TCC corrigido.

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO RIO GRANDE DO
SUL – UNIJUI
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – DHE
CURSO DE PSICOLOGIA
Claudia Tassotti
TDAH: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL E TRATAMENTO
IJUI-RS
2015
CLAUDIA TASSOTTI
TDAH: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL E TRATAMENTO
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
Departamento de Humanidades e Educação da
Universidade Regional do Noroeste do Estado do
Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial
para obtenção do título de Psicólogo.
Orientador: Nilson Heidemann
IJUI – RS
2015
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente a Deus que iluminou
o meu caminho durante toda essa caminhada, a pessoa mais
importante da minha vida, minha querida e amada mãe, que
me educou com tanto amor e carinho, mãe essa conquista é
nossa!
AGRADECIMENTOS
Primeiramente аgradeço a Deus qυе permitiu qυе tudo isso acontecesse, ао
longo dе minha vida, е nãо somente nestes anos como universitária, mаs que еm
todos оs momentos é o maior mestre qυе alguém pode conhecer.
À minha amada mãe Elisia, amiga, heroína qυе mе apoiou, incentivou nаs
horas difíceis, de desânimo е cansaço, e está do meu lado em todos os momentos.
Ao meu esposo Jardel, pessoa cоm quem аmо partilhar а vida, obrigada pelo
carinho, а paciência е pоr sua capacidade dе me trazer pаz nа correria dе cada
semestre.
À minha família, pelo carinho e força que me dão, por estarmos sempre juntos
nos momentos mais importantes, por "contar" com vocês!
Agradeço também a minhas queridas amigas, Angelita, Susiane, Diulia, Luisa,
Mariana, com quem dividi a angustia das provas e a alegria das comemorações.
RESUMO
O Transtorno de Déficit de Atenção e hiperatividade (TDAH), vem ganhando
destaque ao longo dos anos, na vida dos pais, professores e profissionais da Saúde
Mental, sendo considerado o principal distúrbio psicológico em crianças, porém sem
muita divulgação. Acomete principalmente crianças e adolescentes em idade
escolar, podendo persistir ao longo de sua vida. Vários estudos apontam possíveis
causas genéticas e ambientais, no entanto o que se pode afirmar até o momento é
que não há uma única causa para o TDAH.
Este estudo tem como objetivo fazer um percorrido histórico sobre a evolução
do TDAH. Busca ainda saber como diferenciar esses comportamentos que podem
ser normais na vida criança, de comportamentos que sejam patológicos. Busca-se
compreender a importância do diagnóstico diferencial já que o TDAH é facilmente
confundido com outros distúrbios, e na maioria das vezes vem acompanhado de
comorbidades.
Nesse contexto salienta-se ainda que a terapêutica medicamentosa só terá
resultados satisfatórios quando acompanhado de tratamento psicológico o qual é
parte fundamental na condução tratamento.
Palavras-chave:
Psicológico.
Histórico.
TDAH.
Diagnóstico.
Medicamento.
Tratamento
ABSTRACT
The Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) has been gaining prominence
over the years, in parents, teachers and mental health professionals’ life. It is
considered the main children’s psychological disorder but still there is no enough
disclosure about this trouble. The ADHD attack schoolchildren and may persist
thought their all life. Numerous studies have shown that there are possible genetic
and environmental reasons, however, it is not possible to say that there is one just
reason that causes this disorder.
The objective of this research was to make a historical study about the ADHD’s
evolution and to know how to distinguish when this kind of behavior is normal and
when it signalizes a disorder. It is essential to understand how important the
diagnostic is, especially because the ADHD is commonly mistaken with other
disorders complemented by co-morbidities.
In this context, it is also noted that the drug therapy will have results only when
associated with psychological treatment, essential part in the treatment conduction.
Key words: historical, ADHD, diagnostic, drug, psychological treatment.
Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8
1TDAH....................................................................................................................... 10
1.1 Evolução histórica do TDAH ................................................................................ 10
1.2 Definições............................................................................................................ 13
1.3 O que é o TDAH? ................................................................................................ 15
1.4 Causas do TDAH................................................................................................. 18
1.5 Diagnóstico.......................................................................................................... 20
2 Linhas Terapêuticas ............................................................................................... 25
2.1 Terapêutica Farmacológica ................................................................................. 25
2.2 Psicoterapia ......................................................................................................... 28
2.3 Terapia Cognitivo-comportamental...................................................................... 29
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 33
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 35
8
INTRODUÇÃO
Na atualidade nos deparamos com um aumento significativo de crianças
diagnosticadas como sendo portadoras de TDAH. Este trabalho busca conhecer o
Transtorno de Déficit de atenção, trazendo informações sobre suas possíveis
causas, sintomas, diferenciar esses comportamentos patológicos de uma agitação
normal da infância. Aborda a importância do diagnóstico diferencial como sendo
fundamental para a conduta terapêutica.
A escolha deste tema se deu a partir de uma experiência de trabalho, em que
era comum encontrar crianças com suposto diagnóstico do TDAH, realizado por
pessoas sem experiência no assunto, e sem acompanhamento psicológico apenas o
medicamento era indicado como tratamento.
No Brasil é comum que crianças cheguem ao consultório já estigmatizados
como sendo portador de TDAH, muitas vezes equivocados, intuitivo, feito por
profissionais sem experiência no assunto, e até mesmo por professores.
É a partir do diagnóstico diferencial que se poderá estabelecer a melhor forma
de tratamento. A família, a escola, as pessoas que convivem com a criança são
ferramentas importantes para o processo de diagnóstico, bem como para o
tratamento.
A informação sobre o TDAH deve estar bem clara, para as pessoas que
convivem com a criança, pois são muitos os casos na qual as crianças sentem-se
isoladas, excluídas pelos colegas, taxadas de “burras” incompetentes por pais e
professores, são acusadas de serem “mal educadas”, “sem limites” por toda a sua
volta.
Muitas vezes se faz necessário o uso de medicamentos, motivo pelo qual se
deve ter um diagnóstico claro do TDAH, pois os medicamentos usados para o
tratamento, neste caso os estimulantes, podem trazer prejuízos significativos na vida
da criança se usado de forma equivocada. Além do tratamento farmacológico é
essencial que o TDAH seja tratado também com a Psicoterapia.
9
O apoio técnico também se faz importante, pois permite criar medidas que vão
organizar a vida do sujeito, facilitando sua rotina e podendo fazer com que suas
habilidades possam ser desenvolvidas e aperfeiçoadas.
