Cultivo de oliveiras em condições subtropicais Desafios

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POAZEITE/2010 : 1º Encontro sobre o Plantio de Oliveiras como
Agronegócio no Brasil e no Mundo
Cultivo de oliveiras em condições
subtropicais Desafios para produção
nacional de azeites
Edna Bertoncini
Pesquisadora Científica - APTA Pólo Centro Sul
E-mail: [email protected]
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de
São Paulo
APTA - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócio
Pólo Centro Sul – Rodovia SP 127, km 30 – CP 28
Mercado brasileiro de azeites e azeitonas
A- Importação de azeites - K 120%
B- Importação de azeitonas K 45%
Fonte: COI – International Olive Council - Março/2010
Importações J 400 milhões de reais
86,5% CEE 13,4% Argentina
Aumento consumo azeites e azeitonas
Œ Divulgação de benefícios da dieta mediterrânea na saúde;
Œ Produtos com preço mais acessível no mercado brasileiro;
Œ Aumento de poder aquisitivo de algumas classes sociais.
y Consumo azeites e azeitonas Brasil: 0,2 kg/habitante/ano
y Grécia; Itália e Espanha = 23 e 12 kg/habitante/ano, respectivamente
Mercado brasileiro de azeites e azeitonas
Expansão produção nacional
Œ Aumento volume e qualidade de pesquisas sobre a cultura;
Œ Aumento consumo de azeites e azeitonas pelo mercado brasileiro;
Œ Interesse crescente de investidores no cultivo de oliveiras e produção de azeite;
Œ Norma do MAPA restrição qualidade azeites importados;
Tentativas e fracassos do cultivo de oliveiras no Brasil
Œ Local de implantação inadequado as exigências da cultura: temperatura;
Cultivar não adaptado as condições locais
Œ Plantio de apenas um material genético;
Œ Pacote tecnológico não adaptado as condições subtropicais;
Œ Questões mercadológicas e políticas.
Desafios da olivicultura no Brasil
CONAB 2009: 220 mil toneladas de azeite e azeitonas importados
Considerando: espaçamento entre plantas 5 x 5 m = 400 plantas/ha, e produção
média de 20 kg azeitonas/planta D 28 mil ha plantados para suprir consumo
interno
Desafios agrícolas
1- Fatores climáticos
A- Temperatura: Frio para transformação de gemas vegetativas em florais
Temperaturas de 5-7o C com alternância de 4 a 18o C entre dia e noite
y Abaixo de -12o C D danos graves as plantas
yy Acima de 35-40oC D bloqueio de processo fotossintético, aborto de floração
ystress hidrico; uso de hormônios: resultados não conclusivos para produção co
Temperatura e qualidade do azeite:
Formação do fruto
Temperaturas baixas: > concentração de ácido oléico e < concentrações
de ácidos graxos saturados esteárico e palmítico
Desafios agrícolas
yB- Exigência hídrica: em torno de 200 mm ano; 600-700 mm evitar stress
hidrico Falta de água no florescimento D dificulta pegamento flores e
formação de frutos
Sicilia/Itália
Precipitação anual: 500 e 700 mm
Temperatura mínima inverno: 10o
yC- Ventos/ excesso de chuva
yy Excesso chuva e vento D queda de floração
yy Excesso de umidade no florescimento D não fecundação de flores (pólen abs
yágua, incha e explode);
yy Excesso chuva antes maturação frutos D frutos maiores, com maior teor de
yágua do que de azeite D afeta qualidade do azeite.
Desafios agrícolas
yC- Condições subtropicais (calor e umidade) D Crescimento vegetativo
intenso
yPrejuízos
y@ Produção ocorre em ramos novos: excesso de
ramos laterais desvia nutrientes para vegetação em
detrimento da produção de frutos;
y@ Piora alternância de produção (ano ON e ano OFF)
y@ Altura elevada
ydificulta a colheita
Desafios agrícolas
Reduzir problemas com crescimento vegetativo intenso
yD Escolha de cultivares menos vigorosos;
yD Poda correta, se necessário várias vezes ao ano;
yD controle de adubações, especialmente adubação
nitrogenada.
