Lenice Maria Oliveira de Carvalho

Propaganda
Pró-Reitoria Acadêmica
Escola de Medicina
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia
O AUTOCONCEITO DE IDOSOS E SUA RELAÇÃO
COM NÍVEIS DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO
Autora: Lenice Maria Oliveira de Carvalho
Orientadora: Profa. Dra. Carmen Jansen de Cárdenas
Brasília - DF
2015
LENICE MARIA OLIVEIRA DE CARVALHO
O AUTOCONCEITO DE IDOSOS E SUA RELAÇÃO COM NÍVEIS DE ANSIEDADE
E DEPRESSÃO
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação Stricto Sensu em Gerontologia da
Universidade Católica de Brasília, como
requisitoparcial para a obtenção do Título de
Mestre em Gerontologia.
Orientadora: Profa. Dra. Carmen Jansen de
Cárdenas
Brasília – DF
2015
C331a
7,5cm
Carvalho, Lenice Maria Oliveira de.
O autoconceito de idosos e sua relação com níveis de ansiedade e
depressão. / Lenice Maria Oliveira de Carvalho – 2015.
75 f.; il.: 30 cm
Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2015.
Orientação: Profa. Dra. Carmen Jansen de Cárdenas
1. Gerontologia. 2. Idosos. 3. Autoconceito. 4. Depressão. 5. Ansiedade.
I. Cárdenas, Carmen Jansen de, orient. II. Título.
CDU 613.98
Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB
A minha dindinha - Teodora, que me
ensinou o que é o amor ao próximo e fez da
sua existência em si um ato de puro amor.
Amor incondicional que nada espera em
troca. Afeto desmedido e incontido. Mesmo
sem gerar, cuidou, nutriu, amou, amou,
amou...
AGRADECIMENTOS
A Deus por me guiar e iluminar em todos os meus caminhos.
A minha família, meus irmãos Luiz e Lena, em especial a minha mãe e ao meu pai,
Leni e Livio, e a minha filha, Tayná, pelo amor e apoio incondicional em todos os momentos.
Aos idosos que possibilitaram esta pesquisa.
A todos os professores do curso, em especial a Profa Carmem e a Profa Gislane pela paciência
e orientação para a conclusão deste trabalho.
A todos os meus amigos de curso e “as poderosas” por partilharem alegrias e tristezas, em
especial a Leila, Débora, Angela e Mercia pelo apoio, carinho e atenção.
A todos aqueles que acreditam em mim e tornam minha vida maravilhosa simplesmente por
fazerem parte dela.
How old would you be if you didn’t know how old
you are?
Satchel Paige
RESUMO
CARVALHO, Lenice Maria Oliveira de; CÁRDENAS, Carmen Jansen de. O autoconceito
de idosos e sua relação com níveis de ansiedade e depressão – Brasil. 66 págs. (Programa
de Pós-Graduação Strictu Sensu Mestrado em Gerontologia, Universidade Católica de
Brasília, 2015).
O autoconceito é um construto multidimensional e se refere a percepção que o sujeito tem de
si mesmo. Esta percepção, se positiva ou negativa, pode afetar de maneira significativa outras
dimensões psicológicas. O objetivo deste estudo foi avaliar o autoconceito em idosos
atendidos no Sistema Único de Saúde do Distrito Federal e investigar as possíveis relações
deste com níveis de ansiedade e depressão. Trata-se de uma pesquisa com características
quantitativas, transversal do tipo descritiva. Para tanto, a amostra foi constituída por 81
idosos, sua maioria mulheres (72,8%), casados (42%), com média de idade igual a 68,38 ±6,8.
O autoconceito foi avaliado por meio do Instrumento de Vaz Serra (1986), a Depressão pela
Escala de Depressão de Beck (1979) e a ansiedade pela Escala de Ansiedade de Beck
(1993).Os resultados demonstraram que em relação ao autoconceito, não houve diferença
significativa entre homens (70,00 ±8,77) e mulheres (71,56±11,07), sendo o p= 0, 55. A
pontuação no Inventário Clinico de Vaz Serra revela um nível elevado de autoconceito dos
idosos desta amostra. Os fatores do autoconceito: aceitação/rejeição social, autoeficácia e
impulsividade/atividade possuem correlação negativa com depressão e os fatores
aceitação/rejeição social, autoeficácia e o autoconceito geral possuem correlação negativa
com ansiedade. Os resultados evidenciaram relação estatisticamente significativa entre fatores
do autoconceito e os níveis de ansiedade e depressão nos idosos.
Palavras-chave: Idosos. Autoconceito. Depressão. Ansiedade.
ABSTRACT
The self-concept is a multidimensional construct and refers to the perception that the person
has of itself. This perception, whether positive or negative, can significantly affect other
psychological dimensions. The objective of this study was to evaluate the self in elderly
patients in the Unified Health System of the Federal District and to investigate possible
connections of this with levels of anxiety and depression. This is a survey of quantitative
characteristics, cross descriptive. Therefore, the sample consisted of 81 elderly, women
majority (72.8%), married (42%), mean age: 68.38 ± 6.8. The self-concept was assessed by
Vaz Serra Instrument (1986), the Beck Depression by Depression Scale (1979) and anxiety by
Beck Anxiety Scale (1993) .The results showed that In relation to self, no significant
difference between men (70.00 ± 8.77) and women (71.56 ± 11.07), with p = 0, 55. The score
in Clinical Inventory Vaz Serra reveals a high level of self-concept of the elderly in this
sample. The self-concept factors: acceptance / social rejection, self-efficacy and impulsivity /
activity have a negative correlation with depression and the factors acceptance / social
rejection, self-efficacy and general self-concept have negative correlation with anxiety. The
results indicated a significant association between self-concept factors and levels of anxiety
and depression in the elderly.
Keywords: Elderly. Self. Depression. Anxiety.
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11
2
REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 14
2.1 O ENVELHECIMENTO .................................................................................................. 14
2.1.1 Envelhecimento e Depressão ...................................................................................... 15
2.2 DA MELANCOLIA À DEPRESSÃO: UMA BREVE HISTÓRIA ................................. 17
2.3 AVALIAÇÃO DA DEPRESSÃO EM IDOSOS .............................................................. 20
2.4 ANSIEDADE .................................................................................................................... 23
2.4.1 Envelhecimento e ansiedade ...................................................................................... 25
2.5 AUTOCONCEITO ............................................................................................................ 27
2.5.1 Autoconceito e envelhecimento .................................................................................. 31
3
OBJETIVOS .................................................................................................................... 34
3.1 OBJETIVO GERAL.......................................................................................................... 34
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................ 34
4
HIPÓTESE ...................................................................................................................... 34
MATERIAIS E MÉTODO ....................................................................................................... 39
5
CONCLUSÃO ................................................................................................................. 50
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 52
APÊNDICE A ......................................................................................................................... 61
APENDICE B.......................................................................................................................... 63
ANEXO A ............................................................................................................................... 65
ANEXO B ................................................................................................................................ 66
ANEXO C ............................................................................................................................... 68
ANEXO D ................................................................................................................................ 69
ANEXO E ................................................................................................................................ 73
ANEXO F ................................................................................................................................ 74
ANEXO G................................................................................................................................ 75
11
1
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas o Brasil tem se deparado com uma combinação entre o declínio
da fecundidade e a diminuição da mortalidade, o que influenciou e influencia
significativamente no crescimento da população idosa (ALVES et al., 2007). Dados
apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2012) demonstram
que número de idosos saltou de 7,3 milhões em 1980 para 14,5 milhões em 2000 e no ultimo
senso o numero de idosos chega a 22,9 milhões (11,34% da população). De acordo com os
dados da Coordenação de Planejamento Do Distrito Federal - CODEPLAN (2012) a
população de idosos do Distrito Federal chega a 200 mil pessoas contabilizadas em todas as
regiões administrativas.
Não só em número populacional os idosos têm apresentado alterações, mas observa-se
também um aumento na expectativa de vida destes. Idades médias de 70 anos e 182 dias eram
observadas em 2000. Atualmente, esta média é de 74,6 anos de idade, com diferenças entre
homens e mulheres que variam de 71 anos para os homens e 78,3 anos para as mulheres.
Apesar do crescimento acelerado e do aumento na expectativa de vida desta
população, Costa e Ciosak (2010) afirmam que a desinformação sobre a saúde do idoso ainda
é grande e precisa ser melhorada, já que se trata de uma fase de vida em que alguns processos
de perdas, sejam físicas, sociais ou psicológicas se tornam mais freqüentes (CHAIMOWICZ,
1998).
O processo de envelhecer deve ser compreendido em toda sua amplitude e totalidade
como um fenômeno universal, o qual pode variar de indivíduo para indivíduo, sendo mais
gradativo para uns e mais rápido para outros. Fatores dependentes relacionados ao gênero,
estilo de vida, condições socioeconômicas, doenças crônicas, dentre outros, são determinantes
nesta faixa etária (CAETANO, 2006; FIGUEIREDO, 2007). Cabe ressaltar que o inverso
também ocorre já que o estado de saúde e doença depende muito da forma como cada um
percebe seu processo de envelhecer. Desta maneira, falar de envelhecimento é abrir o leque de
interpretações que se entrelaçam ao cotidiano e as diferentes perspectivas pessoais e culturais
(FECHINI; TROMPIERE, 2012).
Como qualquer etapa do desenvolvimento humano, o envelhecimento possui uma
dimensão existencial que interfere na relação da pessoa com o tempo e espaço, a qual gera
modificações em suas relações com o mundo e com a sua própria história (FREITAS et al.,
2010). Neste contexto, o processo de envelhecimento, numa perspectiva bio-psico-sociocultural, gera demandas complexas e exige atenção diferenciada, não significando afirmar que
12
envelhecer é estar em um processo de doenças. Pelo contrário, o idoso deve vivenciar esta
etapa do desenvolvimento com características e valores próprios, os quais possibilitam novas
intercorrências, tanto na sua estrutura orgânica, como nos aspectos profissionais, nas relações
familiares e, consequentemente, em suas redes sociais (OPAS, 1993). Esse processo de
mudanças pode exigir, por parte do idoso, um esforço para adaptar-se às novas situações. No
caso de não haver esta adaptação ao novo ciclo vital, os resultados podem conduzir ao
aparecimento de perturbações comportamentais reativas que surgem com intensidade, como
por exemplo, a depressão (FIGUEIREDO, 2007).
Para Santos (2008), situações como a diminuição da capacidade funcional, a
dependência de terceiros, a aposentadoria, a perda de entes queridos, as dificuldades
socioeconômicas, o uso de medicamentos podem influenciar consideravelmente a
probabilidade da depressão se desenvolver nesta fase da vida. Entretanto, ressalta o autor, a
presença de fatores de risco não significa que todos os idosos desenvolverão a depressão, pois
esses fatores se correlacionam com a predisposição e com a história de vida de cada
indivíduo.
As teorias que defendem ser a depressão no idoso distinta da depressão em outras
faixas etárias apoiam-se entre outros aspectos, nas diferenças sintomatológicas apresentadas
em cada caso. Um estudo de Cohen e Eisdorfer (2007) demonstra que os idosos apresentam,
na sua maioria, depressões atípicas, não se encaixando com isso nos padrões das
classificações existentes no CID 10 e DSM IV. Na opinião desses autores, as depressões
atípicas podem ser caracterizadas pela falta de episódios de tristeza claramente distintos,
mostrando-se o doente apático, com queixas subjetivas de comportamento cognitivo (eventos
privados percebidos somente por eles) ansiedade proeminentes, somatização e excesso de
preocupação com a saúde e o corpo.
A ocorrência de depressão pode estar ligada as limitações naturais do indivíduo
inserido em um contexto que não favorece o seu desenvolvimento para estratégias de
enfrentamento às dificuldades ao longo da vida. A essas limitações podem ser acrescidas
aquelas colocadas pela sociedade, fruto de preconceitos e estereótipos sociais, o que os
tornam ainda mais vulneráveis (CAMARANO, 1999).
A idade avançada é um fenômeno social atrelado, na maioria das vezes, a
preconceitos, estereótipos e imagens negativas mediante o velho e a própria velhice (RON,
2007). Segundo Silva (2005) os estereótipos negativos favorecem que as experiências dos
idosos tenham caráter negativo, o que contribui para a vivência de emoções desfavoráveis ou
ainda a desvalorização dessas experiências, contribuindo ainda mais com o estigma da velhice
13
como um período negativo. Apesar dos avanços das pesquisas em relação ao envelhecimento
bem-sucedido, observa-se o início de um movimento no sentido de se construir uma visão
mais positiva em relação aos idosos e a velhice, mas infelizmente há ainda o predomínio da
visão negativa em todos os grupos etários, inclusive entre os próprios idosos (RON, 2007).
Por conseqüência, estes fatores interferem no conceito que essa pessoa terá de si
mesma – o autoconceito (OKUMA, 1999). Para Rocha (2007), as funções do autoconceito são
essencialmente criar a identidade no processamento da informação, regulação emocional,
além da adaptação do comportamento social que influenciam diretamente em outras variáveis
psicológicas como a depressão e a ansiedade.
Para a análise de contingências que afetam o indivíduo, o autoconceito é uma parte
importante na avaliação do comportamento operante e pode nos dar uma noção de como uma
pessoa se vê e se descreve. Trata-se de um dos construtos mais importantes no estudo do
comportamento humano, pois refere-se ao conceito que o indivíduo faz de si como um ser
físico, social e espiritual ou moral (GECAS, 1982). O autoconceito como um dos
componentes básicos da autoestima faz parte da nossa personalidade. Rocha (2007) infere que
tanto o autoconceito como a autoestima são fundamentais na nossa vida, porque estão
relacionados ao nosso sucesso e ao bem estar.
Para Mello e Teixeira (2011) a sociedade contemporânea valoriza muito o consumo e
a produção, o que pode afetar a percepção que a pessoa tem de si, caso esta não produza
resultados condizentes com o que é valorizado por esta sociedade. Como resultado dessa
desvalorização, o autoconceito tende-se a tornar-se negativo, indicando um sentimento de
impotência perante sua nova situação. Ainda de acordo com os autores, o autoconceito
quando baixo, aliado a outros fatores, podem levar o idoso a evoluir para um quadro mais
grave de ansiedade e depressão.
Diante do exposto, acredita-se que investigar as possíveis relações entre o
autoconceito do idoso com seus níveis de depressão e ansiedade torna-se importante para
verificar em quais aspectos o autoconceito pode influenciar no desencadeamento do processo
ansiogênico e depressivo e com isso ajudar a compreender melhor e a intervir adequadamente
seja de forma preventiva ou profilática, no cuidado com o idoso.
14
2
2.1
REFERENCIAL TEÓRICO
O ENVELHECIMENTO
O envelhecimento é um fenômeno multidimensional, resultante de vários mecanismos
como disfunção do sistema imunológico, programação genética, lesões celulares, controle da
atividade genética e é descrito como um processo inelutável, determinado por um conjunto
completo de fatores fisiológicos, psicológicos e sociais de cada indivíduo (BERGER;
MAILLOUX – POIRIER (1995). Embora seja um processo natural e comum a todas as
pessoas - decorrente do ciclo de vida biológico constituído pelo nascimento, crescimento e
morte - este processo é vivenciado de forma variável de acordo com o contexto social em que
cada pessoa está inserida (MONIZ, 2003).
O envelhecimento fisiológico compreende uma série de alterações nas funções
orgânicas relacionados aos efeitos da idade avançada sobre o organismo, as quais dificultam a
capacidade de manutenção do equilíbrio homeostático e resultam no declínio gradual destas
funções (BOLANDER, 1998). A principal característica deste declínio é a diminuição
progressiva da reserva funcional do indivíduo, ou seja, quando um organismo envelhece em
condições normais, este pode se adaptar adequadamente ao meio, porém quando submetido a
situações de estresse físico, emocional, dentre outros, pode apresentar dificuldades em manter
seu equilíbrio e, desta forma, manifestar a sobrecarga funcional por meio de processos
patológicos (FIRMINO, 2006).
A compreensão do envelhecimento deve, no entanto, ir além de uma abordagem
multidimensional que forneça uma visão global da situação social e de saúde do idoso. Tal
abordagem interdisciplinar necessita articular-se com uma diversidade de disciplinas e
correntes teóricas (RIBEIRO et al., 2002). No contexto social atual, a velhice é apresentada de
forma desvalorizada e caracteriza-se por meio de estereótipos de fracasso, doença e
sofrimento, culmina em idosos que assimilam essas características e reagem a elas de diversas
formas que vão desde o comportamento passivo, depressivo e isolado, ansioso até o
comportamento
agressivo
(LEITE;
GOMES,
2007;
SANTANA;
MAIA,
2009;
LARANJEIRA, 2010). A ideia que vigora em nossa sociedade é a de velhice como sinônimo
de inatividade e incapacidade comparada com a ideia de juventude, que é cheia de vida e
esperança (PATROCINIO; GOHN, 2005). Sendo assim, o envelhecimento social é indicado
pelas estruturas organizadas de cada sociedade; cada indivíduo pode variar de jovem a velho
15
em diferentes sociedades (WEINECK; 1991). E a idade social seria então para Papaleo Netto
(2002) a capacidade que um indivíduo tem de se adequar a certos papéis e comportamentos
referentes a um dado contexto histórico da sociedade.