10
1TDAH
1.1 Evolução histórica do TDAH
Embora muitas pessoas pensem que o TDAH (Transtorno de déficit de Atenção
e Hiperatividade) é um transtorno novo, recente, ele vem sendo estudado em todas
as partes do mundo desde o Séc XIX.
Durante todos esses anos teve uma evolução significativa sobre as causas, os
sintomas, diagnósticoe tratamento do TDAH. Paramelhor compreensão é necessário
saber um pouco mais de sua etiologia, fazendo uma busca no percorrido histórico
deste transtorno.
Em meados do século XIX surgiram, as primeiras pesquisas sobre a
hiperatividade e desatenção, porém não provinham da literatura médica.
Somente em 1902 surgiu a descrição médica, feita pelo pediatra George
Fredrick Still que realizou uma série de palestras, na qual falou sobre crianças que
eram agressivas, desafiadoras, resistentes a disciplina, tinham dificuldades de seguir
regras, eram desatentas e hiperativas. Segundo Still essas crianças tinham um
defeito maior e crônico no controle moral.
Still fez um estudo com um grupo de crianças, três garotos para cada garota,
onde seus comportamentos problemáticos tinham surgido antes dos oito anos de
idade. Reconheceu uma ligação hereditária no comportamento das crianças, ao
perceber que alguns membros de suas famílias, apresentavam problemas como
depressão, alcoolismo, e alteração de conduta. Acreditava que o comportamento
poderia ter uma causa orgânica mais relevante, do que simplesmente uma educação
inadequada.
Mais tarde, duas décadas depois médicos americanos estudaram crianças que
apresentavam comportamentos similares aos descritos por Still. Nesse período as
crianças tinham em comum, serem sobreviventes da pandemia de encefalite
ocorrida entre (1917-1918). Passavam a apresentar sintomas de desatenção,
inquietação e impulsividade, os quais hoje fazem parte do diagnóstico do TDAH.
11
Embora não conclusivos vários estudos descreveram crianças com distúrbios de
comportamento pós-encefalite.
Em 1934, afirmaram, em um artigo no The New EnglandJournalof Medicine,
haver uma origem biológica em mudanças de comportamento oriundas das crianças
vítimas de encefalite, o que levou a uma associação entre a encefalite e uma
possível deficiência moral de personalidade para explicar o TDAH, criando-se o
termo “cérebro danificado” ou “cérebro lesionado”.No entanto as crianças que não
foram expostas ao surto de encefalite, e apresentavam sintomas semelhantes,
deviam ter sofrido algum tipo de lesão cerebral, de alguma outra forma.
Para as crianças que não foram expostas ao surto de encefalite, mas que
apresentavam sintomas parecidos foi sugestionado que, talvez tivessem
sofrido dano cerebral originário de outra maneira. Essas crianças
apresentavam-se espertas e inteligentes para serem portadoras de uma
lesão cerebral. Passou-se então ao termo “Lesão Cerebral Mínima”
tornando popularmente conhecido apesar de não haver nenhuma lesão
cerebral que pudesse ser constatada em exames médicos. Esse termo foi
mudado para Disfunção Cerebral Mínima pelo fato de não haver evidências
que atestassem a presença de lesões cerebrais (Teixeira, 2008 p.6).
Em 1937, Charles Brandley em seus estudos observou que crianças
hiperativas /impulsivas ao utilizarem anfetaminas (medicamentos que estimulam o
sistema nervoso central) apresentavam uma diminuição dos sintomas e um aumento
de concentração, e esta resposta foi interpretada como uma “reação paradoxal”, pois
era oposta ao que seria de se esperar. Esta reação paradoxal foi considerada por
muitos profissionais como uma verdadeira prova terapêutica, afirmavam que
crianças e adultos que recebiam o medicamento e tinham efeito calmante, seria um
lesionado cerebral, no entanto os sujeitos normais deveriam demonstrar um efeito
estimulante.
Em 1957, Lauferusou o termo hiperatividade infantil pela primeira vez, ele
acreditava que a síndrome seria uma patologia exclusiva de crianças do sexo
masculino.
Já Stella Chess em 1960, também acreditava que a síndrome era desenvolvida
apenas nas crianças do sexo masculino, e diminuindo com o envelhecimento do
12
indivíduo. Isolou o sintoma da hiperatividade de qualquer noção de lesão cerebral, e
sim originar-se da genética do indivíduo. Daí o nome de “Síndrome da Criança
hiperativa”
Em 1968, a Associação de Psiquiatria Americana (APA), usou a denominação
“Reação hipercinética da infância” ao publicar o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-II).
Os novos termos tiveram grande validade para as crianças que
apresentavam hiperatividade, como parte de seus sintomas. Muito embora
tendessem a ignorar o fato de que um grande número de criança
apresentasse déficits de atenção sem qualquer sinal de hiperatividade. Era
evidente que mais pesquisas deveriam ser para responder essas e outras
questões. (Silva, 2003 p.205).
Em 1970, os estudos começaram a focar nos aspectos da desatenção do
TDAH com a teoria apresentada por Virginia Douglas. Para ela o déficit em manter a
atenção poderia surgir sob condições que não houvesse hiperatividade.
Gabriel Weiss, (1976, citado por Teixeira, 2008) mostrou através de estudos
que na adolescência a hiperatividade pode diminuir, entretanto os problemas de
desatenção e impulsividade tendem a persistir, não desaparecendo na vida adulta
conforme se acreditava anteriormente.
Em1980, a forma adulta foi reconhecida, com a publicação no DMS-III, pela
Associação Americana de Psiquiatria. Identificou a forma adulta “tipo residual” e
renomeou a Síndrome de Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA). Durante toda
década de 1980, muitos estudos foram publicados sobre o assunto, fazendo do
TDA, nos Estados Unidos, a alteração comportamental infantil mais estudada.
A Associação Americana de Psiquiatria publicou o DSM-IV, em 1994. Nessa
atualização, mudou novamente o nome do distúrbio de déficit de atenção para
transtorno de déficit de atenção com ou sem hiperatividade (TDA/H)o componente
da hiperatividade inicialmente era considerado o sintomadefinidordo quadro, e
dividido em três subtipos básicos:
-Déficit de Atenção DA: predominante desatento;
13
-Déficit de Atenção DA / HI: predominantemente hiperativo-impulsivo;
-Déficit
de
Atenção
AC:
Onde
os
sintomas
de
desatenção
e
hiperatividade/impulsividade estão presentes no mesmo grau de intensidade.
