1 Dra. TÂNIA FRAZÃO E-mail: [email protected] AUTISMO CONCEITO A palavra autismo se origina do grego "auto"que significa "próprio". A criança autista parece em si mesma, pouco reagindo ou respondendo ao mundo que a rodeia. O autismo significa que o mundo não faz sentido. O mundo não forma os padrões necessários de símbolos interligados que torna a vida compreendida para essas crianças . As experiências sensoriais chegam à sua mente a toda hora como uma língua estranha que ela nunca ouviu . ETIOLOGIA A etiologia é desconhecida, mas acredita-se em alteração orgânica metabólica. INCIDÊNCIA De 10.000 crianças há de 4 à 5 casos com menos de 12 ou 15 anos. Com retardo mental severo, a taxa pode subir para 20 casos em 10.000 crianças. E é 4 vezes mais comum em meninos do que em meninas; porém as meninas são mais seriamente acometidas. QUADRO CLÍNICO Definição O autismo é uma síndrome de etiologia puramente orgânica, para qual existem, presentemente, três definições que podemos considerar como adequadas : A da ASA - American Society for Autism ( Associação Americana de Autismo ) A da Organização Mundial de Saúde, contida na CIS-10 ( 10a . Classificação Internacional de Doenças ) de 19991; A do DSM-IV - diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders ( Manual Diagnóstico e estatístico dos distúrbios Mentais ), da Associação Americana de Psiquiatria . A definição da ASA desenvolvida e aprovada em 1997, por uma equipe de profissionais conhecidos pela comunidade científica mundial, por seus trabalhos, estudos, pesquisas na área do autismo é resumidamente, a seguinte : 1 - “O autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida. Acomete cerca de vinte entre cada dez mil nascidos e é quatro vezes mais comum entre meninos do que em meninas. Não se conseguiu até agora provar nenhuma causa psicológica, no meio ambiente destas crianças, que possa causar a doença”. Os sintomas, causados por disfunções físicas do cérebro, são verificados pela anamnese ou presentes no exame ou entrevista com o individuo. Incluem: 1o - Distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas, sociais e lingüísticas. 2o - Reações anormais às sensações. As funções ou áreas mais afetadas são : visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o corpo. 3o - Fala ou linguagem ausentes ou atrasados. Certas áreas específicas do pensar, presentes ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita compreensão de idéias. Uso de palavras sem associação com o significado. 4o - Relacionamento anormal com os objetos, eventos e pessoas. Respostas não apropriadas a adultos ou crianças. Uso inadequado de objeto e brinquedos. " 2 - Segundo a CID-10,é classificado como F84-0, como "Um transtorno invasivo de desenvolvimento, definido pela presença de desenvolvimento anormal e/ou comprometimento que se manifesta antes da idade de 3 anos e pelo tipo característico de funcionamento anormal em todas as três áreas : de interação social, comunicação e comportamento restrito e receptivo. O transtorno ocorre três a quatro vezes mais freqüentemente em garotos do que em meninas. " 1 2 3 - O DSM-IV apresenta o seguinte critério de diagnóstico : A. Se enquadrar em um total de seis (ou mais) dos seguintes itens : (1) Comprometimento qualitativo em interação social, com pelo menos duas das seguintes características: a) acentuado comprometimento no uso de múltiplos comportamentos não verbais que regulam a interação social, tais como contato olho a olho, expressões faciais, posturas corporais e gestos; b) falha no desenvolvimento de relações interpessoais apropriadas à idade; c) ausência da busca espontânea em compartilhar de divertimentos, interesses e empreendimentos com outras pessoas (2). Comprometimento qualitativo na comunicação, em pelo menos um dos seguintes itens: a) atraso ou ausência total no desenvolvimento da fala (sem a tentativa de compensá-la por meio de comunicação por gestos ou mímicas); b) acentuado comprometimento na habilidade de iniciar e manter uma conversação, naqueles que conseguem falar; c) linguagem estereotipada, repetitiva ou idiossincrática; d) ausência de capacidade, adequada à idade, de realizar jogos