SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA SOBRATI
MARILDA PEREIRA MEIRA
O TRAUMA EM GESTANTE E A ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR
JOÃO PESSOA - PB
2011
MARILDA PEREIRA MEIRA
O TRAUMA EM GESTANTE E A ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR
Dissertação de Mestrado apresentado à Sociedade
Brasileira de Terapia Intensiva – SOBRATI, como
exigência complementar para obtenção do título de
Mestre em Terapia Intensiva.
Orientadora: Dda.Ma. Auxiliadora Freire Siza
JOÃO PESSOA – PB
2011
RESUMO
MEIRA, M. P. O Trauma em gestante e a assistência de enfermagem no atendimento
pré hospitalar. João Pessoa, 2011._19p. Dissertação de Mestrado - Sociedade Brasileira
de Terapia Intensiva – SOBRATI.
O trauma é a principal causa não obstétrica da mortalidade materno-fetal causando
complicações em cerca de 6% das gestações. O atendimento pré- hospitalar caracterizase como um conjunto de medidas e procedimentos técnicos que objetivam o suporte de
vida à vítima, podendo ser básico ou avançado, estabelecendo-se padrão vital que mais
se assemelhe à normalidade, tendo como conceito supremo não agravar lesões já
existentes ou gerar lesões que não existiam, bem como transportar a vítima para o
centro hospitalar apropriado. A necessidade de atender usuários com tipos específicos
de patologias levou o enfermeiro a dedicar-se a especializações, com aprimoramento
científico e cultural. A assistência à gestante vítima de trauma requer do enfermeiro
habilidades específicas para atender com qualidade o binômio. Nesta pesquisa
buscamos analisar como é a assistência prestada pelo enfermeiro a gestante vítima de
trauma no contexto pré hospitalar. Trata-se de um estudo exploratório descritivo com
abordagem bibliográfica, realizado junto a base de dados indexadas: Sciello por meio de
artigos online, bem como pesquisas no acervo bibliográfico da Universidade Federal da
Paraíba. Ficou claro que o principal objetivo deste atendimento é diminuir o intervalo
terapêutico para gestantes que sejam vitimas de trauma e urgências clínicas,
aumentando a chance de sobrevida, reduzindo seqüelas, garantindo continuidade de
tratamento com encaminhamento adequado conforme a complexidade de cada caso.
Palavras Chave: Assistência de Enfermagem, Gestante, Trauma,
ABSTRACT
Trauma is the leading non-obstetric causes of maternal-fetal complications caused by
about 6% of pregnancies. The prehospital care is characterized as a set of technical
measures and procedures that aim at life support to the victim, may be basic or
advanced, taking vital pattern most similar to normal, with the supreme concept does
not aggravate injuries existing or generate lesions that did not exist, as well as transport
the victim to the hospital proper. The need to meet users with specific types of
pathologies led nurses to dedicate themselves to specialization, with scientific and
cultural enhancement. Assistance to pregnant trauma victim requires special skills of
nurses to meet the binomial quality. In this study we sought to analyze how the care
provided by nurses to pregnant trauma victim in the run hospital. It is an exploratory
descriptive approach literature, carried out with the database indexed: sciello through
articles online as well as bibliographic research in the Federal University of Paraíba. It
was clear that the main objective of this service is to decrease the therapeutic range for
pregnant women are victims of trauma and emergency clinics, increasing the chance of
survival, reducing sequelae, ensuring continuity of care with appropriate referral
depending
on
the
complexity
of
each
case.
Keywords: Nursing Care, Pregnancy, Trauma,
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................................5
CONTEXTUALIZAÇÃO..............................................................................................6
METODOLOGIA..........................................................................................................14
CONSIDERAÇÕES ......................................................................................................15
REFERÊNCIAS.............................................................................................................16
5
1 INTRODUÇÃO
A incidência de traumatismos na gestação vem aumentando a cada ano
acompanhando o aumento da violência urbana.