Apesar de toda a evolução, a visão no Brasil ainda é muito desanimadora. São
muitas as pessoas que passam por desconfortos pessoais ou sociais, em função de
seus impulsos incontroláveis, desatenção, agitação. É comum as crianças serem
rotuladas como “estabanadas”, “rebeldes”, “avoadas”.Por isso se faz tão importante
conhecer melhor o TDAH, tanto os pais, familiares, professores, profissionais.
1.2 Definições
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um distúrbio que vem
ocupando lugar de destaque na vida dos pais e também de profissionais da saúde
mental, sendo considerado o principal distúrbio psicológico em crianças, porém sem
muita divulgação. Estudos mostram que o TDAH aparece com maior frequência na
idade escolar, antes dos sete anos de idade, podendo persistir por toda vida.
No entanto não devemos pensar que estamos diante de um cérebro defeituoso,
mas olhar sob um foco diferenciado, pois o cérebro do TDAH apresenta um
funcionamento bastante peculiar, muitas vezes trazendo um comportamento típico,
que pode ser responsável por suas melhores características, como por suas maiores
angustias e desacertos vitais.
O TDAH se caracteriza por uma combinação de dois grupos de sintomas, os
quais estão descritos no DSM-IV.
Desatenção;
Hiperatividade e impulsividade.
Segundo (SILVA, 2008) O comportamento do TDA nasce do que se chama trio
de base alterada. Formada por alteração da atenção, da impulsividade, e
hiperatividade.
14
Esse trio é definido pela diminuição ou ausência de controle. O sujeito
hiperativo apresenta grande dificuldade de controle, quanto a sua impulsividade, a
sua atenção e sua necessidade de movimento.
A alteração na atenção é o sintoma mais importante no entendimento do TDA,
sendo que essa alteração é condição para se efetuar o diagnóstico.
Controlar a atenção passa a ser algo muito difícil para o portador de TDA,
manter-se atento não é uma tarefa fácil, exige grande esforço, e quando a atividade
for monótona exige ainda mais. O portador de TDA distrai-se com facilidade aos
estímulos alheios, às atividades que estão executando, tendem a esquecer-se
frequentemente das mesmas.
A desatenção leva à distração, ao “sonhar acordado” e à dificuldade de
persistir em uma única tarefa por um período mais prolongado. Como a
atenção é desviada de um estimulo a outro, com frequência os pais e os
professores dizem que esses jovens agem como se não ouvissem ou como
se vivessem com a cabeça nas nuvens. (Mente e cérebro, 2008).
Segundo a revista (Mente e cérebro 2008), Crianças com o Transtorno não
conseguem ficar sentadas em sala de aula e prestar atenção por muito tempo. Com
frequência, são rejeitadas pelos colegas em razão da inquietude, agravada pelos
comportamentos impulsivos.
No entanto quando se trata de uma atividade que desperte interesse
espontâneo, o portador de TDAH tende a se concentrar tanto naquela atividade que
acaba deixando passar despercebido o que se passa ao seu redor.
Ao se tratar de atividades impostas, deveres, o portador terá muita dificuldade
de se concentrar, se for uma atividade monótona e por muito tempo será ainda pior.
Nesse caso o sujeito tende a prestar atenção em tudo que se passa ao seu redor,
menos prestar atenção no que está lhe sendo imposto. “Uma pessoa com
comportamento TDA pode ou não apresentar hiperatividade física, mas jamais
deixará de apresentar forte tendência à dispersão”. (Silva, 2003 p.19).
15
A impulsividade é um dos componentes mais comuns do TDA, caracteriza-se
pela dificuldade de auto-controle, em dar respostas mesmo antes da pergunta,
causando prejuízos a si mesmo e aos outros.
Um exemplo disso são as crianças costumam dizer o que vem às cabeça,
envolvem-se
em brincadeiras perigosas, brincam de
brigar
com reações
exageradas. E em consequência desse comportamento acabam sendo rotuladas,
como mal-educadas, má, agressivas, egoístas, etc.
Sabe-se
que,
crianças
em
algum
momento
da
vida,
têm
esses
comportamentos, mas nos portadores de TDA, esses comportamentos além de mais
intensos são mais frequentes.
A hiperatividade, éuma disfunção orgânica, envolvendo diversas áreas do
cérebro na determinação do quadro hiperativo.
A produção insuficiente de neurotransmissores (dopamina e noradrenalina)
pode estar provocando esse desequilíbrio neuroquímico cerebral.
E se tratando de neurotransmissores, a dopamina e a noradrenalina possuem
papel importante no TDAH. Que são responsáveis pelo estado de atenção, vigília e
pelo controle das emoções. No entanto essa desorganização bioquímica acarreta
alterações neurofisiológicas e em consequência podem ocorrer alterações no sono,
agressividade, impulsividade, e quadro de hiperatividade.
A criança hiperativa não consegue ficar parada, não espera sua vez nas
brincadeiras, em geral não avaliam as consequências de nada e frequentemente se
machucam.
1.3 O que é o TDAH?
O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é uma doença
reconhecida oficialmente pela Organização Mundial de Saúde, Associações de
Psicologia, e Medicina da Europa, Estados Unidos, Canada e Oceania. É conhecido
oficialmente no Brasil pela Associação Brasileira de Psiquiatria, Academia Brasileira
de Neurologia, Sociedade Brasileira de Pediatria.
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Atualmente sabe-se que o Transtorno do Déficit de Atenção é uma síndrome
neurocomportamental, de origem genética, que afeta de 3% a 5% de todas as
crianças em idade escolar, sendo que a média é de três meninos para uma menina
(GARCIA, 1998).
Para a Associação Americana de Psiquiatria, o TDAH é definido como um
distúrbio neurobiológico, com sinais de falta de atenção e impulsividade não
adequadas ao nível de desenvolvimento, prejudiciais a aprendizagem em crianças
em idade escolar, que tem início na infância e pode persistir na vida adulta.
No dicionário da língua portuguesa encontre-as a seguinte definição para o
termo TDAH: “Abreviação de transtorno de déficit de atenção com hiperatividade.”
(FERREIRA, 2010, p. 729).
Segundo a ABDA (Associação Brasileira de Déficit de Atenção), o TDAH é um
transtorno neurobiológico, com grande participação genética, tendo início na infância
e podendo persistir na vida adulta, caracteriza-se por sintomas de desatenção,
inquietude e impulsividade, comprometendo o funcionamento da pessoa em vários
setores de sua vida.
Segundo o DSM - IV- TR, o TDAH é subdividido em três tipos, sendo estes:
Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, tipo combinado. Este
subtipo deve ser usado se seis (ou mais) sintomas de desatenção e seis (ou
mais) sintomas de hiperatividade-impulsividade persistem há pelo menos 6
meses. A maioria das crianças e adolescentes com o transtorno tem o tipo
combinado. Não se sabe se o mesmo vale para adultos com o transtorno.
