As Influências do Conflito Iraquiano na Economia

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Airton Calais Salles
RA 420636-3
A Influência do Conflito Iraquiano na Economia Brasileira
SÃO PAULO
MARÇO DE 2002
AIRTON CALAIS SALLES
__________________________________________________________________
UNIP
UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
A INFLUÊNCIA DO CONFLITO IRAQUIANO NA ECONOMIA
BRASILEIRA
Trabalho apresentado como requisito
parcial à Disciplina de Estatística, Curso
de Sistemas de Informação,
da UNIP, aos cuidados do
Prof. Antonio Carlos O Capitão
SÃO PAULO
MARÇO DE 2002
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ÍNDICE
Introdução
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Petróleo
1
Dólar
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Investimentos
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Exportação
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Renda Interna
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Conclusão
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Bibliografia Referencial
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As Influências do Conflito Iraquiano na Economia Brasileira
INTRODUÇÃO
No texto a seguir serão mostradas algumas opiniões de personagens influentes,
formadores de opinião e representantes de instituições importantes sobre as influências
do conflito Iraque X EUA na economia brasileira.
Consultadas várias fontes, procurei sintetizar essas declarações separando os tópicos em
capítulos como segue.
PETRÓLEO
Segundo Alberto Matias, da ABM Consulting, professor da Universidade de São
Paulo/Campus Ribeirão Preto, o risco Brasil vem caindo e o fluxo financeiro, numa
situação de guerra, pode fugir para bem longe do cenário do conflito.
Em relação ao petróleo, o professor diz que um replanejamento de fornecedores para os
cerca de 15% a 20% que o Brasil importa resolve o problema. O complemento viria da
Venezuela e da Argentina. "O Brasil está afastado do foco", afirma o professor Reinaldo
Gonçalves, da Universidade Federal do Rio de Janeiro."Em 1973, durante a crise do
petróleo, o Pais ficou paralisado pela falta de combustível, hoje não, a dependência
desse insumo é muito pequena porque a Petrobrás cobre mais de 80% das
necessidades".A Braskem maior petroquímica da América Latina, uma das cinco
maiores indústrias brasileiras, com faturamento anual a R$ 7 bilhões não está
preocupada com o seu abastecimento da nafta, um destilado de petróleo, a sua principal
matéria prima, que é abastecida 60% a 70% pela Petrobras; o restante vem da Argélia,
Argentina e Marrocos.Alem disso, o preço da nafta já embute o impacto da guerra. Em
janeiro de 2002, a tonelada custava US$160; hoje, bate nos US$340. Some-se isso a
variação cambial, que era de R$2,20 em janeiro de 2002 e está hoje em R$3,50".
Analistas experientes vão na direção oposta da tragédia: “O Brasil pode encontrar
oportunidades para sair a salvo”, diz Alberto Matias, da ABM Consulting,
professor da Universidade de São Paulo / Campus Ribeirão Preto. “O risco Brasil
vem caindo e o fluxo financeiro, numa situação de guerra, Poe fugir para bem
longe do cenário do conflito”, diz Matias, e desembarcar aqui, por exemplo. Ele se
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baseia no comportamento de alguns índices importantes antes e depois da guerra
do Golfo em 1991.
DOLAR
O Banco Interamericano de Desenvolvimento escurece ainda mais o cenário: da elevada
dívida pública do País (em grande medida fruto da reestruturação bancária apoiada pelo
Estado em anos anteriores), que está parcialmente em dólares e a curto prazo ou
indexada às taxas de juros, coloca o Brasil em uma situação de alta volatilidade diante
do que ocorrer nos Estados Unidos.
Segundo o ministro do Planejamento, Guido Mantega, com toda a crise internacional, o
dólar está em queda, a cotação dos títulos brasileiros no exterior está subindo e nossas
exportações estão cada vez mais competitivas. Segundo o economista Delfim Neto, no
dia a dia da economia brasileira, a equação da guerra envolve duas variáveis principais;
a cotação do dólar e o preço do petróleo. Não por acaso, dois fatores que afetam em
cheio os índices inflacionários. A cotação da moeda americana apesar do refluxo ao
longo da semana passada, ainda não caiu além da barreira do R$ 3,50. "O dólar não ter
caído o quanto se esperava este ano já é efeito da guerra" afirma o diretor executivo do
Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Julio Sergio Gomes de
Almeida.
