TRAUMA ABDOMINAL Franciglecia Barboza Lopes Objetivos • Avaliação da cena para determinar o nível de suspeita de lesão abdominal • Utilizar a avaliação secundária para indicar a presença de sangramento intra-abdominal • Relacionar os sinais externos de trauma com a possibilidade de lesão em órgãos abdominais específicos • Compreender as decisões e tratamento no local apropriadas para os doentes com suspeita de trauma abdominal, incluindo as vítimas com objetos encravados e eviscerações. Objetivos • Tratamento do trauma abdominal Cenário • Você encontra um rapaz, de ~ 20anos, que pediu ajuda. Ele afirma que estava andando com o cachorro, quando sofreu um episódio de quase-síncope. Diz que sente dor moderada na porção inferior esquerda da caixa torácica ao respirar profundamente e queixa-se de um pouco de dificuldade para respirar. Tem um discreto odor de álcool. Continuando a anamnese, você descobre que o doente e seus amigos passaram a noite jogando bilhar e bebendo cerveja em um bar próximo. Cenário • Durante a noite, ele e o amigo começaram a brigar, e ele recorda-se de ter levado um soco nas costelas inferiores do lado esquerdo. Logo depois, voltou para casa e adormeceu, até que o cachorro o acordou, cerca de 6h depois. Enquanto levava o cão para passear, o doente ficou bastante tonto e fraco. Cenário • Ele apresenta via aérea permeável, FR: 28 ventilações/minuto, FC: 124 bpm e PA de 94/58 mmHg. A pele está pálida e diaforética. Tem dor a palpação das costelas inferiores esquerdas. O abdome não está distendido e é flácido, mas o doente manifesta dor à palpação e defesa voluntária no quadrante superior esquerdo. Não tem equimose nem enfisema subcutâneo. Introdução • Lesões abdominais não reconhecidas • Limitações das avaliações pré-hospitalares • Biomecânica, história e exame físico • Perda maciça de sangue são a principal causa de morte • Ausência de sinais e sintomas não descartam trauma abdominal Anatomia Anatomia Anatomia Anatomia Fisiopatologia • Órgãos sólidos e vasculares (fígado, baço, aorta e cava): causam sangramentos • Hipovolemia →choque • Órgãos ocos (intestino, vesícula biliar, bexiga): derramam conteúdo na cavidade • Liberação de ácidos, enzimas, bactérias → Peritonite →SEPSE • Obs:urina e bile geralmente são estéreis, logo não causam peritonite com tanta rapidez. Fisiopatologia • Ferimentos penetrantes -mais evidentes -lesões em múltiplos órgãos -trajetória pode ajudar na identificação da lesão -lesões com penetração em outras partes podem atingir o abdome Fisiopatologia • Trauma fechado -mais difíceis de diagnosticar -por compressão: lesão de órgãos pela pressão contra objetos sólidos -por cisalhamento: lesão pela tração exercida sobre ligamentos de fixação -fraturas de bacia Fisiopatologia compressão → aumento da pressão → ruptura do diafragma →Órgãos herniados comprometem a expansão pulmonar Avaliação • Para avaliar o índice de lesão abdominal, deve-se levar em consideração: -Biomecânica -História -Exame físico Avaliação • Biomecânica -mecanismo do trauma -Ferimentos penetrantes →Arma branca: apena 15% necessitam de cirurgia, atinge mais o fígado(40%) →Arma de fogo: 85% necessitam de cirurgia, atinge mais o intestino delgado(50%) -Trauma fechado →Por compressão ou cisalhamento →Acidentes automobilísticos, quedas, agressões físicas.. Avaliação • História • S: sintomas • A: alergias • M: medicações • P: passado médico e antecedentes cirúrgicos • L: líquidos e alimentos • A: ambiente e eventos que precederam o trauma Avaliação • História -Para colisões de veículos deve-se perguntar: →tipo de colisão e a posição do doente →danos do veículo e tempo de retirada →uso de dispositivos de segurança Avaliação • História -Para ferimentos penetrantes deve-se perguntar: →tipo de arma →número de vezes que o doente foi atingido →quantidade de sangue no local Avaliação • Exame físico Avaliação Primária • Alteração na avaliação da respiração e da circulação. - choque inicial compensado: discreto aumento da FR - choque hipovolêmico grave: taquipneia acentuada - ruptura do diafragma: compromete a ventilação/ ruídos hidroaéreos no tórax. • O indicador mais confiável de sangramento intra- abdominal é a presença de choque de origem não explicada. Exame físico Avaliação Secundária •Inspeção: - Exposição - Busca por lesões e alterações(partes moles) - Distendido ou plano? 