28/07/2015 Economia ­ Até onde vai a cotação do dólar? Até onde vai a cotação do dólar? Analistas não descartam novas altas da moeda nas próximas semanas. Há quem aposte que a cotação pode esbarrar nos R$ 4. Darlan Alvarenga e Taís Laporta Do G1, em São Paulo FACEBOOK Dólar avançou com força esta semana após anúncio de novas metas fiscais do governo (Foto: Sergio Moraes/Reuters) O corte na meta fiscal do governo "desceu mal" para o mercado de câmbio. Depois que o governoadmitiu, na quarta­feira (22), que deve economizar bem menos que o esperado para pagar os juros da dívida, a cotação do dólar disparou, e a moeda norte­americana chegou a bater sua maior cotação frente ao real em 12 anos. Nesta sexta­feira, o dólar fechou a R$ 3,347, maior valor desde 2003, após começar a semana a R$ 3,19. Três analistas ouvidos pelo G1 apontam que a tendência de alta permanece no curto prazo, com o atual cenário de turbulências na economia, e há quem aposte que ela pode esbarrar nos R$ 4. O mercado não costuma fazer projeções das cotações da moeda, mas diante de um possível rebaixamento da nota de crédito do Brasil e das dificuldades do governo em cumprir o ajuste fiscal, ninguém aposta em uma baixa nas próximas semanas. Veja o que dizem os analistas: data:text/html;charset=utf­8,%3Cdiv%20class%3D%22materia­titulo%22%20style%3D%22font­family%3A%20arial%2C%20helvetica%2C%20freesans… 1/3 28/07/2015 Economia ­ Até onde vai a cotação do dólar? ­ Jason Vieira, economista­chefe da Infinity Asset Management Para ele, a tendência continua sendo de alta do dólar no curto prazo. “A gente não tem nada na próxima semana que possa indicar algum alívio, a não ser alguma coisa política”, afirma o economista, lembrando que na próxima semana o Copom se reúne e que a tendência é de nova alta de 0,5 ponto percentual (p.p.) na taxa de juros, para 14,25% ao ano. “Isso não traz nenhum alívio econômico, só mais recessão”. Vieira destaca que o mercado veio testando nos últimos dias novas máximas e que, mesmo assim, os pregões continuaram abrindo em alta, sem uma acomodação na cotação. O dólar tem hoje um suporte em R$ 3,35, que se rompido passará a não ter mais muito parâmetro" Jason Vieira “O dólar tem hoje um suporte em R$ 3,35, que se rompido passará a não ter mais muito parâmetro”, avalia. “Mesmo se mantendo nessa barreira, nada garante que na segunda­feira não vai abrir com um novo gap de alta”. “Tivemos uma semana péssima para commodities, com uma derrocada muito forte [nos preços internacionais]. Se juntar isso ao cenário político e a redução da meta de superávit fiscal, além da possibilidade de rebaixamento da nota do país, não há elementos nas próximas semanas. Temos que esperar um pequeno milagre”, completa. Mesmo já esperado pelo mercado, o rebaixamento do rating (nota de crédito) do país pode pressionar ainda mais o câmbio, independentemente da manutenção do "selo de bom pagador do país" (grau de investimento), diz Vieira. “Diversos investidores internacionais têm limites técnicos para manter o dinheiro aqui. Entre eles, a nota que o país tem, o que pode levar a uma fuga de capitais”, diz Ele lembra ainda que nem mesmo no cenário internacional há indícios de alívio, uma vez que se aguarda uma elevação da taxa de juros nos Estados Unidos, o que levará a uma fuga de dólares e, consequentemente, a uma maior pressão para o valor da cotação. “Qualquer notícia boa para eles é notícia ruim para a gente aqui”, resume. ­ Marcelo D'Agosto, economista especializado em investimentos Para ele, não há como prever uma tendência clara para a moeda em meio ao cenário de incertezas no Brasil, mas a moeda tende a subir ainda mais com um possível rebaixamento da nota de crédito do país. data:text/html;charset=utf­8,%3Cdiv%20class%3D%22materia­titulo%22%20style%3D%22font­family%3A%20arial%2C%20helvetica%2C%20freesans… 2/3 28/07/2015 Economia ­ Até onde vai a cotação do dólar? "O Brasil ficaria menos seguro para os investidores colocarem seu dinheiro aqui, mesmo com os altos juros que temos, haveria saída de capital", analisa D'Agosto. O mercado teme que as agências de avaliação de risco Moody's e Fitch rebaixem as notas do país, que recebeu perspectiva negativa delas – aproximando­se do risco de perder seu cobiçado grau de investimento. ­ Luiz Marcatti, sócio­diretor da Mesa Corporate Ele acredita que o dólar só voltaria a cair para os níveis das semanas anteriores – entre R$ 3,10 e R$ 3,20 – se houvesse uma direção mais clara dos rumos do ajuste fiscal para equilibrar as contas do governo, que tenta aprovar medidas a duras penas no Congresso Nacional. "Essa alta reflete a incapacidade do governo de cumprir o mínimo de um superávit (economia para pagar os juros da dívida pública). Isso criou um cenário de instabilidade no mercado, e o baixo nível de poupança, além de um movimento de queda nas ações, não está ajudando", diz. Essa alta reflete a incapacidade do governo de cumprir o mínimo de um superávit (economia para pagar os juros da dívida pública). Isso criou um cenário de instabilidade no mercado, e o baixo nível de poupança, além de um movimento de queda nas ações, não está ajudando" Luiz Marcatti Na visão de Marcatti, caso o Brasil seja rebaixado e perca seu grau de investimento, o dólar pode subir a níveis inéditos, podendo esbarrar inclusive nos R$ 4,00. Grande parte dos investidores internacionais teria que ir embora imediatamente, criando um movimento muito forte de desvalorização do real, segundo o economista. Mesmo que as agências de risco poupem o país do rebaixamento, Marcatti acredita num cenário de valorização da moeda norte­americana. "O Brasil já tem uma taxa de juros (para captação de investimentos) muito alta, nos níveis de países que não têm grau de investimento. Isso significa que mesmo que mantenha o grau de investimento, os investidores já estão de olho no cenário de risco no Brasil", diz. data:text/html;charset=utf­8,%3Cdiv%20class%3D%22materia­titulo%22%20style%3D%22font­family%3A%20arial%2C%20helvetica%2C%20freesans… 3/3