1- Monocone
Poda
2- Vaso/taça
3- Condução
errada da planta
y Desafio Pesquisa DEncontrar manejo de poda adequado a cada cultivar
e a cada situação edafo-climática
Desafios agrícolas
2- Escolha de cultivares
DExigência de menores quantidades de horas de frio para florescimento;
D Cultivares menos vigorosos (redução de podas; facilita colheita);
D Diversificação de cultivares: evitar problemas de polinização; redução de riscos
e perdas totais com pragas e doenças;
D Material vegetativo de viveiros idôneos: mudas sadias, inteiras (corte de ponteiro)
Entrada de material vegetativo do exterior
ª
Quarentenário: impedir propagação de pragas e doenças ainda não existentes
em nossas condições
Cultivares mais plantados no Brasil
Azeite: Arbequina; Arbosana; Picual; Koroneiki; Grapollo
Mesa: Ascolana; Manzanilla
Estado SP: Não há recomendação técnica ainda; falta ensaios de
cultivares em diversas regiões do estado
y Desafio Pesquisa
D Melhoramento genético: cultivares menos exigentes em horas de frio;
D Plantas menores
Desafios agrícolas
3- Fertilidade do solo
DOliveira é planta rústica, pouco exigente em fertilidade do solo –
cultivos comerciais exige
solos aerados, com boa drenagem e aeração e fornecimento adequado de
nutrientes;
D Não tolera solos encharcados por períodos superiores a 04 semanas.
Preparo e conservação do solo – cultura perene
D Descompactação do solo;
D Construção de terraços;
DCalagem e gessagem em área total; Ca/P: elementos de baixa mobilidade no
solo
D Adubação orgânica: 40-50 t/ha;
D Plantio em sulcos ao invés de covas (concentra sistema radicular; acúmulo de
água);
DEspaçamento adequado ao manejo da cultura.
y Fornecimento de nutrientes suficientes para manutenção da planta, exportação
dos frutos, sem promover seu desenvolvimento vegetativo intenso
Exigência da cultura em maiores valores de pH e maiores teores de cálcio
D Calagem: até 2x a recomendação de análise de solo
K pH: indisponibilidade de micronutrientes: B e Zn, e precipitação do fósforo como
óxido de cálcio:
D Recomenda-se: y Boro = fonte de liberação lenta; y Zn = via foliar
(Melarato, 2010)
Desafios agrícolas
3- Fertilidade do solo
Exportação média anual de macronutrientes pela oliveira (Alfei & Panelli, 2002)
Cultura
N
P2O5
K2O
CaO
MgO
35-70
10-20
kg ha-1
oliveira
30-50
15-30
50-100
Exportação de macronutrientes, para cada 100 kg de azeitonas produzidas
D 0,9 kg de N;
0,2 kg de P;
1,0 kg de K ( retirado do solo pelos - frutos)
D 2,7 kg de N;
0,6 kg de P;
3,0 kg de K (perdas: lixiviação/imobilização)
Adubações nitrogenadas
D Não resposta da planta no plantio; D Aumenta risco de crescimento vegetativo
yDesafio Pesquisa
D Estudo de exportação de nutrientes para diversos cultivares em diversas
condições edafo-climáticas;
D Curvas de resposta de fertilizações.
Desafios agrícolas
4- Pragas da oliveira - BRASIL
Saúva – Atta spp
Quenquem - Acromyrmex spp
Arapuá - Trigona spinipes
Cochonilha
Controle
y Inseticidas fosforados
y Óleo mineral
Thrips ssp.
Desafios agrícolas
4- Pragas da oliveira (EXTERIOR)D Impedir entrada no Brasil
Prays olea
Defeito de
mosca/verme
no azeite
Cochonilha negra
Saissetia oleae
Mosca da oliva
Batrocera oleae
Desafios agrícolas
4- Doenças da oliveira - BRASIL
Cercospora
cladosporioides
Antracnose
Colletrotrichum gloeosporioides
Fumagina
Capnodium; Cladosporium;
Alternari
4- Doenças da oliveira - EXTERIOR
Olho de pavão
Spilocaea oleagina
Controle
y Produtos a base de cobre;
yy Fungicidas de contato e
ysistêmicos;
yy Cuidados na poda.
Tuberculose da oliveira
Pseudomonas syringae
Desafios agrícolas
5- Colheita e armazenamento dos frutos – Máquinas nacionais para colheita??
