IMMUCYST BCG Imunoterapêutico RESUMO DAS CARACTERISTICAS DO MEDICAMENTO 1. DENOMINAÇÃO DO MEDICAMENTO IMMUCYST® BCG IMUNOTERAPÊUTICO 2. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA ImmuCyst BCG IMUNOTERAPÊUTICO 27 mg ImmuCyst BCG IMUNOTERAPÊUTICO 81 mg Substância activa: Frasco liofilizado: Bacilo Calmette-Guérin (BCG) 81 mg ImmuCyst contém 10,5 ± 8,7 x 108 unidades formadoras de colónias (CFU) por dose de instilação ou frasco 3. FORMA FARMACÊUTICA Pó para suspensão injectável. 4. INFORMAÇÕES CLÍNICAS 4.1. Indicações terapêuticas ImmuCyst está indicado para uso intravesical no tratamento e profilaxia do carcinoma in situ, primário ou recorrente, da bexiga. Está ainda indicado para profilaxia após ressecção transuretral de tumores papilares, primários ou recorrentes nos estadios Ta e/ou T1, ou qualquer combinação destas indicações, independentemente da existência de tratamentos intravesicais antecedentes. 4.2. Posologia e modo de administração Administração intravesical. RCM Immucyst Jan 05 1 IMMUCYST BCG Imunoterapêutico Adultos e Idosos: O tratamento intravesical de tumores da bexiga deverá ter início 7 a 14 dias após biopsia ou ressecção transuretral e consiste numa terapêutica de indução e manutenção. Na terapêutica de indução realiza-se uma instilação IMUNOTERAPÊUTICO semanalmente, durante 6 semanas. de ImmuCyst BCG Baseado em inúmeros estudos clínicos envolvendo ImmuCyst, constatou-se que após o tratamento de indução, o tratamento de manutenção é altamente recomendável. Este consiste na administração de uma dose aos 3, 6, 12, 18 e 24 meses posteriores ao início do tratamento de indução. Uma dose de ImmuCyst BCG IMUNOTERAPÊUTICO consiste numa instilação intravesical de 81 mg (peso seco) de BCG. Esta dose pode ser preparada por: - Reconstituição de um frasco contendo 81 mg (peso seco) de BCG liofilizado através da adição do conteúdo de um frasco de 3 ml soro fisiológico, estéril e livre de conservantes; - Reconstituição de 3 frascos contendo cada 27 mg (peso seco) de BCG liofilizado pela adição de 3 frascos de 1 ml de soro fisiológico, estéril e livre de conservantes O BCG reconstituído é posteriormente diluído em 50 ml de soro fisiológico, estéril e livre de conservantes, perfazendo um volume de 53 ml para instilação. Em condições assépticas, introduz-se um catéter na bexiga, drena-se a bexiga e instilam-se lentamente e por gravidade os 53 ml de suspensão de ImmuCyst, retirando finalmente o catéter. Durante a hora que se segue à instilação, o doente deve manter-se deitado, permanecendo 15 minutos em cada uma das seguintes posições: prono, supino e dos lados. Depois, o doente pode levantar-se, mas deve reter a suspensão durante outros 60 minutos, ou seja, o período de contacto deve ser de 2 horas. Nem todos os doentes conseguem reter a suspensão durante 2 horas, pelo que, caso necessário, deve ser permitida a micção. Ao fim de 2 horas todos os doentes devem esvaziar a bexiga e receber instruções para aumentarem a ingestão de líquidos, desde que não haja contra-indicação para tal. Nas 6 horas seguintes, é recomendável, por motivos de segurança, que os doentes realizem a micção em posição sentada, de modo a evitar a transmissão de BCG. Os doentes poderão sentir algum ardor na micção após o tratamento. Crianças: Não existem dados que demonstrem a segurança e eficácia da utilização do ImmuCyst neste grupo etário. RCM Immucyst Jan 05 2 IMMUCYST BCG Imunoterapêutico 4.3. Contra-Indicações Devido ao risco de infecção por BCG disseminada, o ImmuCyst está contra-indicado em doentes: • Submetidos a ressecção transuretral ou cateterismo traumático da bexiga (associado a hematúria) nos 7 a 14 dias anteriores ao início de ImmuCyst. • Que apresentem