Transtorno
de
déficit
de
atenção/hiperatividade,
tipo
predominantemente desatento. Este subtipo deve ser usado se seis (ou
mais) sintomas de desatenção (mas menos de seis sintomas de
hiperatividade-impulsividade) persistirem há pelo menos 6 meses. A
hiperatividade pode ainda ser uma característica clínica importante em
muitos casos, enquanto outros são mais puramente de desatenção.
Transtorno
de
déficit
de
atenção/hiperatividade,
tipo
predominantemente hiperativo-impulsivo. Este subtipo deve ser usado
se seis (ou mais) sintomas de hiperatividade-impulsividade (porém menos
de seis sintomas de desatenção) persistirem há pelo menos 6 meses. A
17
desatenção pode, com frequência, ser uma característica clínica importante
nesses casos. (DSM IV, 2002 p. 114).
Goldstein; Goldstein (2000) cita ainda um quarto tipo de TDAH, o tipo não
específico, são os indivíduos que apresentam características em uma influência
menor de algum dos tipos, mas que impede um diagnóstico conclusivo, o que não
isenta de dificuldades no cotidiano.
Silva (2009), Cita ainda alguns sintomas causados pelo TDAH, com a baixo
auto-estima, depressões frequentes, caligrafia de difícil entendimento, mudanças
rápidas de interesse (começam várias coisas e não terminam).
Segundo Paulo Mattos (2004) o TDAH é um transtorno que tem maior
participação genética, sendo muito comum se passar de pai para filho (a) ou de mãe
para filho (a). Ninguém passa a ter TDAH na vida adulta, mas esse é um diagnóstico
que o sujeito traz desde pequeno. Todo mundo é um pouco desatento, as vezes um
pouco inquieto, ou até impulsivo, mas o sujeito com TDAH é muito inquieto, muito
desatento, e impulsivo. O TDAH caracteriza-se por um excesso de desatenção e
hiperatividade.
Não se trata de “ter” ou “não ter” sintomas de desatenção ou de
hiperatividade; o que determina se existe ou não um problema é “o quanto”
você tem daqueles sintomas. Não existe o grupo dos “completamente
atentos” e dos “completamente desatentos”. (MATTOS, 2004 p. 13).
Como mencionamos anteriormente, o TDAH não é uma doença recente, ela
vem sendo estudada desde o Séc XIX. No entanto, a visão que temos no Brasil
ainda é muito desanimadora. É comum os professores acusarem os pais de não dar
limites para seus filhos, e isso acaba gerando culpa aos pais. As crianças acabam
sendo rotuladas, como mal-educadas, rebeldes e isso acontece muito nas escolas.
Portanto a informação correta sobre o TDAH é algo muito importante para a
orientação de pais e professores. Sendo que esses são ferramentas importantes
para fazer o diagnóstico. E também para a realização e o sucesso ou não do
tratamento.
18
1.4 Causas do TDAH
A origem do TDAH não está claramente definida, no entanto estudos já
documentados mostram grande influência de fatores Genéticos e ambientais. Existe
uma questão genética, que vem sendo pesquisada pelo mundo todo, os quais
procuram verificar até que ponto os pais que tem o transtorno podem passar para
seus filhos. Embora não haja uma comprovação de que o gene TDAH possa passar
pais para os filhos.
Todos os estudos científicos indicam que fatores genéticos desempenham
importante papel na gênese do transtorno de déficit de atenção. Isso é
considerado por estudos epidemiológicos que mostraram uma maior
incidência do problema entre parentes de crianças com TDA em
comparação com parentes de crianças não TDAs. Se bem que, até o
momento, não se dispõe de mecanismos que possam determinar a
probabilidade estatística exata de adultos com TDA terem filhos com esse
mesmo funcionamento mental. Deve-se nesse caso, afirmar que o
transtorno possui um caráter hereditário, sem um grau de probabilidade
determinado. (Silva, 2009 p.214).
A causa do TDAH está ligada a uma alteração na região frontal do cérebro,
essa região ela é responsável pela memória, pelo planejamento, pela organização
das atividades. Então uma alteração nessa área é o que causa sintomas que
apresenta um portador de TDAH, como a dificuldades de concentração. Essa região
também é responsável pelo sistema inibidor em que ele controla as nossas
atividades, atitudes, mostrando o que é ou não adequado para aquele ambiente em
que vivemos.
Então uma disfunção nessa parte do cérebro é o que traz prejuízos para a
falta de controle, é então que vai aparecer a hiperatividade, a impulsividade, ou seja
a falta de controle daquela pessoa.
O que pode ser dito e comprovado até então é que os pais portadores do
TDAH fornecem um ambiente hiperativo ou desatento para seus filhos. E se a
criança já tem essa pré-disposição acaba também tendo esse tipo de
comportamento por conta do ambiente, no entanto não significa que a criança irá ter
esse comportamento, mas que há uma possibilidade maior.
19
O comportamento dos pais, aflitos e agitados, pode proporcionar que uma
criança tenha hiperatividade, e esta criança, mesmo não existindo outros
membros
na
família
com
TDAH,
pode
desencadear
problemas
comportamentais em outros membros, pela difícil convivência e pelo
ambiente caótico que geram. (Gaião e Barbosa, 2005et al, p.15)
Segundo (Silva, 2009) o conhecimento sobre a origem do TDA ainda é muito
limitado, sabe-se que existe o Transtorno, mas não se pode afirmar se há uma única
causa, é multifatorial.
Segundo (ROHDE; HALPERN, 2004), Crianças que vivem num ambiente
conflituoso, seja por motivos de pais com transtornos mentais, ou elementos que
possam gerar problemas psicossociais, como ter pais usuários de drogas, família em
vulnerabilidade social, inserção em família adotiva,também podem gerar o
Transtorno.
Quanto à questão genética Rohde e Halpern apontam um possível motivo:
A contribuição genética é substancial; assim como ocorre na maioria dos
transtornos psiquiátricos, acredita-se que vários genes de pequeno efeito
sejam responsáveis por uma vulnerabilidade (ou suscetibilidade) genética
ao transtorno, à qual somam-se diferentes agentes ambientais. (ROHDE;
HALPERN, 2004, P. 62).
Segundo a ABDA, estudos apontam, que o fumo, álcool, outras drogas e o
sofrimento fetal constituem fatores de risco para o surgimento do TDAH. Os
problemas de ordem emocional, conflitos familiares, separação dos pais, não
causam TDAH, mas são fatores que contribuem para piorar a condição já existente.
