SOBRATI SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA USO DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E SEUS BENEFICIOS NA RECUPERAÇÃO EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA Tese para obtenção do Título de Mestrado Profissionalizante, na SOBRATI – Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva, na área de Nutrição na Unidade de Terapia Intensiva. Mestranda Raylane Nunes Figueira Orientadora: Professora Dolores Meirelles Janeiro/2016 INTRODUÇÃO O estado nutricional do pacientes hospitalizados exerce uma influência na evolução clínica e na má nutrição protéica calórica contribui para o aumento da morbidade-mortalidade em terapia intensiva. Mesmo com a existência de muitos parâmetros de avaliação nutricional (AN), não há um padrão nos centros hospitalares que dê segurança e confiabilidade aos profissionais em sua prática diária. (FONTORA, C.S.M. et al. 2006). A triagem nutricional é de extrema importância, pois identifica indivíduos desnutridos ou em risco de desnutrição, já a (AN) permite classificar o grau de risco nutricional e coleta de dados de informações.(RASLAN, M. et al. 2008). A Triagem nutricional é realizada por inquérito simples ao paciente ou seus familiares com o objetivo de buscar fatores ou condições que possam indicar o risco nutricional, como o risco de desnutrição. (RASLAN, M. et al. 2008). O padrão ouro para realizar a avaliação do estado nutricional é a Avaliação Subjetiva Global (ASG). (RASLAN, M. et al. 2008). Os Pacientes em estado grave geralmente têm estresse catabólico resultante do estado inflamatório sistêmico preexistente. Correlacionam-se a isso o aumento na morbimortalidade, a disfunção de múltiplos órgãos, o aumento dos dias de ventilação mecânica e a hospitalização prolongada. (RIBEIRO, L. M. K. et al. 2014). Nesse caso, a Terapia Nutricional é reconhecida como uma terapêutica essencial para prevenir perda de massa corporal, manter o equilíbrio imunológico e auxiliar na diminuição das complicações metabólicas, sendo a (TNE) a via de administração alimentar mais indicada para prevenir e tratar as complicações relacionadas ao paciente grave, sempre que viável. O estabelecimento da TN adequada permitirá que sejam atingidas as necessidades energético-proteicas, levando, possivelmente, a um melhor resultado clínico. (RIBEIRO, L. M. K. et al. 2014). OBJETIVO Ressaltar a importância da Avaliação Nutricional associado a Terapia Nutricional Enteral e as principais vantagens na melhoria do estado clínico e recuperação de pacientes hospitalizados em UTI. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Destacar a importância da terapia nutricional como manutenção e a recuperação do estado nutricional. Identificar a importância da avaliação nutricional como primordial em terapia Nutricional em UTI. Destacar as formas de avaliação Nutricional e seus objetivos Apontar a importância da intervenção da TNE na promoção da saúde e consequentemente diminuindo o tempo de internação do paciente. Identificar as principais vantagens de uma iniciação de Avaliação nutricional e sua ajuda em todo o processo de terapia nutricional em UTI. METODOLOGIA Este trabalho de revisão sistemática de artigos, foi desenvolvido com o objetivo de demostrar a importância da Terapia Nutricional Enteral através de levantamento bibliográfico de literatura e artigos indexados, disponíveis nas bases de dados do LILACS e ScIELO, publicados nos últimos 5 anos. Sendo conduzidos a pacientes hospitalizados RESUMO Os Pacientes hospitalizados apresentam alto risco nutricional. No Brasil, aproximadamente 48% dos pacientes hospitalizados possuem algum grau de subnutrição; dentre estes, 12% são severamente subnutridos. Na unidade de terapia intensiva (UTI), a prevalência de subnutrição relatada na literatura varia entre 43 e 88%. (RIBEIRO, L. M. K. et al. 2014). A prevalência de desnutrição em pacientes hospitalizados é elevada, e não é recente, foi confirmada no Brasil a partir do Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar. (CUPPARI, L. 2014). A avaliação nutricional é indispensável para classificar o grau de desnutrição, que por sua vez utiliza métodos convencionais tais como história clínica, exame físico, antropometria, exames laboratoriais, índice prognósticos e impedância elétrica. A vantagem