sintomas ou história prévia de reacção sistémica ao BCG (ver secção 4.8 – Efeitos adversos, Reacção sistémica ao BCG). • Com tuberculose activa, devido ao perigo de exacerbação da doença ou de concomitante reacção sistémica ao BCG. A suspeita de tuberculose activa deve ser excluída antes de iniciado o tratamento com ImmuCyst. • Com febre, até que a mesma esteja resolvida. • Com infecção das vias urinárias ou macrohematúria, até que as mesmas sejam debeladas. • Imunodeprimidos, com imunodeficiências congénitas ou adquiridas, quer por doença concorrente (ex.: SIDA, leucemia, linfoma), terapêutica do cancro (ex.: fármacos citotóxicos, radiações) ou terapêutica imunossupressora (ex.: corticoesteróides) 4.4. Advertências e precauções especiais de utilização USO EXCLUSIVO HOSPITALAR ImmuCyst contém micobactérias vivas atenuadas. O produto deve ser manipulado como potencialmente infeccioso (ver 6.6. Instruções de utilização, manipulação e eliminação). Dever-se-ão tomar precauções durante a administração intravesical de ImmuCyst para não introduzir contaminantes no tracto urinário e não traumatizar indevidamente a mucosa urinária. Recomenda-se um intervalo de 7 a 14 dias antes do início da administração intravesical de ImmuCyst após ressecção transuretral, biópsia ou em casos de cateterização traumática da bexiga (por exemplo: associada a hemorragia, ou a uma possível colocação incorrecta do catéter). O tratamento seguinte deve prosseguir como se não tivesse havido interrupção, o que significa que não deve omitir-se nenhuma dose de ImmuCyst. No caso de doentes com capacidade vesical reduzida, o risco de aumento de contratura vesical deve ser ponderado antes de iniciar o tratamento com ImmuCyst. O tratamento intravesical com ImmuCyst pode induzir uma sensibilidade à tuberculina, o que pode falsear futuras interpretações do teste cutâneo à tuberculina RCM Immucyst Jan 05 3 IMMUCYST BCG Imunoterapêutico no diagnóstico de infecções micobacterianas. Nesse caso, é conveniente determinar a reacção cutânea à tuberculina antes da administração de ImmuCyst. Deve aconselhar-se o doente a consultar o seu médico, caso haja um incremento da sintomatologia, ou se o doente detectar qualquer dos seguintes sintomas: Mais Comum Sangue na urina Febre e arrepios Desejo frequente de urinar Maior frequência urinária Dor nas articulações Náuseas e vómitos Dor ao urinar Menos frequentes Tosse Erupções cutâneas Se durante o tratamento com ImmuCyst surgir infecção bacteriana do tracto urinário (ITU), a instilação com ImmuCyst deve ser interrompida até à resolução da referida entidade por duas razões: (1) o aparecimento de cistite em associação com a ITU pode levar a efeitos secundários mais graves no tracto urinário e (2) os bacilos BCG são sensíveis a uma grande variedade de antibióticos, pelo que a administração de antimicrobianos pode diminuir a eficácia de ImmuCyst. Do mesmo modo, doentes a fazerem terapêutica antimicrobiana para outras infecções devem ser cuidadosamente avaliados no que se refere à possibilidade de diminuição da eficácia de ImmuCyst. Foram reportados casos de infecção por BCG de aneurismas e próteses várias (incluindo arteriais, cardíacas e articulares) após administração intravesical de BCG. O risco de infecção ectópica por BCG não está determinado, mas considera-se baixo. No entanto, o benefício da terapêutica com BCG deve ser cuidadosamente ponderado face à possibilidade de infecção ectópica por BCG de aneurismas e próteses de qualquer tipo. Ver indicações para o tratamento da urina resultante do período após administração na secção 6.6. 