No entanto se torna importante fazer um diagnóstico minucioso, para saber as
possíveis causas do TDAH, pois é a partir da causa que se pode pensar o
diagnóstico, e os sintomas que predominam o quadro. Para que se possa fazer o
encaminhamento terapêutico mais adequado para aquela pessoa.
20
1.5 Diagnóstico
Atualmente se generaliza muito, o que é um comportamento TDAH e uma
agitação normal da infância, é preciso saber diferencia-los. O diagnóstico correto é
fundamental para se iniciar a abordagem terapêutica.
O diagnóstico do TDAH é muito complexo existe uma grande dificuldade de
estabelecer um diagnóstico preciso, pois muitas vezes é confundido com TOC
(transtorno obsessivo compulsivo), Dislexia, são condições que levam a deficiências
atencionais.
Por tanto é necessário que se faça uma avalição minuciosa que evolve
avaliação clínica, avaliação psicológica e histórico familiar e escolar.Primeiro é
importante que se faça um diagnóstico do Transtorno em si, se realmente se trata de
um TDAH, ou outro transtorno, ou até mesmo de uma situação pontual. Segundo
que se faça um diagnóstico situacional do contexto em que a criança vive, a
dinâmica de aprendizagem, e da situação familiar, os quais podem fazer aparecer
sintomas sem que o transtorno exista. Podem se tratar de situações pontuais, e não
de um TDAH.
Segundo (Silva, 2003), é comum crianças chegarem ao consultório com
diagnóstico de TDAH, feita de maneira intuitiva, irresponsável, por pessoas
incapacitadas de fazer tal diagnóstico.
Segundo a ABDA (Associação Brasileira do Déficit de Atenção) o
diagnóstico do TDAH é inteiramente clinico,e deve ser feitopor um profissional com
experiência no assunto, feito com base nos sintomas, da mesma maneira que outros
problemas, como a síndrome do pânico e a depressão. É, portanto, feito um estudo
da história clínica do paciente, sua vida escolar, familiar, social e afetiva.
A visão global é que nos dará oportunidade de criar, de maneira empírica,
porém bastante adequada, o critério para se estabelecer a necessidade de
tratamento para essa alteração. Um DDA, na realidade precisamuito mais
de um ajuste no seu comportamento do que umtratamento, e o que
determina sua necessidade é o desconforto sofrido por ele na sua vivência
diária.
Em
outras
palavras,
se
um
DDA
vem
sofrendo
com
seusesquecimentos, desorganizações, impulsos ou com sua agitação física
21
e mental, deve procurar ajuda, visando estabelecer um equilíbrio entre sua
forma de ser e asobrigações e encargos impostos por sua vida,
principalmente na fase adulta. (Silva, 2009 p. 224).
A anamnese é ainda a melhor ferramenta, pois permite conhecer através de
uma conversa detalhada a história do paciente, desde a gestação até os dias atuais.
Exames como o de ressonância, eletroencefalograma ou qualquer outro que
avalie as características físicas não são necessários. Assim como também não há
exames para diagnóstico de depressão, autismo, esquizofrenia, transtorno do
pânico.
No entanto se há suspeitas de outros transtornos, co-morbidades, é
necessário que se faça uma avalição mais detalhada. Deve-se ter muito cuidado
com as co-morbidades, por que as vezes pode se tratar de um outro transtorno, ou
situações pontuais que possam desencadear sintomas muito semelhantes ao do
TDAH.
Segundo Paulo Mattos não existe nenhum teste médico para qualquer
transtorno mental “real” atualmente conhecido. (Mattos, 2003).
É muito importante que se faça o diagnóstico por uma equipe Multidisciplinar,
o ideal é que se tenha uma avaliação de um Médico Pediatra, da Psicóloga de uma
Psicopedagoga, do neurologista, e ainda se necessário de um fonoaudiólogo.
Os sistemas classificatórios (DSM IV e CID 10) salientam que deve ser
avaliado a frequência e a proporção com que os sintomas ocorrem, pois grande
parte das pessoas apresentam sintomas de Desatenção, impulsividade e
Hiperatividade, porém em menor proporção.
De acordo com o DSM- IV-TR (Manual de Estatística e Diagnóstico dos
transtornos mentais atualmente em sua quarta edição) possibilitou uma
descrição diagnóstica confiável para o transtorno, e também, trocas e
analises de informações obtidas por vários centros que atendem crianças
com TDAH. (KAPCZINSKI, QUEVEDO, E IZQUIERDO, 2004, p. 337).
Algumas etapas são fundamentais no processo de diagnóstico do transtorno
de déficit de atenção.
22
Podem-se estabelecer assim algumas etapas fundamentais no
processo de diagnóstico do transtorno do déficit de atenção:
1º Etapa: Procurar um médico especializado no assunto para que
você possa expor suas ideias sobre a possibilidade de possuir esse tipo de
funcionamento comportamental.
2° Etapa: Relacionar para ele suas dificuldades e desconfortos nas
áreas acadêmicas, profissional, afetivo-familiar e social, citando exemplos
situacionais claros.
3° Etapa: Verificar se esses problemas o acompanham desde a
infância.
4° Etapa: Certificar-se de que suas alterações se apresentam em
um grau (intensidade) significativamente maior quando comparado a outras
pessoas de seu convívio, que se encontram na mesma faixa etária e em
condições socioculturais semelhantes.
5° Etapa: Eliminar a presença de qualquer outra situação médica ou
não médica que seja capaz de explicar as alterações apresentadas no seu
comportamento, bem como os transtornos que lhes causam no dia a dia.
(Silva, 2009, pag. 224).
Para finalizar o diagnóstico, é necessário que se tenha uma idéia ampla, de
como essa criança funciona, sendo que os sintomas devem estar presentes
frequentemente e em diversos locais, no mínimo em dois. Os profissionais têm
grande responsabilidade frente ao diagnóstico, pois é a partir dele que se
estabelecerá a melhor forma de tratamento.
A avalição diagnóstica envolve um processo de coleta de dados com pais,
com o paciente e ainda a coleta de dados na escola é de suma importância. Tanto o
desenvolvimento psicomotor como o desenvolvimento cognitivo e funcionamento
escolar.
O DSM IV cita ainda alguns critérios de diagnóstico, onde pode se
estabelecer qual o tipo, ou sintomas que predominam o quadro daquele sujeito.