Já o envelhecimento psicológico pode estar relacionado a fatores como desempenho,
maturação mental além da soma de experiências vividas (WEINECK, 1991). Pode-se obter a
idade psicológica de um indivíduo fazendo-se a relação entre a idade cronológica e as
capacidades de memória, aprendizagem e percepção. Este tipo de idade relaciona o senso de
subjetividade da idade de um sujeito em comparação com outros indivíduos, tendo como
parâmetro a presença de marcadores biológicos, sociais e psicológicos do envelhecimento
(PAPALEO NETTO, 2002).
Fechine e Trompiere (2012) afirmam que se a pessoa for capaz de manter seus papéis
sociais, seus hábitos, sua motivação, esta será capaz de retardar estes processos deletérios. Isto
porque características individuais, ou seja, traços de personalidade influenciam, tanto
positivamente como negativamente, no enfrentamento deste processo biopsicossocial. Estudos
de diversos autores mostram que quase todos os traços poderiam ser entendidos em termos de
cinco fatores designados de neuroticismo, extroversão, abertura à experiência, amabilidade e
conscienciosidade (COSTA; YANG; MCCRAE, 1998), e cada um desses traços poderia ser
definido por outros, mais específicos e restritos, que possibilitariam uma descrição mais
detalhada da personalidade do indivíduo. McCrae et al. (1999) Srivastava, John, Gosling, e
Potter (2003) afirmam que traços como extroversão, sociabilidade e vigor, assim como
neuroticismo e consequentemente rigidez, impulsividade, medo, raiva, fazem com que estes
indivíduos apresentem-se mais ou menos motivados, e também mais ou menos ansiosos
(PETTI, 1999), mais ou menos depressivos (PENN; COLS., 1999; PETTI, 1999), e/ou com
melhores ou piores estratégias de enfrentamento do envelhecimento (ARGYLE; LU, 1990).
Desta forma, segundo Fonseca (2010) o impacto do processo em si, está condicionado,
de forma preponderante, às trajetórias do desenvolvimento percorridas pelo indivíduo durante
a vida. Deve-se, por isso, considerar o contexto em que se deu essa trajetória e as
circunstâncias ambientais e sociais para que se possa aprofundar o conhecimento dessa fase
do desenvolvimento humano.
2.1.1 Envelhecimento e Depressão
O interesse pelo estudo da depressão em idosos tem aumentado significativamente
devido a necessidade de um melhor atendimento a este público que tem crescido
16
vertiginosamente (BIRD; PARSLOW, 2002). O impacto negativo da depressão não está só no
sentimento, mas em todos os aspectos da vida e, por isso, possui grande relevância na Saúde
Pública. Apesar de ser considerada como um problema de saúde importante que atinge
pessoas de todas as idades, conduzindo a sentimento de tristeza e isolamento social, a
depressão é o problema de saúde mental mais comum na terceira idade (MARTINS, 2008).
Segundo Frank e Rodrigues (2006) a maior prevalência está entre os idosos mais jovens, do
sexo feminino, com ausência de companheiro e com pouca escolaridade.
Os estudos de Tourigny-Rivard et al. (2006) demonstram que a depressão em idosos
está associada ao declínio das atividades diárias, a aposentadoria, ao estresse no círculo
familiar, fatores estes que têm ocasionado um risco maior de morte por suicídio
(TOURIGNY-RIVARD et al, 2006). Todavia, ainda é corriqueira a atribuição errônea dos
sintomas depressivos ao processo de envelhecimento normal, tanto por parte da família como
de profissionais da saúde e do próprio idoso, o que tem dificultado a sua correta detecção e
tratamento (FRANK, 2006).
Parece não haver consenso na literatura sobre os índices de prevalência da depressão
em idosos (FORLENZA, 1997): diferentes autores sugerem valores de 1 a 10% de idosos que
vivem na comunidade (BLAZER, 2003) e 10 a 30% entre aqueles que vivem
institucionalizados (SCHRAMM et al, 2004). Segundo Oliveira (2000), a ocorrência da
depressão em idosos pode atingir 50% desta população podendo trazer consequências sérias,
como a perda da autoestima, que impossibilita o idoso de satisfazer suas necessidades ou
impulsos ou mesmo de se defender contra qualquer ameaça a sua segurança.
Em analogia ao surgimento repentino da depressão no indivíduo, Widlocher (2001) em
seu livro intitulado “As Lógicas da Depressão” destaca que afirmar ser uma depressão
endógena, é como dizer que seu aparecimento é unicamente produzido por um estado interior
e que essa condição nada tem a ver com as circunstâncias e acontecimentos da vida do
indivíduo.
A ideia de uma doença unicamente biológica leva facilmente a crer que a depressão é
uma simples expressão comportamental da alteração neuroquímica, só que, dizer que essa
alteração produz o comportamento depressivo não explica quase nada, pois esse
comportamento é também uma resposta, normal ou patológica, a acontecimentos da vida. O
autor cita que pessoas atingidas por acontecimentos dolorosos, como um luto, apresentam por
algum tempo, alterações idênticas às observadas numa pessoa em estado depressivo maior
(WIDLOCHER,2001)
17
Nenhuma teoria explica satisfatoriamente a etiologia da depressão no idoso.
Alterações no sistema nervoso central (diminuição do número de neurônios e
neurotransmissores) e uma maior suscetibilidade biológica são possíveis explicações, além do
fato de o idoso estar inserido obrigatoriamente a mais estressores psicológicos e sociais do
que qualquer outra faixa etária. Além disso, a diminuição gradativa da sua capacidade física e
mental restringe sua capacidade de interagir com o ambiente, reforçando o isolamento. A
distinção entre fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais é importante, mas a
depressão no idoso parece ser o produto heterogêneo da interação entre diversos fatores
predisponentes e desencadeantes em proporções variáveis (FORLENZA, 1997).
Portanto, dados empíricos sugerem que esse modelo de interações recíprocas seja o
ideal, sendo legítimo pensar que as interações entre o estado do cérebro e os acontecimentos
psicossociais constituem uma via de mão dupla (BALLONE, 2002). Tal modelo nos convida
tanto a pensarmos no estado depressivo como uma resposta a inquietações de ordem social e
psicológica, que provocam como resposta a ativação de um sistema neurofisiológico, como a
questionarmos sobre a natureza psicológica dessa resposta, ou seja, quais acontecimentos
sociais, comportamentais e mentais correspondem a tais acontecimentos fisiológicos ou
neuroquímicos. A investigação unicamente biológica não pode explicar tudo (BALLONE,
2002).
2.2
DA MELANCOLIA À DEPRESSÃO: UMA BREVE HISTÓRIA
O termo melancolia (melan, negro, e cholis, bílis) já era conhecido por Hipócrates no
fim do século V a.C. Denominado simbolicamente como pai da medicina, Hipócrates
representou toda uma escola que mudou o foco da discussão centrada no sobrenatural e
passou a lidar com a doença em termos científicos (CORDÁS, 2002).
Hipócrates considera duas formas de melancolia: a endógena, aquela que aparece
sem motivo aparente; e a exógena, que surge em resultado de um trauma externo. Nas
palavras de Sclilar (2003) “a melancolia, sintetizou o ‘pai da medicina’, é a perda do amor
pela vida, uma situação na qual a pessoa aspira à morte como se fosse uma benção”. É por
meio da teoria dos humores que Hipócrates explica a melancolia: no conceito dos quatro
fluidos essenciais – bile, fleugma, sangue e a bile negra que, em proporções corretas, ditariam
a saúde humana, porém na doença ocorreria um desequilíbrio entre elas (Ginzburg, 2001,
Peres, 1996). Esses quatro humores regulariam não só as emoções como todo o caráter,
transformando os indivíduos de acordo com a predominância de um ou outro desses fluidos.
18
Os tipos seriam coléricos, fleugmáticos, sanguíneos e melancólicos, respectivamente
(CORDÁS, 2002).
A escolha desses quatro humores tem estreita correspondência com o pensamento
filosófico pré-socrático, que buscava a origem do universo na combinação dos quatro
elementos; terra, ar, água e fogo. Essa teoria era chamada de teoria dos quatro elementos.
Assim, tudo parecia fazer sentido, já que igualmente quatro eram os sentidos, quatro as
estações do ano e quatro eram os principais órgãos conhecidos – baço, fígado, cérebro e
coração (CORDÁS, 2002). A bílis negra, por exemplo, representava o outono e, como a terra,
era fria e seca tornando-a hostil à vida e podendo ocasionar a melancolia, uma doença
resultante do seu acúmulo no baço (SCLIAR, 2003).
Segundo Straub (2005) a teoria de Hipócrates foi a primeira explicação racional para o
fato das pessoas adoecerem. Nela, um corpo e uma mente saudáveis resultavam do equilíbrio
entre esses quatro fluidos. Para manutenção desse equilíbrio o indivíduo deveria seguir um
estilo de vida saudável, incluindo exercícios, descanso suficiente, boa dieta e evitar excessos.
Por sua vez, o desequilíbrio dos humores resultaria em corpo e mente afetado de maneiras
previsíveis, dependendo de qual dos quatro humores estivesse em excesso. O excesso de
sangue,contribuiria para uma personalidade sanguínea que seria otimista e alegre. Embora
uma personalidade alegre possa ser desejável, Hipócrates acreditava no contrário: sangue
demais aumentava a suscetibilidade da pessoa à epilepsia, angina, disenteria e artrite. O
tratamento para excesso de sangue consistia na abertura de uma veia para remover o sangue,
conhecida como flebotomia, acompanhada de banhos frios e enemas (SCLIAR, 2003).
Straub (2005) descreve que eram aplicados diferentes tratamentos para cada um dos
tipos de desequilíbrio. Assim, em uma pessoa melancólica ─ que possuía bile negra demais, e
por isso uma disposição triste, sorumbática e sombria, daí o termo melancolia ─ se esperava
que essa condição contribuísse para a ocorrência de úlceras e hepatite, que poderiam ser
tratadas com uma dieta especial, banhos quentes, eméticos (drogas que induzem o vômito) e
queima de tecido corporal com um ferro quente (cauterização).
Pessoti (1994) descreve que Hipócrates passara a entender qualquer descontrole
emocional como desarranjo da natureza orgânica, corporal, do homem. Segundo Hipócrates o
comportamento melancólico constituiria efeito de tal desarranjo. O autor presume que o
estado químico dos humores, principalmente a infusão, combustão, bem como sua
fermentação ácida ou alcalina é essencial para explicar a melancolia, cujo dinamismo parecia
infundado numa fisiologia ingênua e hipotética:
19
O humor melancólico é tão acre que ele altera sensivelmente todas as substâncias
que ele toca; ele fermenta rapidamente, corrói os tecidos vivos, tem um sabor azedo
e um odor muito forte... Sob a longa influência de sua ação deletéria, o sono se
perde, as noites se tornam agitadas, os sonhos ficam arrepiantes, o caráter fica
sombrio, a inteligência se perturba (PESSOTI, 1994, p.47).
Com o tempo a teoria do estado químico dos humores foi descartada, porém, Straub
(2005) enfatiza que mesmo com os avanços em anatomia, fisiologia e microbiologia, a noção
sobre os traços da personalidade estarem ligados aos fluidos corporais persiste na medicina
popular e alternativa de muitas culturas. Além disso, o autor afirma que como se sabe
atualmente, muitas doenças envolvem um desequilíbrio dos neurotransmissores do cérebro, e
isso mostra que Hipócrates não estava tão errado.
A definição do quadro clínico da melancolia por Hipócrates é clássica, “aversão à
comida, falta de ânimo, insônia, irritabilidade e inquietação” (STRAUB, 2005). Em seguida,
sobre essa “personalidade melancólica”, Cordás (2002), descreve que Aristóteles colocava a
afirmação: Todos aqueles que se tornaram eminentes filósofos, políticos, poetas ou artistas
aparecem sendo melancólicos, a ponto de serem tomados pelas enfermidades oriundas da bílis
negra. Segundo Aristóteles, existe um tipo de melancolia natural, que devido a ação da bílis
negra tornaria seu portador genial. A melancolia é colocada como condição de genialidade,
responsável por capacidades distintivas. Assim, a criação e a melancolia ficam associadas: o
homem triste é também um homem profundo (GINZBURG, 2001; PERES, 1996; SCLIAR,
2003).
As habilidades de homens “excepcionais” e ilustres como Empédocles, Platão,
Sócrates entre outros eram atribuídas ao “temperamento melancólico” e, portanto, longe de
ser uma doença, um mal a ser sanado pela medicina, era um sinal de superioridade intelectual.
E assim foi concebido e perdurou até o início do século XIX, como um diferencial, não só
intelectual, como também de refinamento e status social (JACKSON, 1986). Essa concepção
difere da de Hipócrates e as duas, hipocrática e aristotélica, marcaram o pensamento ocidental
moderno sobre a melancolia, de modo que as reflexões sobre o tema estão ligadas as duas
bases antigas (GINZBURG, 2001; PERES, 1996; SCLIAR, 2003).
Mesmo que Hipócrates, Galeno e outros já usassem o termo melancolia com sentido
próximo do uso atual, segundo Cordás (2002) é apenas no século XIX que há uma depuração
do termo melancolia e o surgimento do termo depressão com significado de hoje. O segundo
entrou em uso na psiquiatria europeia por volta do século XVII, vindo do francês a partir do
latim – de-premere – que significa pressionar para baixo (DELOYA, 2002). O autor sugere
20
que o termo depressão tenha suplantado a milenar melancolia em função da aparente
impressão fisiológica e metafórica de queda das funções que sugeria.
Em 1915, Freud escreve o artigo “luto e melancolia” em duas versões, dando início à
primeira tentativa psicológica de entendimento causal e de tratamento psicoterápico da
depressão. Freud discute as semelhanças entre o estado normal de luto e a melancolia, ambos
apresentando em comum uma perda de interesse pelo mundo externo, e as dessemelhanças, já
que no luto a perda do objeto é real e na melancolia o objeto não desapareceu, mas foi
“perdido enquanto objeto de amor” (FREUD, 1917)
É importante destacar a abertura do texto que demonstra o quanto Freud (1974, p. 11)
estava à frente de muitos dos seus seguidores: “A melancolia, cuja definição conceitual é
oscilante, mesmo na psiquiatria descritiva, apresenta-se sob várias formas clínicas, cuja
síntese em uma unidade não parece assegurada, e dentre estas algumas sugerem afecções mais
somáticas que psicógenas”.
Nas atuais classificações (como o DSM IV) o termo melancolia tem sido empregado
para designar o subtipo anteriormente chamado de “endógeno”, “vital”, “biológico”,
“somático” ou “endogenomorfo” de depressão (PARKER; COLS, 1994).
2.3
AVALIAÇÃO DA DEPRESSÃO EM IDOSOS
Para a avaliação da depressão em idosos é necessária uma busca ativa para o
diagnóstico, pela possibilidade de atribuição errônea da origem ao processo e das morbidades
pré-existentes. É importante durante a fase de diagnóstico, descartar outras doenças como
Alzheimer e demência que podem coexistir e mascarar ou confundir a presença da depressão
(FRANK; RODRIGUES, 2006).
Uma pessoa deprimida pode manifestar mudanças cognitivas e comportamentais
características dessa desordem emocional como falta de motivação ou vontade, desinteresse
geral, fraqueza, dificuldade de convívio social com amigos, colegas e familiares
(ZIMERMAN, 2000). No idoso, humor deprimido ou tristeza não são suficientes para o
diagnóstico das síndromes depressivas, precisa-se de uma avaliação mais detalhada, isto
porque as próprias perdas do processo de envelhecimento tendem a mascarar este diagnóstico
(BALLOONE, 2002).
O diagnóstico da depressão pode ser realizado por meio da Classificação
Internacional de Doenças (CID10) e no Diagnóstico de Saúde Mental (DSM IV) que inferem
21
valores e características para a consideração desta doença em idosos. Segundo o Manual
Estatístico Diagnóstico da Associação Norte-americana de Psiquiatria (DSM IV – TR) os
transtornos do humor estão classificados em dois grandes grupos, os Transtornos Depressivos
e os Transtornos Bipolares. Já no DSM – V (2014) foram separados os transtornos de humor e
os agora chamados transtornos Depressivos incluem transtorno disruptivo da desregulação do
humor, transtorno depressivo maior, Transtorno depressivo persistente (distimia), Transtorno
disfórico pré-menstrual, Transtorno depressivo induzido por substancia/ medicamento,
transtorno depressivo devido a outra condição médica, outro transtorno depressivo
especificado e transtorno depressivo não especificado. Voltaremos nosso foco para os
Transtornos Depressivos que incluem o Transtorno Depressivo Maior, o Transtorno Distímico
e o Transtorno Depressivo Sem Outra Especificação, pois segundo alguns estudos como o de
Beckman (1999) e o de Barcelos – Ferreira e colaboradores (2009), que avaliou uma amostra
de 15.491 idosos houve prevalência desses quadros.
