidas que devem ser realizadas seqüencialmente, tornando o resgate eficiente e seguro, influenciando na sobrevida do paciente que são: 1ª) Avaliação da cena do acidente; 2ª) Garantia da segurança do local do acidente; 3ª) Utilização dos EPIs necessários; 4ª) Realização da triagem e do atendimento inicial; 5ª) Promoção do transporte rápido às unidades de referência. 10 NAEMT (2007) diz que a primeira meta na avaliação primária é determinar a condição atual do paciente, desenvolvendo-se uma impressão geral do estado do doente e estabelecendo valores basais para os estados respiratórios, circulatórios e neurológicos do doente, com o intuito de identificar problemas externos em relação à oxigenação, a circulação, a hemorragia ou a deformidades. Para realizar a avaliação inicial é utilizado ABCDE do Trauma, que é um processo de cuidados com o traumatizado e que identifica as condições que ameaçam a vida. O ABCDE do Trauma é composto de cinco etapas, nas seguintes ordens de prioridades de atendimento: A – Atendimento das Vias Aéreas e Controle da Coluna Cervical; B – Respiração (Ventilação); C – Circulação (Sangramento e Perfusão); D – Incapacidade (Estado Neurológico); E – Exposição e Ambiente. Etapa A – Atendimento das Vias Aéreas Como ressalta ainda Mantovani (2005) que para estabelecer uma via aérea pérvia, a cabeça e o pescoço não devem ser hiperextendidos, hiperfletidos ou rodados. Utilizar a manobra manual de elevação modificada da mandíbula com concomitante estabilização manual da cabeça e pescoço. Lembrar que pela compressão do estômago pelo útero e pelo tempo de esvaziamento gástrico aumentado, que o estômago da grávida deve ser considerado como cheio. NAEMT (2007) descreve as técnicas essenciais para obter uma via aérea pérvia, que são: Desobstrução Manual das Vias Aéreas, Manobras Manuais, Aspiração, Cânulas Orofaríngea e Nasofaríngea, Cânulas de Duplo Lúmen, Intubação Traqueal, Intubação Farmacologicamente Assistida, Intubação Retrógrada, Intubação Digital, Máscara Laríngea, Ventilação Percutânea Transtraqueal e Cricotireoidostomia Cirúrgica. Orotraqueal e Nasotraqueal, Intubação Face a Face, Intubação. Quanto à imobilização da coluna cervical o método mais utilizado é o emprego do colar cervical, que é um dispositivo que limita parcialmente a movimentação do segmento cervical, mas não elimina completamente a movimentação. Por isso, para assegurar melhor 11 proteção e maior estabilidade a coluna cervical, é utilizado coxins imobilizadores laterais. (MANTOVANI, 2005). Etapa B – Respiração (Ventilação) NAEMT (2007) relata que a avaliação e o tratamento da ventilação é um outro aspecto fundamental da APH. O profissional do APH deve providenciar suporte ventilatório e oferecer oxigênio para manter a saturação superior a 95%. Pacientes apnéicos deve-se iniciar ventilação assistida com máscara facial associada a um balão dotado de válvula unidirecional com oxigênio suplementar. Em pacientes bradipnéicos oferecer suporte ventilatório, assistido ou total, com ambu conectado à fonte de oxigênio (FiO2 > 0,85). Nos pacientes taquipnéicos deve ser estimada a ventilação/minuto. Quando a VA do paciente estiver patente, continuar com ventilação assistida e preparar a inserção de cânula oro ou nasofaríngea, intubação ou outros meios de proteção mecânica da VA. MANTOVANI (2005) destaca que as principais lesões ameaçadoras da vida a serem identificadas são o pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, hemotórax maciço e o tórax instável. O profissional do APH ao detectar ventilação anormal deve expor observar e palpar o tórax rapidamente. Deve também auscultar os pulmões para identificar murmúrio vesicular anormal, diminuído ou ausente. Alerta também a observar a normalidade da profundidade e a freqüência ventilatória, para avaliar se o paciente está movimentando ar suficiente. Assegurar que o ar inspirado contenha ao menos 85% de oxigênio. Para isso fazer uso da oximetria de pulso para monitorar a oxigenação e manter a saturação de hemoglobina superior a 95%. Avaliar a possibilidade de cesárea de emergência em caso de PCR. Etapa