23
Critérios de Diagnóstico para Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
A. Ou (1) ou (2)
(1) Seis (ou mais) dos seguintes sintomas de desatenção persistiram pelo menos seis meses em grau
mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:
Desatenção:
(a) Frequentemente não presta atenção a detalhes ou comete erros por omissão em atividades
escolares, de trabalho ou outras
(b) Com frequência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas
(c) Com frequência parece não ouvir quando lhe dirigem a palavra
(d) Com frequência não segue instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou
deveres profissionais (não devido a comportamento de oposição ou incapacidade de compreender
instruções)
(e) Com frequência tem dificuldades para organizar tarefas e atividades
(f) Com frequência, evita demonstra ojeriza ou reluta em envolver-se em tarefas que exijam esforço
mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa)
(g) Com frequência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (p. ex., brinquedos, tarefas
escolares, lápis, livros ou outros materiais)
(h)
(i) É facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa
(j) Com frequência apresenta esquecimento em atividades diárias
(2) Seis (ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade persistem por pelo menos 6 meses, em
grau mal-adaptativo e inconsciente com o nível de desenvolvimento:
Hiperatividade:
(a) Frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira
(b) Frequentemente abandona sua cadeira na sala de aula ou outras situações nas quais se espera que
permaneça sentado
(c) Frequentemente corre ou escala em demasia, em situações impróprias (em adolescentes e adultos,
pode estar limitado a sensações subjetivas de inquietação)
(d) Com frequência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer
(e)
(f) Está frequentemente “a mil” ou muitas vezes age como se estivesse” a todo vapor”
24
(g) Frequentemente fala em demasia
Impulsividade:
(h) Frequentemente dá respostas precipitadas antes das perguntas terem sido completamente
formuladas
(i) Com frequência tem dificuldade para aguardar a sua vez
(j) Frequentemente interrompe ou se intromete em assuntos alheios (p. ex., em conversas ou
brincadeiras)
B. Alguns sintomas de hiperatividade/impulsividade ou desatenção causadores de comprometimento
estavam presentes antes dos 7 anos de idade.
C. Algum comprometimento causado pelos sintomas está presente em dois ou mais contextos, ex:
escola, casa.
D. Deve haver claras evidências de comprometimento clinicamente importante no funcionamento social
acadêmico ou ocupacional.
E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de um transtorno global de
desenvolvimento, esquizofrenia ou outro transtorno psicótico, nem são melhores explicadas por outro
transtorno mental (p. ex., Transtorno do Humor, Transtorno de Ansiedade, Transtorno Dissociativo
ou Transtorno de personalidade).
TIPOS
Tipo combinado: Se tanto A1 quanto A2 são satisfeitos durante os últimos seis meses.
Tipo Predominante Desatento: Se o critério A1 é satisfeito, mas o critério A2 não é satisfeito durante
os últimos seis meses.
Tipo Predominante Hiperativo – impulsivo: Se o critério A2 é satisfeito, mas o critério A1 não é
necessário durante os últimos seis meses.
Figura 1 – Critérios Diagnósticos para o Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (SILVA, 2003, p.187).
A partir desses critérios pode-se identificar qual o tipo de TDAH que a pessoa
tem, quais os sintomas que predominam o caso.
25
É importante destacar ainda que o diagnóstico não é rotulo, mas o alicerce
para o tratamento. O diagnóstico de qualquer doença tem o objetivo de oferecer
aquela pessoa a melhor forma de tratamento, para aquele problema especifico. Sem
diagnóstico não há como tratar o problema.
Somente depois do diagnóstico, realizado por uma equipe multidisciplinar é
que se tem certeza que a pessoa é um TDA, com ou sem hiperatividade. É a partir
desse diagnóstico que se encaminha o paciente para o tratamento mais adequado,
de acordo com o tipo de sintomas que predominam o quadro clinico do paciente. É
importante salientar ainda que a identificação das comorbidadespodem mudar a
conduta terapêutica.
2 Linhas Terapêuticas
2.1 Terapêutica Farmacológica
Somente depois de termos o diagnóstico do TDAH podemos pensar na
melhor forma de tratamento para aquela pessoa. O tratamento é muito importante
para que a criança não cresça sendo rotulada como “bagunceira”, “mal educada”,
“sem limites”, “preguiçosa”. E também fazer com que a criança possa melhorar seu
relacionamento com a escola, e com a família.
Na tentativa de minimizar as consequências futuras de uma criança com
TDAH não tratada, que por muitas vezes acabam se envolvendo com uso de drogas,
acabam desenvolvendo transtorno de humor, transtorno de conduta, depressão
entre outros.
Goldstein (2003) aborda algumas formas de tratamento para o TDAH, como
medicamentoso e Tratamentos psicológicos.
Uma abordagem de tratamento único não tem se mostrado e não se
mostrara eficaz no trato de todos os problemas experimentados pelas
crianças hiperativas. Educação, controle comportamental, orientação grupal,
e individual, intervenção pedagógica, e medicação tem se mostrado um
conjunto adequado de tratamentos para a hiperatividade. A avaliação e o
26
controle eficaz da hiperatividade é uma realidade, mas exige tempo,
esforço, dedicação e compreensão. (GOLDSTEIN, 2003, P.230).
A primeira medida a ser tomada é a informação sobre o TDAH, essa medida
permite que o paciente conheça as características clinicas do seu problema, essas
também devem ser compartilhadas com os familiares, amigos e professores,
fazendo com que essas pessoas de algum modo contribuam com o tratamento.
Com o apoio técnico permite-se criar medidas que irão organizar a vida do
sujeito, facilitando sua rotina e podendo fazer com que suas habilidades possam ser
desenvolvidas e aperfeiçoadas.
A terapêutica farmacológica só deve ser usada nos casos em que há um
diagnóstico claro, evidências que comprometem a vida escolar e social do indivíduo.
Por isso é tão importante que o diagnóstico seja feito por uma equipe
Profissional qualificada, pois somente após ser definido os sintomas que causam
maior desconforto é que se pode indicar o melhor tratamento.
A terapêutica farmacológica usada de forma correta, na dose, pode amenizar
os sintomas.No entantopodem surgir efeitos colaterais, o nervosismo e a insônia são
os mais comuns, pode causar ainda a perda de apetite, ansiedade, aumento de
pressão arterial e taquicardia, convulsões, alucinações, tiques entre outros citados
na bula da Ritalina. “Cerca de uma criança entre 100 desenvolve tiques quando
tratadas com medicamento estimulante. Quando a medicação é interrompida, os
tiques quase sempre desaparecem. (GOLDSTEIN, 2003, P.209)”.