4.5. Interacções medicamentosas e outras formas de interacção. A terapêutica com imunossupressores e/ou mielossupressores (corticoesteróides, antimetabólitos) e/ou radiações interfere com a resposta imunitária do ImmuCyst, aumentando o risco de infecção disseminada por BCG. A antibioterapia para outras infecções pode interferir com a eficácia do ImmuCyst. No caso de doentes em cuja situação futura a terapêutica imunossupressiva seja mandatória, como por exemplo em espera para transplante de órgãos e/ou miastenia grave, a decisão de tratamento com ImmuCyst deve ser cuidadosamente ponderada. RCM Immucyst Jan 05 4 IMMUCYST BCG Imunoterapêutico 4.6. Utilização em caso de gravidez e de lactação Não se realizaram estudos de reprodução animal com ImmuCyst. Também não se sabe se o ImmuCyst pode causar danos ao feto quando administrado a mulheres grávidas ou se pode afectar a capacidade de reprodução. ImmuCyst só deverá ser administrado a mulheres grávidas se for estritamente necessário. Deve ser desaconselhada a gravidez aquando da terapêutica com ImmuCyst. A mulher que amamenta, caso tenha uma infecção sistémica ao BCG, pode infectar a criança. Desconhece-se se o ImmuCyst é excretado no leite materno. Por isso, e tendo em conta as potenciais reacções adversas graves do ImmuCyst na criança amamentada, aconselha-se a descontinuação da amamentação, se pelas condições da mãe, seja necessária a terapêutica com este agente. 4.7. Efeitos sobre a capacidade de conduzir e utilizar máquinas Não aplicável. 4.8. Efeitos indesejáveis A administração intravesical de BCG causa uma resposta inflamatória na bexiga que surge frequentemente associada a febre transitória, hematúria, frequência urinária e disúria. Estas reacções podem ser tomadas como provas de que o tratamento está a produzir a resposta terapêutica desejada, mas recomenda-se uma monitorização cuidadosa dos doentes. Os sintomas de irritação vesical são evidentes em aproximadamente 50% dos doentes a fazer terapêutica com ImmuCyst e iniciam-se tipicamente 4 a 6 horas após a instilação, estendendo-se durante as 24 a 72 horas seguintes. Estes efeitos de irritação surgem usualmente após a terceira instilação e tendem a tornar-se mais severos após cada administração. O mecanismo subjacente ao aparecimento destes efeitos não é ainda conhecido, mas é provável que seja de natureza imunológica. Não há evidência de que uma redução na dose ou o uso de terapêutica anti-tuberculosa transitória possa prevenir ou reduzir esta sintomatologia. RCM Immucyst Jan 05 5 IMMUCYST BCG Imunoterapêutico Foram realizados dois estudos clínicos nos EUA onde se registaram as seguintes reacções adversas, por ordem decrescente da sua ocorrência: Sistema e Orgãos Efeitos adversos Sistema sanguíneo e linfático Anemia Coagulopatias, leucopenia, trombocitopénia < 5 a 21% dos casos < 5% dos casos Coração Manifestações cardíacas (não classificadas) < 5% dos casos Manifestações gerais e condições no local de administração Arrepios, Febre, Mal-estar Fadiga, cefaleia 14 a 40% dos casos < 5% dos casos Sistema Gastrointestinal Dor abdominal, obstipação, diarreia, desordens hepáticas Naúseas, vómitos ≤ 6% dos casos Infecções e infestações Infecções locais, sépsis < 5% dos casos Metabolismo e nutrição Anorexia 3 a 11 % dos casos Manifestações músculoesqueléticas, dos tecidos conjuntivos e ósseas Artralgia, mialgia, cãimbras, dor no flanco ≤ 7% dos casos Sistema Nervoso Enxaqueca, tonturas < 5% dos casos Rim e vias urinárias Disúria Hematúria Cistite Frequência urinária Urgência urinária Toxicidade renal Infecções do tracto urinário Incontinência urinária Contractura vesical 27 a 52% dos casos 19 a 39% dos casos 0 a 29% dos cases 14 a 40% dos cases 4 a 18% dos casos ≤10% dos casos 1 a 18% dos casos ≤ 6% dos casos < 5% dos casos Sistema reprodutor Dor genital 0 a 10% dos casos