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ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA ADMINISTRAÇÃO DE OMEPRAZOL
POR SONDA ENTERAL – RELATO DE CASO
Fernanda Fernandes Miranda(1), Fernanda Ribeiro Fagundes(2),
Fernanda Bruxel(3)
(1)
Residente do Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Urgência e Emergência; Universidade Federal
do Pampa - UNIPAMPA; Uruguaiana, RS; [email protected];
(2)
Graduanda do Curso de Farmácia; UNIPAMPA.
(3)
Orientadora do Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Urgência e Emergência; UNIPAMPA.
Palavras-Chave: Assistência Farmacêutica, Omeprazol, Terapia Nutricional Enteral, UTI.
INTRODUÇÃO
O paciente crítico/grave é aquele que se encontra em risco iminente de perder a vida ou a função de
um órgão, bem como aquele com condição clínica fragilizada em decorrência de trauma ou outras
condições relacionadas que requeiram atendimento imediato (BRASIL, 2011; LOSS, 2009). As Unidades de
Terapia Intensiva (UTI’s) serão a unidade hospitalar de escolha para internação do paciente crítico, uma vez
que, são unidades com atendimento profissional especializado, materiais específicos e tecnologias
necessárias para diagnóstico, monitorização e terapia destes pacientes (BRASIL, 2010). É inerente a
maioria dos pacientes internados em UTI’s a necessidade da utilização de Terapia Nutricional Enteral (TNE),
em função da situação clínica que expõem o paciente ao risco nutricional pelas alterações no seu
metabolismo (TEIXEIRA et al., 2006).
Apesar dos avanços, a TNE não é isenta de complicações, que podem ocorrer por prescrição e/ou
administração incorreta de medicamentos através da Sonda de Nutrição Enteral (SNE) (HEINECK, 2009).
Muitos medicamentos estão disponíveis para a via oral apenas como formas farmacêuticas sólidas
(cápsulas ou comprimidos), inviabilizando sua administração através da SNE. Assim, quando outra via de
administração não pode ser utilizada em substituição, torna-se necessário sua transformação em uma forma
farmacêutica líquida (solução ou suspensão). Entretanto, cabe ressaltar que nem todas cápsulas ou
comprimidos podem ser transformados, como é o caso das formas farmacêuticas de liberação modificada
(GOMES, 2006).
Neste contexto, o presente trabalho tem por objetivo identificar e relatar os problemas relacionados ao
medicamento Omeprazol administrado por sonda enteral em pacientes internados em leitos de terapia
intensiva em um hospital da fronteira oeste do Rio Grande do Sul, prestando assistência farmacêutica
visando à resolução destes problemas.
METODOLOGIA
Realizou-se acompanhamento das prescrições do medicamento Omeprazol através do Serviço de
Farmácia de hospital da fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Paralelamente, acompanhou-se as atividades
práticas de preparo e administração do medicamento por sonda enteral nos pacientes internados em
Unidade de terapia Intensiva. Realizou-se então pesquisa bibliográfica em bases de dados PUBMED e
SCIELO, a fim de embasar a assistência farmacêutica aos pacientes que utilizam SNE.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em Unidade de Terapia Intensiva de hospital da fronteira oeste foi possível identificar um Problema
Relacionado a Medicamento na administração de Omeprazol, um inibidor da bomba de prótons, em
pacientes que utilizam a TNE. O medicamento se apresenta na forma de cápsulas duras (20 mg) contendo
pellets revestidos de Omeprazol. Constatou-se que o medicamento é prescrito para 41% dos pacientes em
TNE. Para viabilizar sua administração, a cápsula é aberta e os grânulos são imersos em água potável por
um período de cerca de 30 a 60 minutos, a fim de que se obtenha sua completa dissolução, para permitir
sua passagem através da SNE, esteja ela na posição gástrica ou enteral.
A literatura recomenda que a cápsula não deve ser aberta por conter microgrânulos revestidos
(gastrorresistentes), visto que o fármaco sofre degradação em meio ácido, perdendo sua função
farmacológica. A literatura somente sugere a trituração dos microgrânulos em solução de bicarbonato de
Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
sódio, a fim de serem administrados unicamente por sonda nasoentérica (NASCIMENTO et al., 2010)
(WHITE, 2007).
Neste contexto, realizou-se a intervenção farmacêutica. Considerando-se que a solução de
bicarbonato de sódio não se encontra entre os medicamentos padronizados pela instituição hospitalar, foi
proposta a substituição do medicamento por xarope de Cloridrato de Ranitidina 150 mg/10 mL
(NASCIMENTO et al., 2010) (WHITE, 2007). Também foi proposta a elaboração de uma tabela de
Medicamentos para Administração por Sonda Enteral e um Procedimento Operacional Padrão de Preparo e
Administração de Medicamentos por Sonda Enteral, cuja elaboração encontra-se atualmente em
andamento.
CONCLUSÕES
Considerando o exposto, se conclui que é de grande importância a presença do profissional
farmacêutico atuando na farmácia clínica em UTIs para garantir a segurança e eficácia do tratamento
medicamentoso dos pacientes internados nestas Unidades.
Também fica evidenciado a necessidade de intervenção farmacêutica na prescrição/administração do
medicamento Omeprazol 20mg em pacientes que utilizam TNE, sugerindo também a necessidade de
intervenção na administração de outros medicamentos por esta via.
REFERÊNCIAS
BRASIL. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 7, de 24 de fevereiro de 2010. Dispõem sobre os
requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e dá outras providências. Saúde Legis. 2010.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2338, de 3 de outubro de 2011. Estabelece diretrizes e cria mecanismos para
implantação do componente Sala de Estabilização (SE) da Rede de Atenção às Urgências. Saúde Legis. 2011.
GOMES, M. J. V.; REIS, A. M. M. Ciências farmacêuticas: Uma abordagem em Farmácia Hospitalar. 1ª Edição.
São Paulo: Editora Atheneu, 2006. 559 p
HEINECK I, BUENO D, HEYDRICH J. Study on the use of drugs in patients with enteral feeding tubes. Pharm World
Sci, 2009, 31:145 – 148.
LOSS, S.H. Epidemiologia e Características do Doente Crítico Crônico. 2009. 79 f. Dissertação (Mestrado em Medicina)
– Programa de Pós-Graduação em Medicina. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS. 2009.
NASCIMENTO, M. M. G.; RIBEIRO, A,Q. Compilação de base de dados com recomendações para administração de
medicamentos via sonda enteral. Revista Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviço de saúde, v. 1 (1) p. 22-25,
2010.
TEIXEIRA, A. N. de C.; CARUSO, L.; SORIANO, F.G. Terapia Nutricional Enteral em Unidade de Terapia Intensiva:
Infusão Versus Necessidades. Revista Brasileira de Terapia Intensiva. Vol. 18 nº 4, Outubro – Dezembro, 2006.
WHITE, T.; BRADMAN, V. Handbook of drug administration via enteral feeding tubes. Londres: Editora
Pharmaceutical Press, 2007. 590p.
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