Segundo Paulo Mattos fundador da ABDA (Associação Brasileira de Déficit de
Atenção), o efeito da medicação indicada para o tratamento do TDAH é significativo,
no entanto é imprescindível, o acompanhamento terapêutico. Na bula da Ritalina
está especificado que o medicamento é parte do tratamento, e não o único
instrumento, como muitas vezes é usado.
Ritalina é indicado como parte de um programa de tratamento amplo que
tipicamente inclui medidas psicológicas, educacionais e sociais para
estabilizar as crianças com umasíndrome comportamental caracterizada por
27
distractibilidade moderada a grave, déficit de atenção, hiperatividade,
labilidade emocional e impulsividade. (NOVARTIS, Bula, Ritalina).
No tratamento medicamentoso os medicamentos estimulantes do sistema
nervoso central são os fármacos mais utilizados. Esses medicamentos agem no
sistema nervoso central em níveldos neurotransmissores. No hiperativo existe um
desequilíbrio bioquímico que alteraa produção ou o reaproveitamento destas
substâncias, que funcionam comtransmissores dos impulsos nervosos.
A medicação provocará uma melhoria na capacidade motora, no
processamento de informações e na percepção de estímulos externos. O
medicamento tem um início de ação rápido, e cerca de 30 minutos após a
administração o portador de TDAH já é capaz de perceber os efeitos da
substância:
melhoria
da
capacidade
atencional,
diminuição
do
comportamento hiperativo, diminuição da inquietação e da agitação.
(TEIXEIRA, 2013, p. 69).
O medicamento tem a capacidade dereequilibrar o sistema, melhorando a
hiperatividade e, em consequência, o nível deatenção e de concentração. Sendo
assim, com essa melhora aparecem resultadospositivos no aprendizado. Acaba
gerando também a aceitação da criança peloscolegas e professores. O mesmo
acaba acontecendo no ambiente familiar.Por isso é importante que se identifique os
sintomas de maior desconforto de maneira objetiva. Para a escolha da medicação
mais adequada para aquele paciente.
Além dos estimulantes existem ainda mais dois tipos de fármacos usadono
paciente com TDAH: os antidepressivos e os acessórios. Algumas vezes é preciso
que se faça a combinação desses medicamentos para um resultado satisfatório.
Os
estimulantes
mais
utilizados
são:
a
Ritalina
(metilfenidato),
a
Dexedrina(dextroanfetamina) e o Cylert (pemolina). No Brasil a Ritalina é o mais
comum de todos os medicamentos utilizados no tratamento de TDAH.
Quanto aos antidepressivos, destaca-se a Desipramina (Norpramin), a
Imipramina (Tofranil), a Venlafaxina (Efexor), a Bupropiona (Zyban), a Fluoxetina
28
(Prozac), a Sertralina (Zoloft) e a Paroxetina (Aropax).
Os mais dos estudados e utilizados antidepressivos em pacientes portadores
do
TDAH
é
a
Desipramina
que
revelou
efeitos
semelhantes
aos
estimulantes(atenção, impulsividade e hiperatividade).
O tratamento medicamentoso ajuda a melhorar os sintomas, trata a
consequência, mas não trata a causa, por isso deve estar associado ao
acompanhamento de terapia, empenho por parte de pais e professores, somente
fazendo esse trabalho em conjunto, os resultados podem ser satisfatórios, ao
contrário a pessoa poderá tomar a medicação pelo resto de sua vida e não
conseguira produzir grandes mudanças.
É importante ressaltar ainda, que dependendo do caso, não há necessidade
do uso de fármacos, usa-se a terapia com a criança e com a família, e em casos
mais graves é recomendada uma ação multidisciplinar, que envolve pais,
professores, médicos, terapia e medicação. Por isso é tão importante no diagnóstico,
investigar a causa, a situação, o contexto em que se encontra a criança, na escola, e
na família.
2.2 Psicoterapia
Quando se fala em Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, como o
próprio nome já diz, nos leva a pensar em uma alteração de comportamento. É
comum as pessoas pensarem que todas as crianças agitadas, dispersas, aquelas
que não se enquadram no comportamento dito “normal”, tem algum tipo de
transtorno.
Para a Psicologia é muito difícil traçar uma linha entre o normal e o
patológico. É por isso que só se vai entrar com o tratamento seja ele medicamentoso
ou
comportamental
quanto
aquela
hiperatividade
esteja
trazendo
um
comprometimento na vida da pessoa, seja um comprometimento na escola,
comprometimento social, na família.
29
É importante saber diferenciar uma pessoa agitada, onde tudo anda bem,
sem comprometimentos e aquela que está tendo comprometimentos significativos
em sua vida, aquela em que os sintomas se tornaram um problema.
Além do tratamento farmacológico é essencial que o TDAH seja tratado
também com a Psicoterapia. Isso deve-se ao fato de que as crianças antes do
diagnóstico sofrem muito com esse problema.
“Meu filho parece não ouvir”
“Minha criança não termina tarefas que lhe são designadas”
“Meu filho sonha acordado”
“Minha filha perde coisas com frequência”
“Minha criança não consegue concentrar-se e se distrai com facilidade”
“Minha filha requer mais redirecionamentos”
“Meu filho não parece trabalhar de forma independente, se supervisões”
“Ele muda de uma atividade incompleta para outra”
“Ela é frequentemente confusa ou parece estar num nevoeiro”
(BARKLEY, 2002, P.50).
Quanto mais tempo demorar para fazer o diagnóstico, maior será o sofrimento
da criança e maior será a necessidade de tratamento psicológico.
O tratamento varia de pessoa para pessoa, depende da complexidade de
cada caso. Pode-se dizer que não existe uma receita para o tratamento do TDAH
cada caso apresenta seus próprios problemas e requer soluções especificas.
2.3 Terapia Cognitivo-comportamental
Como já mencionado, é imprescindível,para o tratamento do TDAH, o
acompanhamento terapêutico, o mesmo deve ser realizado com conjunto com a
30
família e a escola. Uma vez que o medicamento ameniza os sintomas, mas não
ensina habilidades ao indivíduo.
A Psicologia traz várias abordagens terapêuticas. Essas abordagens revelam
como que o psicólogo pensa o indivíduo e a mente desse indivíduo, e também
revela como será as intervenções desse profissional dentro da terapia, levando em
consideração o transtorno comportamental, o estado emocional e psicológico em
que o indivíduo se encontra, e o contexto em que está inserido.
A Psicologia Cognitivo – Comportamental é umas das formas de tratamento
no campo das psicoterapias, tendo como objetivo auxiliar o sujeito a desenvolver
novos padrões de comportamentos, pensamentos, e promovendo assim uma melhor
qualidade de vida, com autonomia e satisfação.