O Transtorno Depressivo Maior tem como característica essencial o humor deprimido
com perda de interesse ou prazer pela maior parte das atividades por um período mínimo de
duas semanas. Esses sintomas devem vir acompanhados de quatro sintomas adicionais tais
como: alterações no apetite ou peso, onde o apetite geralmente está reduzido sendo que
muitos indivíduos sentem vontade de se forçar a comer; o sono e atividade psicomotora
alterada, sendo que num Episódio Depressivo Maior a perturbação do sono mais comum é a
insônia, mas alguns indivíduos podem apresentar sonolência excessiva e nas alterações
psicomotoras estão a agitação ou retardo psicomotor; a diminuição da energia onde o cansaço
e a fadiga são comuns e persistentes mesmo sem nenhum esforço físico; sentimentos de
desvalia ou culpa com interpretação negativa e irrealista de eventos triviais ou neutros do
cotidiano; dificuldades para pensar, concentrar-se ou tomar decisões e
pensamentos
recorrentes sobre a morte, ideação suicida, planos ou tentativas de suicídio (DSM-IV, 1995).
Esses sintomas citados pelo DSM-IV (1995) causam sofrimento clinicamente
significativo para o indivíduo, fazendo com que ele tenha prejuízo social, ocupacional ou em
outras áreas importantes da vida. Para Barlow (1999) o sentimento de abandono também é
uma característica frequente nos pacientes depressivos. É comum nesses pacientes uma
instabilidade ou não-confiabilidade naquelas pessoas estão disponíveis para apoio e que
normalmente envolve a percepção distorcida de que pessoas significativas não sejam capazes
de continuar oferecendo apoio emocional ou proteção. Segundo esse mesmo autor a
autonomia fica prejudicada e as expectativas negativas sobre si próprio e sobre o ambiente
interferem na própria capacidade da pessoa funcionar independentemente. O sentimento de
22
inadequação, de não ser desejável, ou de ser diferente das outras pessoas está sempre presente
nesses pacientes (BARLOW, 1999).
Um fator preponderante na etiologia da depressão segundo Sapolsky (2007) parece ser
a junção de estressores aliados a falta de apoio social. Se as interpretações das interações
sociais, que circundam o indivíduo, forem vistas de uma forma distorcida, como um sinal de
rejeição, o indivíduo responderá a esse evento como se realmente tivesse sido rejeitado.
Mediante este cenário, pode haver um aumento da probabilidade desse indivíduo, se tornar
socialmente mais isolado, o que pode corroborar com sua percepção inicial e culminar em um
maior risco de ocorrência de um círculo vicioso.
Para Sapolsky (2207) o organismo dos depressivos parece funcionar de uma forma
diferente (SAPOLSKY, 2007). Esse mesmo autor define o transtorno distímico como uma
depressão crônica, que se caracteriza por alguns sintomas depressivos de baixa intensidade.
Segundo o DSM – V (2014) os sintomas são humor deprimido na maior parte do dia, na
maioria dos dias, indicado por relato subjetivo ou por observação feita por outras pessoas,
pelo período mínimo de dois anos; presença enquanto deprimido de duas ou mais das
seguintes características: apetite diminuído ou alimentação em excesso, insônia ou hipersonia,
baixa energia ou fadiga, baixa autoestima, concentração pobre ou dificuldade em tomar
decisões, sentimentos de desesperanca, além de outros. Para o diagnóstico do Transtorno
Depressivo Sem Outra Especificação devem haver apresentações de humor deprimido com
prejuízo clinicamente significativo, mas que não satisfazem os critérios de duração ou
gravidade do transtorno depressivo maior e/ou do transtorno depressivo persistente (DSM-IV,
1995).
Identificadas algumas características dos critérios diagnósticos podemos verificar
alguns outros aspectos da doença quando atrelada ao idoso e ao envelhecimento. Não há
mudança na atenção e o nível de consciência permanece inalterado se não houver outra
doença concomitante. O humor pode variar de deprimido a ansioso e o inicio assim como o
declínio é rápido, apresentando-se em semanas ou meses; o pensamento como característico é
negativo e embotado e a queixa de memória maior do que a realidade, mas não há alteração
na percepção. O humor irritadiço (sintoma que também é encontrado em crianças e
adolescentes com mesmo diagnoóstico); a alteração do sono na maior parte das vezes é
insônia com despertar frequente e piora pela manhã e a atividade psicomotora se mostra
diminuída (MCGUE; CHRISTENSEN, 2002).
Instrumentos psicométricos validados também são muito empregados para o
diagnóstico, dentre eles a Escala de Depressão Geriátrica (EDG) é um dos instrumentos mais
23
freqüentemente utilizados para o rastreamento de depressão em idosos que pode ser utilizada
por qualquer profissional de atenção básica, entrevistadores leigos ou mesmo ser
autoaplicável. Essa escala se apresenta nos formatos de 30 e 15 questões e está validada para
o português (ALMEIDA, 1999). A escala HAD -Hospital Anxiety and Depression Scale contém 14 questões do tipo múltipla escolha. Compõe-se de duas subescalas, para ansiedade e
depressão, com sete itens cada. A pontuação global em cada subescala vai de 0 a 21 avalia
ansiedade e depressão sem recorrer a itens contendo sintomas vegetativos. Por essa razão, tem
sido amplamente utilizada para avaliar transtornos do humor em pacientes com doenças
físicas (ZIGMANG; SNAITH, 1983). A Escala de Depressão para Idosos (EDI), capaz de
avaliar níveis de depressão na população idosa, sendo que na sua validação a grande maioria
era representada por indivíduos com baixo nível de escolaridade (GIAVONI et al, 2008).
Para essa pesquisa foi escolhido O Inventário de Depressão de Beck ("Beck
Depression Inventory"; BECK et al., 1961; BDI) é provavelmente a medida de auto-avaliação
de depressão mais amplamente usada tanto em pesquisa como em clínica (e.g. Dunn et al.,
1993), que foi traduzido para vários idiomas e validado em diferentes países.
A escala original consiste de 21 itens, incluindo sintomas e atitudes, cuja intensidade
varia de 0 a 3. Os itens referem-se a tristeza, pessimismo, sensação de fracasso, falta de
satisfação, sensação de culpa, sensação de punição, autodepreciação, auto-acusações, idéias
suicidas, crises de choro, irritabilidade, retração social, indecisão, distorção da imagem
corporal, inibição para o trabalho, distúrbio do sono, fadiga, perda de apetite, perda de peso,
preocupação somática, diminuição de libido.
As validades concorrentes do BDI em relação a outras avaliações clínicas de
depressão, tais como as escalas de Hamilton (Hamilton, 1960) e de Zung (Zung, 1965), são
altas para pacientes psiquiátricos (0,72 e 0,76, respectivamente) (BECK et al., 1988).
2.4
ANSIEDADE
Para Ballone (2002) a capacidade de perceber e conhecer o mundo proporciona nossa
percepção pessoal da realidade. Essa percepção pessoal que é única em cada individuo se
chama procepção. A principal conclusão é que a realidade será sempre representada no íntimo
de cada um de acordo com os filtros de cada um, quer dizer, de acordo com a procepção que
cada um tem do que viveu e vive.
No dia-a-dia percebemos muitos eventos sendo descritos como envolvendo algum tipo
de ansiedade. O termo ansiedade, todavia, pode se referir a eventos bastante diversos, tanto no
24
que diz respeito a estados internos do falante quanto a processos no ambiente e
comportamentais que produzem esses estados internos. Muitos eventos descritos como
agradáveis também podem desencadear um sentimento de ansiedade, principalmente quando
envolvem espera. Mas é sobretudo quando a ansiedade se refere a relação do indivíduo com o
meio que ela adquire o status de problema e muitas vezes de queixa clínica.
A ansiedade tem sido definida como um estado emocional desagradável acompanhado
de desconforto somático, que guarda relação com outra emoção – o medo. Esse estado é
geralmente relacionado com o futuro e as vezes considerado desproporcional a uma ameaça
real (GENTIL, 1997). O desconforto presente na ansiedade costuma ser descrito pelo senso
comum por meio de sensações físicas tais como frio na barriga, coração apertado, nó na
garganta, mãos suadas e é, além disso, sentido como paralisante. Elementos comuns nas
definições do conceito “ansiedade” apontam para um estado que envolve excitação biológica
ou manifestações autonômicas e musculares (taquicardia, respostas galvânicas na pele,
hiperventilação, sensações de afogamento ou sufocamento, sudorese, dores e tremores)
redução na eficiência comportamental (decréscimo em habilidades sociais, dificuldade de
concentração), respostas de esquiva ou fuga o que sugere expectativa ou controle por eventos
futuros além de relatos verbais de estados internos desagradáveis ( angustia, apreensão, medo,
insegurança, mal-estar indefinido) (GENTIL,1998; KANFER; PHILLIPS, 1970).
Assim sendo, a maioria dos estímulos capazes de produzir ansiedade, estresse e
esgotamento não podem ser detectados exclusivamente no mundo a nossa volta. Eles estão
sim, na maioria das vezes, no nosso organismo. São estímulos internos que tornam constante
e patológica a ansiedade humana (BALLONE, 2002).
O construto “ansiedade”, de acordo com essas perspectivas, necessariamente envolve
o anúncio de que algum evento aversivo vai ocorrer. Em outras palavras, sua definição
implica um futuro carregado de aversividade. No entanto, para uma análise científica, a
explicação do comportamento por eventos futuros é bastante imprecisa (SKINNER, 1953).
Podemos estar ansiosos devido ao medo de sermos assaltados, agredidos, adoecidos,
criticados, embora essas possibilidades nao sejam racionalmemte e objetvamente tão
prováveis, mas enquanto ouver apenas o medo sem nenhum indicio objetivo disso, a ameaca é
eminentemente interna e subjetiva (BALLONE, 2002).
A ansiedade define-se enquanto fenômeno clínico (1) quando implica em um
comprometimento ocupacional do indivíduo, impedindo o andamento de suas atividades
profissionais, sociais e acadêmicas, (2) quando envolve um grau de sofrimento considerado
pelo indivíduo como significativo e (3) quando as respostas de evitação e eliminação
25
ocuparem um tempo considerável do dia. Esses casos são tratados pela literatura médica e
psicológica como Transtornos de Ansiedade.
Em termos de diagnostico, o DSM- IV (Manual de Diagnostico e Estatística dos
Transtornos Mentais) aborda os transtornos de ansiedade dividindo-os em Transtorno de
Pânico Sem Agorafobia, Transtorno de Pânico Com Agorafobia, Agorafobia Sem Histórico
de Transtorno de Pânico, Fobia Específica, Fobia Social, Transtorno Obsessivo-Compulsivo,
Transtorno de Estresse Pós-Traumático, Transtorno de Estresse Agudo, Transtorno de
Ansiedade Generalizada, Transtorno de Ansiedade Devido a um Condição Médica Geral,
Transtorno de Ansiedade Induzido Por Substância e Transtorno de Ansiedade Sem outra
Especificação (DSM – IV – TR).
No DSM V os transtornos de ansiedade incluem transtornos que compartilham
características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionadas.
Descrevem medo como uma resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida,
enquanto ansiedade é descrita como a antecipação de ameaça futura. Nele foram incluídos
transtornos como Transtorno de Ansiedade de Separação, Mutismo Seletivo, Outro
Transtorno de Ansiedade Especificado, além de pequenas mudanças na nomenclatura dos
transtornos preexistentes ( DSM – V).
Enquanto nos animais os estímulos que provocam reações de medo e ansiedade
aparecem periodicamente, no ser humano esses estímulos internos e subjetivos podem ser
continuados e estarem presentes a todo momento. Essa continuidade produz insegurança e
pessimismo e faz com que o individuo veja a realidade como ameaçadora, o que compromete
a auto-estima, tornando-o inseguro por sempre se sentir ameaçado com qualquer coisa
(BALLONE, 2002).
Essa falência adaptativa, poderá aparecer sob a forma de depressão típica, com todo
quadro sentimental e emocional ou, dependendo da personalidade de cada um, sob as várias
formas de ansiedade, como síndrome do pânico, quadros fóbicos, transtornos somatomorfos
ou ansiedade generalizada (BALLONE, 2002).
2.4.1 Envelhecimento e ansiedade
Muitos idosos nessa etapa da vida são acometidos por distúrbios mentais. A pesquisa
de Maia, Durante e Ramos (2004) evidenciou a prevalência desses distúrbios em 29,3% dos
327 idosos investigados. Em razão da alta taxa de problemas psiquiátricos ou emocionais em
idosos, o número de pessoas que procuram serviços de atendimento em saúde mental cresce a
26
cada ano. Existem poucos estudos sobre a prevalência de transtorno de ansiedade para
populações acima de 65 anos. Schneider (1996) buscando na literatura estudos de prevalência
de ansiedade baseados em populações de idosos residentes em uma comunidade, identificou
apenas três estudos. Neles, a taxa de prevalência entre idosos variava consideravelmente. A
prevalência estimada de TAG foi de 10,6%, cuja presença estava associada a uma maior
ocorrência de depressão clinicamente diagnosticável, com um significativo maior numero de
sintomars depressivos, quando medidos pela escala de depressão geriátrica. Já Copeland et al.
(1987) encontraram em Londres e Nova York as prevalências de TAG entre idosos de 1,1% e
de 0,7%, respectivamente. Estudando uma amostra de 890 sujeitos acima de 65 anos,
Lindesay et al. (1989) encontraram a prevalência de TAG de 3,7% entre os idosos
entrevistados.
Avaliar quais os motivos que levam o idoso a procurar o serviço médico foi o foco do
estudo de Almeida (1999). Os dados levantados sugerem que o transtorno do humor foi o
problema psiquiátrico mais freqüente, sendo muito comum entre as mulheres. Também foram
encontrados diagnósticos de síndrome demencial, transtornos ansiosos, esquizofreniformes,
alcoolismo e abuso de sedativos. Contudo, Gazalle, Hallal e Lima (2004) apontam que
problemas psicológicos tais como ansiedade, depressão em idosos são pouco investigados
pelos médicos ou outros profissionais no contexto clínico, embora sejam comuns como
queixas clínicas.
No caso da ansiedade, são freqüentes sintomas como insônia, tensão, angústia,
irritabilidade, dificuldade de concentração, bem como sintomas físicos como taquicardia,
tontura, cefaléia, dores musculares, formigamento, suor. Para o diagnóstico de uma síndrome
ansiosa é importante verificar a intensidade dos sintomas e seu impacto na vida do indivíduo
(DALGALARRONDO, 2000).
A ansiedade ocorre diante de uma visão catastrófica dos eventos, anunciando que algo
perigoso e ameaçador pode acontecer. Para Skinner e Vaughan (1985), a ansiedade nos idosos
está relacionada às limitações vivenciadas na velhice e, na maioria das vezes, interpretadas
como ameaçadoras. As pessoas com altos níveis de ansiedade apresentam uma tendência de
antecipar sua inabilidade e questionar suas habilidades intelectuais. Essas percepções
negativas interferem na atenção seletiva, na codificação de informações na memória,
bloqueando a compreensão e o raciocínio (COES, 1991), o que nessa fase da vida poderia ser
a diferença entre uma saúde mental boa ou comprometida.
A ansiedade em idosos com mais de 80 anos foi tema da pesquisa de Xavier e cols.
(2001), na qual constatou que 10,6% dos 77 idosos participantes apresentavam transtorno de
27
ansiedade generalizada. Os elevados índices de ansiedade estavam associados com sintomas
depressivos, transtorno depressivo maior e depressão menor. Os autores ressaltam a
importância da atitude do médico diante do idoso, devendo considerar a presença de
comorbidades entre ansiedade e humor depressivo.
Em um estudo epidemiológico com 18571 pessoas, Regier e cols. (1988) verificaram
que 5,5% dos idosos com mais de 65 anos de idade apresentavam transtorno ansioso,
excluindo os casos mais comuns de ansiedade generalizada. Esse índice aumenta para 15%
quando
são
incluídos
casos
de
ansiedade
generalizada
(KATONA;
MANELA;
LIVINGSTON, 1996). No estudo de Almeida (1999) com 398 idosos foi encontrada uma
prevalência de 15,4% de idosos com transtorno de ansiedade.
2.5
AUTOCONCEITO
O psicólogo William James, em 1890, foi o primeiro a analisar o autoconceito, na
perspectiva psicológica, sendo que suas principais contribuições foram no sentido da
compreensão e estudo do self, ou seja, o autoconceito envolvendo o reconhecimento do self
como uma estrutura, física, psicológica e social (ROCHA, 2007; GOLDSTEIN, 1995). Nesta
perspectiva o autoconceito envolve um sistema de generalizações ou esquemas acerca do self,
com base nas suas experiências e características pessoais, que envolve a associação da
dimensão do processamento de informações na memória, a categorização de valores e
atitudes, bem como uma estrutura multidimensional (DEMO, 1992).
