Mas o que se trata quando se fala de reflexão?

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Mas o que se trata quando se fala de reflexão?
Texto adaptado da seguinte fonte:
BARBOSA, Tatyana M. N.; NORONHA, Claudianny A. Estágio supervisionado
interdisciplinar. Natal, RN: SEDIS, 2008.
A reflexividade é um processo acompanhado de pesquisa e de formação, em que estão em
jogo, permanentemente, sua capacidade de identificar diferentes experiências formadoras que
respondem pelas suas escolhas e modos de ser professor.
As atividades que foram desenvolvidas desde o estágio de observação no semestre passado
encaminham para aquilo que chamamos de experiências formadoras. Tais experiências
presentes no estágio permitem o avanço para novas aprendizagens.
Esse processo de pesquisa-formação traduz-se na possibilidade dos estagiários desenvolverem
posturas e habilidades de pesquisa e de (auto)formação. Nessa perspectiva, o estágio surge
como uma possibilidade que vai além da instrumentalização técnica da função docente, pois
permite ao futuro professor a vivência naquele que será o seu espaço profissional. Assim, o
incentivo à pesquisa-formação no estágio surge como uma possibilidade excepcional de
acompanhar a iniciação docente e viabilizar a postura investigativa e (auto)formadora desse
professor. E, nesse sentido, escrever a escrita institucional de si apresenta-se como um
instrumento pertinente de convergência entre teorização das experiências e reflexão sobre a
prática das teorias.
Donald Schön, início da década de 1990, foi o principal formulador do conceito de reflexão.
Baseado em John Dewey, no filósofo Michael Polanyi, no conhecimento tácito (conhecimento
mobilizado na ação) formulado por Luria elegeu, como referência fundamental, os ateliês de
arquitetura como espaço concreto da sua prática, enquanto professor, para pensar o ensino e
o aprendizado, de modo a facilitar a aquisição do talento artístico entre os alunos (BARREIRO;
GEBRAN,2006)
Sendo assim, a reflexão é incorporada como um movimento interno e condição intrínseca de
crescimento de cada indivíduo. É vista como um processo em que o professor analisa sua
prática e a si mesmo, compila dados, descreve situações, elabora teorias, implementa e avalia
projetos e partilha suas idéias com colegas e alunos, estimulando discussões em grupo (PEREZ;
COSTA; VIEL, 2002, p. 61).
O estágio, concebido como atividade teórica e instrumentalizadora da práxis, é visto como um
momento no qual se pode conceber a reflexão numa perspectiva ampliada. O estágio passa a
ser visto como um momento da formação do professor em que o licenciando pode fazer uma
análise de aspectos que se ampliam para além das fronteiras da sala de aula. Tal situação é
consoante às proposições de Schön (1992; 2000), baseadas nas idéias de “conhecer na ação”,
“reflexão na ação” e “reflexão sobre a reflexão na ação”. Pimenta (2002) ressalta que tais
situações abrem perspectivas para a valorização da pesquisa na ação dos profissionais,
colocando as bases para o que se convencionou denominar o professor pesquisador de sua
prática.
Nesse sentido, a experimentação e a reflexão destacam-se como elementos essenciais para o
professor pesquisador, conduzindo à autoformação e à conquista progressiva da autonomia e
descobertas das potencialidades que constituem as competências e as habilidades
profissionais.
Referências
BARREIRO, Iraíde Marques de Freitas; GEBRAN, Raimunda Abou. Prática de ensino e estágio
supervisionado na formação de professores. São Paulo: Avercamp, 2006.
DEWEY, John. Vida e educação. Tradução e estudo preliminar por Anísio S. Teixeira. 10. ed.
São Paulo: Melhoramentos, 1978.
PEREZ, Geraldo; COSTA, Gilvan L. Machado; VIEL, Silvia Regina. Desenvolvimento profissional e
prática reflexiva. Boletim de Educação Matemática, ano 15, n. 17, p. 59 - 70, 2002.
PIMENTA, Selma G. Professor reflexivo: construindo uma crítica. In: PIMENTA, Selma Garrido;
GUEDIN, Evandro (Org.). Professor reflexivo no Brasil: Gênese e crítica de um conceito. 2. ed.
São Paulo: Cortez, 2002. p. 17-52.
SCHÖN, Donald A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a
aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2000.
______. La formación de professionales reflexivos. Barcelona: Paidós, 1992.
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