desse método está na praticidade, no custo aceitável e no reflexo do estado nutricional. (RASLAN, M. et al. 2008). O padrão ouro para realizar a avaliação do estado nutricional é a Avaliação Subjetiva Global (ASG). (RASLAN, M. et al. 2008). A (ASG) é utilizada na prática clínica e leva em conta a perda recente de peso, quantidade e qualidade do consumo alimentar, condições do trato digestório, as demandas metabólicas e as condições físicas e funcionais. Sendo um instrumento mais específico a indicação da (TNE) e de mais fácil aplicação. (LEANDRO-MERHI, V.A. et al. 2009). Nesse caso, a Terapia Nutricional é reconhecida como uma terapêutica essencial para prevenir perda de massa corporal, manter o equilíbrio imunológico e auxiliar na diminuição das complicações metabólicas, sendo a (TNE) a via de administração alimentar mais indicada para prevenir e tratar as complicações relacionadas ao paciente grave, sempre que viável. O estabelecimento da TN adequada permitirá que sejam atingidas as necessidades energético-proteicas, levando, possivelmente, a um melhor resultado clínico. (RIBEIRO, L. M. K. et al. 2014). Os Pacientes hospitalizados, apresentam elevados riscos de desenvolver maiores taxas de complicações e mortalidade e representam custos aumentados para a instituição e para a sociedade. Quanto maior for período de permanência hospitalar, maior será o risco de agravar a desnutrição, criando um ciclo vicioso com prejuízo ao doente. (CUPPARI, L. 2014). Este déficit nutricional acarreta o aumento da incidência de infecções hospitalares, cicatrização de feridas mais lentas. (LEANDRO-MERHI, V. A. et al, 2009). Segundo Waitzberg (2009), a TNE é um conjunto de procedimentos terapêuticos empregados com o intuito de manter ou recuperar estado nutricional do paciente hospitalizados. (CUPPARI, L. 2014, apud WAITZBERG). Dentre as definições de nutrição enteral, uma das mais abrangentes e gerais foi proposta pelo regulamento técnico para a TNE – a Resolução RCD n. 63, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do Ministério da Saúde, de 6 de julho de 2000. (CUPPARI, L. 2014). A alimentação enteral é um método de prover nutrientes no trato gastrointestinal (TGI) através de um tubo. O aumento da popularidade da alimentação enteral pode ser atribuída a dois fatores: O desenvolvimento de procedimento simples e de baixo risco para passagem das sondas no TGI, principalmente gastrostomias e jejunostomias. E a disponibilidade comercial de uma variedade muito grande de produtos, com diversos nutrientes, que permite a melhor escolha da formulação para pacientes com limitações no TGI ou para aqueles que requerem nutrição especial. (CUPPARI, L. 2014). A nutrição enteral é a técnica preferida quando o intestino funciona normalmente, tendo em vista que causa menos complicações, tem custo baixo e possibilita desfechos mais favoráveis. Entre os benefícios da (NE) estão a utilização mais ampla dos nutrientes, a preservação do pH e da flora intestinais em razão da inibição da proliferação excessiva das bactérias oportunistas, e o suporte à função de barreira imunológica da mucosa intestinal, que pode reduzir o risco de sepse relacionada com o trato intestinal. (WIDTH, M. ; REINHARD, T. 2013). Alguns exemplos de indivíduos que não conseguem atender às necessidades nutricionais por meio de uma vida de uma dieta oral são os pacientes com alterações do estado mental, disfagia grave, perda do apetite e a insuficiência respiratória com necessidade de utilizar um tubo traqueal. (WIDTH, M.; REINHARD, T. 2013). A Terapia Nutricional Enteral surge como uma possibilidade terapêutica de manutenção ou recuperação do estado nutricional, naqueles indivíduos que apresentarem o trato gastrintestinal íntegro para o processo digestório, mas com a ingestão oral parcial ou totalmente comprometida. (ASSIS, M. C. S. et al, 2010). A terapia nutricional enteral (TNE) é a estratégia mais comumente utilizada para prevenir ou tratar a desnutrição por ingestão oral insuficiente e/ou aumento das necessidades calórico-proteicas. Tem sido empregada em pacientes com impossibilidade parcial ou total de manter a via oral como rota de alimentação, devendo ser adotada sempre que o (TGI) estiver funcionante (ISIDRO, M. F.; LIMA, D. S. C. 2012). Durante o período de administração da