C – Circulação No APH toda hemorragia externa requer atenção imediata do profissional, pois é a causa mais freqüente de morte no paciente vítima de trauma. NAEMT (2007) relata que na avaliação inicial do paciente traumatizado, o profissional deve identificar e controlar a hemorragia externa, e em seguida, pode obter uma estimativa global adequada do débito cardíaco e do estado de perfusão. MANTOVANI(2005) diz que depois de diagnosticada a alteração hemodinâmica, além do controle das hemorragias externas, é importante assegurar acesso venoso por meio da punção de no mínimo duas veias periféricas com cateteres de grosso calibre, de inicio nos membros superiores. Em seguida coletar amostras de sangue para os exames 12 laboratoriais de rotina ou que seja necessário para o cuidado com paciente. Após a coleta de sangue iniciar administração intravenosa de fluidos com soluções salinas balanceadas, sendo que a mais utilizada é o Ringer-lactato, devendo ser infundido de maneira rápida em pacientes adultos. Após o controle da hemorragia, NAEMT (2007) diz que o profissional deve avaliar o estado circulatório geral do paciente, verificando o pulso, a cor, a temperatura e umidade da pele e o tempo de enchimento capilar. Etapa D – Incapacidade (Avaliação Neurológica) A avaliação neurológica é a próxima etapa do exame primário e consiste em medir a função cerebral do paciente, tendo como objetivo avaliar o nível de consciência do paciente e inferir o potencial de hipóxia. Para se realizar essa avaliação é utilizada a Escala de Glasgow, que é um método simples e rápido para determinar a função cerebral. A Escala de Glasgow é composta por três partes: 1ª) Abertura Ocular; 2ª) Melhor Resposta Verbal e 3ª) Melhor Resposta Motora. NAEMT (2007). Etapa E – Exposição e Ambiente NAEMT (2007) descreve que é necessário tirar as roupas do paciente porque sua exposição é importante para que sejam encontradas todas as lesões. Quando todo o corpo do paciente for examinado, poderá ser coberto para manter o calor corporal. Devido ao risco de hipotermia, o autor recomenda que somente as partes necessárias do paciente devem ser expostas quando o mesmo estiver em um ambiente externo. Só depois dentro de uma unidade de emergência aquecida, o profissional do APH poderá completar o exame recobri-lo o mais rápido possível. MANTOVANI (2005) destaca que a hipotermia deve ser prevenida utilizando-se cobertores aquecidos, fluidos intravenosos aquecidos antes da administração no paciente e manter o ambiente aquecido. NAEMT (2007) diz que as roupas devem ser removidas rapidamente e que o profissional não deve ter medo de remover a roupa se este for o único meio pelo qual podem ser completados a avaliação e o tratamento. Portanto sabemos que na prática não é bem assim. Devemos tomar cuidado na hora de cortar as roupas do paciente, de preferência cortar próximo as costuras, para evitar aborrecimentos mais tarde. Queremos salientar que todos os cuidados ao paciente vítima de trauma, é o mesmo dispensado a gestante. 13 Em pacientes com idade gestacional mais avançada (terceiro trimestre e final do segundo trimestre) sempre pensar na possibilidade de descolamento prematuro da placenta associada ao trauma. O descolamento placentário causado por traumatismos abdominais leves não está associado, na maioria das vezes, a evidências clínicas imediatas de sofrimento fetal. Nestes casos, é necessário e aconselhável um período de monitoração fetal prolongada. Segundo THOMAZ e LIMA (2000), o desempenho das funções do Enfermeiro podem ser definidos em três fases distintas: 1º Fase – Antes do atendimento – O enfermeiro deve preparar-se organizando um chek list que inclui: checagem e reposição do material padronizado dentro do veículo de emergência; manutenção da padronização dos kits de atendimento, acesso venoso, vias aéreas, procedimento cirúrgico e de infusão venosa em neonato; checagem e reposição da caixa de medicamentos portátil do tipo “multi-box”; verificação do funcionamento de equipamentos (oxímetro de pulso, monitor-desfibrilador e ventilador); verificação do volume de oxigênio existente no cilindro. 