de faz-de-conta ou imitativos. (3). Padrões de comportamento, interesse ou atividades repetitivas ou estereotipados, em pelo menos um dos seguintes aspectos : a) preocupação circunscrita a um ou mais padrões de interesse estereotipados e restritos, anormalmente, tanto em intensidade quanto no foco; b) fixação aparentemente inflexível em rotinas ou rituais não funcionais; c) movimentos repetitivos e estereotipados d) preocupação persistente com partes de objetos. B. Atraso ou funcionamento anormal, antes dos três anos, em pelo menos uma das seguintes áreas: interação social, linguagem de comunicação social e jogos simbólicos ou imaginativos. C. O distúrbio não se enquadra na síndrome de Rett ou no Distúrbio Desintegrativo da Criança. O Autismo pode ocorrer isoladamente ou em associação com outros distúrbios que afetam o funcionamento do cérebro, tais como Síndrome de Down e epilepsia. Os sintomas mudam e alguns podem até desaparecer com a idade. O Q.I de crianças autistas, em aproximadamente 60% dos casos, mostram resultados abaixo dos 50 ,20% entre 50 e 70 e apenas 20% tem inteligência maior do que 70 pontos. O Portador de Autismo tem uma expectativa de vida normal. Formas mais graves podem apresentar comportamento destrutivo, auto agressão e comportamento agressivo, que podem ser muito resistentes às mudanças. O Autismo jamais ocorre por bloqueios ou razões emocionais, como insistiam os psicanalistas. As causas são múltiplas. Algumas já têm sido relacionadas, como: fenilcetonúria não tratada, viroses durante a gestação, principalmente durante os três primeiros meses (inclusive citomegalovirus), toxoplasmose, rubéola, anoxia e traumatismos no parto, patrimônio genético, etc. Ultimamente, pesquisas mostram evidências de aparecimento do autismo após aplicações da vacina tríplice. FISIOTERAPIA A atuação fisioterápica só é dada as crianças autistas com atraso motor, onde são trabalhadas todas as fazes motoras até a marcha livre, estimulando as etapas do desenvolvimento normal, prevenindo deformidades e dando orientação familiar. Caso contrário existe algumas terapias na qual a criança deve se identificar. TERAPIAS MÉTODO DE DOMAN A forma de trabalhar uma criança pode seguir muitos métodos distintos. O método adequado depende muito do terapeuta e também das condições e capacitações da criança. 2 3 Uma observação inicial que pode ser feita é que assim como a flor nasce, o peixe nada e os pássaros cantam, a criança deve engatinhar andar e falar, nesta seqüência. São seus impulsos naturais. Quando ela falha no seu desenvolvimento esta também deve ser a seqüência a ser seguida no seu trabalho terapêutico, segundo apreciação do Dr. Doman, notável especialista americano, que depois de trabalhar, durante anos, com crianças deficientes, segundo os métodos então tradicionais, chegou a uma conclusão absolutamente espantosa: "As crianças que tinham permanecido sem tratamento estavam incomparavelmente melhores do que as tratadas por nós". Buscando razões deste fracasso, através da observação, que as mães que não lhe deram ensejo de imobilizar os filhos pelo tratamento, levaram-nos para casa, puseram-nos no chão e permitira que eles fizessem o que lhes aprouvesse. Estas crianças, por instinto, passaram a rastejar,engatinhar,obtendo melhoras consideráveis. O seu método nasceu daí e visa estimular a evolução natural da criança.Este método tem muito seguidores no Brasil, prevê um programa de exercícios que chega a ser extenuante, mas que tem se revelado eficaz. HOLDING TERAPY A terapia do abraço vem sendo empregada e defendida com crescente entusiasmo por um grupo bastante numeroso. A revista Communication da National Autistic Society de junho de 89 apresentou um artigo de Michele Zappella (Psiquiatra) e John Richer (Pediatra) que resumimos a seguir. O holding é uma forma de intervenção intrusiva cujo objetivo é reduzir o isolamento social, aumentar a comunicabilidade e desenvolver laços de união. O holding deve ser sempre parte de um pacote maior de terapias,mas parece ser uma eficiente terapia para desenvolver as condições da maioria das crianças autistas e de remover comportamentos indesejáveis. Welch