A má distribuição de renda, urbanização e o desenvolvimento tecnológico
contribuíram para aumentar as vítimas de acidentes de trânsito, no trabalho e as
agressões interpessoais. Em conseqüência disso, o trauma no trânsito passou a ser a
terceira causa global de morte na fase reprodutiva.
De acordo com definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), a morte
materna é aquela ocorrida durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o
término da gestação, independente da duração ou da localização da gravidez, devido a
qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a
ela , porém não devida a causas acidentais ou incidentais. É convencionado que uma
gestante ou puérpera vitimada por trauma não entra no cálculo da razão de mortalidade
materna. Estes óbitos são classificados como morte “não relacionada” ou “morte
materna não obstétrica. A exclusão dessas mortes de cálculo da razão de mortalidade
materna tem sido muito questionado, principalmente nos países desenvolvidos, onde a
prevenção das causas diretas ( desencadeadas) e indiretas (agravadas) é eficaz.
Sendo o trauma a principal causa de óbito nos primeiros anos de vida, representa
portanto, um grande desafio para o país, promover políticas de prevenção,
principalmente no que se refere aos aspectos sociais e econômicos.Os acidentes
automobilísticos e as violências generalizadas configuram um problema de saúde
pública de grandes proporções, pois tem elevado os índices de morbidade e mortalidade.
O Brasil tem como meta para este milênio a diminuição dos óbitos de gestantes
e parturientes em 75% até 2015, tomando como base para o cálculo, os dados de 1990,
onde a taxa de mortalidade materna no Brasil é de 55,1 óbitos maternos por 100.000
nascidos. Excluindo portanto, os casos das gestantes vítimas de traumatismos.
6
2 CONTEXTUALIZAÇÃO
A enfermagem é a ciência e a arte de assistir ao ser humano (indivíduo, família e
comunidade) no atendimento de suas necessidades básicas. Destaca-se
como
característica da profissão a dimensão ampliada do assistir, ou seja, o enfoque não é a
doença, mas a promoção, manutenção e recuperação da saúde do ser humano na
perspectiva de sua família e comunidade (DUARTE, 2000).
Conforme WALDOW (2005)
“o cuidar parece deixar de ser um procedimento, uma intervenção para
ser uma relação onde a ajuda é no sentido da qualidade do outro ser ou
de vir a ser, respeitando-o, compreendendo-o, tocando-o de forma
mais afetiva.”
Observa-se que o cuidar não comporta somente a excelência na execução das
intervenções de enfermagem. Mas, também a condição de que a cuidadora deverá em
suas ações expressar a sua sensibilidade fazendo com que o ser cuidado perceba seu
interesse e respeito, transmitindo-lhe segurança.
Segundo o MINISTÉRIO DA SAÚDE (2003), o atendimento pré-hospitalar
pode ser definido como a assistência prestada em um primeiro nível de atenção, aos
portadores de quadros agudos, de natureza clínica, traumática ou psiquiátrica, quando
ocorrem fora do ambiente hospitalar, podendo acarretar seqüelas ou até mesmo a morte.
A finalidade do APH na assistência à pessoa que sofreu acidente, é mantê-la viva
até a chegada ao local onde será possível curá-la, diminuir as seqüelas, possibilitando
melhor qualidade de vida ou mesmo sua própria vida. Considerando que o objeto de
trabalho é a pessoa vítima de trauma e o tempo para cumprir com sua finalidade é
extremamente curto, torna-se necessário uma organização do trabalho no APH
fundamentado no trabalho em equipe. (Pereira – 2009).
7
THOMAZ (2000) diz que:
"o enfermeiro é participante ativo da equipe de atendimento pré hospitalar e
assume em conjunto com a equipe a responsabilidade pela assistência prestada
as vítimas. Atua onde há restrição de espaço físico e em ambientes diversos,
em situações de limite de tempo, da vítima e da cena e portanto são necessárias
decisões imediatas, baseadas em conhecimento e rápida avaliação".