2º Fase – Durante o atendimento – Acessar a vítima com segurança; avaliar a cena (obtendo informações pertinentes para o atendimento); colher a história da vítima quando possível; realizar também a triagem para o atendimento, em caso de acidente com múltiplas vítimas; realizar a avaliação primária, isto é, determinar se existe risco imediato a vida da vítima; realizar avaliação secundária (pesquisa abrangente e detalhada do corpo da vítima); estabelecer prioridades para o atendimento; estabilizar a vítima se possível antes do transporte; prestar cuidados intensivos; auxiliando nos procedimentos de mais complexidade técnica; assegurar a manutenção do cuidado e evolução de todos os sinais e sintomas; prover um transporte de forma eficiente e segura a unidade hospitalar; e passar as informações a respeito do caso para a equipe da sala de emergência. 3º Fase – Após o atendimento – Fazer a reposição do material utilizado na ocorrência; recarregar equipamentos que necessitam de bateria; limpar e desinfetar equipamentos; limpar o veículo de emergência; providenciar reposição de oxigênio, se necessário, registrar a ocorrência em impresso próprio; e fazer relatório em livro de ocorrência de enfermagem. 14 3 METODOLOGIA O estudo consiste em uma revisão bibliográfica, com abordagem descritiva. Para tanto, serão realizadas consultas a partir de sites científicos referentes a Intervenções de Enfermagem no atendimento pré-hospitalar a gestante vitima do trauma. Associando-se a esses dados serão utilizadas fontes complementares extraídas de livros apontando para a problemática Esta pesquisa será realizada na Biblioteca da Universidade Federal da ParaíbaUFPB. A pesquisa que foi realizada é de natureza teórica e conforme OLIVEIRA (1998): “a pesquisa bibliográfica tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição científica, que se realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno.” Consiste em uma pesquisa descritiva de revisão sistemática sobre o tema em questão. Segundo Lakatos (1991, p. 183) pesquisa bibliográfica “abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins jornais, livros, pesquisas, monografias, teses, etc...” com objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com o que já foi escrito sobre determinado assunto. 15 4 CONSIDERAÇÕES A assistência de enfermagem a gestantes vítimas de trauma, deve ter como característica principal a qualidade e a humanização.Na atenção pré-natal e puerperal devem ser incluídos ações de promoção da saúde, além de diagnósticos e tratamento adequado dos problemas que possam vir a acontecer neste período. A incidência de traumatismo na gestação vem aumentando a cada ano, acompanhando o aumento da violência urbana. O trauma tornou-se a principal causa não obstétrica de mortalidade materno-fetal. Nos países desenvolvidos foram criados várias políticas de combate ao trauma, visando, sobretudo sua prevenção, visto que é a forma mais eficiente de evitá-lo. Desenvolveram políticas de conscientização junto à população, com leis mais rigorosas para punir agressões, implantaram equipamentos e normas de segurança em vários setores, modernizaram o sistema de saúde com criação de instituições especializadas no atendimento e resgates do traumatizado no ambiente pré hospitalar, além de adotarem protocolos padronizados para atendimento das vítimas no ambiente pré hospitalar quanto no hospitalar. O Atendimento pré-hospitalar é hoje uma grande valia para a pessoa portadora de alguma patologia e/ou vítima de trauma. Proporciona a pessoa um tratamento rápido e eficaz na cena do trauma e um transporte adequado até o ambiente hospitalar, aumentando as chances de sobrevida. O tratamento de uma vítima grave requer uma avaliação rápida da situação, das lesões e a tomada de decisão quanto a medidas de suporte de vida. A abordagem deve ser sistematizada. É de suma importância a presença de profissionais enfermeiros e técnicos de enfermagem, para agilizar o atendimento pré-hospitalar, otimizando assim, os deslocamentos do médico, sendo acionado somente para os casos de real necessidade. O