Sistema respiratório, torax e mediastino Infecção pulmonar < 5% dos casos Pele e tecidos subcutâneos Erupção cutânea < 5% dos casos RCM Immucyst Jan 05 3 a 16% dos casos 6 IMMUCYST BCG Imunoterapêutico Adicionalmente, foram reportados os seguintes efeitos adversos: Sistema e Órgãos Manifestações oculares Efeitos adversos Uveíte, conjuntivite, iríte, queratite, corioretinite granulomatosa Raramente Manifestações músculoesqueléticas, dos tecidos conjuntivos e ósseas Artrite Raramente Infecções e infestações Infecções por BCG Sépsis causada por BCG Raramente Muito raramente Sistema reprodutor Prostatite granulomatosa, epidídimo-orquite, obstrução uretral e abcesso renal Raramente Sintomas oculares como, uveíte, conjuntivite, írite, queratite, coreoretinite granulomatosa, isolados ou acompanhados de artrite ou artralgia, sintomas urinários e/ou erupção cutânea, têm sido associados à administração intravesical de BCG, sendo o risco de aparecimento elevado em doentes HLA-B27 positivos. As ocorrências de erupção cutânea, artralgia e artrite migratória são raras e consideradas como reacções alérgicas. O respectivo tratamento é referido em Tratamento de efeitos adversos. Adicionalmente têm sido reportadas infecções por BCG no pulmão, fígado, osso, medula óssea, rins, nódulos linfáticos, peritoneu e próstata. Algumas infecções do tracto genito-urinário masculino (orquite/epididimite) mostraram ser refractárias à terapêutica anti-tuberculosa múltipla, sendo necessária a orquiectomia. Muito raramente ocorrem infecções graves como complicações da administração intravesical de BCG. É o caso de sépsis disseminada, situação muito rara e associada a uma elevada mortalidade. Reacções sistémicas graves ao BCG foram relatadas em casos < 1%. Reacção sistémica ao BCG A reacção sistémica ao BCG é uma doença granulomatosa sistémica que pode aparecer (embora raramente) subsequentemente à terapêutica com BCG. Porém, como normalmente é difícil isolar os bacilos nos órgãos afectados, a reacção inflamatória versus processo infeccioso é, muitas vezes, pouco clara, daí o termo reacção sistémica. RCM Immucyst Jan 05 7 IMMUCYST BCG Imunoterapêutico Baseados na experiência clínica com BCG, a reacção sistémica pode ser definida como um dos seguintes sinais, se nenhuma outra etiologia for detectada: Febre ≥ 39,5ºC com duração ≥ 12 horas; febre ≥ 38,5º C com duração ≥ 48 horas; pneumonia; hepatite; entidade patológica alheia ao tracto genito-urinário com inflamação granulomatosa na biópsia; ou os sinais clássicos de sépsis, incluindo colapso circulatório, síndrome de dificuldade respiratória do adulto (ARDS) e coagulação intravascular disseminada. A reacção sistémica ao BCG, embora rara, tem maior possibilidade de ocorrer caso o BCG seja administrado quer na semana a seguir à ressecção transuretral, quer após cateterismo traumático da bexiga, associado a hematúria. O tratamento apropriado à reacção sistémica ao BCG é abordado em Tratamento dos efeitos adversos. Tratamento dos efeitos adversos O quadro seguinte resume o tratamento recomendado nos efeitos adversos ao ImmuCyst. Caso o doente desenvolva febre persistente ou uma súbita febre elevada, consistente com uma infecção por BCG, as instilações devem ser permanentemente descontinuadas, o doente deve ser imediatamente avaliado e tratada a infecção. O tratamento com dois ou mais anti-micobacterianos deverá ser iniciado imediatamente enquanto o diagnóstico, incluindo as culturas, decorre. Culturas negativas não eliminam necessariamente a hipótese de infecção. A terapêutica anti-tuberculosa inclui geralmente a Isoniazida (300 mg/dia), a Rifampicina (600 mg/dia) e o Etambutol (1000 mg/dia). Na presença de reacção sistémica à BCG, a adição