Várias são as motivações que contribuem para aumentar as vítimas no
trânsito, no trabalho e as agressões interpessoais. A crescente participação da mulher na
sociedade, a torna mais exposta a atropelamentos, acidentes de avião, atos de violência,
acidentes de moto ou outro tipo de traumatismo, principalmente durante a gravidez, fato
este que teve considerável aumento de sua incidência nos últimos anos.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o trauma
aparece como causa mais importante de etiologia não obstétrica na grávida.
Apresentando uma incidência de 6 a 7% e a mortalidade fetal entorno de 70%.
O trauma pode ser definido como um conjunto de alterações anatômicas e
funcionais locais e ou gerais, provocadas no organismo através de meios violentos, seja
por agressão (espancamentos, ferimentos por projétil de arma de fogo e arma branca) e
acidentes como quedas e queimaduras. É classificado com base na intenção, podendo
acontecer de forma intencional ou não-intencional. O trauma intencional acontece
quando ocorre um ato de violência interpessoal ou auto direcionado, como por exemplo
homicídios, suicídios, violência conjugal e guerras.O trauma não-intencional quando
ocorre afogamentos, quedas e choques elétricos.
NAEMT explica porque o trauma não pode ser definido como acidente:
“...o trauma não é acidente, embora seja assim chamado. Um acidente
é definido como” um evento ocorrido por acaso ou oriundo de causas
desconhecidas” ou “ um acontecimento desastroso por falta de
cuidado, atenção ou ignorância”. A maior parte das mortes e lesões
por trauma se enquadra nessa segunda definição e pode ser
prevenida”.
A assistência de Enfermagem no atendimento pré hospitalar a gestantes vítima
de trauma, deve observar antes de qualquer procedimento, o tipo de evento traumático,
se colisão de veículos, atropelamentos, quedas, lesão por projétil de arma de fogo, lesão
por arma branca. Geralmente o tratamento deve ser realizado no local da ocorrência do
8
fato. As condições maternas devem ser estabilizadas, assegurando sua vitalidade,
enquanto ela é conduzida para o hospital.
Para assistir uma grávida traumatizada a equipe de enfermagem deve ter
conhecimento das alterações fisiológicas e anatômicas, seguindo a regra geral de
abordagem a qualquer vítima de trauma. Existe porém, um cuidado maior, por se tratar
de duas pessoas. Devemos, entretanto, ficar atentos com o estado hemodinâmico, uma
vez que na grávida ao se instalar o choque se torna mais difícil o tratamento e que os
danos no feto, como hipóxia e hipotensão que são alterações provocadas pela
homeostase materna, poderão ser fatais. Como os acidentes geralmente ocorrem no
último trimestre, com o útero mais volumoso, a mulher perde grande parte da sua
agilidade física, sendo necessário cuidados redobrados neste período.
O NAEMT (2007) diz que o corpo precisa de elementos básicos, como
oxigênio e calor, para que possa produzir energia interna necessária para funcionar
adequadamente. O trauma acontece, quando ocorre alguma condição que impeça o
corpo de usar esses elementos. A asfixia e a hipotermia são traumas físicos que resultam
de uma interrupção do fluxo normal de energia do corpo.
O Ministério da Saúde considera como nível pré-hospitalar na área de urgência /
emergência aquele atendimento que procura chegar a vítima nos primeiros minutos após
ter ocorrido o agravo a sua saúde que possa levar deficiência física ou mesmo a morte,
sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento adequado e transporte a um hospital
devidamente hierarquizado e integrado (Brasil, 2004, p.22).