apoio da equipe de enfermagem nos procedimentos médicos daria maior qualidade e segurança nos atendimentos reduzindo riscos de danos e lesões secundárias. É importante destacar a educação continuada por parte dos profissionais, é necessário o interesse pela leitura, em aprender todos os dias, o conhecimento médico mais atualizado, em participar de eventos, palestras, enfim sempre estar, reciclando o conhecimento, para poder sempre estar preparado para prestar um atendimento de boa qualidade aos nossos pacientes, oferecer o que há de melhor em nós. 16 Os profissionais que atuam no APH devem em primeiro lugar “amar o ser humano”, “amar a sua profissão”, ser experiente, e ter características específicas e necessárias para um excelente atendimento. 17 5 REFERÊNCIAS: WALDOW R. Vera; Estratégias de Ensino na Enfermagem, ed. Vozes, Petrópolis, 2005. p11. GONÇALVES M. Alda; SENA R. Roseni de. A Pedagogia do Cuidado de Enfermagem. Publicado na REME –Revista Mineira de Enfermagem, vol.3, nº.1, jan./dez1999. Disponível em:<http://www.enf.ufmg.br/reme/ed-vol3.htm> acesso em 30/06/2011. WALDOW, V. R. Cuidado humano: o resgate necessário. 2.ed. Porto Alegre: Sagra Luzzato,1999. MONTICELLI, M. Nascimento como rito de passagem: abordagem para o cuidado às mulheres e recém-nascidos. São Paulo: Robe Editorial, 1997. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2048/GM de 05 de Novembro de 2002: Regulamento técnico dos sistemas estaduais de urgência e emergência. Brasília (DF); 2002. DUARTE O. de A. Yeda; DIOGO E. D. J. Maria, Atendimento Domiciliar – Um enfoque Gerontológico, Editora Atheneu, 1ªedição, ano 2000. NAEMT. Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado / NAEMT (National Association of Emergency Medical Technicians), [tradução de Diego Alfaro e Hermínio de Mattos Filho]. – Rio de Janeiro : Elsevier, 2007 – 2ª Tiragem OLIVEIRA, Beatriz Ferreira Monteiro. Trauma: atendimento pré-hospitalar / Beatriz Monteiro Oliveira, Mônica Koncke Fiúza Parolin, Edson Vale Teixeira Jr; co-autores Vinícius Augusto Filipak, Ricardo Rydygier de Ruediger, Sueli Bueno de Moraes Cabral. – São Paulo: Editora Atheneu, 2001. BRASIL. Portaria nº 2048/Ministério da Saúde de 05 de Novembro de 2002. Disponível em: < http://www.portaria2048/gm.com.br html> Acesso em: 03 junho de 2011 COFEN, Resolução nº 300/Conselho Federal de Enfermagem, 16 março de 2005. Dispõe sobre a atuação do profissional de Enfermagem no Atendimento Pré- hospitalar eInter- hospitalar. Disponível em: <http://www.portalcofen.gov.br/2007/materias.asp?ArticleID=7128&sectionID=34> Acesso em: 05 de junho. de 2011. LAKATOS, E. M. Fundamentos de Metodologia Científica: ed. 3ª; São Paulo: Atlas, 1999. 18 MONTICELLI, M. Nascimento como rito de passagem: abordagem para o cuidado às mulheres e recém-nascidos. São Paulo: Robe Editorial, 1997. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2048/GM de 05 de Novembro de 2002: Regulamento técnico dos sistemas estaduais de urgência e emergência. Brasília (DF); 2002. DUARTE O. de A. Yeda; DIOGO E. D. J. Maria, Atendimento Domiciliar – Um enfoque Gerontológico, Editora Atheneu, 1ªedição, ano 2000. NAEMT. 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Fundamentos de Metodologia Científica: ed. 3ª; São Paulo: Atlas, 1999. OLIVEIRA, B.F.M; PAROLIN, M.K.F; TEIXEIRA, E.V. TRAUMA Atendimento PréHospitalar. São Paulo: Atheneu, 2004. MANTOVANI, Mário. Suporte básico e avançado de vida no trauma. Coordenador acadêmico Marcello Frederico Santos Schmidt. São Paulo: Editora Atheneu, 2005 THOMAZ, RR, LIMA,FV. Atuação do enfermeiro no atendimento pré hospitalar na cidade de São Paulo. Acta Paul Enferm 2000; 13(3): 59-65. BRASIL. Ministério da Saúde. SAMU. Disponível em: URL: http://www.dtr2001.saude.gov/samu.htm CONGRESSO DA SOCIEDADE PAN-AMERICANA DE TRAUMA Panamá.Novembro de 2000. Rev. Ass. Med. Brasil. 2001; 47(1): 1-23 3 19 PEREIRA WAP, LIMA MADS. Atendimento pré-hospitalar: caracterização das ocorrências de acidente de trânsito. Acta Paul Enferm 2006;19(3):279-83. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ape/v19n3/a04v19n3.pdf 20