de corticoesteróides de curt duração (por exemplo, a Prednisolona) poderá ser considerada, pois foram demonstrados os seus benefícios em 5 doentes e em modelos animais estudados. O ImmuCyst é sensível à maioria dos agentes anti-tuberculosos utilizados (Isoniazida, Rifampicina e Etambutol). O ImmuCyst não é sensível à Pirazinamida. Efeitos adversos agudos, irritantes e localizados podem ser acompanhados de manifestações sistémicas consistentes com um síndroma gripal. Os efeitos adversos sistémicos com 1 a 2 dias de duração, tais como o mal-estar, a febre e os arrepios reflectem, frequentemente, uma reacção de hipersensibilidade. No entanto, sintomas como febre ≥ 38,5ºC, ou inflamação aguda localizada, como é o caso da epididimite, prostatite ou orquite, cuja persistência seja superior a 2 a 3 dias, sugerem uma infecção activa, sendo necessária a avaliação das possíveis complicações. RCM Immucyst Jan 05 8 IMMUCYST BCG Imunoterapêutico SINTOMAS, SINAIS OU SÍNDROMES TRATAMENTO 1) Sintomas de irritação vesical com duração < 48 horas Tratamento sintomático. Por exemplo: Cloridrato de fenazopiridina, brometo de propantelina, cloreto de oxibutina, paracetamol. 2) Sintomas de irritação vesical com duração ≥ 48 horas Tratamento sintomático. Adiar a administração de ImmuCyst até à completa resolução sintomatológica. Caso aquela não ocorra no prazo de uma semana, administrar Isoniazida (INH) 300 mg/dia durante 15 dias. 3) ITU concomitante Adiar o tratamento com ImmuCyst até completar o tratamento antimicrobiano e que as uro-culturas sejam negativas. 4) Outros efeitos adversos do tracto genito- Interromper ImmuCyst. Administrar INH, 300 urinário: prostatite granulomatosa, epidídimo- mg/dia e rifampicina 600 mg/dia, durante 3 a 6 orquite, obstrução ureteral ou abcesso renal. meses. 5) Febre < 38,5ºC, de duração < 48 horas. 6) Erupção cutânea, migratória artralgias ou Tratamento sintomático com paracetamol. artrite Anti-histamínicos ou AINEs. Caso não haja resposta interromper ImmuCyst e administrar INH 300 mg/dia, durante 3 meses. Interromper permanentemente ImmuCyst. 7) Reacção sistémica ao BCG sem sinais de Proceder a terapêutica anti-tuberculosa, durante 6 choque séptico meses. Igual ao anterior (7). Adicionar eventual 8) Reacção sistémica ao BCG com sinais de terapêutica corticosteróide de alta dosagem e choque séptico curta duração. 9) Sintomas Oculares 4.9. Consultar o específico. oftalmologista para tratamento Sobredosagem No caso de sobredosagem, os doentes deverão ser cautelosamente estudados e os efeitos adversos tratados de acordo com as recomendações do Tratamento dos efeitos adversos. RCM Immucyst Jan 05 9 IMMUCYST BCG Imunoterapêutico 5. PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS 5.1. Propriedades farmacodinâmicas Grupo Farmaco-Terapêutico: XVII-3-a. Antineoplásicos e Imunomoduladores Classificação ATC: L03AX03 Quando administrado intravesicalmente como terapêutica para o cancro, o BCG promove uma inflamação local aguda e uma reacção granulomatosa sub-aguda, com infiltração de macrófagos e leucócitos no urotélio e na lâmina própria da bexiga. Os efeitos inflamatórios locais estão associados a uma eliminação ou redução das lesões cancerosas superficiais da bexiga. O mecanismo de acção exacto é desconhecido, mas o efeito anti-tumoral parece ser do tipo linfócito-T dependente. Demonstrou-se que estimula o sistema retículo-endotelial evidenciando-se pela hiperplasia de macrófagos no fígado e no baço, pelo aumento da actividade fagocítica e pelo aumento da resistência inespecífica às infecções bacterianas e víricas. No Homem, a administração do BCG tem sido eficaz no tratamento do melanoma, do carcinoma de células basais e do carcinoma