O principal objetivo deste atendimento é diminuir o intervalo terapêutico para
pacientes que sejam vitimas de trauma e urgências clínicas, aumentando a chance de
sobrevida,
reduzindo
seqüelas,
garantindo
continuidade
de
tratamento
com
encaminhamento adequado conforme a complexidade de cada caso. O Atendimento
Pré-Hospitalar foi regulamentado pelo Ministério da Saúde, (Portaria nº 2048/GM de 5
de Novembro de 2002). reconhecendo o Médico, o Enfermeiro, o Técnico e o Auxiliar
de Enfermagem como aqueles que têm efetiva competência para intervir na área;
regulamentando o papel do Bombeiro Militar; dos demais profissionais da área de
segurança (militares, rodoviários); eliminando o chamado Socorrista e Técnico de
Emergências Médicas enquanto leigos. Está assegurada a obrigatoriedade do
Enfermeiro, Técnico de Enfermagem e do Auxiliar de Enfermagem em todo o serviço
de APH.
9
Destacando o profissional enfermeiro, pode-se verificar desta Portaria 2048,
que é de competência do mesmo, além das ações assistenciais, prestarem serviços
administrativos e operacionais tais como:
 Supervisionar e avaliar as ações de enfermagem da equipe no Atendimento PréHospitalar Móvel;
 executar prescrições médicas por telemedicina;
 prestar cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica a pacientes
graves e com risco de vida, que exijam conhecimentos científicos adequados e
capacidade de tomar decisões imediatas;
 prestar a assistência de enfermagem à gestante, a parturiente e ao recém-nato;
realizar partos sem distocia;
 participar nos programas de treinamento e aprimoramento de pessoal de saúde
em urgências, particularmente nos programas de educação continuada;
 fazer controle de qualidade do serviço nos aspectos inerentes à sua profissão;
subsidiar os responsáveis pelo desenvolvimento de recursos humanos para as
necessidades de educação continuada da equipe;
 obedecer à Lei do Exercício Profissional e o Código de Ética de Enfermagem;
 conhecer equipamentos e realizar manobras de extração manual de vítimas,
(BRASIL, 2002, p.25).
 conhecer equipamentos e realizar manobras de extração manual de vítimas,
(BRASIL, 2002, p.25).
MANTOVANI (2005) ressalta cinco medidas que devem ser realizadas
seqüencialmente, tornando o resgate eficiente e seguro, influenciando na sobrevida do
paciente que são:
1ª) Avaliação da cena do acidente;
2ª) Garantia da segurança do local do acidente;
3ª) Utilização dos EPIs necessários;
4ª) Realização da triagem e do atendimento inicial;
5ª) Promoção do transporte rápido às unidades de referência.
10
NAEMT (2007) diz que a primeira meta na avaliação primária é determinar a
condição atual do paciente, desenvolvendo-se uma impressão geral do estado do doente
e estabelecendo valores basais para os estados respiratórios, circulatórios e neurológicos
do doente, com o intuito de identificar problemas externos em relação à oxigenação, a
circulação, a hemorragia ou a deformidades.
Para realizar a avaliação inicial é utilizado ABCDE do Trauma, que é um
processo de cuidados com o traumatizado e que identifica as condições que ameaçam a
vida. O ABCDE do Trauma é composto de cinco etapas, nas seguintes ordens de
prioridades de atendimento:
A – Atendimento das Vias Aéreas e Controle da Coluna Cervical;
B – Respiração (Ventilação);
C – Circulação (Sangramento e Perfusão);
D – Incapacidade (Estado Neurológico);
E – Exposição e Ambiente.
Etapa A – Atendimento das Vias Aéreas
Como
ressalta ainda Mantovani (2005) que para estabelecer uma via aérea
pérvia, a cabeça e o pescoço não devem ser hiperextendidos, hiperfletidos ou rodados.
Utilizar a manobra manual de elevação modificada da mandíbula com
concomitante estabilização manual da cabeça e pescoço. Lembrar que pela compressão
do estômago pelo útero e pelo tempo de esvaziamento gástrico aumentado, que o
estômago da grávida deve ser considerado como cheio.