desenvolveu esta forma de terapia como parte de uma ampla abordagem. Ainda não está claro como o Holding atua, porque a eficácia depende de quem a aplica e qual a inter-relação com as demais terapias aplicadas simultaneamente. O fato é que se obtém resultados, independente de gravidade do autismo. Vamos dar um exemplo: "Uma criança com 1 ano e meio foi diagnosticada como autista e colocado em um programa de um hospital escola, onde ficava a maior parte do dia com outras crianças autistas. Depois de dois anos ela se apresentava seriamente retardada e com comportamento fortemente autístico, com péssimo prognóstico.Foi submetida então a tratamento envolvendo interações físicas acentuadas, com Michele Zappella. Depois de 6 meses o comportamento social da criança estava dentro da faixa normal da idade. Este exemplo é uma ilustração e não pode, evidentemente, ser apresentado como evidência." Deve ser lembrado. Inicialmente, que existem muitas variações de terapia do abraço. De um modo geral porém são elementos comuns: O adulto mantém a criança abraçada mesmo que ela se oponha e lute para se livrar, até que ela se acalme e relaxe. O adulto deve manter o controle da criança Uma seção atípica apresenta os seguintes passos : Inicialmente a criança pode ficar quieta, mas a seguir começa a se debater. Os pais continuam a abraçá-la. A criança se debate mais e mais e ocasionalmente começa a gritar. Os pais mantém o abraço. Os ciclos de luta, gritos e aquietamentos podem de estender até por mais de uma hora. Durante, em especial, as seções iniciais, a criança se enraivece mais , então soluça, depois relaxa e se amolda ao corpo dos pais. A partir de então a criança se torna mais comunicativa, aconchegante e aberta. A insistência em confrontar a criança é uma importante característica do HOLDING. A intervenção é realizada mantendo a criança em contato estreito, fixando-lhe o olhar, beijando-a e falando com ela (Alguns usam um fundo musical). Zappella aplicou a terapia a 50 crianças autistas, com idade de 3 a 15 anos, envolvendo a família e tendo como base a terapia do abraço. Ela registra que 12% se normalizaram após dois anos, 18% perderam o comportamento autístico e 44% apresentaram progressos moderados e 26% não demonstraram resultados. J. Prekop, na Alemanha reportou resultados similares. Ela também comparou o 3 4 desenvolvimento destas crianças com outras que não tinham sido submetidas ao HOLDING, concluindo que, relativamente, fizeram maior progresso. HIPOTERAPIA Essa atividade ajuda a fornecer balanço e força e requer o uso de suas mãos, portanto minimiza os movimentos estereotipados das mãos e aumenta o uso das mesmas. O autista ganha controle, trazendo confiança e satisfação. MUSICOTERAPIA A musicoterapia é um método muito eficaz. A música promove o relacionamento entre o paciente e o terapeuta, que aproveita, na terapia tudo que possa provocar algum ruído, som, ou mesmo movimento. A musicoterapia também utiliza o próprio corpo do paciente. No início, o terapeuta espera que o autista se expresse de algum modo , um piscar de olhos, um som, um gesto qualquer. O terapeuta, então, repete o gesto ou emite o mesmo som, tentando estabelecer uma comunicação com o paciente. Ao mesmo tempo, procura mostrar ao autista que ele será aceito, não importa a maneira como aja. Se o autista retribui a mensagem,a primeira comunicação está feita. Ele começa a se comunicar com os outros. Ele, agora, vê o mundo e o compreende. Crescimento da independência escolhendo músicas e atividades Comunicação ( atividades musicais através de símbolos ). Desenvolvimento da auto-imagem e da auto-estima. Estimulação pelo contato expressivo dos olhos. Desenvolvimento da vocalização através da música. Aumento do uso proposital das mãos enquanto toca os instrumentos Aumento da socialização através da participação A musicalidade induz ao relaxamento que facilita na liberdade de movimentos e expressão. Nem todo autista tem um atraso motor, mas o que tiver deve-se trabalha esse atraso ate a marcha livre. Bibliografia : Neurologia Infantil , Aron Diament , Saul Cypel 3a Edição , Edt. Atheneu . Associação Brasileira de Pais de Autistas (Internet ) 4