Micro/Imuno/Parasitologia – Aula 3 I – História da Microbiologia: Em 1665 Robert Hooke começou a pesquisar as primeiras células com um microscópio primitivo, baseando-se na teoria celular (todo organismo vivo é formado de uma unidade fisiológica e morfológica fundamental, chamada célula). Em meados de 1700. Leewenhoek conseguiu observar microorganismos mais detalhadamente por possuir um microscópio mais potente. De 1700 a 1850 prevaleceu a teoria da abiogênese ou de geração espontânea (vida surgir a partir de matéria “morta”). Esta teoria ganhou força por cientistas perceberem que, mesmo em recipientes completamente tampados, ainda assim ‘surgiam’ organismos vivos. (hoje sabemos que isso ocorria pois os recipientes não eram devidamente esterilizados, e consequentemente os microrganismos anaeróbios conseguiam se replicar. Em 1861 Pasteur derruba a teoria da abiogênese, afirmando e provando que com a correta esterilização e embalo não é possível surgir vida. O método utilizado foi, basicamente, de esterilizar dois recipientes e apenas ‘limpar’ um terceiro. Nos 3 foi colocado caldo de carne (matéria orgânica “morta”) e um dos recipientes esterilizado e o ‘limpo’ foram lacrados e deixados por algum tempo. Observou-se a replicação microbiológica no recipiente que não foi lacrado e no “limpo”, enquanto o recipiente esterilizado e lacrado continuou sem microrganismos. Essa técnica de esterilização e embalo ficou conhecida como “Pasteurização”, e é muito utilizada para alimentos e condimentos. Com Pasteur também surgiram diversas outras técnicas de assepsia. Em1886 Robert Koch relacionou e mostrou que microorganismos podem ser causadores de patologias. Para isso, estudou o sangue retirado de indivíduos bovinos infectados com uma doença e notou a presença de bactérias. Cultivou-as e inoculou-as em indivíduos saudáveis, os quais vieram a desenvolver a mesma patologia, comprovando sua teoria. Em meados do ano 2000 surgiu a PCR, técnica de “Reação em Cadeia pela Polimerase”, conhecida como exame de DNA, muito importante em identificação e diferenciação de indivíduos de mesmo gênero, mas com características morfofisiológicas muito semelhantes entre diferentes espécies, sua diferença estando por exemplo em diferentes patologias ou anti-bióticos funcionais. Ela consiste, através de variações de temperatura, na multiplicação em escala geométrica das fitas de DNA, produzindo mais de um bilhão de cópias após 30 ciclos. II – Coloração de GRAM e sua exceção 1) GRAM (+) – apresentam em sua totalidade camadas sobrepostas de peptídeos glicanos. 2) GRAM (-) – apresetam uma camada de peptídeo glicano, lipoproteínas, fosfolípide e lipopolissacarídeos. Devido à estes, tem resistência elevada contra antibióticos, principalmente do grupo das penicilinas. 3) Exceção ao GRAM: BAAR – Bactérias álcool/ácido resistentes Dentre as bactérias, existem algumas que não possuem ou possuem poucos constituintes se tratando de parece celular(maior parte lipídeos, 60% ácido micólico). Algumas micobactérias, como Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium leprae são resistentes ao processo de coloração de GRAM, tornando-o inefetivo. Para estas é utilizado o processo de coloração de BAAR, ou método de Ziehl-Neelsen, ou então método de coloração à quente. Coloração de BAAR 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Preparar um esfregaço homogêneo, delgado e identificado em uma lâmina nova desengordurada, limpa e seca; Deixar secar à temperatura ambiente; Fixar o material do esfregaço passando 3 a 4 vezes pela chama do bico de Bunsen; Cobrir a totalidade da superfície do esfregaço com solução de Fucsina fenicada, previamente filtrada ou filtrado sobre a lâmina no momento da coloração; Deixar agir por cerca de 5 minutos, aquecendo brandamente utilizando algodão umedecido em álcool ou com a chama do bico de Bunsen, passando lentamente por baixo da lâmina, até que se produza emissão de vapores e, quando estes são visíveis, cessar o aquecimento. Repetir essa operação até completar três emissões sucessivas. Evitar a fervura e secagem do corante (adicionar mais corante, se preciso, dentro deste período para evitar que a lâmina seque porque o esfregaço precisa estar coberto permanentemente durante o aquecimento.). Este aquecimento deve ser intermitente, pois é importante manter a solução aquecida durante o tempo previsto; Lavar em água corrente para eliminar a Fucsina. Toma-se a lâmina pelo extremo numerado, inclinar para frente e lavar deixando cair um jato d’água de baixa pressão sobre a película corada, de maneira que essa não se desprenda; Cobrir toda a superfície do esfregaço com a solução de Álcool-ácido. Tomar a lâmina entre o polegar e o indicador e fazer um movimento de vai-e-vem, de modo que o Álcoolácido vá descorando suavemente a Fucsina. Se o esfregaço estiver ainda com a cor vermelha ou rosada, descora-se novamente. Considera-se descorado o esfregaço, quando suas partes mais grossas conservarem somente um ligeiro tom rosado. Essa operação dura, em geral, dois minutos; Terminada a fase de descoloração e eliminado o Álcool-ácido, lavar a lâmina da mesma forma como se procedeu depois da coloração com a Fucsina, com cuidado para não desprender a película; Cobrir toda a superfície do esfregaço com solução de Azul de metileno durante 30 segundos a 1 minuto; Lavar, da mesma forma como se indicou para a Fucsina, tanto o esfregaço como a parte inferior da lâmina; Colocar a lâmina com o esfregaço para cima, sobre o papel limpo, para secar à temperatura ambiente ou estufa a 35º C; Observar ao microscópio com objetiva de imersão (100 x). III – Meios de cultura: 1º Definição e composição: -Meio de cultura é o material composto por todos os nutrientes necessários para o crescimento de microrganismos em laboratório. -Para o crescimento de determinado grupo de M.O., precisamos saber tudo o que aquele grupo necessita: pH, temperatura, nutrientes e % de O2. -Podem ser realizados em ensaios ou placa de Petri (mais comum). *O local deve estar esterilizado. *Constiuído de microrganismos e ágar (polissacarídeo obtido de algas marinhas). --Para preparar o ágar, prepare a solução do mesmo e deixe em banho Maria a 50ºC. eventualmente o ágar tornar-se-á sólido, estando pronto para o uso. 2º Meios especiais de cultivo: Meios redutores – usado principalmente para bactérias anaeróbicas. Meio diferencial – meio com diferente nutrientes (obtido geralmente com adição de sangue na produção do ágar – ágar sangue). Geralmente bactérias de infecção de garganta. Meio de enriquecimento – amostra de fezes supeita de infecções entéricas. É um meio rico em nutrientes essenciais para o grupo de bactérias específico da suspeita. Cobaias – usado para bactérias que não se desenvolvem em meios de cultura.