NAEMT (2007) descreve as técnicas essenciais para obter uma via aérea pérvia,
que são: Desobstrução Manual das Vias Aéreas, Manobras Manuais, Aspiração,
Cânulas Orofaríngea e Nasofaríngea, Cânulas de Duplo Lúmen, Intubação Traqueal,
Intubação Farmacologicamente Assistida, Intubação Retrógrada, Intubação Digital,
Máscara Laríngea, Ventilação Percutânea Transtraqueal e Cricotireoidostomia
Cirúrgica. Orotraqueal e Nasotraqueal, Intubação Face a Face, Intubação. Quanto à
imobilização da coluna cervical o método mais utilizado é o emprego do colar cervical,
que é um dispositivo que limita parcialmente a movimentação do segmento cervical,
mas não elimina completamente a movimentação. Por isso, para assegurar melhor
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proteção e maior estabilidade a coluna cervical, é utilizado coxins imobilizadores
laterais. (MANTOVANI, 2005).
Etapa B – Respiração (Ventilação)
NAEMT (2007) relata que a avaliação e o tratamento da ventilação é um outro
aspecto fundamental da APH. O profissional do APH deve providenciar suporte
ventilatório e oferecer oxigênio para manter a saturação superior a 95%.
Pacientes apnéicos deve-se iniciar ventilação assistida com máscara facial
associada a um balão dotado de válvula unidirecional com oxigênio suplementar. Em
pacientes bradipnéicos oferecer suporte ventilatório, assistido ou total, com ambu
conectado à fonte de oxigênio (FiO2 > 0,85). Nos pacientes taquipnéicos deve ser
estimada a ventilação/minuto. Quando a VA do paciente estiver patente, continuar com
ventilação assistida e preparar a inserção de cânula oro ou nasofaríngea, intubação ou
outros meios de proteção mecânica da VA.
MANTOVANI (2005) destaca que as principais lesões ameaçadoras da vida a
serem identificadas são o pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, hemotórax
maciço e o tórax instável. O profissional do APH ao detectar ventilação anormal deve
expor observar e palpar o tórax rapidamente. Deve também auscultar os pulmões para
identificar murmúrio vesicular anormal, diminuído ou ausente. Alerta também a
observar a normalidade da profundidade e a freqüência ventilatória, para avaliar se o
paciente está movimentando ar suficiente. Assegurar que o ar inspirado contenha ao
menos 85% de oxigênio. Para isso fazer uso da oximetria de pulso para monitorar a
oxigenação e manter a saturação de hemoglobina superior a 95%.
Avaliar a possibilidade de cesárea de emergência em caso de PCR.
Etapa C – Circulação
No APH toda hemorragia externa requer atenção imediata do profissional, pois é a
causa mais freqüente de morte no paciente vítima de trauma.
NAEMT (2007) relata que na avaliação inicial do paciente traumatizado, o
profissional deve identificar e controlar a hemorragia externa, e em seguida, pode obter
uma estimativa global adequada do débito cardíaco e do estado de perfusão.
MANTOVANI(2005) diz que depois de diagnosticada a alteração hemodinâmica,
além do controle das hemorragias externas, é importante assegurar acesso venoso por
meio da punção de no mínimo duas veias periféricas com cateteres de grosso calibre, de
inicio nos membros superiores. Em seguida coletar amostras de sangue para os exames
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laboratoriais de rotina ou que seja necessário para o cuidado com paciente. Após a
coleta de sangue iniciar administração intravenosa de fluidos com soluções salinas
balanceadas, sendo que a mais utilizada é o Ringer-lactato, devendo ser infundido de
maneira rápida em pacientes adultos.
Após o controle da hemorragia, NAEMT (2007) diz que o profissional deve
avaliar o estado circulatório geral do paciente, verificando o pulso, a cor, a temperatura
e umidade da pele e o tempo de enchimento capilar.