O autoconceito é um produto da atividade de reflexão humana, sujeito a mudanças
quando o indivíduo enfrenta novos papéis, novas situações ou transições do curso normal da
vida. Portanto, tem um papel significativo na organização dos dados, das experiências de vida,
e age na elaboração do conhecimento acerca de si mesmo, ao atribuir significado a
informação proveniente do meio (DEMO, 1992). É um termo com vários significados e
designações (autoimagem, autodescrição, autoestima, etc), muito utilizado nas Ciências
Sociais, mas de difícil compreensão para a sua contextualização e interpretação,
principalmente na população idosa. O conhecimento e familiarização do conceito têm sua
relevância na medida em que permite compreender a relação entre o comportamento social e
o desenvolvimento cognitivo, com ênfase no bem-estar do idoso (CORREIA, 2003).
No sentido de situar o contexto histórico sobre o início do interesse sobre esta temática
– autoconceito – é importante destacar os autores que primeiro se preocuparam com os
aspectos relacionados com a pesquisa da dimensão do Eu. O interesse pelos estudos do
28
autoconceito percorreu a filosofia, com os filósofos, teólogos e outros profissionais que não
estavam diretamente ligados à Psicologia. Somente por volta dos anos de 1940, que o
autoconceito começa a despertar o interesse no campo da Psicologia e da Sociologia
(ROCHA, 2007; ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2002).
Diante da complexidade das estruturas e dimensões que o autoconceito engloba, ele
pode ser entendido como sendo a percepção que a pessoa tem do seu próprio self (eu), que é
elaborado por meio das experiências, valores e interpretações do meio onde está inserido
(GOLDSTEIN, 1995; DEMO, 1992).
O autoconceito na perspectiva de Vaz Serra (1986, p. 57) compreende:
[...] a percepção que um indivíduo tem de si próprio nas mais variadas facetas, sejam
elas de natureza social, emocional, física ou acadêmica. É um constructo integrador
que leva a reconhecer a unidade, a identidade pessoal e a coerência do
comportamento de um indivíduo independentemente das influências do meio. (p. 7)
Segundo Vaz Serra 1986, o autoconceito é composto por imagens acerca do que o
indivíduo pensa sobre si mesmo, o que pensa que pode conseguir realizar e na crença do que
os outros pensam sobre si, e por fim de como gostaria de ser. Ou seja, o autoconceito
compreende todas as maneiras de como uma pessoa acredita ser em seus julgamentos, nas
avaliações e tendências de comportamento.
Devido a multiplicidade de conceitos, Albuquerque e Oliveira (2002) apresentam uma
definição operacional criada por Shavelson e Bolus, na qual o autoconceito é entendido como
um constructo hipotético, cujo conteúdo é a percepção que o indivíduo tem sobre o seu Eu,
percepção esta que é formada por intermédio das interações estabelecidas com os outros, bem
como por meio das atribuições do seu próprio comportamento.
Mediante estes pressupostos, o autoconceito exerce papel fundamental na medida em
que tenta compreender e explicar o comportamento, as crenças, o julgamento que a própria
experiência proporciona para o indivíduo sobre si mesmo, e mais, qual a percepção do outro
olhar sobre si mesmo e sobre seu comportamento.
Na construção do referencial teórico sobre o autoconceito, se faz necessário uma breve
explanação acerca dos fundamentos sobre o Self. Na concepção de William James, o Eu de
um indivíduo é dividido em The I e The Me, sendo o primeiro (The I) o Eu conhecedor, que
organiza, interpreta de forma subjetiva a experiência do indivíduo (Eu-como-Sujeito). Em
contrapartida o The Me representa o Eu conhecido (Eu-como-Objeto), que compreende as
esferas materiais (corpo, família, bens), espirituais (consciência, julgamento, cognição) e as
29
sociais (relações, papéis desempenhados, personalidade), e é justamente a integração de todas
estas facetas que proporciona à pessoa a sua individualidade e singularidade (ROCHA, 2007).
Enfim, é por meio desta interação que há o desenvolvimento e construção do Eu, que
nada mais é do que o resultado das relações pessoais que o sujeito estabelece dentro do
processo de experiência e atividades sociais, na qual revela a importância das reações e
opiniões dos outros na percepção que o indivíduo tem de si próprio (ROCHA, 2007; VAZ
SERRA, 1986).
A construção do processo de compreender o autoconceito envolve o reconhecimento
do self como um componente central no desenvolvimento do sistema cognitivo das pessoas,
envolvido com as representações dos acontecimentos do passado, o que permite gerar
comportamentos orientados para o futuro. O self permite que os acontecimentos tenham um
sentido e consequência, sem ele o comportamento seria somente uma reação imediata sem a
percepção da consequência (ROCHA, 2007).
O autoconceito, sendo uma organização interna de atitudes, é composto por três
componentes (ROCHA, 2007, VAZ SERRA, 1986), que são:
•
Componente Cognitivo: é um dos elementos do autoconceito mais
importante e está relacionado com o aspecto perceptivo do autoconceito,
denominado de autoimagem, que compreende às crenças, opiniões e
julgamentos que o indivíduo tem de si mesmo (ROCHA, 2007;
ALBUQUERQUE;
OLIVEIRA,
2002).
A
autoimagem
pode
ser
subdividida em autoimagem real, ideal e social. A primeira refere-se à
imagem que a pessoa tem das suas próprias características, a ideal
relaciona-se com a imagem que gostaria de ter e a imagem social é a
representação que o indivíduo tem de si mesmo, em função da opinião dos
outros (ROCHA; 2007; ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2002);
•
Componente Avaliativo: é o elemento avaliativo denominado de
autoestima, na qual indica o grau que o sujeito se sente capaz ou não de
suas qualidades, tanto para si quanto para a sociedade. Este processo de
auto avaliação, ocorre pela comparação entre a autoimagem real e a ideal,
pelo processo de comparação dos desejos e resultados alcançados e também
pela interiorização da avaliação das outras pessoas. (ROCHA, 2007;
ESTEBAN, 1996). Este componente constitui um dos fatores mais
importantes do bem-estar psicológico e social (ALBUQUERQUE;
OLIVEIRA, 2002). A auto eficácia é outro elemento do componente
30
avaliativo do autoconceito, a qual se refere à crença nas auto percepções de
suas capacidades e eficácia para o enfrentamento, com êxito, nas situações
com o meio (ROCHA, 2007).
•
Componente Comportamental: envolve o que o sujeito faz, é o elemento
em que a pessoa faz a sua auto apresentação, com objetivo de transmitir ao
outro uma imagem positiva de si mesma, na qual envolve a forma como a
pessoa se percebe (ROCHA, 2007; ESTEBAN, 1996).
Segundo Rocha (2007), as funções do autoconceito são essencialmente criar a
identidade no processamento da informação, regulação emocional, além da adaptação do
comportamento social. O seu desenvolvimento ocorre ao longo do crescimento, sendo que ao
nascer a criança não tem autoconceito e, gradualmente, no decurso da maturação e interação
com o meio, ocorrem a formação, remodelagem e estruturação do autoconceito. O processo
do desenvolvimento do autoconceito inicia-se no núcleo familiar e aos poucos, por meio das
experiências e interações estendem-se para os grupos, chegando às instituições (ROCHA,
2007, ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2002, VAZ SERRA, 1986).
O modo como o comportamento de um indivíduo é julgado pelos outros; dá-se
importância nesse contexto, aos comentários que se referem depreciativamente à identidade
de um indivíduo sobretudo quando este ainda se encontra numa etapa em quenão desenvolveu
por completo a capacidade do pensamento crítico (NELSON-JONES, 1994). Segundo Wylie
(1979) a família desempenha papel primordial na gênese do autoconceito. Quer como
modelos ou como reforços, os pais tem a possibilidade de influenciarem os filhos ao longo de
vários anos, não só na visão e sentimentos sobre si mesmo como no tipo de pessoa que
gostariam de poder ser.
O feedback que o indivíduo guarda do seu próprio desempenho também é uma
influência para o autoconceito assim como a comparação que o indivíduo faz entre o seu
comportamento e o daqueles que considera os seus pares sociais, concebendo-se como mais
ou como menos capaz, melhor ou pior do que os outros. Por último o ser humano também é
influenciado pelo julgamento que faz do seu próprio comportamento tendo em conta as regras
estabelecidas por um determinado grupo normativo ao qual se encontra vinculado. O
indivíduo sente-se satisfeito se considerar que a forma como se conduz está de acordo com as
normas que preza, observando-se o contrário na situação inversa.
A construção do self não é realizada de forma isolada do corpo e ambos (self e corpo)
são interdependentes. No momento que a criança imita atitudes e comportamentos dos
31
adultos, ela está no processo de construção do seu self (ROCHA, 2007). Neste processo de
construção há sempre a fusão do self velho com os novos elementos, que reorganiza o self
antigo e um novo self é armazenado, confirmando o processo dinâmico do autoconceito.
Portanto, o autoconceito é influenciado pelas relações sociais, como também as relações
sociais sofrem influência do autoconceito (BRUGES, 2003; DEMO, 1992; VAZ SERRA,
1986).
2.5.1 Autoconceito e envelhecimento
No Brasil, a reestruturação do olhar mediante a imagem e conceito do idoso não foi
somente uma reformulação nas bases científicas, mas muito mais profunda e abrangente, onde
até então o envelhecimento era visto como um processo somente de perdas e declínios
(NETTO, 2006). Nesta perspectiva o idoso limitava-se a esperar a sua finitude, sem
perspectivas futuras de um envelhecimento digno, com qualidade de vida (SCHNEIDER;
IRIGARAY, 2008; NETTO, 2006). Os avanços das pesquisas, a ampliação de novos
profissionais, com a interdisciplinaridade mais presente neste processo de envelhecer
questionou esta visão cartesiana e limitada, expandindo o conceito de envelhecimento – como
um período de perdas sim, mas ampliando o olhar para os fenômenos de ganhos, até então
incompatíveis com o processo do envelhecimento (SCHNEIDER; IRIGARAY, 2008).
Outro avanço importante é o conhecimento dos fatores sócio-psico-econômicos e
culturais interferindo de forma direta neste processo de envelhecer, além dos fatores
biofisiológicos.
Portanto o envelhecimento passou a ser um processo multidimensional,
subjetivo e que sofre interferência direta conforme a história do indivíduo, da sua capacidade
de lidar com as situações adversas, da cultura além das suas condições genéticas
(SCHNEIDER; IRIGARAY, 2008; NETTO, 2006).
A idade avançada é um fenômeno social atrelado, na maioria das vezes, a
preconceitos, estereótipos e imagens negativas mediante o velho e a própria velhice (RON,
2007). Segundo Silva (2005) os estereótipos negativos favorecem que a experiências dos
idosos tenham caráter negativo, o que contribui para a vivência de emoções desfavoráveis ou
ainda a desvalorização dessas experiências, contribuindo ainda mais com o estigma da velhice
como um período negativo. Apesar dos avanços das pesquisas em relação ao envelhecimento
bem-sucedido, observa-se o início de um movimento no sentido de se construir uma visão
mais positiva em relação aos idosos e a velhice, mas infelizmente há ainda o predomínio da
visão negativa em todos os grupos etários, inclusive entre os próprios idosos (RON, 2007).
32
Em relação ao autoconceito há também o contínuo movimento de reformulação e
redefinição, além da contínua consolidação de esquemas pessoais e compreensão de
experiências passadas, resultando na constante reorganização deste autoconceito (YASSINE,
2011). A percepção do envelhecimento e a auto percepção fazem parte das interações
pessoais, sociais e culturais que permitem aos idosos, que as experiências favoreçam ou não, a
constante mutação do autoconceito ao longo da vida (YASSINE, 2011).
A percepção de uma pessoa sobre si mesma corresponde a um processo de detecção e
identificação dos estímulos do ambiente, na qual a percepção não será somente uma
reprodução simples da realidade. Essa autopercepção é uma construção da interação destas
experiências da realidade com as crenças e valores que o idoso possui, ou seja, a percepção é
o ponto de intersecção entre o Eu e o ambiente. (YASSINE, 2011; RON, 2007).
Na velhice os estereótipos e estigmas se tornam mais relevantes, o que favorece sua
maior internalização por parte dos idosos (LEVY, 2008). A absorção desses estigmas age
diretamente nas crenças e no autoconceito dos idosos sobre o seu próprio envelhecimento, o
que pode interferir de forma significativa sobre seu funcionamento cognitivo e
comportamental (YASSINE, 2011; LEVY, 2008). Indivíduos idosos associados a um
estereótipo positivo do envelhecimento demonstraram melhores desempenhos na capacidade
da memória, melhor desempenho nas atividades e maior vontade de viver, baixa resposta
cardiovascular ao estresse, quando comparados com os que estavam associados a um grupo de
idosos de estereótipos negativos em relação ao envelhecimento (LEVY, 2008).
A autopercepção do envelhecimento é um constructo multidimensional, dinâmico, que
engloba as esferas da satisfação com o envelhecimento. A elevada satisfação com o processo
de envelhecer tem se demonstrado como um indicador da capacidade dos idosos em se
adaptarem a perdas relacionadas com o envelhecimento (KEONG, 2010). A visão negativa do
envelhecimento ocorre quando o idoso entra em contato e toma consciência do seu declínio
físico e/ou cognitivo. Esta avaliação negativa pode ocorrer quando a avaliação da auto
percepção da pessoa idosa volta sua atenção para a comparação de suas experiências entre a
condição atual e a sua condição nas fases mais jovens, realçando assim os processos de perdas
e consequentemente a visão negativa frente ao envelhecimento (YASSINE, 2011).
Segundo Ron (2007), em seus estudos observou-se uma relação entre idosos com
idade avançada e as atitudes negativas e a avaliação subjetiva do seu estado de saúde. Nestes
casos, os idosos que relataram o estado de saúde médio ou mau, apresentavam percepções
mais negativas em relação ao envelhecimento, comparados com os idosos que definiram a sua
saúde como boa ou excelente.
33
As alterações do autoconceito em idosos perpassam também por modificações em
relação ao self, onde Yassine (2011) faz uma análise reflexiva no sentido de acrescentar que
os idosos com idades mais avançadas, apresentam um self que não envelhece, na qual o
autoconceito permanece praticamente inalterado, apesar das alterações físicas e sociais. A
manutenção desta visão positiva do self, nos idosos, está intimamente ligada ao processo de
construção deste self e suas relações ao longo da vida, principalmente com experiências
positivas em relação a autoestima.
Outro fator importante na relação autoconceito e envelhecimento é o vínculo dos
idosos com as tradições ou instituições, neste sentido Brandtstädter e Greve (1994) revelam
que os declínios e dificuldades que surgem em decorrência do envelhecimento, podem ser
minimizados ou mesmo os idosos podem ser protegidos quando estes estão vinculados a
religiosidade, núcleo familiar significante, dentre outros círculos sociais. Estas observações
trazem um novo componente ao processo de envelhecimento do autoconceito que são os
mecanismos adaptativos, protetores e dinâmicos como a resiliência do self nos idosos. Estes
autores também apontam que, com a idade há uma convergência cada vez maior entre o self
do idoso e os seus ideais e metas.
De um modo geral, o envelhecimento é um processo complexo, multidimensional, que
implica na compensação das perdas, através dos recursos e estratégias internas e externas no
sentido de construir um autoconceito positivo mediante o envelhecimento. O autoconceito no
envelhecimento e a sua relação com habilidades cognitivas, comportamentais e sociais é um
assunto que não apresenta muitos estudos, o que revela a escassez de pesquisas e material. É
importante ter a inquietude para investigar e responder a interrogação de como o idoso
percebe o próprio envelhecimento e em quais aspectos essa percepção possa influenciar no
desencadeamento do processo depressivo e na ansiedade.
34
3
OBJETIVOS
3.1
OBJETIVO GERAL
Avaliar a relação dos níveis de autoconceito, ansiedade e depressão em Idosos
atendidos pelo Sistema Único de Saúde do Distrito Federal –Brasil.
3.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
•
Identificar o perfil sociodemográfico dos idosos;
•
Identificar níveis de depressão e ansiedade nos idosos pesquisados;
•
Identificar possíveis relações entre os fatores do autoconceito, depressão e ansiedade
além de diferenças em relação a idade e ao sexo.
•
4
Identificar o uso de psicofármacos para depressão nos idosos.
HIPÓTESE
Os niveis de ansiedade e depressão se apresentarão maiores nos idosos com autoconceito
negativo e menores nos idosos com o autoconceito positivo.