Frutos
y Isentos de terra;
y Retirada de frutos estragados;
yy Armazenamento em caixas
yaeradas, máximo 20-30 cm de
yaltura;
y Processamento: 24-48 horas
Defeito de râncido
e aquecimento
no azeite
Desafios agrícolas
5- Colheita e armazenamento dos frutos
Desafio Pesquisa
D Desenvolvimento de equipamentos e máquinas nacionais para colheita e
processamento das azeitonas;
DPonto de colheita : Índice de maturação
yAnálises qualitativas (cor, consistência do fruto)
yCultivar e condições de cultivo
1- Índice de coloração D
frutado/polifenóis
0 = azeitona verde
1 = coloração <50% do fruto
2 = coloração >50% do fruto
3 = coloração na superfície do fruto;
4 = coloração parcial em profundidade
5 = coloração em profundidade
2- Consistência do fruto
Desafios agrícolas
DPonto de colheita : Índice de maturação
y Análises quantitativas (peso do frutos, acúmulo de óleo, resistência a destacar
da planta)
Ponto de colheita para cada cultivar para cada condição edafoclimática
DFrutos mais verdes/inicio de safra: frutado verde/picante/amargo
yMaior valor comercial; y > quantidade de polifenóis; > benefício para saúde;
y maior período de conservação
DFrutos mais maduros: y frutado maduro/doce; y menor período de
conservação
Desafios na agroindústria - Extração do azeite
Localização do azeite nas células da azeitona O azeite está presente (Testa, 2009)
Na polpa: 16,5 – 23,5% peso fresco
Na semente: 1 – 1,5% peso fresco
Extração por processo mecânico
ou
físico, temperatura ambiente,
que não
cause alteração do azeite.
Qualidade de azeite virgem extra depen
Desafios na agroindústria - Extração do azeite
Operação preliminar
Retirada de folhas e lavagem
Defeitos no azeite
Rancido, riscaldo, acético
Detalhe discos
Sistema tradicional ou descontínuo
Extração mecânica
pedras
Misturador
pasta
1 kg de pasta
1 litro de água
Prensa
com discos
Separador
Desafios na agroindústria - Extração do azeite
Sistema contínuo
Extração moinho
discos
Misturador pasta
y bagaço/sansa: refinação
y água de vegetação
Centrífuga
horizontal
Defeitos azeite:
y Borra/água de vegetação
y Sem filtrar: < tempo conservação
Centrífuga
vertical
y Decantação
y Filtração
yy Envase
yy Conservação
y(sem luz – 15-18oC)
Desafios Pesquisa
yy Equipamentos de extração importados;
yy Falta de assistência técnica;
yy Pequenos produtores – cooperativas
yy Destinação de resíduos finais
Desafios na comercialização
D Preço ainda pouco acessível ao grande mercado consumidor;
D Produto exposto nas gôndolas de supermercado por muito tempo
ª
Ação da luz, temperaturas altas D processos de degradação
Melhor consumir óleo de milho/girassol
D Falta de legislação em vigor que normatize rótulos e qualidade do
produto;
D Entrada de produtos de péssima qualidade no mercado interno;
D Blends que atendem características químicas, mas apresentam
defeitos que impedem que sejam comercializados como virgem extra;
D Interesses políticos e econômicos.
Desafios mercado consumidor
D Incorporar azeite na alimentação: preço x qualidade
D Conscientização do consumidor quanto a qualidade do azeite (cor, rótulo, grau de
acidez);
D Escolha de embalagens escuras ou latas;
D Armazenamento ao abrigo da luz, temperaturas amenas, embalagem fechada;
D Não armazenar azeites, comprar apenas o que for consumir;
D Identificar defeitos do azeite, especialmente pelo odor: rançoso, vinagre, terra,
queimado, mofado, e selecionar marcas;
D Identificar qualidades: frutado maduro/ frutado verde
D Identificar amargo e picante como presença de polifenóis, não como defeito;
DNecessita de legislação que o proteja.
Desafios legislação – legisladores e fiscalizadores
D Registro de pesticidas para cultura da oliveira;
D Registro e proteção de cultivares;
D Normas para comercialização de mudas;
D Norma mais restritiva para registro e comercialização de azeites no Brasil
PORTARIA Nº 419, DE 26 DE AGOSTO DE 2010 D Consulta Pública
D Montar estrutura de coleta de amostras e laboratorial para fiscalização de
azeites importados e nacionais.
Desafios Pesquisa – cadeia produtiva das oliveiras
D Obtenção de cultivares adaptados as condições subtropicais;
D Delimitar áreas de plantio para atuais cultivares;
D Melhoramento genético visando ampliação de áreas potenciais de plantio;
D Obtenção de técnicas de manejo de cultura exótica em nossas
condições;
D Esforços na conscientização e transferência de tecnologia a agricultores,
agroindústria, consumidores, comerciantes, legisladores, fiscalizadores;
D Busca de financiamento para pesquisa com cultura exótica;
D Informar novos investidores sobre riscos da cultura.
[email protected]
www.apta.sp.gov.br/olivasp
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