Etapa D – Incapacidade (Avaliação Neurológica)
A avaliação neurológica é a próxima etapa do exame primário e consiste em medir
a função cerebral do paciente, tendo como objetivo avaliar o nível de consciência do
paciente e inferir o potencial de hipóxia. Para se realizar essa avaliação é utilizada a
Escala de Glasgow, que é um método simples e rápido para determinar a função
cerebral. A Escala de Glasgow é composta por três partes: 1ª) Abertura Ocular; 2ª)
Melhor Resposta Verbal e 3ª) Melhor Resposta Motora. NAEMT (2007).
Etapa E – Exposição e Ambiente
NAEMT (2007) descreve que é necessário tirar as roupas do paciente porque sua
exposição é importante para que sejam encontradas todas as lesões. Quando todo o
corpo do paciente for examinado, poderá ser coberto para manter o calor corporal.
Devido ao risco de hipotermia, o autor recomenda que somente as partes necessárias do
paciente devem ser expostas quando o mesmo estiver em um ambiente externo. Só
depois dentro de uma unidade de emergência aquecida, o profissional do APH poderá
completar o exame recobri-lo o mais rápido possível.
MANTOVANI (2005) destaca que a hipotermia deve ser prevenida utilizando-se
cobertores aquecidos, fluidos intravenosos aquecidos antes da administração no paciente
e manter o ambiente aquecido.
NAEMT (2007) diz que as roupas devem ser removidas rapidamente e que o
profissional não deve ter medo de remover a roupa se este for o único meio pelo qual
podem ser completados a avaliação e o tratamento. Portanto sabemos que na prática não
é bem assim. Devemos tomar cuidado na hora de cortar as roupas do paciente, de
preferência cortar próximo as costuras, para evitar aborrecimentos mais tarde.
Queremos salientar que todos os cuidados ao paciente vítima de trauma, é o mesmo
dispensado a gestante.
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Em pacientes com idade gestacional mais avançada (terceiro trimestre e final do
segundo trimestre) sempre pensar na possibilidade de descolamento prematuro da
placenta associada ao trauma. O descolamento placentário causado por traumatismos
abdominais leves não está associado, na maioria das vezes, a evidências clínicas
imediatas de sofrimento fetal. Nestes casos, é necessário e aconselhável um período de
monitoração fetal prolongada.
Segundo THOMAZ e LIMA (2000), o desempenho das funções
do
Enfermeiro podem ser definidos em três fases distintas:
1º Fase – Antes do atendimento – O enfermeiro deve preparar-se organizando um chek
list que inclui: checagem e reposição do material padronizado dentro do veículo de
emergência; manutenção da padronização dos kits de atendimento, acesso venoso, vias
aéreas, procedimento cirúrgico e de infusão venosa em neonato; checagem e reposição
da caixa de medicamentos portátil do tipo “multi-box”; verificação do funcionamento
de equipamentos (oxímetro de pulso, monitor-desfibrilador e ventilador); verificação do
volume de oxigênio existente no cilindro.
2º Fase – Durante o atendimento – Acessar a vítima com segurança; avaliar a cena
(obtendo informações pertinentes para o atendimento); colher a história da vítima
quando possível; realizar também a triagem para o atendimento, em caso de acidente
com múltiplas vítimas; realizar a avaliação primária, isto é, determinar se existe risco
imediato a vida da vítima; realizar avaliação secundária (pesquisa abrangente e
detalhada do corpo da vítima); estabelecer prioridades para o atendimento; estabilizar a
vítima se possível antes do transporte; prestar cuidados intensivos; auxiliando nos
procedimentos de mais complexidade técnica; assegurar a manutenção do cuidado e
evolução de todos os sinais e sintomas; prover um transporte de forma eficiente e segura
a unidade hospitalar; e passar as informações a respeito do caso para a equipe da sala de
emergência.