1,5L de sangue pode não distender o abdome Equimoses Escoriações intensas Distensão Contusões Abrasões Exame físico Exame físico Exame físico • Palpação: - Defesa involuntária? - Descompressão brusca dolorosa? - Evitar palpação profunda! - Instabilidade pélvica? Pressiona-se anel pélvico -Dor: • Informações não confiáveis ou resposta alterada: • TCE • Álcool • Crianças e idosos • Lesões outras que desviem a atenção Exame físico Exame físico • Ausculta: não está indicada • Percussão: dor à percussão pode indicar peritonite Tratamento • Transporte rápido para o hospital mais próximo • Oxigênio suplementar(manter saturação em 95% ou mais) • Hemorragias: compressão direta ou por curativos • Imobilização Tratamento • Obtenção de acesso venoso( PA x sangramento: equilíbrio). Qual a pressão sistólica desejável? • Calça pneumática antichoque( transportes prolongados) • Pensar em cirurgia: hipotensão ou sinais peritoneais, evisceração ou objetos encravados Tratamento • Fígado e vias biliares • O fígado é comumente lesado • Tratamento não cirúrgico: • Paciente estável, consciente, sem peritonite, lesão de baixo grau • 80% dos traumas hepáticos contusos • Tratamento cirúrgico: • Traumas penetrantes e fechados que não se enquadram nos critérios acima • Trauma de vesícula biliar: colecistectomia Tratamento • Baço • O baço é o órgão mais frequentemente afetado no trauma fechado (40-55%) • Lesão sempre suspeitada • FAST: ecotextura heterogênea ; TC com hematoma • Condutas: • Esplenectomia parcial ( sepse fulminante pós-esplenectomia) • Esplenectomia total • Resposta imune diminuída • Aumenta risco de sepse • Vacina pneumocócica polivalente indicada Tratamento • Intestino Delgado -Um dos principais órgãos acometidos -Atingido em cerca de 50% dos ferimentos penetrantes -Escape de conteúdo na cavidade • Peritonite aguda -Sinal do cinto de segurança Exames complementares • Radiografia: • Trauma fechado - Raio-X lateral da coluna cervical; - Raio-X ântero-posterior de tórax; - Raio-X de pelve •Trauma penetrante -Instabilidade hemodinâmica: laparotomia -Estável + lesão toraco-abdominal → raio-x em ortostase: hemotórax, pneumotórax ou pneumoperitôneo. Exames complementares • Lavado peritoneal diagnóstico(LPD) -invasivo -para traumas multissistêmico e hemodinamicamente instável -se no aspirado conter sangue, conteúdo gastrointestinal, fibras ou bile: laparatomia Exames complementares • Ultrassonografia (US) – FAST -Indica a presença de líquido na cavidade abdominal -rápido, portátil e não invasivo -Prejudicado por obesidade, interposição de gás... -Observador-dependente -não identifica a lesão, apenas a presença de líquido Exames complementares • Tomografia computadorizada -avaliar lesões em órgãos parenquimatosos e em ossos -quantificar líquido livre no abdome -exige remoção do doente e tem elevado custo -o paciente tem que estar hemodinamicamente estável Considerações especiais • Objetos encravados -nunca retire o objeto -para retirar: identificação radiográfica, reposição de sangue e equipe cirúrgica disponíveis e prontas -se necessário: imobilização do objeto e compressão direta -apoio psicológico Considerações especiais • Evisceração -não colocar o tecido eviscerado de volta -proteger a parte eviscerada: cobrir com curativo limpo e umedecido com soro -apoio emocional: evitar choros e gritos Cenário • Você encontra um rapaz, de ~ 20anos, que pediu ajuda. Ele afirma que estava andando com o cachorro, quando sofreu um episódio de quase-síncope. Diz que sente dor moderada na porção inferior esquerda da caixa torácica ao respirar profundamente e queixa-se de um pouco de dificuldade para respirar. Tem um discreto odor de álcool. Continuando a anamnese, você descobre que o doente e seus amigos passaram a noite jogando bilhar e bebendo cerveja em um bar próximo. Cenário • Durante a noite, ele e o amigo começaram a brigar, e ele recorda-se de ter levado um soco nas costelas inferiores do lado esquerdo. Logo depois, voltou para casa e adormeceu, até que o cachorro o acordou, cerca de 6h depois. Enquanto levava o cão para passear, o doente ficou bastante tonto e fraco. Cenário • Ele apresenta via aérea permeável, FR: 28 ventilações/minuto, FC: 124 bpm e PA de 94/58 mmHg. A pele está pálida e diaforética. Tem dor a palpação das costelas inferiores esquerdas. O abdome não está distendido e é flácido, mas o doente manifesta dor à palpação e defesa voluntária no quadrante superior esquerdo. Não tem equimose nem enfisema subcutâneo. Resolução • Quais são as possíveis lesões desde doente? • Quais são as prioridades de tto? • Há sinais de peritonite? Resolução • Dor à palpação das costelas inferiores esquerdas e do quadrante superior esquerdo do abdome:lesões torácicas e/ou em órgãos abdominais. • Os sinais vitais: choque hipovolêmico? Hemotórax? Sangramento intra-abdominal? • Dor a palpação das costelas: fratura das costela e Laceração de baço(hemorragia intraperitoneal). Resolução • Deve-se: - administrar oxigênio - imobilizar p/ transporte - acesso venoso - administrar solução cristalóide Conclusões • As lesões intra-abdominais, muitas vezes, acarretam risco de vida; • O mecanismo de trauma, em combinação com sinais de trauma abdominal, deve aumentar o índice de suspeita do socorrista; • Tto inclui: oxigenação, controle da hemorragia e rápida imobilização para transporte; Conclusões • Reanimação balanceada com soluções cristaloides; • Intervenção cirúrgica de emergência Referências • PHTLS, 7ª edição. • Fundamentos da Cirurgia Digestiva – Edições UFC