KUHN, DAVIDSON E A TESE DA INCOMENSURABILIDADE DE TEORIAS NAIDON, Karen Giovana Videla da Cunha/Curso de Pós-graduação em Filosofia/UFSM; ROMANINI, Mateus/Curso de Pós-graduação em Filosofia/UFSM; ORIENTADOR:GALLINA, Albertinho Luiz/Professor do Departamento de Filosofia/ UFSM. Palavras-Chave: Kuhn; Davidson; Incomensurabilidade de teorias O objetivo deste trabalho é tentar uma aplicação da crítica de Donald Davidson à tese da incomensurabilidade de teorias na obra de Thomas Kuhn. Para tanto, dividir;se;á o trabalho em duas partes principais. Na primeira delas, será feita uma apresentação de como a mencionada tese aparece na obra de Kuhn e, na segunda parte, será exposto o principal argumento utilizado por Davidson contra ela. Kuhn, adotando como ponto de partida a história da ciência, aborda a questão do modo como se daria o desenvolvimento científico, o que ocorreria, segundo ele, através da sucessiva substituição de um paradigma científico por outro. Kuhn não fornece uma definição precisa do que seja paradigma científico. Não obstante, pode ser dito que, para o autor, paradigmas consistiriam em realizações que possuem as seguintes características: (1) são "suficientemente sem precedentes para atrair um grupo duradouro de partidários, afastando;os de outras formas de atividade científica dissimilares" (KUHN, 2007: 30) e (2) são "suficientemente abertas para deixar toda sorte de problemas para serem resolvidos" (KUHN, 2007: 30). Tais realizações acabam por definir um modelo de prática científica que guiará os cientistas por um período determinado. Quando o paradigma se mostra insuficiente para a resolução de problemas, inicia;se, segundo Kuhn, um período de crise. O resultado natural dessa crise será a substituição do paradigma até então existente por outro, o qual, por sua vez, será também substituído quando se mostrar insufuciente. Uma das teses centrais que surge nesse contexto do pensamento de Kuhn é a de que teorias pertencentes a paradigmas distintos não seriam passíveis de comensuração. Sendo assim, a própria realidade acabaria por ser relativa ao esquema conceitual de cada paradigma, o que constitui a doutrina conhecida como "relativismo conceitual". Davidson (2001) apresenta uma crítica à tese da incomensurabilidade de teorias e ao relativismo conceitual a ela relacionado. Davidson descreve a incomensurabilidade de teorias como a impossibilidade de intertradução e, devido justamente a essa impossibilidade, é que se poderia falar em esquemas conceituais diferentes. O problema que Davidson aponta na tese da incomensurabilidade de teorias reside na ausência de justificativa para afirmar;se que os esquemas conceituais de duas teorias determinadas são, de fato, distintos. Isso porque, em virtude da diferença de significado de suas sentenças, sequer se poderia dizer se são intertradutíveis ou não. Se se pudesse afirmar que se trata de esquemas conceituais diferentes, seria pelo fato de haver um sistema coordenado no qual compará;los. Isso, contudo, iria de encontro à própria tese da incomensurabilidade. Diante da argumentação de Davidson, percebe;se que a tese kuhniana de que teorias pertencentes a paradigmas distintos seriam incomensuráveis enfrenta sérias dificuldades. Para que a tese possa ser afirmada, é necessário pressupor um sistema coordenado por meio do qual teorias possam ser comparadas; no entanto, a possibilidade de dita comparação é justamente o que a tese pretende negar. REFERÊNCIAS: KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. Perspectiva. 2007. KUHN, Thomas. Reflections on my Critics. Cambridge University Press. 1970. DAVIDSON, Donald. Inquiries into Truth and Interpretation. Oxford University Press. 2001.