35
O AUTOCONCEITO EM IDOSOS E SUA RELAÇÃO COM NÍVEIS DE
ANSIEDADE E DEPRESSÃO
Lenice Maria Oliveira de Carvalho
Angela Maria Sacramento
Leila Cristina Lima de Freitas
Gislane Ferreira de Melo
Carmen Jansen Cárdenas
Resumo
O autoconceito é um construto multidimensional e se refere a percepção que o sujeito tem de
si mesmo. Esta percepção, se positiva ou negativa, pode afetar de maneira significativa outras
dimensões psicológicas. O objetivo deste estudo foi avaliar o autoconceito em idosos
atendidos no Sistema Único de Saúde do Distrito Federal e investigar as possíveis relações
deste com níveis de ansiedade e depressão. Trata-se de uma pesquisa com características
quantitativas, transversal do tipo descritiva. Para tanto, a amostra foi constituída por 81
idosos, sua maioria mulheres (72,8%), casados (42%), com média de idade igual a 68,38 ±6,8.
O autoconceito foi avaliado por meio do Instrumento de Vaz Serra (1986), a Depressão pela
Escala de Depressão Beck (1979) e a ansiedade pela Escala de Ansiedade Beck (1993). Os
resultados demonstraram que em relação ao autoconceito, não houve diferença significativa
entre homens (70,00 ±8,77) e mulheres (71,56±11,07), sendo o p= 0, 55. A pontuação no
Inventário Clinico de Vaz Serra revela um nível elevado de autoconceito dos idosos desta
amostra. Os fatores do autoconceito: aceitação/rejeição social, autoeficácia e
impulsividade/atividade possuem correlação negativa com depressão e os fatores
aceitação/rejeição social, autoeficácia e o autoconceito geral possuem correlação negativa
com ansiedade. Os resultados evidenciaram relação estatisticamente significativa entre fatores
do autoconceito e os níveis de ansiedade e depressão nos idosos.
Palavras-chave: Idosos. Autoconceito. Depressão. Ansiedade.
Abstract
The self-concept is a multidimensional construct and refers to the perception that the person
has of itself. This perception, whether positive or negative, can significantly affect other
psychological dimensions. The objective of this study was to evaluate the self in elderly
patients in the Unified Health System of the Federal District and to investigate possible
connections of this with levels of anxiety and depression. This is a survey of quantitative
characteristics, cross descriptive. Therefore, the sample consisted of 81 elderly, women
majority (72.8%), married (42%), mean age: 68.38 ± 6.8. The self-concept was assessed by
Vaz Serra Instrument (1986), the Beck Depression by Depression Scale (1979) and anxiety by
Beck Anxiety Scale (1993) .The results showed that In relation to self, no significant
difference between men (70.00 ± 8.77) and women (71.56 ± 11.07), with p = 0, 55. The score
in Clinical Inventory Vaz Serra reveals a high level of self-concept of the elderly in this
sample. The self-concept factors: acceptance / social rejection, self-efficacy and impulsivity /
activity have a negative correlation with depression and the factors acceptance / social
rejection, self-efficacy and general self-concept have negative correlation with anxiety. The
results indicated a significant association between self-concept factors and levels of anxiety
and depression in the elderly.
36
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas o Brasil tem se deparado com uma combinação entre o declínio
da fecundidade e a diminuição da mortalidade, o que influenciou e influencia
significativamente no crescimento da população idosa (ALVES et al., 2007). Dados
apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2012) demonstram
que número de idosos saltou de 7,3 milhões em 1980 para 14,5 milhões em 2000 e no ultimo
senso o número de idosos chega a 22,9 milhões (11,34% da população). De acordo com os
dados da Coordenação de Planejamento Do Distrito Federal - CODEPLAN (2012) a
população de idosos do Distrito Federal chega a 200 mil pessoas contabilizadas em todas as
regiões administrativas.
Não só em número populacional os idosos têm apresentado alterações, mas observa-se
também um aumento na expectativa de vida destes. Idades médias de 70 anos e 182 dias eram
observadas em 2000. Atualmente, esta média é de 74,6 anos de idade, com diferenças entre
homens e mulheres que variam de 71 anos para os homens e 78,3 anos para as mulheres.
Apesar do crescimento acelerado e do aumento na expectativa de vida desta
população, Costa e Ciosak (2010) afirmam que a desinformação sobre a saúde do idoso ainda
é grande e precisa ser melhorada, já que trata-se de uma fase de vida em que alguns processos
de perdas, sejam físicas, sociais ou psicológicas se tornam mais frequentes (CHAIMOWICZ,
1998).
O processo de envelhecer deve ser compreendido em toda sua amplitude e totalidade
como um fenômeno universal, o qual pode variar de indivíduo para indivíduo, sendo mais
gradativo para uns e mais rápido para outros. Fatores dependentes relacionados ao gênero,
estilo de vida, condições socioeconômicas, doenças crônicas, dentre outros, são determinantes
nesta faixa etária (CAETANO, 2006; FIGUEIREDO, 2007). Cabe ressaltar que o inverso
também ocorre já que o estado de saúde e doença depende muito da forma como cada um
percebe seu processo de envelhecer. Desta maneira, falar de envelhecimento é abrir o leque de
interpretações que se entrelaçam ao cotidiano e as diferentes perspectivas pessoais e culturais
(FECHINI; TROMPIERE, 2012).
Como qualquer etapa do desenvolvimento humano, o envelhecimento possui uma
dimensão existencial que interfere na relação da pessoa com o tempo e espaço, a qual gera
modificações em suas relações com o mundo e com a sua própria história (FREITAS et al.,
2010). Neste contexto, o processo de envelhecimento, numa perspectiva bio-psico-sociocultural, gera demandas complexas e exige atenção diferenciada, não significando afirmar que
37
envelhecer é estar num processo de doenças. Pelo contrário, o idoso deve vivenciar esta etapa
do desenvolvimento com características e valores próprios, os quais possibilitam novas
intercorrências, tanto na sua estrutura orgânica, como nos aspectos profissionais, nas relações
familiares e, consequentemente, em suas redes sociais (OPAS, 1993). Esse processo de
mudanças pode exigir, por parte do idoso, um esforço para adaptar-se as novas situações. No
caso de não haver esta adaptação ao novo ciclo vital, os resultados podem conduzir ao
aparecimento de perturbações comportamentais reativas que surgem com intensidade, como
por exemplo, a depressão (FIGUEIREDO, 2007).
Para Santos(2008), situações como a diminuição da capacidade funcional, a
dependência de terceiros, a aposentadoria, a perda de entes queridos, as dificuldades
socioeconômicas, o uso de medicamentos podem influenciar consideravelmente a
probabilidade da depressão se desenvolver nesta fase da vida. Entretanto, ressalta o autor, a
presença de fatores de risco não significa que todos os idosos desenvolverão a depressão, pois
esses fatores se correlacionam com a predisposição e com a história de vida de cada
indivíduo.
As teorias que defendem a depressão no idoso, como sendo diferente da depressão em
outras faixas etárias apoiam-se entre outros aspectos, nas diferenças sintomatológicas
apresentadas em cada caso. Estudos demonstram que os idosos apresentam, na sua maioria,
depressões atípicas, não se encaixando com isso nos padrões das classificações existentes no
CID 10 E DSM IV (COHEN; EISDORFER, 1997). Na opinião desses autores, as depressões
atípicas podem ser caracterizadas pela falta de episódios de tristeza, claramente distintos,
mostrando-se o doente apático, com queixas subjetivas de comportamento cognitivo,
ansiedade proeminente, somatização e excesso de preocupação com a saúde e o corpo.
A ocorrência de depressão pode estar ligada as limitações naturais do indivíduo
inserido em um contexto que não favorece o seu desenvolvimento para estratégias de
enfrentamento às dificuldades ao longo da vida. A essas limitações podem ser acrescidas
aquelas colocadas pela sociedade, fruto de preconceitos e estereótipos sociais, o que os
tornam ainda mais vulneráveis (CAMARANO, 1999).
A idade avançada é um fenômeno social atrelado, na maioria das vezes, a
preconceitos, estereótipos e imagens negativas mediante o velho e a própria velhice (RON,
2007). Segundo Silva (2005) os estereótipos negativos favorecem que a experiências dos
idosos tenham caráter negativo, o que contribui para a vivência de emoções desfavoráveis ou
ainda a desvalorização dessas experiências, contribuindo ainda mais com o estigma da velhice
como um período negativo. Apesar dos avanços das pesquisas em relação ao envelhecimento
38
bem-sucedido, observa-se o início de um movimento no sentido de se construir uma visão
mais positiva em relação aos idosos e a velhice, mas infelizmente há ainda o predomínio da
visão negativa em todos os grupos etários, inclusive entre os próprios idosos (RON, 2007)
Por consequência estes fatores interferem no conceito que essa pessoa terá de si
mesmo – o autoconceito (OKUMA, 1999). Para Rocha (2007), as funções do autoconceito
são essencialmente criar a identidade no processamento da informação, regulação emocional,
além da adaptação do comportamento social e influenciam diretamente em outras variáveis
psicológicas com a depressão e ansiedade.
Para a análise de contingencias que afetam o indivíduo, o autoconceito é uma parte
importante na avaliação do modo operante do indivíduo e pode nos dar uma noção de como
uma pessoa se vê e se descreve. Trata-se de dos construtos mais importantes no estudo do
comportamento humano, pois refere-se ao conceito que o indivíduo faz de si como um ser
físico, social e espiritual ou moral (GECAS, 1982). O autoconceito como um dos
componentes básicos da autoestima faz parte da nossa personalidade. Rocha (2007) infere que
tanto o autoconceito como a autoestima são fundamentais na nossa vida, porque estão
relacionados ao nosso sucesso e ao bem estar.
Para Mello e Teixeira (2011) a sociedade contemporânea valoriza muito o consumo e
a produção, e isso pode afetar a percepção que a pessoa tem de si, com as mudanças
decorrentes da aposentadoria por exemplo, caso a pessoa não produza resultados condizentes
com o que é valorizado por esta sociedade. Como resultado dessa desvalorização, o
autoconceito tende-se a tornar-se negativo, indicando um sentimento de impotência perante
sua nova situação. Ainda de acordo com os autores o autoconceito quando baixo aliado a
outros fatores podem levar o idoso a evoluir para um quadro mais grave de ansiedade e à
depressão.
Diante do exposto, o objetivo da pesquisa foi investigar as possíveis relações entre o
autoconceito dos idosos participantes, com seus níveis de depressão e ansiedade para verificar
em quais aspectos o autoconceito pode influenciar no desencadeamento do processo
ansiogênico e depressivo.
39
MATERIAIS E MÉTODO
Tipo de estudo: Trata-se de pesquisa quantitativa, do tipo transversal descritivo. O
presente estudo foi desenvolvido no centro de saúde de três regionais de Saúde da Secretaria
Estadual do Distrito Federal – SES-DF. Os locais elencados fazem parte da Atenção Primária,
como os Centros de Saúde (01 e 02) de Santa Maria, de Sobradinho e na Federação de
Bandeirantes do Brasil, unidade do Paranoá. Nestas regionais há atividades direcionadas a
população idosa, que faz parte das estratégias de Saúde da Pessoa Idosa do Distrito Federal. A
pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa – FEPECS/SES-DF,
CAAE:30266714.2.3001.5553.
Amostra: Composta por 81 idosos com média de idade de 68,38 ± 6,80 anos, sendo
em sua grande maioria (72,8%) mulheres com 9,18 ± 6,14 anos de estudos. Destes 37% eram
procedentes de Santa Maria, 49,4% de Sobradinho e 13,6% do Paranoá. Foram investigados
os indivíduos, com 60 anos ou mais que concordaram em participar da pesquisa, após assinar
o Termo de Consentimento Livro e Esclarecido. O critério de exclusão foram os idosos que
não demonstraram capacidade de expressão verbal, ou de manter uma comunicação lógica
para resposta adequada dos instrumentos e também os que não demonstraram interesse em
participar da pesquisa foram retirados da amostra.
Instrumentos: Os instrumentos utilizados foram um questionário sóciodemográfico,
que elencou informações para identificação dos participantes (sexo, idade, escolaridade,
ocupação, residência, dentre outras). Para a avaliação do autoconceito foi utilizado o
Inventário clínico de Autoconceito, desenvolvida por Vaz Serra (1986). É uma escala
unidimensional de tipo Likert, construída com o objetivo de mensurar os aspectos emocionais
e sociais do autoconceito. O terceiro instrumento refere-se ao Inventário de Depressão Beck –
BDI, o qual foi desenvolvido por Beck e colaboradores (1961). Este instrumento revelou-se
de alta confiabilidade (0,86) e boa validade quando comparado com o diagnóstico realizado
por profissionais.
Para a avaliação da ansiedade utilizou-se o Inventário de Ansiedade Beck - BAI que é
uma escala de auto-relato, que mede a intensidade de sintomas de ansiedade. Esse instrumento
foi desenvolvido por Beck, Epstein, Brown e Steer, em 1988 com base em vários
instrumentos de auto-relato utilizados no Center for Cognitive Therapy (CCT) da
Universidade da Pennsyilvania, na Philadelphia, Estados Unidos. O inventário encontra-se
adaptado para o português, com dados de precisão e validade (CUNHA, 2001), tendo sido
40
mantidos os mesmos escores do original para classificar os diferentes níveis de intensidade
dos sintomas ansiosos.
Análise dos dados: Os dados descritivos da amostra foram analisados pelas médias,
Desvios e frequências, com uso do teste de Kolmogorov Smirnov, para verificação da
normalidade da amostra. Nas análises inferenciais foram utilizadas teste t para amostras
independentes, One-Way ANOVA, Correlação de Pearson, Qui-Quadrados. Todos os dados
foram analisados com o Software Statistical Package for Social Science (SPSS-IBM 22.0)
devidamente registrado, utilizando-se um nível de significância de p ≤ 0,05.
RESULTADOS
A amostra foi composta por 81 sujeitos, sendo 59 mulheres, com média de idade de
68,38 anos (± 6,8), em relação a moradia a maioria é residente de Santa Maria (49,4%), sendo
22,2% casados e quando questionados sobre a percepção do próprio estado de saúde 46,9%
relataram como sendo regular. A tabela 1, demonstra os dados sóciodemograficos da amostra.
Tabela 1: Dados Sociodemográficos
Variáveis
Sexo
Mulheres
Homens
Escolaridade
Fundamental
Incompleto
Fundamental
completo
Medio completo
Medio incompleto
Superior completo
Pós Graduação
Não estudou
Estado Civil
Casado
Solteiro
Viúvo
Separado
Outros
Ocupação Atual
Do lar
Porcentagem (%)
Total
72,8
27,2
59
22
30,9
25
11,1
9
17,3
11,1
17,3
6,2
6,2
14
9
14
5
5
42,0
11,1
22,2
14,8
9,9
34
9
18
12
8
13,6
11
41
Beneficiário
Aposentado
Trabalhando
Não trabalha
Utilização
Psicofármacos
Sim
Não
Exercício Físico
Sim
Não
Lazer
Sim
Não
Saúde
Muito boa
Boa
Regular
Ruim
Muito ruim
21,0
44,4
18,5
2,5
17
36
15
2
21,0
79,0
7
64
80,2
19,8
65
16
51,9
48,1
42
39
6,2
38,3
46,9
4,9
3,7
5
31
38
4
3
de
FONTE: DADOS DA PESQUISA
Em relação ao autoconceito, não houve diferença significativa entre homens (70,00
±8,77) e mulheres (71,56±11,07), sendo o p= 0, 55. Importante ressaltar que os escores foram
altos, o que revela um nível elevado de autoconceito dos idosos desta amostra. Nos fatores do
autoconceito, somente o F4 – impulsividade/atividade evidenciou diferença significativa entre
os sexos, com p=0,03, onde mulheres obtiveram o valor de 11,64±2,05 e homens de
10,50±1,99. Para análise dos dados quantitativos foram utilizados o teste T-Studant e o OneWay Anova.
Na comparação do autoconceito por faixa etária, a faixa etária de 60 – 64 anos
apresentou valor de 72,85 (±9,48), de 65-69 anos valor médio de 70,08 (±9,97), de 70 a 74
anos 71,83 (±11,60) e acima de 75 anos resultado de 68,00 (±12,65). O gráfico 1 demonstra
os resultados do autoconceito por faixa etária, sendo que somente o Fator 3 (Maturidade
Psicológica) houve diferença significativa, com p = 0,001. Destaque para a faixa etária de
idosos com 75 anos ou mais, com média de 11,20±3,43, inferior à dos outros grupos.
42
Gráfico 1: Autoconceito e Faixa Etária
25
20
15
10
5
0
F1
F2
F3
F4
60-64
17,26
22,59
14,67
10,96
65-69
16,19
20,31
15,31
11,42
70-74
16,72
22,22
14,39
11,61
70
16,1
22,6
11,2
11,6
FONTE: DADOS DA PESQUISA
F1 = aceitação/rejeição; F2 = autoeficácia; F3= maturidade psicológica e F4 =
impulsividade/atividade
Em relação a depressão e a ansiedade apesar de apresentarem escores baixos em todos
os grupos etários, verificou-se maior média na faixa etária de 64-69 anos com 18,27±12,04
para depressão e 17,15±9,67 para ansiedade. Na comparação da depressão e sexo, não houve
diferença significativa (p=0,96), com média para mulheres de 14,37±11,00 e entre os homens
foi de 14,27±7,28.