cutâneo in situ, de células escamosas. A imunoterapia com BCG parece mais eficaz quando a carga tumoral é baixa e é possível aplicar BCG directamente no tumor. O cancro superficial da bexiga, devido à sua antigenicidade, acessibilidade e tendência para recidiva, é o candidato ideal para esta terapia. O mecanismo exacto da acção do BCG na bexiga não é bem conhecido, contudo quando se instila BCG na bexiga, produz-se uma notável resposta inflamatória na maioria dos indivíduos. Não se sabe ainda se esta resposta produz todo ou só parte do efeito anti-tumoral. Embora não esteja claramente demonstrado um benefício em termos de sobrevida na população tratada com ImmuCyst, os bons resultados obtidos na imunoterapia intravesical com BCG, pensa-se que são devidos: 1. As soluções concentradas dos microrganismos estão em contacto com a mucosa que tem o tumor durante períodos de tempo relativamente extensos. 2. A possibilidade de recidiva pode reduzir-se pela destruição das células tumorais remanescentes depois da ressecção. 3. O carcinoma residual pode ser eliminado por esta destruição. 4. Pode-se impedir o desenvolvimento de lesões que evolucionam até lesões neoplásicas. 5. A toxicidade provavelmente é mínima devido ao método de administração local. 6. A cistectomia ou a quimioterapia sistémica pode prevenir-se ou atrasar-se. A imunoterapia com BCG utiliza-se em: 1. Carcinoma de células de transição da bexiga RCM Immucyst Jan 05 10 IMMUCYST BCG Imunoterapêutico Embora a RESSECÇÃO TRANSURETRAL constitua o tratamento primário do tumor papilar superficial, é sabido que este tipo de tumores apresentam tendência para a recorrência e progressão. Isto é particularmente verdade quando existem dois ou mais tumores papilares co-existentes, quando já houver recorrência dos mesmos ou quando há carcinoma in situ associado. Nestas circunstâncias, o ImmuCyst tem mostrado um aumento significativo no tempo de recorrência, quando administrado intravesicalmente após ressecção transuretral com um objectivo profiláctico. a) Como terapia coadjuvante A viabilidade da imunoterapia intravesical com BCG para a preservação da recidiva do carcinoma superficial de células de transição na bexiga foi estabelecida por Morales e colaboradores. Os ensaios randomizados posteriores avaliaram o BCG em doentes com alto risco de recidiva. Comparada com a terapia cirúrgica padrão, cujas taxas de recidiva estão entre 42 a 50%, a preservação com o BCG produz taxas de recidiva de 17 a 29% em períodos até 3 anos. Com o BCG os resultados são superiores aos obtidos com a quimioterapia intravesical convencional. Brosman obtém uma taxa de recidiva de 0% com a imunoterapia BCG num tempo médio de 18 a 21 meses. Os investigadores de Southwest Oncology Group (SWOG), numa comparação prospectiva da BCG Connaught e o Cloridrato de doxorrubicina, observam uma eficácia superior da BCG sobre o prolongamento do intervalo sem recidiva em doentes com cancro superficial vesical. Os resultados, até à data, dão uma média de sobrevivência sem recidiva de 24,2 meses para o grupo BCG e de 11,3 meses para o grupo doxorrubicina. b) Tratamento do tumor residual Os estudos sobre a eficácia da imunoterapia BCG em pessoas com tumores papilares residuais, depois da ressecção (citologia urinária persistentemente positiva e/ou evidência cistoscópica) dão taxas de resposta completa de aproximadamente 58%. 