Sem o conflito do Iraque, o real tem grandes chances de voltar ao patamar do inicio do
ano, quando o dólar estava na casa dos R$ 3,20 reais. “A crise EUA / IRAQUE tem
grandes chances de ser superada antes do final do primeiro semestre, com isso, o humor
e a atenção do mercado, passará a refletir, a partir de maio ou junho, fundamentalmente
a evolução das variáveis econômicas e o cenário político interno” afirma o Lloyds TSB.
``Superados os temores com a guerra, a taxa de cambio, em tese, teria boas condições de
voltar ao patamar mínimo visto neste ano [ R$ 3,26 em 14.01], que reflete o desarme de
parte da apreensão do mercado com o novo governo”.
No dia-a-dia da economia brasileira, a equação da guerra envolve duas variáveis
principais: a cotação do dólar e o preço do petróleo. Não por acaso, dois fatores que
afetam em cheio os índices inflacionários. A cotação da moeda americana, apesar do
refluxo ao longo da semana passada ainda não caiu além da barreira dos R$ 3,50. “O
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dólar não ter caído o quanto se esperava este ano já é efeito da guerra”, afirma o Diretor
do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Julio Sérgio Gomes de
Almeida.
INVESTIMENTOS
O Banco Central estima que a taxa de crescimento da economia fique em 2,04% para
2003. Só que, para que qualquer percentual do crescimento se realize, “é preciso olhar
com atenção o contexto no qual se inserirá a economia brasileira daqui para frente”,
afirma Luis Afonso Lima, economista-senior do BBV. Infelizmente, o crescimento da
economia brasileira não depende só da volta dos investimentos externos e da retomada
da credibilidade dos empresários locais. Eis alguns possíveis cenários internacionais que
podem prejudicar o desempenho da economia global e afetar o Brasil:
- Estados Unidos: consumo em queda, elevada ociosidade das empresas, a mais baixa
taxa de juros dos últimos 40 anos que não consegue impulsionar a economia americana,
alem da sempre presente ameaça de terrorismo e guerra. Alguns economistas ouvidos
pelo The Wall Street Journal apontam para uma previsão de crescimento de apenas 1%
nos primeiros trimestres do ano.
- Europa: a valorização do Euro frente ao dólar reduz o potencial exportador da região,
com elevado preço das matérias-primas e cenário internacional incerto.
Japão: crescimento de apenas 0,3%, do PIB em 2002, queda do consumo, deflação que
continua a assustar, BC local que deve adotar uma nova política monetária a partir de
março.
EXPORTAÇAO
Segundo o ministro do planejamento, Guido Mantega, com toda a crise internacional, o
dólar está em queda, a cotação dos títulos brasileiros no exterior está subindo e nossas
exportações estão cada vez mais competitivas. Alem disso foram restabelecidas as
linhas de crédito internacionais, diz o ministro. Mesmo que a guerra venha a agravar a
retração da economia mundial, o Brasil teria como encontrar saídas. Os mercados
asiáticos, especialmente a China, são o novo alvo das exportações brasileiras, que
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segundo o ministro, devem fechar 2003 com um superávit de US$ 15 bilhões e
crescimento de 10% no total. O secretario de Assuntos Internacionais do Ministério da
Fazenda, Otaviano Canuto, também acredita que o Brasil já está preparado para
enfrentar os efeitos da guerra. Primeiro, porque a balança de pagamentos mostra que o
superávit comercial aumenta, ou seja, as exportações crescem mais do que as
importações.