Segundo a ABDA a TCC (Psicologia Cognitivo Comportamental)é a
abordagem no campo das Psicoterapias e da Psicologia Clínica, mais indicada no
tratamento do TDAH, que no Brasil é uma atribuição exclusiva de Psicólogos. Sendo
essa eficaz nos estudos controlados de eficácia. Embora alguns autores questionam
a eficácia do TCC em adultos.
É preciso que a psicoterapia para casos de TDA seja diretiva, objetiva,
estruturada e orientada a metas. Uma abordagem psicoterápica dotada
dessas características, e que consideramos particularmente útil para o TDA,
além de vários outros transtornos, é a chamada terapia cognitivocomportamental (TCC). (SILVA, 2009, p. 248).
A TCC reflete uma forma de tratamento que tem como foco central os
processos cognitivos como a percepção, a representação, a atenção, o raciocínio, a
atribuição de significados, etc.
É aplicada em uma série de transtornos, como a depressão, os transtornos de
ansiedade que incluem, a ansiedade generalizada, as fobias, o transtorno do pânico,
a dependência química, os transtornos de personalidade e as psicoses.
Pode ser aplicada em adultos, crianças e adolescentes e individualmente e
em grupos.
31
O princípio básico da TCC é, essencialmente construtiva é de que indivíduos
não processam o real objetivamente, mas subjetivamente atribuem a eventos,
situações, comportamentos de outros um significado muito próprio. Esse princípio
explica por que diferentes pessoas representam o mesmo evento de diferentes
formas. O real é processado através de estruturas cognitivas que denomina-se de
esquemas.
Os esquemas se desenvolvem ao longo da vida da pessoa, com base nos
eventos relevantes da vida, resultando em algo que é único e pessoal.
O resultado do processamento esquemático que ocorre ao nível de memória
implícita ou inconsciente, é a representação do real pela pessoa, e essa
representação emerge ao pré-consciente em forma de pensamentos automáticos
que por sua vez determinam a qualidade e intencionalidade das respostas
emocionais e comportamentais.
As pessoas habitualmente procuram ajuda de um profissional psicoterapeuta
quando experiênciam emoções e comportamentos disfuncionais, isto é, que lhes
causam sofrimento e angustia e que interferem no alcance dos seus objetivos e sua
qualidade de vida.
Caberá ao terapeuta cognitivo bem treinado, traduzir as dificuldades e
queixas do paciente, em termos de modelo cognitivo de psicopatologia.
Essa abordagem psicoterápica caracteriza-se pela busca de mudanças nos
afetos e comportamentos por meio da chamada reestruturação cognitiva,
isto é, substituir crenças, pensamentos e formas de interpretar as situações
que sejam negativadas e disfuncionais por outras formas de pensar e
perceber o mundo menos depressogênicas/ansiogênicas e mais baseadas
na realidade. (SILVA, 2009, p.248).
Com base nessa avaliação que chamamos de conceituação cognitiva, o
terapeuta atuará em colaboração com o paciente a fim de, primeiro restaurar nele, a
flexibilidade cognitiva, isto é, a capacidade para nodular cognitivamente as emoções
e comportamentos, segundo, atuar a fim de promover o que denominamos de
reestruturação cognitiva, isto é a substituição do seu sistema disfuncional, de
esquemas e crenças por um sistema funcional, e ainda atuará a fim de desenvolver
32
no paciente habilidades para a resolução de seus problemas, em vista de estudos
que demonstram que portadores de transtornos afetivos tem um déficit nessas
habilidades.
Assim, resumidamente, o paciente, além de ser educado sobre seu
problema, também é instruído a mudar de comportamentos e formas de
interpretar e perceber situações que sejam irrealistas e desadaptativas e
que estejam contribuindo para manter ou agravar o seu problema, ou
mesmo para deflagrar o transtorno. (SILVA, 2009, p. 249).
Acima de tudo a contribuição cognitiva tem um sentido muito mais amplo, em
que o terapeuta visa, não apenas ajudar o paciente com suas dificuldades históricas
e presentes, mas ajudando de uma forma que visa transmitir-lhes habilidades
cognitivas para capacitá-lo, a gerenciar sua vida sem prejuízos emocionais e
comportamentos que venha experiênciando.
33
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na realização deste trabalho, percebe-se que o TDAH, é um tema
muito abrangente, e frequente na sociedade atual. Embora seja pouco divulgado.
Este estudo mostrou a partir de um percorrido pela literatura histórica que o
TDAH é um transtorno de difícil diagnóstico. Pois na maioria dos casos está
associado à comorbidades. O diagnóstico por sua vez deve ser realizado por
profissionais com experiência no assunto, e não de maneira intuitiva como vem
sendo realizado na maioria das vezes. O tratamento por sua vez só terá resultados
satisfatórios se houver um diagnóstico claro do TDAH. É a partir deste que será
conduzida a melhor forma de tratamento para cada caso. O qual caberá a uma
equipe multidisciplinar qualificada conduzi-lo.
Em uma experiência de trabalho, presenciei casos de diagnóstico de maneira
intuitiva.
chamava
O grande número de crianças que usavam Ritalina era algo que me
muito
atenção.
Com
suposto
diagnóstico
de
TDAH
e
sem
acompanhamento psicológico.
A maioria das mães não conheciam o que é de fato o TDAH, não sabiam ao
certo do que se trata o transtorno, apenas que seus filhos tinham uma “doença na
cabeça”. O médico não havia explicado exatamente do que se trata o TDAH, e nem
havia lhes encaminhado para uma avaliação mais detalhada. Não havia sido
entrevistado os professores, pais, não havia sido feita uma investigação das causas
dos comportamentos que as crianças apresentavam, apenas o medicamento foi
indicado como tratamento.
Essa pesquisa nos mostra como é importante transmitir essas informações
para a população em geral, muitas crianças podem estar sofrendo com esses
comportamentos, até mesmo com o diagnóstico errado. Muitas vezes tratando algo
que não se tem, ou não tratando o que se tem.
O tratamento medicamentoso por sua vez se faz necessário em muitos casos.
No entanto deve ser acompanhado de tratamento psicológico. Estudos apontamque
a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), tem mostrado bons resultados no
tratamento do TDAH, tendo como objetivo auxiliar o sujeito a desenvolver novos
34
padrões de comportamentos, pensamentos, e promovendo assim uma melhor
qualidade de vida, com autonomia e satisfação.
Através deste estudo, podemos conhecer melhor o TDAH, suas implicações,
a conduta do diagnóstico e as formas de tratamento.
35
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