2. Carcinoma in situ da bexiga O carcinoma in situ (CIS) pode ocorrer só ou associado a tumores papilares das células de transição, particularmente os de alto grau. O carcinoma in situ pode ser multifocal e pode também estar associado a lesões displásicas pré-malignas multifocais. Embora a ressecção transuretral seja o tratamento primário para o carcinoma in situ, não é frequentemente curativo: algumas lesões podem ser indetectáveis, não passíveis de ressecção transuretral ou ambas as situações. Além disto, mesmo tratando-se de ressecção transuretral curativa, o carcinoma in situ está associado a uma elevada incidência de recorrências e à recorrência de lesões de estadios mais avançados, incluindo o tumor invasivo da camada muscular da bexiga . RCM Immucyst Jan 05 11 IMMUCYST BCG Imunoterapêutico O BCG intravesical foi estudado e estabelecido como uma alternativa ao tratamento cirúrgico radical e como profilaxia para a recorrência do carcinoma in situ. O estudo piloto de Morales demonstrou respostas completas em 71% dos doentes que não eram candidatos à cistectomia. Outros ensaios clínicos proporcionaram evidências adicionais, segundo os quais a maioria dos doentes com beneficiariam de um ciclo de imunoterapia BCG intravesical. A taxa de resposta completa em doentes com carcinoma in situ é de 50 a 72%. Os resultados preliminares de um ensaio com BCG Connaught confirmaram estes achados, uma vez que obtiveram uma taxa de resposta completa de 69% para doentes com carcinoma in situ, sem tumores de células de transição associados. 5.2. Propriedades farmacocinéticas O BCG foi administrado por via intravesical e, simultaneamente, por via percutânea. Observou-se a presença de bactérias ácido-resistentes na urina. Noutros sítios, as culturas para bacilos ácido-resistentes foram negativas, inclusive em casos de suspeita de infecção sistémica por BCG. Os bacilos parecem ficar limitados ao local da administração. 5.3. Dados de segurança pré-clínica Em modelos de ratos, com intuito de investigar o tratamento à reacção sistémica por BCG, aqueles animais foram submetidos à administração de uma dose de BCG intraperitonealmente. Subsequentemente, foi efectuada uma segunda dose intraperitoneal para determinar a dose mínima letal de BCG na ausência de qualquer tratamento. Estes animais desenvolveram aquele tipo de reacções muito rapidamente e esses animais afectados respondem aos corticosteróides (prednisolona). Estas observações indicam que existe um componente de hipersensibilidade de reacção sistémica do BCG. O modelo de ratos indicou que a adição da prednisolona ao tratamento tradicional com tuberculostáticos (isoniazida, rifampicina), no tratamento de reacção sistémica ao BCG, permitem uma significativa vantagem na sobrevida face ao tratamento sem prednisolona. RCM Immucyst Jan 05 12 IMMUCYST BCG Imunoterapêutico 6. INFORMAÇÕES FARMACÊUTICAS 6.1. Lista dos excipientes Liofilizado: 6.2. Glutamato monossódico monohidratado Incompatibilidades Os bacilos Calmette Guérin são sensíveis a uma grande variedade de antibióticos. Deste modo, a terapêutica antimicrobiana pode diminuir a eficácia de ImmuCyst. Assim sendo, doentes nesta situação devem ser avaliados clinicamente perante tal possibilidade. 6.3. Prazo de validade Armazenado à temperatura de 4ºC, a estabilidade de ImmuCyst é de 2 anos 6.4. Precauções particulares de conservação Guardar de 2ºC a 8ºC. ImmuCyst não deve ser exposto à luz solar directa ou indirecta em momento algum. A exposição à luz artificial deve reduzir-se ao mínimo. 6.5. Natureza e conteúdo do recipiente ImmuCyst contém como princípio activo organismos BCG liofilizados num frasco de cor âmbar, fechado com rolha de borracha e cápsula de alumínio. 