Musculação terapêutica Técnica previne doença e faz emagrecer Público-alvo são pessoas sedentárias que procuram bem estar nos exercícios físicos funcionais DOURADOS – Cuidar do corpo e da mente é o que toda pessoa deveria fazer. Com a chegada do verão, as academias ficam lotadas de "atletas" que desejam, num curto período, colocar o corpo em forma. Mas a musculação não consiste em puxar ferro. Ela está no dia-adia, nos movimentos funcionais. É nessa vertente que a musculação terapêutica ganha espaço para trabalhar com qualquer tipo de pessoa, principalmente as sedentárias, que por decorrência da falta de exercícios físicos acabam tendo problemas de saúde, tais como a diabete, hipertensão, colesterol, além de obesidade e demais doenças que surgem através do mau hábito alimentar e de comportamento. O pesquisador em musculação terapêutica, Ricardo Wallace Lucas, membro Instituto Brasileiro de Terapias e Ensino (Ibrate), atua nesse segmento em várias áreas da saúde, desde a geriatria, neurologia, pediatria à obesidade. Wallace Lucas está em Dourados, ministrando um curso de extensão a um grupo de médicos e fisioterapeutas, que teve início ontem e vai até amanhã. Os resultados obtidos com a técnica da musculação terapêutica são imediatos. "A musculação que a população conhece – a de puxar ferro – é mal difundida. Musculação significa ação muscular em qualquer movimento que se possa desenvolver o músculo", explica. Ele reitera que a musculação terapêutica visa o desenvolvimento muscular dentro daquilo que o indivíduo precisa, nada mais. Lucas Wallace enfatiza ainda que um dos maiores problemas da população está relacionado ao mau condicionamento físico, ou seja, músculo menor que o necessário. E a técnica para trabalhar com essa "deficiência" consiste em desenvolver a força do indivíduo que, segundo o especialista, não se trata de hipertrofia (crescimento muscular de fisiculturista). A técnica se fundamenta em dois pilares: o controle da freqüência cardíaca e a prática dos movimentos funcionais realizados no dia-a-dia. "O método visa fazer poucos movimentos porque a grande maioria já é feita cotidianamente. A diferença está no controle da freqüência cardíaca que mede o quanto cada indivíduo irá desenvolver em cada exercício físico", pontua. "São feitos poucos exercícios, porém, com dose precisa em cada momento ou estado de saúde do paciente”, conclui. Segundo ele, o tratamento varia de acordo com a idade, condicionamento físico, patologias e casos situacionais que interferem na freqüência cardíaca. "Não existe uma sessão igual “a outra. Temos, é claro, padrões funcionais de movimento”. O público-alvo da musculação terapêutica são as pessoas não atletas, de perfil sedentário, obesas ou que apresentam qualquer tipo de lesão. O tratamento pode ser feito com um fisioterapeuta, educador físico e nutricionista, desde que sejam especialistas em musculação terapêutica. PERDA DE PESO O aumento do peso está ligado a dois motivos: Muito músculo ou muita gordura. Lucas explica que a quantidade de músculo está ligada ao bem estar, à saúde, diferente da gordura, que somente aumenta o peso do indivíduo. Neste último caso ele orienta que é necessário estimular a redução calórica de forma lenta. "Uma pessoa acostumada a comer seis mil calorias não pode reduzi-la pela metade de uma hora para outra", adverte. A musculação terapêutica, nesse caso, age na redução calórica e propõe aumento da carga de atividade física, com o controle da freqüência cardíaca e a realização dos movimentos funcionais. Os exercícios terapêuticos podem ser feitos na academia, nos centros de tratamento e até mesmo na própria casa, desde que haja acompanhamento. BENEFÍCIOS Os resultados são imediatos. Lucas explica que o tratamento com a musculação terapêutica aumenta a taxa metabólica de repouso, consumindo a gordura acumulada no corpo, sendo eficiente para as pessoas que querem emagrecer. Além disso, combate a hipertensão, regula o nível de glicose e melhora as noites de sono. "Pesquisas recentes descobriram que a musculação terapêutica desenvolve os neurônios, podendo ser desenvolvida com pacientes de Mal de Alzheimer, diabéticas, entre outros. Entretanto, adverte que todo esse trabalho depende da alimentação. Muitas causas, segundo ele, está no uso incorreto do carboidrato (farinha, bolacha, pão, macarrão, batata) que se transformam rapidamente em glicose, estimulando a diabete. "O carboidrato de verdade está nos vegetais, desde que consumido o mais colorido possível", pontua. DOURADOS A musculação terapêutica é uma técnica que engloba várias áreas da saúde. Em 1998, Ricardo Wallace Lucas desenvolveu o método nos mais diversos nichos terapêuticos. Antes era aplicado somente com as pessoas da Melhor Idade, pelo médico José Maria Santarém, professor da USP. Lucas é do Paraná, onde é o diretor-proprietário da UniWallace, centro universitário com matriz em Curitiba e regionais em várias cidades do país, em Portugal e Estados Unidos. Lucas explica que o tratamento é preventivo, curativo e de manutenção, podendo durar de seis meses a dois anos, dependendo de cada caso, sendo que posterior a esse período a pessoa consegue desenvolver a técnica sozinha, em casa ou na academia. A especialista douradense em musculação terapêutica, e que está participa do curso em Dourados, Gislayne Carvalho Farage, conta que a técnica traz excelentes resultados. "Tenho muitos pacientes que tiveram resultados imediatos. Um exemplo disso é que ao medir a glicemia do paciente diabético antes da sessão e ao final medir novamente nota-se uma grande a redução da glicemia. O mesmo acontece com relação ao exame de sangue e colesterol".