3º Fase – Após o atendimento – Fazer a reposição do material utilizado na ocorrência;
recarregar equipamentos que necessitam de bateria; limpar e desinfetar equipamentos;
limpar o veículo de emergência; providenciar reposição de oxigênio, se necessário,
registrar a ocorrência em impresso próprio; e fazer relatório em livro de ocorrência de
enfermagem.
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3 METODOLOGIA
O estudo consiste em uma revisão bibliográfica, com abordagem descritiva.
Para tanto, serão realizadas consultas a partir de sites científicos referentes a
Intervenções de Enfermagem no atendimento pré-hospitalar a gestante vitima do
trauma. Associando-se a esses dados serão utilizadas fontes complementares extraídas
de livros apontando para a problemática
Esta pesquisa será realizada na Biblioteca da Universidade Federal da ParaíbaUFPB.
A pesquisa que foi realizada é de natureza teórica e conforme OLIVEIRA
(1998): “a pesquisa bibliográfica tem por finalidade conhecer as diferentes formas de
contribuição científica, que se realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno.”
Consiste em uma pesquisa descritiva de revisão sistemática sobre o tema em questão.
Segundo Lakatos (1991, p. 183) pesquisa bibliográfica “abrange toda
bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas,
boletins jornais, livros, pesquisas, monografias, teses, etc...” com objetivo de colocar o
pesquisador em contato direto com o que já foi escrito sobre determinado assunto.
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4 CONSIDERAÇÕES
A assistência de enfermagem a gestantes vítimas de trauma, deve ter como
característica principal a qualidade e a humanização.Na atenção pré-natal e puerperal
devem ser incluídos ações de promoção da saúde, além de diagnósticos e tratamento
adequado dos problemas que possam vir a acontecer neste período.
A incidência de traumatismo na gestação vem aumentando a cada ano,
acompanhando o aumento da violência urbana. O trauma tornou-se a principal causa
não obstétrica de mortalidade materno-fetal.
Nos países desenvolvidos foram criados várias políticas de combate ao trauma,
visando, sobretudo sua prevenção, visto que é a forma mais eficiente de evitá-lo.
Desenvolveram políticas de conscientização junto à população, com leis mais rigorosas
para punir agressões, implantaram equipamentos e normas de segurança em vários
setores, modernizaram o sistema de saúde com criação de instituições especializadas no
atendimento e resgates do traumatizado no ambiente pré hospitalar, além de adotarem
protocolos padronizados para atendimento das vítimas no ambiente pré hospitalar
quanto no hospitalar.
O Atendimento pré-hospitalar é hoje uma grande valia para a pessoa portadora
de alguma patologia e/ou vítima de trauma. Proporciona a pessoa um tratamento rápido
e eficaz na cena do trauma e um transporte adequado até o ambiente hospitalar,
aumentando as chances de sobrevida. O tratamento de uma vítima grave requer uma
avaliação rápida da situação, das lesões e a tomada de decisão quanto a medidas de
suporte de vida. A abordagem deve ser sistematizada.
É de suma importância a presença de profissionais enfermeiros e técnicos de
enfermagem, para agilizar o atendimento pré-hospitalar, otimizando assim, os
deslocamentos do médico, sendo acionado somente para os casos de real necessidade. O
apoio da equipe de enfermagem nos procedimentos médicos daria maior qualidade e
segurança nos atendimentos reduzindo riscos de danos e lesões secundárias.
É importante destacar a educação continuada por parte dos profissionais, é
necessário o interesse pela leitura, em aprender todos os dias, o conhecimento médico
mais atualizado, em participar de eventos, palestras, enfim sempre estar, reciclando o
conhecimento, para poder sempre estar preparado para prestar um atendimento de boa
qualidade aos nossos pacientes, oferecer o que há de melhor em nós.
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Os profissionais que atuam no APH devem em primeiro lugar “amar o ser
humano”, “amar a sua profissão”, ser experiente, e ter características específicas e
necessárias para um excelente atendimento.
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5 REFERÊNCIAS:
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2005. p11.
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