6.6. Instruções de utilização, manipulação e eliminação Reconstituição do Produto Liofilizado Não retirar as rolhas de borracha dos frascos Para Administração unicamente Subcutânea ou Intravenosa. RCM Immucyst Jan 05 Intravesical. Não administrar por via 13 IMMUCYST BCG Imunoterapêutico Reconstituir ImmuCyst imediatamente antes do seu uso, mediante técnicas assépticas e em área bem ventilada. O ImmuCyst contém micobactérias vivas atenuadas. Deve ser manipulado como material infeccioso. Para evitar contaminação cruzada, não preparar fármacos para administração parentérica na mesma área que o ImmuCyst. Recomenda-se a preparação do ImmuCyst numa área separada. Têm sido identificadas infecções nosocomiais em doentes imunodeprimidos aos quais foram administrados fármacos por via parentérica preparados na mesma área que o ImmuCyst. Do mesmo modo, ImmuCyst não deve ser preparado em câmara de fluxo de ar laminar. As pessoas que manipulam o produto devem usar máscara, protecção para os olhos e luvas para evitar a inalação ou exposição inadvertida aos organismos BCG. ImmuCyst não deve ser manipulado por pessoas com deficiência imunológica. Não retirar a rolha de borracha do frasco. Aplicar na superfície da rolha de borracha do frascos de BCG, um penso de algodão estéril humedecido com um antisséptico apropriado. Deixar o antisséptico actuar pelo menos 5 minutos. ImmuCyst BCG IMUNOTERAPÊUTICO 81 mg Injectar 3 ml de soro fisiológico, estéril e livre de conservantes no frasco de Immucyst. Agitar suavemente o frasco até obter uma suspensão homogénea e fina. Evitar a formação de espuma, porque esta impediria a retirada da dose adequada. Retirar do frasco todo o conteúdo do material reconstituído. Diluir novamente o material reconstituído do frasco (1 dose) em 50 ml suplementares de soro fisiológico, estéril e livre de conservantes, perfazendo o volume de 53 ml. ImmuCyst BCG IMUNOTERAPÊUTICO 27 mg: Injectar 1 ml de soro fisiológico, estéril e livre de conservantes no frasco de Immucyst. Agitar suavemente o frasco até obter uma suspensão homogénea e fina. Evitar a formação de espuma, porque esta impediria a retirada da dose adequada. Retirar do frasco todo o conteúdo do material reconstituído. Diluir novamente o material reconstituído dos 3 frascos (1 dose) em 50 ml suplementares de soro fisiológico, estéril e livre de conservantes, perfazendo o volume de 53 ml. O produto deve ser utilizado imediatamente após a sua reconstituição. RCM Immucyst Jan 05 14 IMMUCYST BCG Imunoterapêutico Caso não seja possível a administração logo após a reconstituição, o intervalo de tempo entre ambas não deve ser superior a duas horas, com risco de ocorrência de uma diminuição da viabilidade do BCG. Qualquer produto reconstituído que apresente floculação ou partículas agregadas, que não possam ser dispersas por agitação suave, não deve ser utilizado. O produto reconstituído não deve ser exposto à luz solar directa ou indirecta. A exposição à luz artificial deve ser minimizada tanto quanto possível. Depois da administração, o produto não usado, material de embalagem, bem como todo o equipamento e os materiais utilizados para a instilação do produto na bexiga (por ex.: seringas, catéteres) devem ser colocados em contentores para resíduos infecciosos e eliminados de acordo com as normas aplicáveis a resíduos bioperigosos. A urina resultante do período de seis horas após a administração de ImmuCyst deve ser desinfectada com igual volume de solução de hipoclorito de sódio a 5% durante 15 minutos antes de ser eliminada. 7. TITULAR DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO Laboratórios INIBSA, S.A. SINTRA BUSINESS PARK Zona Industrial da Abrunheira, Edifício 1 – 2ºI 2710 - 089 Sintra 8. NÚMEROS DE AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO 5318886 – ImmuCyst BCG Imunoterapêutico 81 mg 5318985 – ImmuCyst BCG Imunoterapêutico 27 mg 9. DATA DA PRIMEIRA AUTORIZAÇÃO/RENOVAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO 20/05/1992 10. DATA DA REVISÃO DO TEXTO Janeiro/2005 RCM Immucyst Jan 05 15