O risco mais iminente, na verdade, é utilizar a guerra como pretexto. Por causa da
guerra lá no Iraque, 11 mil quilômetros distante do Brasil, o feirante (como o
grande empresário) pode se encorajar a cometer abuso de preços sob o escudo do
conflito. Aí sim, a situação de guerra que insolitamente pode ter algum impacto
favorável, desmorona a economia do País. “As conseqüências para os mercados
emergentes seriam imediatas”, declarou o Ministro Brasileiro das Relações
Exteriores, Celso Amorim, que esteve recentemente em Moscou para ressaltar o
apoio do País às estratégias diplomáticas que possam impedir a guerra. O governo
Lula se alinhou às propostas feitas por Alemanha, França e Rússia, países que
defendem o diálogo e a ampliação de prazos e recursos para os inspetores do
Iraque. A bandeira pacifista levantada pelo Brasil tem duas faces distintas: por um
lado, pode ajudar o Brasil a conquistar mercados no Oriente Médio, dada a
simpatia manifestada no pré-guerra. Por outro, pode fazer do País um alvo ainda
mais visível da já dura política externa americana, por conta da oposição às
pretensões dos americanos com o conflito, “Esse chute na canela dos Estados
Unidos dado pelo Itamaraty pode nos trazer sanções comerciais”, diz José Luiz
Niemeier, professor de estudos estratégicos das Faculdades Tancredo Neves. O
benefício viria através da abertura de novas frentes de negócios na região
conflituosa. O próprio ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, Luiz Fernando Furlan, tem dito que a guerra pode representar uma janela
de oportunidades ao Brasil, já que os produtos americanos e britânicos
despertariam antipatia em partes do mundo árabe. Hoje, o País vende US$ 2,6
bilhões ao ano para o Oriente Médio. Mas, segundo a Câmara de Comércio
Árabe-Brasileira, existe potencial para transações de até US$ 150 bilhões. A
guerra, nesse caso, daria um empurrãozinho.
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No setor produtivo, há quem seja afetado diretamente pelas conseqüências da
guerra. O setor têxtil, por exemplo, não tem dependência nenhuma das vendas aos
países do Oriente Médio. O problema é que cerca de 30% da produção consome
insumos derivados do petróleo, o que aumenta significativamente os custos.
“Nosso maior receio é que o conflito traga uma retração no mercado mundial”, diz
Paulo Skaf, presidente da Associação Brasileira de Indústrias Têxteis e
Confecção. O executivo lembra que – o conflito no Golfo Pérsico à parte – outras
guerras tão ou mais importantes estão sendo travadas no Brasil, referindo-se às
reformas tributária e da Previdência. “Essas guerras vão nos afetar diretamente”,
afirma. O ambiente conturbado, de fato, torna as tarefas do governo Lula ainda
mais complicadas. “Uma das prioridades do governo é expandir a pauta de
exportações. Agora, com o encolhimento da economia mundial, vamos ter mais
dificuldades para vender lá fora”, afirma Souza, da AmCham.
Gomes de Almeida, do Iedi, diz que, nesse aspecto, o País leva vantagem em ter
um catálogo de produtos para exportação defasado. “Mais da metade dos produtos
que exportamos são pouco dinâmicos, têm crescimento zero. Isso significa que,
quando há um crescimento na economia mundial, eles se mantêm estáveis. A boa
notícia é que, quando há uma recessão, eles também permanecem estáveis”,
afirma. Países com produtos mais sofisticados, como são os Tigres Asiáticos com
seus parques tecnológicos, sofrem mais do que a gente quando a economia
mundial anda para trás. Santo subdesenvolvimento.
RENDA INTERNA
Um relatório preparado pelo banco HSBC prevê que os resultados de um conflito
rápido sobre a economia seriam praticamente equivalentes ao da opção pacífica,
cada vez mais distante da realidade. O preço do petróleo, num cenário de
eficiência bélica, cairia rapidamente após o encerramento do conflito. Analistas
europeus avaliam que o preço do barril de petróleo ( hoje em US$ 37 ) não deve
passar dos US$ 40. E que há chances de a cotação retornar rapidamente a um
patamar em torno dos US$ 25. Os dólares, ainda no cenário mais otimista,
voltariam a circular com força na ciranda financeira internacional e os países
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dependentes do investimento estrangeiro, como o Brasil, poderiam respirar
aliviados e, inclusive, no nosso caso, finalmente colocar uma amarra no surto
inflacionário estabilizando a renda interna.
CONCLUSÃO
Como pudemos ver, em média, as notícias não são tão más. Não sei se por
excesso de zelo dos entrevistados, teremos que aguardar os resultados do conflito
para tomar qualquer decisão na hora de fazer qualquer tipo de investimento. Isso
não quer dizer que devamos seguir as opiniões aqui declaradas como único
caminho. A crise também pode ser um bom negócio para os oportunistas de
plantão.
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Bibliografia
- Jornal Folha de São Paulo de 12/03/2003.
- Revista ISTO É nº 1745 de 12/03/2003.
- Portal EXAME 28/02/2003.
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