Na análise da comparação de ansiedade e sexo, os valores demonstraram haver
diferença significativa (p=0,006), com pontuação média de 13,86±9,22 para mulheres e
8,50±6,70.
Na correlação do autoconceito com a depressão, a tabela 2 demonstra os valores destas
variáveis.
43
Tabela 2 – Relação do Autoconceito e Depressão
Autoconceito
Depressão
p
(r)
F1Aceitação/rejeição
-0,31
0,006
F2 Auto eficácia
-0,38
0,0001
F3Maturidade Psicológica
0,24
0,83
social
F4impulsividade/atividade -0,23
0,04
Autoconceito Geral
0,003
-0,33
FONTE: DADOS DA PESQUISA
Os fatores 1, 2, 4 e o auto conceito geral apresentaram relação negativa com a
depressão, verificando que quanto maior os valores desses fatores do autoconceito, menores
são os níveis de depressão. Na relação das variáveis autoconceito e ansiedade observou-se que
o fator 1 – aceitação/rejeição social-, o fator 2 – autoeficácia – e o autoconceito geral também
apresentaram relação negativa com a ansiedade, com p= 0,006 para fator 1, p=0,0001 para
fator 2 e p=0,003 para autoconceito geral. Quanto maiores as pontuações nesses fatores do
autoconceito, menores foram os níveis de ansiedade apresentados pelos idosos.
Na análise da comparação dos níveis de depressão e sexo, dos 81 idosos 37%(n=30)
apresentaram sintomas mínimos de depressão, 43,2% (n=35) com nível leve de sintomas e
19,8% (n=16) com sintomas de moderado/grave, na qual não houve diferença significativa,
com p= 0,08. Em relação aos homens, 77,2% apresentaram algum sintoma de depressão
classificando-se no nivel leve, moderado/grave da doenca, dentre as mulheres 57,6%
apresentaram níveis alterados de sintomas (leve ou moderado/grave).
Na comparação das variáveis depressão e faixa etária, houve diferença significativa, p
= 0,03, sendo que na faixa etária de 60 a 64 anos 55,6% apresentaram níveis mínimos de
depressão, as faixas etárias de 70-74 anos e acima de 75 anos demonstraram escores relativos
a depressão leve (61,1% e 60,0%, respectivamente).
Com relação a ansiedade, o estudo verificou diferenças significativas entre homens e
mulheres, p = 0,04. Entre as mulheres 42,4% (n=25) apresentou sintomas mínimos, 25,4%
44
(n=15) sintomas leves e 32,2% (n=19) apresentaram sintomas moderados/graves. Entre os
homens 68,2%(n=15) apresentou sintomas mínimos de ansiedade, em 22,7%(n=5) foram
identificados sintomas leves e em apenas 9,1% (n=2) foram encontrados sintomas
moderados/graves de ansiedade. Nos idosos desta amostra observou-se nos homens maiores
escores de depressão e menores escores de ansiedade, por sua vez as mulheres apresentam-se
em níveis de ansiedade mais elevados que os homens.
Na comparação de ansiedade por faixa etária, a tabela 3 demonstra os valores destas
variáveis. Importante ressaltar que 46,2% dos idosos da faixa etária de 65-69 anos
apresentaram níveis de ansiedade de moderada/grave, entretanto, a maioria dos sujeitos (80%)
acima de 75 anos obtiveram escores mínimos de ansiedade.
Tabela 3 – Comparação de ansiedade por faixa etária
60 a
anos
65 a
anos
70 a
anos
De
acima
Total
64
69
74
75
Ansiedade
Minimo
Leve
Total
18
66,7%
7
26,9%
7
38,9%
8
80,0%
40
49,4%
3
11,1%
7
26,9%
8
44,4%
2
20,0%
20
24,7%
Moderada/
Grave
6
22,2%
12
46,2%
3
16,7%
0
0,0%
21
25,9%
27
100,0%
26
100,0%
18
100,0%
10
100,0%
81
100,0%
FONTE: DADOS DA PESQUISA
Na análise da relação do uso de psicofármacos e os níveis de depressão, não houve
diferença significativa, com p = 0,10. Vale ressaltar que somente 3 idosos faziam uso de
psicofármacos, sendo que 2 apresentaram níveis de depressão moderado/grave. Observou-se
também que do grupo que não fazia uso de psicofármacos (78 idosos), 43,6% apresentaram
níveis leves de depressão e 17,9% com níveis de moderado/grave.
Na análise da relação com a ansiedade, os dados são semelhantes. Somente 3 idosos
faziam uso de psicofármacos, mas 100% (n=3) destes idosos apresentaram níveis moderados
de ansiedade. Dos sujeitos que não faziam uso de psicofármacos, 51,3% apresentaram nível
mínimo de ansiedade, 21,8% níveis leves e 26,9% estavam no nível moderado/alto.
45
DISCUSSÃO
A discussão dos dados estabelece a ligação entre as diversars partes do estudo. A partir
dos resultados apresentados, e tendo como foco principal observar a relação existente entre o
autoconceito dos idosos com seus níveis de ansiedade e depressão, foi possível encontrar
números que, estatisticamente, mostram o que inicialmente foi proposto.
Pelos resultados obtidos com o Inventário clínico do Autoconceito – ICAC, foi
demonstrado uma pontuação de 70,00 ±8,77 para homens e 71,56±11,07 para mulheres. Essa
pontuação revela um nível elevado de autoconceito dos idosos desta amostra. No
desenvolvimento inicial do Inventário de Vaz Serra (1986) encontrou - se pontuação média de
72,20 ±8,14 para homens e de 72,06 ±7,83 para mulheres, demonstrando que não há
afastamento significativo das amostras. Considerando os locais onde a pesquisa foi feita, com
idosos de baixa renda e baixa escolaridade, frequentadores dos postos de saúde e participantes
das práticas integrativas do SUS, essa alta pontuação pode demonstrar entre outras coisas, a
questão de como o idoso percebe sua independência e sua autonomia nas atividades do dia- a
– dia. Se ele permanece fazendo suas atividades da vida diária, regulando as perdas e
mantendo ou adaptando o que já fazia, consegue manter também seu autoconceito positivo.
Segundo Rabelo e Neri (2005) aceitar suas próprias condições e ter atitudes positivas
em relação a si mesmo e em relação a própria vida presente e passada, bem como reconhecer
e aceitar os múltiplos aspectos de si mesmo, incluindo as boas e mas qualidades interfere na
dimensão do autoconceito. Além de que os idosos que participam de redes sociais de forma
ativa e que recebem apoio social informal são os que possuem melhor saúde física e mental
(PINAZO,2006)
Dentro dos quarto fatores do autoconceito os dois primeiros são os mais importantes,
com características bem definidas e os mais frequentemente utilizados em investigaçōes. O
Fator 1 relaciona-se com aceitação/rejeição social e o Factor 2, com autoeficácia. Observa-se
nessa amostra que o fator que apresentou maior pontuação foi a autoeficácia para homens e
mulheres independente do local de moradia. Este resultado corrobora o de Vaz Serra (1986)
que também encontrou na autoeficácia o fator mais elevado no autoconceito da população
com mais de sessenta anos. A autoeficácia é o fator que possibilita que o ICAC seja um bom
discriminador entre a população normal e deprimida, sendo sensível ao bom ou mau
ajustamento psicológico dos indivíduos (VAZ SERRA, 1992).
46
Para Albuquerque e Oliveira (2002) ficou demonstrado em sua pesquisa que
indivíduos com pobre autoconceito desenvolvem sintomas de depressão. Tal constatação é
compatível com os resultados obtidos na presente pesquisa, pois foi encontrado que a
depressão está correlacionada negativamente com a autoeficácia. Os idosos pesquisados
obtiveram baixos níveis de depressão e alta pontuação no fator 2 do autoconceito –
autoeficácia - a crença na própria capacidade de organizar e executar o curso da ação
necessária para alcançar determinado resultado - o que leva a diminuição do estresse e da
depressão quando o individuo experimenta situações ameaçadoras ou precisa se adaptar a
novas situações.
A autoeficácia percebida é o mecanismo mais central e mais difundido na mediação
entre o indivíduo e o meio ambiente, pois somente por meio desse tipo de crença o individuo
é capaz de comportar-se ativamente, com motivação (AZZI; POLYDORO, 2006;
CARDOSO, 2006). O desempenho na autoeficácia, pode ser alto, naquelas pessoas que
pensam ser capazes de desempenhar somente tarefas mais fáceis (CARNEIRO; FALCONE,
2004). Sendo assim, uma pessoa pode ter um resultado ruim, adequado ou mesmo excelente,
dependendo das flutuações na percepção de sua autoeficácia (RABELO, 2005;
MUSSOLLINI, 2007).
Na avaliação da depressão observou-se que não houve diferença significativa para
homens e mulheres. A pontuação média e o desvio padrão entre as mulheres foi de
14,37±11,00 e entre os homens foi de 14,27±7,28. Apesar de ser um escore classificado como
leve, para o BDI, não são sugeridos pontos de corte para populações normais, embora Oliver e
Simmons (1984), com base em trabalho de pesquisa, acreditem que o BDI poderia ser usado
para triagem nesse tipo de população, sendo que um escore de 18 a 19 daria uma estimativa
de possível depressão.
Vaz Serra e Firmino (1986) comprovaram que os doentes com perturbações
emocionais tendem a ter um autoconceito pobre e o mesmo foi comprovado nos indivíduos
que desenvolvem sintomatologia depressiva na população em geral (VAZ SERRA; MATOS;
GONÇALVES, 1986) ou que apresentam uma ansiedade elevada (VAZ SERRA;
GONÇALVES; FIRMINO, 1986). O autoconceito, avaliado pelo ICAC, correlaciona-se
negativamente com fobia, ansiedade e depressão tal como são medidos pelo Middlesex
Hospital Questionnaire (MOTA CARDOSO; MOURA; PAIS E VERÍSSIMO, 1986).
Da análise da relação entre os fatores do autoconceito e a idade, verificou-se não
existirem diferenças significativas entre os vários grupos etários, o que não permitiu concluir
que o autoconceito diminui à medida que a idade avança.
47
O fator 4 do autoconceito – impulsividade/atividade evidenciou diferença significativa
entre os sexos, com p=0,03, onde mulheres obtiveram o valor de 11,64±2,05 e homens de
10,50±1,99. Pela natureza das questões do fator 4 que são: “Quando tenho uma ideia que me
parece válida gosto de a pôr em prática”, “ Sou uma pessoa que gosta muito de fazer o que me
apetece” e “ Gosto sempre de me sair bem nas coisas que faço” percebe-se que esse fator
mede a forma de agir da pessoa, o nível de sua atividade. Essa maior pontuação do sexo
feminino demonstra como no processo de envelhecimento o masculino e o feminino são
vividos de formas diferentes e contraditórias. O feminino apresenta uma melhor adaptação às
perdas físicas, emocionais e sociais ocorridas na velhice, mostrando que a mulher idosa
consegue ser mais resistente e solidária, buscando informações fundamentais para o
autocuidado e a incorporação de atitudes mais saudáveis que possibilitem o envelhecimento
melhor adaptado e mais feliz (MINAYO, 2002; MOTTA, 2001).
A faixa etária de idosos com 75 anos ou mais, obteve média de 11,20±3,43 no fator 3 maturidade psicológica. Essa pontuação em maturidade psicológica pode evidenciar que a
validação social de cada estágio nao é apenas um reconhecimento de níveis de maturidadade
cronológica, mas também um reflexo da autorização que se tem para realizar atividades
próprias de um determinado grupo de idade (DEBERT, 1999)
Numa sociedade onde se diz que o velho torna-se criança, tem-se nos idosos mais
velhos (75 ou +) pessoas com mais sabedoria para aceitar a realidade e tolerar, sem confrontar
a dor ou a perda da independência, pois seus dispositivos de segurança são cada vez mais
eficientes na relação com o mundo. Para Beauvoir (1990) o idoso entrega-se a existência com
a pureza da criança, mas sem a sua ingenuidade.
Em relação a ansiedade, apesar dos níveis baixos na pontuação tanto para homens
quanto para mulheres, observa-se uma pontuação mais alta nas mulheres. No resultado
verificou-se diferenças significativas entre os sexos, com p = 0,04. Nos idosos dessa amostra
observou-se nos homens maiores escores de depressão e menores escores de ansiedade, por
sua vez as mulheres apresentam-se em níveis de ansiedade mais elevados que os homens. A
maior prevalência identificada no presente estudo pode estar influenciada pela presença de
maior proporção de mulheres na população estudada. Almeida Filho et al (1997) também
observou que a distribuição de ansiedade era diferenciada por gênero, sendo de 5,2% para
homens e de 14,0% para mulheres. Essa média de ansiedade pode estar relacionada a uma
visão catastrófica do idoso em relação a diversas situações de sua vida, o que gera o
sentimento de que algo perigoso e ameaçador pode acontecer (SKINNER; VAUGHAN,
48
1985).
A classificação da intensidade de ansiedade sofreu diversas modificações de uma para
outra edição do manual da versão em português das escalas Beck. Apesar da diferença
significativa, os dois grupos estão classificados no nível leve de ansiedade com escores de 8 a
15. No próprio Manual das Escalas Beck (2001) é informado que segundo dados de pacientes
com transtorno de ansiedade, a média dos escores de pacientes de sexo feminino é quatro
pontos mais elevada que a média de escores de pacientes do sexo masculino.
Na comparação de ansiedade por faixa etária, verificou-se que 46,2% dos idosos da
faixa etária de 65-69 anos apresentaram níveis de ansiedade de moderada a grave e nessa
mesma faixa etaria, 30,8% dos idosos encontran-se com níveis moderados ou graves de
depressão. Somando-se os níveis leves e moderado/graves nessa faixa etaria, temos 69,3%
com depressão e 73,1% com ansiedade.
Percebendo a depressão como um problema de saúde pública que afeta um em cada
seis pacientes idosos (REYNOLDS, 1999), tem-se 56 idosos (69,3%) que deveriam estar
recebendo atendimento preventivo para os que possuem sintomas leves ou acompanhados e
medicados para os que possuem sintomas moderados e graves. Porém, observa-se que uma
minoria de pacientes com sintomas graves faz uso de medicamentos para depressão e nenhum
dos pacientes com sintomas leves está recebendo atendimento apropriado. Desse modo
percebe-se que a depressão em idosos é subdiagnosticada e subtratada (CIECHANOWSKI,
2004).
Nos idosos, o diagnóstico é dificultado por problemas físicos coexistentes e,
frequentemente, os médicos encaram os sintomas depressivos como manifestações normais do
envelhecimento e não tomam as atitudes necessárias (Ministerio da saúde, 2015) Entretanto, a
depressão é um problema de saúde comum e tratável: de 80 a 90% dos que sofrem desse
transtorno podem ser efetivamente tratados e quase todos que recebem tratamento apresentam
algum benéfico (TUESCA-MOLINA, 2003). Idosos deprimidos e não tratados tem mais
incapacidades, uso aumentado dos serviços de saúde e morte prematura (SNOWDON, 2002)
Outra característica relevante dessa amostra foi que os idosos com faixa etária entre 65
e 69 anos apresentaram maiores níveis de ansiedade e também de depressão. Talvez, esta
característica tem sido frequente pelos momentos de vida que estes estejam passando, como
aposentadoria, perda de entes queridos, mudança de papéis e inclusive é nesta faixa etária que
há a maior alteração fisiológica com relação a composição corporal (ganho de massa gorda e
perda de massa magra) o que difuculta, em muito, as atividades funcionais deste idoso
49
(MELO; GIAVONI, 2002). Para Shephard (2003) essa fase é descrita como a fase inicial da
velhice, pois compreende o intervalo etário situado entre 65 e 75 anos, período que é
relacionado ao momento posterior à reforma. Na “velhice”, não se encontra um dano grande
na homeostasia, mas, mesmo assim, encontra-se uma perda de função um pouco maior
(SHEPHARD, 2003)
Em relação a ansiedade em uma perspectiva evolutiva, são respostas de defesa natural
à auto preservação (BALLONE, 2005). Porém, o que observa-se na amostra são idosos com
níveis mais elevados que podem com o tempo, esgotar recursos de adaptação do organismo
causando prejuízos a saúde caso não houver uma forma para reconstituírem-se.
Nos fatores do autoconceito correlacionados com a depressão, o fator 1aceitação/rejeição, o fator 2 – autoeficácia –, o fator 4 – impulsividade/atividade têm
correlação negativa com a depressão com p=0,006 para o fator 1, p=0,0001 para o fator 2, p=
0,04. Quanto maior a pontuação nesses fatores, menores os escores de depressão. Para os
fatores do autoconceito que tiveram correlação com a ansiedade observou-se que o fator 1 –
aceitação/rejeição social-, o fator 2 – autoeficácia – e o autoconceito geral tem correlação
negativa com a ansiedade, com p= 0,006 para fator 1, p=0,0001 para fator 2 e p=0,003 para
autoconceito geral. Quanto maiores as pontuações nesses fatores do autoconceito menores
foram os níveis de ansiedade apresentados pelos idosos.
Na análise da relação do uso de psicofármacos com os níveis de depressão, não
houve diferença significativa, com p = 0,10. Observou-se também que do grupo que não
fazia uso de psicofármacos (78 idosos), 43,6% apresentaram níveis leves de depressão e
19,8% níveis de moderados ou grave. Essa porcentagem que apresentou níveis moderados
ou graves da doença, precisaria de tratamento com medicamentos e psicoterapia.
Observou-se que dos 3 que fazem uso de psicotrópicos, 2 apresentaram níveis moderados
ou graves de depressão. Os tratamentos para depressão são, geralmente, longos e
dispendiosos. Nesse estágio exigiria a combinação de práticas medicamentosas e
psicoterápicas, que nao acontecem nos locais pesquisados.
De acordo com Seligman (1994), 60% a 80% dos pacientes que passaram por estes
procedimentos apresentaram melhora, embora possa levar de semanas a meses para se
atingir o efeito desejável e a psicoterapia, quando não disponível gratuitamente, pode ser
bastante dispendiosa o que nao seria acessível a população estudada.
50
5
CONCLUSÃO
O presente estudo foi realizado com a imersão da pesquisadora no contexto, com o
objetivo de comparar os níveis de autoconceito em idosos e suas possíveis relações com
níveis de ansiedade e depressão. Procurou-se levantar resultados que venham a contribuir com
a área da Psicologia e suas intervenções em relação aos idosos, para elaboração futura de
estratégias de auxílio, melhoria da qualidade de vida e para o aperfeiçoamento do atendimento
a idosos em instituições de saúde públicas e privadas.
Os idosos da amostra responderam a um questinário sociodemográfico e a três escalas,
uma de depressão de Beck– BDI, Ansiedade de Beck – BAI e outra de Autoconceito – Vaz
Serra. As escalas foram aplicadas dentro dos Postos de Saúde de três regiões administrativas
do Distrito Federal – Santa Maria, Sobradinho e Paranoá. Demonstrou-se diferença
significativa em relação a fatores do autoconceito, a depressão e a ansiedade e tendo como
base os resultados da presente pesquisa, pôde-se concluir que as hipóteses iniciais foram
confirmadas.
Apesar de possuírem algumas doenças e de 46,9% relatar sua saúde como regular,
esses idosos fazem parte de um programa do SUS denominado praticas integrativas e
complementares e demonstram alto nível de interesse e participação. Os idosos demonstraram
disposição em encarar a vida, apresentavam autonomia, com motivação para cuidar de si e
alguns (18,5%) continuam ativos no mercado de trabalho. A maioria possui família que os
acolhem, grupo de amigos e atividades. demonstram achar, mesmo com todas as dificuldades
encontradas, que a “vida é maravilhosa”.
A relação de fatores do autoconceito como aceitacao/rejeição social, autoeficácia e
impulsividade/atividade
interferindo nos níveis de depressão, assim como os fatores
aceitação/rejeição social, autoeficácia e autoconceito geral interferindo nos níveis de
ansiedade dos idosos, são constataçōes que podem indicar caminhos de deselvolvimento de
medidas preventivas e protetivas contra essas patologias. Além de subsidiar pesquisas futuras
e indicar a necessidade do cuidado mais humanizado, o que poderá influenciar nos aspectos
da saúde física, mental e psicológica.
51
Outra observação é a falta de profissionais adequados para essa prevenção e
acompanhamento dos idosos. Novas pesquisas podem ser desenvolvidas buscando aquelas
que possuem psicólogos em seu quadro funcional; quais os benefícios que o psicólogo traz
para o idoso? Qual é o papel da psicologia na instituição? E de quê modo poderia atuar? Quais
os benefícios que traria para os idosos e a instituição a atuação do psicólogo? Isto tudo será
possível com pesquisas que possam ser suporte para uma possível mudança nas políticas
públicas.
Neste contexto, é necessário um trabalho voltado para o aprimoramento das
capacidades de enfrentamento inerentes ao ser humano. Acreditar em si mesmo e ter
motivação em trabalhar suas potencialidades. Importante ter um olhar diferenciado por parte
dos profissionais, ver o indivíduo na sua integridade, além de suas dificuldades físicas,
mentais e psicológicas para ser um potencial iniciador de um processo de mudança no
paradigma da velhice. Dar escuta para esse idoso, que tem uma sabedoria imensa para
transmitir, ser a voz de um idoso que já não pode gritar por tratamento humanizado, apontar
para o governo possibilidades de mudanças, através de pesquisas que comprovem a
necessidade de um tratamento digno, que apontem com dados concretos uma fotografia do
atual cenário.
Como recomendações, sugere-se a continuação da realização de estudos dentro desta
temática neste grupo etário. Mais concretamente, aprofundar este estudo nos fatores em que
os idosos obtiveram valores altos nessa amostra e que estatisticamente demonstraram ter
relação com depressão e com ansiedade de modo a compreender onde se pode intervir mais
adequadamente. Alem disso, estender o estudos a outras populações, outras cidades, para
obtermos valores de referência específica para os idosos.
52
REFERÊNCIAS
AGUIAR WM, DUNNINGHAM W. Depressão geriátrica: aspectos clínicos e terapêuticos.
Arq Bras Med., Supl 4, p. 291 – 310, 1993.
ALBUQUERQUE, C.M.S.; OLIVEIRA, C.P.F. Características psicológicas associadas à
saúde: a importância do autoconceito. Millenium, Portugal, Viseu, v. 26, 2002.
ALMEIDA, O. P. Idosos atendidos em serviço de emergência de saúde mental: características
demográficas e clínicas. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 21, n. 1, p. 12-18, 1999.
ALMEIDA, O. P.; ALMEIDA, S. A. Confiabilidade da versão brasileira da escala de
depressão em geriatria (GDS) versão reduzida. Arq Neuropsiquiatr, v. 57, n. 2B, p. 421-426,
1999.
ALMEIDA-FILHO N. et al. Brazilian multicentric study of psychiatric morbidity:
methodological feature and prevalence estimates. Br J Psychiatry, n. 171, p. 524-529, 1997.
ALVES L.C. Et al. A influência das doenças crônicas na capacidade funcional dos idosos do
Município de São Paulo. Cad. Saúde Pública, ed. 23 v. 8, Rio de Janeiro, 2007.
ANTONELLI,E.; RUBINI, V. e FASSONE, C. The Self Concept in Institutionalized and
non-institutionalized elderly people. Journal of Environmental Psychology, 2000.
Disponível em http://jah.sagepub.com/content/23/1/177.full.pdf
AZZI, R.G.; PLYODORO, S.A. Autoeficácia em diferentes contextos. Campinas: Atomo e
Allinea, 2006.
BECHARA, O. T. O autoconceito do professor de primeira serie de 1 grau e algumas
variáveis profissionais. 192p. Tese (Doutoradoem Psicologia) - Instituto de Psicologia da
Universidade de Sao Paulo, São Paulo, 1986.
BALLONE, Geraldo José; PEREIRA NETO, Eurico; ORTOLANI, Ida Vani. Da Emoção à
Lesão: Um Guia de medicina Psicossomática. Barueri, SP: Editora Manole Ltda, 2002.
BALLONE, G. J. Depressão. PsiqWeb, Psiquiatria geral. 2005. Disponível em:
http://www.psiqweb.med.br/.: Acesso em: 08 de outubro de 2014.
BALTES, P. e BALTES, M. Psychological perspectives on successful aging: The model of
selective, optimization with compensation. In: BALTES P.; BALTES M., Successful Aging –
Perspectives from the behavioural sciences. Canada: Cambridge University Press, 1990. p.
1-34.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1997.
BARLOW, David H. Manual Clínico dos Transtornos Psicológicos. Porto Alegre: Artmed,
1999.
53
BANDURA, A. Self-Efficacy: Toward a Unifying Theory of Behavioral Change. [s.l], 1982.
BEAUVOIR S. A velhice. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 1990.
BECK, A. T., Rush, A. J., Shaw, B. F., & Emery G. Cognitive therapy of depression. New
York: Guilford Press, 1979.
BERGER, L. MAILLOUX-POIRIER, D. M. Pessoas idosas: uma abordagem global:
processo de enfermagem por necessidades. Lisboa: Lusodidacta,
1995.
BIRD, M. J,; PARSLOW, L. A. Potential for community programs to prevent depression in
older people. Med J Aust, n. 177, suppl, p.S107-10. 2002
BLAZER D. G; WILLIANS CD. The epidemiology of dysphoria and depression in an elderly
population. Am J Psychiatry, n. 137, p. 439 – 44, 1980.
BLAZER, D. G. Depression in late life: review and commentary. J Gerontol A Biol Sci
Med, v. 58, n. 3, p. 249- 265, 2003.
BOLANDER, V. B. Enfermagem fundamental: abordagem psicofisiológica Lisboa:
Lusodidacta, 1998. p.32-52.
BRANDEN, N. Auto-estima: como aprender a gostar de si mesmo. 35 ed. São Paulo:
Saraiva, 2000.
BRANDTSTÄDTER, J.; GREVE, W. The aging self: Stabilizing and protective processes.
Developmental Review, v.14, n.1, 1994.
BRASIL. Ministério da Saúde. Página eletrônica. Disponível em: http://
portal.saude.gov.br/saude/visualizar _texto.cfm?idtxt=19108. Acesso em: 20/01/2015.
BRUGES, M. Autoconceito e auto-estima: Abordagem de Enfermagem centrada na Família.
Cadernos de Bioética, v.40, p.65-85, 2006.
BYRNE, G. What happens to anxiety disorders in later life? Revista Brasileira de
Psiquiatria, v. 24, n. 1, p. 74-80, 2002.
CAETANO, L. M. o Idoso e a Atividade Física. Horizonte: Revista de Educação Física e
desporto, V.11, n. 124, p.20-28, 2006.
CAMARANO AA. Considerações finais. In: CAMARANO AA. Muito além dos 60: os
novos idosos brasileiros Rio de Janeiro: IPEA, 1999. p. 369 – 382.
CAMARANO A. A. Idosos brasileiros: indicadores de condições de vida e de
acompanhamento de políticas. Brasília: Subsecretaria de Direitos Humanos, 2005.
CARNEIRO, R.S.; FALCONE, E.M.O. Um estudo das capacidades e deficiências em
habilidades sociais na terceira idade. Psicologia em Estudo, v.9, n. 1, 2004.
54
CIECHANOWSKI, P. et al. Community-integrated home-based depression treatment in older
adults: a randomized controlled trial. JAMA, v. 291n. 13, p. 1569-77, 2004.
COES, M. C. R. Ansiedade: uma avaliação quantitativa de seus efeitos negativos sobre o
desempenho no vestibular. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 7, n. 2, p. 137-147, 1991.
CODEPLAN. Pesquisa distrital por amostra de domicílios - Distrito Federal - PDAD/DF 2011,
Brasília, 2012
COHEN, D., EISDORFER, C. Depressão. In E. Calkins, A. B. Ford e P. R. Katz (1997).
Geriatria prática (pp. 301-311). Rio de Janeiro: Revinter, 1997.
COPELAND, J. R. M. Is there more dementia, depression and neurosis in New York? A
comparitive study of elderly in New York and London using the computer diagnosis
AGECAT. Br J Psychiatry; n. 151, p. 466-473, 1987.
CORDÁS, Táki Athanássios. Depressão: da bile negra aos neurotransmissores: uma
introdução histórica. São Paulo: Lemos editorial, 2002.
CORRÊA, A.C.O. Memória, aprendizagem e esquecimento: a memória através das
neurociências cognitivas. São Paulo: Ed. Atheneu, 2010.
COSTA M.F.B.N.A, CIOSAK S.I. Comprehensive health care of the elderly in the Family
Health Program: vision of health pro- fessionals. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2013
[cited 2013 Oct 13];44(2):433-40. Available from: http://www.scielo.br/
pdf/reeusp/v44n2/en_28.pdf
CUNHA, J. A. Manual da versão em português das Escalas Beck. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2001.
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto
Alegre: Artes Médicas, 2000.
DAVIDOFF, L.L. Introdução à Psicologia. Sao Paulo: Mc Graw – Hill do Brasil, 1983.
DEBERT, G. G.; NERI, A. L. (Org.) Velhice e Sociedade. Campinas: Papirus, 1999.
DELOUYA, D. Depressão estação psique. São Paulo: Escuta: Fapesp, 2002.
DEMO, D. The self- concept over time: Research Issues and Directions. Annual Review of
Sociology, v.18, p. 303 – 326, 1992.
DESLANDES, S.F. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 10. ed. Petrópolis,
Ed.Vozes, 1994.
DSM-IV - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 4.ed. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1995.
55
DSM-V - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 5.ed. Porto Alegre: Artes
Médicas, 2014.
FIGUEIREDO, L. Cuidados Familiares ao idoso dependente. Lisboa: Climepsi Editores,
2007.
FIRMINO, H. et al. Psicogeriatria. Psiquiatria Clínica, 2006.
FONSECA, AM. Promoção do envelhecimento psicológico no envelhecimento. Contextos
Clínicos, Unisinos, 3. ed, v.2, 2010.
FORLENZA, O. V. Fatores de Risco Associados à Morbidade Psiquiátrica em Idosos. In:
FORLENZA, O.V, ALMEIDA, O. P. Depressão e demência no idoso. São Paulo: Lemos
Editorial, 1997.
FRANK, MH, RODRIGUES NL. Depressão, ansiedade, outros distúrbios afetivos e suicídio.
In: FREITAS, E. V. Tratado de Geriatria e gerontologia 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara;
2006. P. 376-87.
FREITAS MS, QUEIROZ TA, SOUZA JAV. O significado da velhice e da experiência de
envelhecer para os idosos. Rev Esc Enferm USP, v. 44, N.2, p. 407-12, 2010.
FREUD, Sigmund. Luto e melancolia: Edição Standard Brasileira das Obras Completas de
Sigmund Freud. Rio de Janeiro, Imago, 1974. (Ed. Standard, v.14)
FRECHINI BR, TROMPIERE N. O processo de envelhecimento: as principais alterações
que acontecem com o idoso com o passar dos anos. Revista Cientifica Internacional, ed.
20, v.1, p. 106-194, 2012.
GAZALLE, F. K. Sintomas depressivos e fatores associados em uma população idosa no sul
do Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 38, n. 3, p. 365-371, 2004.
GIAVONI, A. MELO, GF. PARENTE, I. DANTAS, G. Elaboração e validação da escala de
Depressão para Idosos. Cad. Saude Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n .5, p. 975-982, maio,
2008.
GECAS, V. The self-concept. Ann. Rev. Sociol, v. 8, p. 1-33, 1982.
GENTIL, V. Ansiedade e Transtornos Ansiosos. In: GENTIL, V., LOTUFO-NETO, F.,
BERNIK, M. A. (Org.) Pânico, Fobias e Obsessões. São Paulo: Edusp, 1997.
GINZBURG, J. Conceito de melancolia. Revista da Associação Psicanalítica de Porto
Alegre, n. 20, p. 102-116, 2001.
GOLDSTEIN L. L. Motivação para contato social ao longo do curso da vida: uma teoria de
seletividade sócio emocional. In: NERI, A. L. Psicologia do envelhecimento. Campinas,
Papirus, 1995. p 111 – 114.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA - IBGE. PNAD 2012.
Disponivel em: www.ibge.gov.br Acesso em: 26 novembro 2013
56
JACKSON, S. W. Melancolia and depression: From hippocratic times to modern times.
London: Yale University Press, 1986.
KANFER, F. H.; PHILLIPS, J. S. Learning foundations of behavior therapy. New York:
John Wiley & Sons, Inc., 1970.
KEONG, A.M.P.A. A auto-percepção do envelhecimento em idosas viúvas. Tese
(Mestrado em Psicologia), Universidade de Lisboa, Lisboa, 2010.
LARANJEIRA, C. A. Velhos são os Trapos: do positivismo clássico à nova era. Saúde Soc.,
v. 19, n. 4, p. 763-770, 2010.
LEITE, E. F, GOMES, M. R. Velho de alma jovem? Representações do idoso nas mídias.
Rev. Kairós, v. 10, n. 1, p. 85-95, 2007.
LEVY, B. R. Rigidity as a predictor of older persons’ aging stereotypes and aging selfperceptions. Social Behavior and Personality, v. 36, n.4. 2008. p. 559-570.
LINDESAY J, BRIGGS K, MURPHY E. The Guy ́s/age concern survey: prevalence rates of
cognitive impairment, depression and anxiety in an urban elderly community. Br J
Psychiatry, n. 155, p. 317-329, 1989.
MARTINS, R. A depressão no idoso. Revista do Instituto Politécnico de Viseu, n. 34, p.
119- 123, 2008. Disponível em: http://www.ipv.pt/millenium/millenium34/. Acesso em: 12/
11/ 2014.
MCGUE, M.; CHRISTENSEN, K. Heritability of level of and rate of change in cognitive
functioning in Danish twins aged 70 years and older. Exp Aging Res n. 28, p. 435-451,
2002.
MENDONÇA, E.M.V.F.R. Autoconceito e percepção de normas de ética publica. Arquivo
Brasileiro de Psicologia, Rio de Janeiro, v. 41, n .4, p.34-38, set/nov, 1989.
MELO, G.F. ; GIAVONI, A. Envelhecimento e atividade física: alterações na composição
corporal de idosas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 2004.
MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo:
Hucite, 1996.
MINAYO, M. C. S.; COIMBRA JR, C.E.A. Entre a Liberdade e a Dependência: reflexões
sobre o fenômeno social do envelhecimento. In: MINAYO, M. C. S.; COIMBRA JR, C. E. A
Antropologia, Saúde e Envelhecimento. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ; 2002.
MONIZ, J. M. N. A enfermagem e a pessoa idosa: a prática dos cuidados como experiência
formativa. Loures: Lusociência, 2003.
MOTTA, A. B. A dimensão de gênero na análise do envelhecimento. In: FERREIRA, M.,
ÁLVARES, M. L. M., SANTOS, E. F. Os poderes e os saberes das mulheres: a construção
57
do gênero. São Luís (MA): EDUFMA/ Núcleo Interdisciplinar de estudos e Pesquisa Mulher,
2001.
NERI, AL. O legado de Paul B. Baltes à Psicologia do Desenvolvimento e do Envelhecimento.
Temas em Psicologia, 2006.
NETTO, M P. O Estudo da Velhice: Histórico, Definição do Campo e Termos Básicos. In:
FREITAS, E.V. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2 ed. Rio de Janeiro: Koogan, 2006.
p. 2-12.
OKUMA, S.S. O idoso e a atividade física: fundamentos e pesquisa. Campinas: Papirus, 2002.
ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE SALUD. El papel del farmacéutico en la atención a la
salud: declaración de Tokio. Genebra, 1993.
PASCHOAL, Sérgio Márcio Pacheco. Qualidade de vida na velhice. In: FREITAS, EV et. al
Tratado de Geriatria e Gerontologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. p.
99-106.
PATROCINIO WP, GOHN MGM. Experiências e representações sociais de trabalhadores e
trabalhadoras sobre seu próprio processo de envelhecimento, em cooperativas populares. Rev.
Kairós, v. 8, n. 2, p. 119-138, 2005.
PENN, D. L et al. Social cognition and social skills in schizophrenia: The role of selfmonitoring. Journal of Nervous and Mental Disease, v. 187, n. 3, p. 188-190, 1999.
PERES, U. T. Melancolia. São Paulo: Escuta, 1996.
PESSOTI, Isaias. A Loucura e as Épocas, Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994.
PETTI, V. L. Emotion perception competence and its relationship to social skills, personality
characteristics, and self-concept of children with varied cognitive abilities in a psychiatric
sample. Dissertation Abstracts International: Section B: The Sciences and Engineering,
v.59, 8-B, p. 4480, 1999.
PINAZO, Sacramento. Relaciones Sociais. In: TRIADÓ, Carme ; VILLAR, Feliciano
(Coords.) Psicología de la vejez. Madrid: Alianza Editorial, 2006. p.253-282.
RABELO,D.F. Autoeficácia. In NERI, A.L. Palavras chave em Gerontologia. Campinas: Ed
Aliena. 2005. P. 19-22.
REGIER, D. A. et al. . One-month prevalence of mental disorders in the United States: Based
on five epidemiologic catchments area sites. Arch Gen Psychiatry, n. 45, p. 977-986, 1988.
REINERT, M. Alceste: Une Methodlogie d´analyse des donnees textuelles et une application:
aurelia de gerard de nerval. Bulletin de Methodologie Socioligique, 1990.
REYNOLDS, C. F; KUPFER, D. J. Depression and aging: a look to the future. Psychiatr
Serv, n. 50, p. 1167-1172, 1999.
REYNOLDS CF, KUPFER DJ. Depression and aging: a look to the future. Psychiatr Serv;
58
n. 50, p. 1167-72, 1999.
ROCHA, A.P.M.F. O autoconceito dos idosos. Tese (Doutorado em Psicogerontologia) Universidade de Lisboa, Lisboa, 2007.
RODRIGUES, William Costa. Metodologia Científica. Paracambi: FAETEC/IST, 2007.
RON, P. Elderly people's attitudes and perceptions of aging and old age: the role of cognitive
dissonance. International Journal of Geriatric Psychiatry. v. 22, n.7, 2007.
ROSENBERG; HOWARD K. Social Psychology of the Self-Concept. USA: Harlan
Davidson Inc., 1977c.
SCHNEIDER, R H; IRIGARAY T Q. O Envelhecimento na Atualidade: aspectos
cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais. Estudos de Psicologia, Campinas, v.25, p.
585-593, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v25n4/a13v25n4.pdf. Acesso
em: 05/11/2013
SANTOS, A. F. A. Qualidade de vida e solidão na Terceira idade. Porto: Faculdade de
ciências Humanas e Sociais da Universidade Fernando Pessoa, 2008.
SANTOS, Glauber Eduardo de Oliveira. Cálculo amostral: calculadora on-line. Disponível
em: <http://www.calculoamostral.vai.la>. Acesso em: 22/11/2013.
SAMPIERI, R. H., COLLADO, C. F., LUCIO, P. B. Metodologia de Pesquisa. 3 ed. São
Paulo: Mc Graw Hill, 2006.
SANTANA, M.S.; MAIA, E.M.C. Atividade Física e Bem-Estar na Velhice. Rev. salud
pública, v. 11, n. 2, p. 225-236, 2009.
SAPOLSKY, Robert M. Por Que as Zebras Não Têm Úlceras. São Paulo: Ed Francis, 2007.
SCHNEIDER, L. S. Overview of generalized anxiety disorder in the elderly. J Clin
Psychiatry v. 57, Suppl 7, p.34-45, 1996.
SCHRAMM, J. M.A. Transiçãoepidemiológica e o estudo de carga de doença no Brasil.
Ciência & Saúde Coletiva, v. 9, n . 4, p. 897-908, 2004.
SCLIAR, M. Saturno nos trópicos: a melancolia européia chega ao Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras, 2003.
SHEPHARD. R.J. Envelhecimento, atividade física e saúde. São Paulo: Phorte, 2003.
SKINNER, B. F. ; VAUGHAN, M. E. Viva bem a velhice: aprendendo a programar a sua
vida. São Paulo: Summus, 1985.
SNOWDON, J. How high is the prevalence of depression in oldage? RevBrasPsiquiatr,; n.
24, Supl I, p. 42-47, 2002.
STRAUB, Richard O. Psicologia da Saúde. Porto Alegre: Artmed, 2005.
59
TAMAYO, A. EFA: Escala Fatorial do Autoconceito. Arquivo Brasileiro de Psicologia, Rio
de Janeiro, v. 33, n. 4, p. 87 – 102, out/dez, 1981.
THOMAS, J.R; NELSON, J.K; SILVERMAN S. J. Métodos de pesquisa em atividade
física. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
TOURIGNY-RIVARD MF, et al. The assessment and treatment of depression. Toronto:
Canadian Coalition for Seniors Mental Health, 2006.
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em
educação. São Paulo: Atlas, 1987.
TUESCA-MOLINA, R. et al. Los grupos de socializacion como factor protector contra la
depresion em personas ancianas. Rev Esp Salud Publica, Baranquilla, Colômbia, v. 77, n. 5,
p. 595-604, 2003.
UHLENHUTH E. H. et al. Symptom checklist syndromes in the general
population:correlations with psychotherapeutic drug use. Arch Gen Psychiatry n. 40, p.
1167-1173, 1983.
VAZ SERRA, A. A Importância do autoconceito. Psiquiatria Clínica, v. 7. n. 2. 1986. p.5766.
VAZ-SERRA, A. O Inventário Clínico do Auto-Conceito. Psiquiatria Clínica, v. 7, n. 2, p.
67-84, 1986.
VAZ-SERRA, A. Atribuição e auto-conceito. Psychologica, v. 1, p. 127-141, 1988.
VAZ-SERRA, A. Inventário de Clínico do Auto-Conceito. In: ALMEIDA, L. S., SIMÕES,
M. R., GONÇALVES, L. S. (Eds.). Provas psicológicas em Portugal. Braga: APPORT,
1995. p. 151-163.
VAZ-SERRA, A.; ANTUNES, R.; FIRMINO, H.. Relação entre auto-conceito e expectativas.
Psiquiatria Clínica, v. 7, n. 2, p. 85-90, 1986.
VAZ-SERRA, A.; FIRMINO, H. O auto-conceito nos doentes com perturbações emocionais.
Psiquiatria Clínica, v. 7, n. 2, p. 91-96, 1986.
VAZ-SERRA, A.; FIRMINO, H.; MATOS, A. P. Auto-conceito e locus de controlo.
Psiquiatria Clínica, v. 8, n. 3, p. 143-146, 1987.
VAZ-SERRA, A.; FIRMINO, H.; MATOS, A. P. Influência das relações pais/filhos no autoconceito. Psiquiatria Clínica, v. 8, n. 3, p. 137-141, 1987.
VAZ-SERRA, A.; GONÇALVES, S.; FIRMINO, H. Auto-conceito e ansiedade social.
Psiquiatria Clínica, v. 7, n. 2, p. 103-108, 1986.
VAZ-SERRA, A.; MATOS, A. P.; GONÇALVES, S. Auto-conceito e sintomas depressivos
na populaçäo em geral. Psiquiatria Clínica, v. 7, n. 2, p. 97-101, 1986.
60
VERAS RP, MURPHY E. The mental health o folder people in Rio de Janeiro. Int J
Geriatriy Psychiatry, v. 9, p. 285 – 95, 1994.
VILLA SANCHES, A.; ESCRIBANO, E.A. Medição do Autoconceito. Tradução Cristina
Murachco. Bauru, SP: EDUSP, 1999.
WEINECK, J. Idade e Esporte. In: WEINECK, J. Biologia do Esporte. São Paulo: Manole,
1991. p.320-351. (parte VI).
WIDLOCHER, Daniel. As Lógicas da Depressão. Lisboa: Climepsi, 2001.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. 2008–2013 Action Plan for the Global Strategy for
the Prevention and Control of Non- Communicable Diseases. Geneva, Switerland: World
HealthOrganization, 2009.
XAVIER, M. F. F. Transtorno de ansiedade generalizada em idosos com 80 anos ou mais.
Revista de Saúde Pública, v. 35, n. 3, p. 294-302, 2001.
YASSINE, I.M.C. A auto percepção do envelhecimento e os traços e personalidade em
idosos. Tese (Mestrado em Psicologia), Universidade de Lisboa, Lisboa, 2011.
ZIGMOND, A. S.; SNAITH R. P. The hospital anxiety and depression scale. Acta Psychiat.
Scand., n. 67, p. 361-70, 1983.
ZIMERMAN, G. I. Velhice, aspectos biopsicossociais. Porto Alegre: Artmed Editora, 2000.
61
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO
Dados de identificação:
Nome:________________________________________________________________
Data da avaliação:__/____/____
Telefone:_________________
DN: ___/____/_______ Sexo ( ) M ( ) F
Escolaridade:Fundamental incompleto( ) Fundamental completo( )
Ensino médio
incompleto( ) Ensino médio completo( ) Superior incompleto( ) Superior incompleto( ) Pós( )
Quantos anos de estudo:__________________________________________________
Estado civil: ( ) casado ( ) solteiro ( ) viúvo ( ) separado ( ) outros
Filhos____________Quantos:___________
Procedencia:______________________________________________________________
Mora com Quem:________________________________________________________
Profissão ou ocupação antes da aposentadoria (se houver)
Ocupação atual: _______________________
Aposentado( ) Beneficiário( ) não trabalha( ) Desempregado( ) Trabalhando( ) Aposentado e
Trabalhando
Outras fontes de subsistência:
Data da aposentadoria(se houver):____________________________________________
Estado civil: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) Divorciado ( ) Outros
Início dos sintomas:_________________________________________________
Data do Diagnóstico médico:________________________________________________
Padece de alguma outra doença � sim Qual?___________________________ � não
Utiliza algum medicamento para depressão:Qual?_____________________________� sim
� não
Há quanto tempo?
Horas de sono por noite:_______
62
Faz acompanhamento psicoterápico:____________________________________________
Realiza algum tipo de exercício físico? � sim Qual?_______________________ � não
Possui alguma atividade de lazer? � sim Qual?___________________________ � não
Em geral, eu diria que minha saúde é:
( ) Muito boa ( ) boa ( ) Regular ( ) ruim ( ) muito ruim
Observações
Complementares:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
63
APENDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
•
O (a) Senhor (a) está sendo convidado (a) participar da pesquisa, para dissertação do
Mestrado em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília. O tema da pesquisa
é: AVALIACÃO DO AUTOCONCEITO EM IDOSOS COM DEPRESSÃO, sob
orientação da Prof Drª Carmen Jansen de Cárdenas e a responsabilidade da mestranda
Lenice Maria Oliveira de Carvalho, psicóloga , MATRÍCULA UC11390009, Crp
01/17.627. O objetivo desta pesquisa é: avaliar o autoconceito em idosos com
diagnóstico de depressão e comparar os resultados com o grupo de idosos sem o
diagnostico de depressão.; identificar o histórico de uso de psicofarmacos para
depressão entre os idosos; verificar o perfil sociodemografico dos idosos e fazer
correlações entre os níveis de autoconceito por sexo, idade e escolaridade.
O (a) senhor (a) receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer da
pesquisa, sendo que seu nome e informações pessoais serão mantidos em sigilo, sendo
mantida a omissão total de quaisquer informações que possa identificar o senhor(a).
A sua participação se dará por meio da aplicação de questionários descritos, sendo que
acontecerá em 1 (um) encontro, com duração de 60 (sessenta minutos cada encontro) para esta
aplicação, os instrumentos são:
• Questionário Sóciodemográfico: instrumento para obter dados
sóciodemograficos do senhor, como por exemplo idade, escolaridade,
procedência e outros.
• Escala de Autoconceito: é composta um questionário destinado a verificar a
percepção que o senhor tem de si mesmo.
• Inventario de Beck para Depressao: é um instrumento composto de 21
categorias de sintomas e atitudes, que descrevem manifestações
comportamentais cognitivas, afetivas e somáticas da depressão.
•
•
•
O senhor (a) não é obrigado a um tempo pré-determinado para responder os
instrumentos, sendo respeitado o seu tempo e sua disponibilidade. Importante
esclarecer que o Senhor (a) pode se recusar a seguir participando na pesquisa a
qualquer momento, sem nenhum prejuízo para o senhor (a).
Os resultados da pesquisa serão utilizados para a defesa da dissertação de
mestrado e poderão ser utilizados em publicações, artigos e congressos futuros,
sempre respeitando o total sigilo das informações do senhor (a).No caso de
qualquer dúvida em relação à pesquisa poderá entrar em contato, por telefone,
com a pesquisadora Lenice Maria Oliveira de Carvalho ou orientadora Prof
Drª Carmen Jansen Cárdenas, pelo telefone (61)3448-7200.
Este projeto poderá trazer os seguintes benefícios ao senhor (a): entrar em
contanto com o seu autoconceito, o que poderá facilitar o processo de
autoconhecimento. Outro ponto positivo é o empoderamento para o
estabelecimento de estratégias compensatórias, que o senhor poderá utilizar
para manutenção da sua independência. Salienta-se que, eventualmente, o
senhor (a) poderá se sentir ameaçado(a) ou mesmo assustado(a) com algum
dado evidenciado durante a pesquisa. Neste caso, o(a) senhor(a) será
64
•
encaminhado(a) ao atendimento específico Centro de Formação em Psicologia
Aplicada (CEFPA) da Universidade Católica de Brasília, ou mesmo poderá ter
meu acampamento profissional
Li e entendi as informações, tive oportunidade de fazer perguntas e
todas as minhas dúvidas foram respondidas. Este formulário está sendo
assinado voluntariamente por mim, indicando meu consentimento para
participar desta pesquisa, até que eu decida o contrário. Receberei uma cópia
assinada deste consentimento.
•
•
__________________________________________________________
•
NOME/ASSINATURA
•
•
_________________________________________________________
•
LENICE MARIA OLIVEIRA DE CARVALHO, PSICÓLOGA
•
CRP 01/17.627
Pesquisadora Responsável
65
ANEXO A -
66
ANEXO B -
67
68
ANEXO C –
69
ANEXO D
70
71
72
73
ANEXO E
74
ANEXO F
75
ANEXO G
76
Download