TNE, algumas intercorrências surgem e com isso ocorrem a suspensão temporária e/ou permanente da nutrição enteral, impossibilitando que as necessidades nutricionais sejam adequadamente atingidas e, em conseqüência, expondo o paciente à desnutrição, problema prevalente em doentes hospitalizados. (OLIVEIRA, S. M., BURGOS, M. G. P., A., et al., 2010). A desnutrição hospitalar tem sido identificada por diversos estudos como responsável direta pelos maiores índices de morbimortalidade, tempo de internação e redução da resposta ao tratamento clinico. (GUANDALINI, V. R. , VELA, O. M. P. et al, 2008). As consequências da incorreta administração nutricional, principalmente energética e proteica, podem agravar os quadros clínicos dos indivíduos. A oferta de energia insuficiente pode ser denominada como hipoalimentação ou underfeeding, e suas conseqüências podem ser aumento no período de internação, comprometimento respiratório, demora na cicatrização de feridas, aumento do período de uso da ventilação mecânica, diminuição da integridade intestinal e também da resposta imunológica, assim como a desnutrição hospitalar. Em contrapartida, uma oferta energética excessiva ou overfeeding tem sido mais presente nas terapias nutricionais e pode acarretar efeitos prejudiciais como complicações metabólicas, aumento do gasto energético, comprometimento respiratório, disfunção hepática, aumento da morbimortalidade, estresse fisiológico, hiperglicemia e aumento da produção de dióxido de carbono. (NOZAKI, V. T ; PERALTA, R. M. 2009). O débito energético acumulado na primeira semana de internação na UTI é descrito como um forte preditor de desfechos clínicos, sendo que a demora no início da TN pode expor os pacientes a déficits energéticos que, provavelmente, não serão compensados durante a internação na UTI (FRANZOSI, O. S . et al. 2012). Podem ocorrer condições que interferem na oferta nutricional planejada, o que pode contribuir para o declínio do estado nutricional. Nos últimos anos, estudos têm verificado a adequação calórico-proteica da TNE, porém, quase todas as evidências sobre este tema limitam-se a pacientes críticos, em que poucos investigaram outras clínicas, onde se incluíam as cirúrgicas ( ISIDRO, M. F.; LIMA, D. S. C. 2012). Conforme HEIDEGGER; DARMON; PICHARD, 2008, diversos fatores constituem obstáculos para o alcance das metas em pacientes recebendo nutrição enteral, como intolerância gastrointestinal (vômitos, diarreia, distensão abdominal), procedimentos de rotina, exames e cirurgias que requerem jejum para a sua realização, saída ou obstrução da sonda enteral e práticas inadequadas dos profissionais da equipe multidisciplinar, tais como prescrição inadequada, atraso para o início da TNE, pausas desnecessárias, dentre outros. (OLIVEIRA, N. S. et al. 2010). O paciente em unidade de terapia intensiva (UTI), freqüentemente encontra-se em estado hipermetabólico caracterizado por uma fase crítica para a preservação da função orgânica, reparo tecidual e fornecimento de substratos ao sistema imunológico. Esta resposta produz grave perda de proteína corporal e reservas calóricas que, quando prolongada, pode resultar na disfunção de múltiplos órgãos e sistemas. Sendo assim, a terapia de nutrição enteral (TNE) deve ser iniciada o mais precocemente possível, dentro de 48 a 72 horas da admissão, visto que atenua a resposta inflamatória de fase aguda mediada por toxinas, preserva a integridade da mucosa intestinal e diminui do risco de translocação bacteriana. (OLIVEIRA, S. M., BURGOS, M. G. P., A., et al. , 2010). Há uma relação entre a NE e o aumento do número de linfócitos T e o incremento de resposta imune em níveis intestinal e respiratório. Além disso, a NE aumenta a produção de colecistocinina, a qual eleva o cálcio nos linfócitos auxiliando sua multiplicação, regula a produção de mediadores pró-inflamatórios e aumenta a IgA luminal. Alguns estudos evidenciam o papel da NE como uma forma de aprimorar a resposta imune, sobretudo quando enriquecida com glutamina, a qual aumenta a expressão do HLA-DR nos monócitos de enfermos traumatizados, contribuindo para melhorar a função imune do individuo e para diminuir a ocorrência de infecções (BATISTA, R.S., GOMES, A. P. 2012). A introdução precoce e adequada TNE pode reduzir consideravelmente a incidência de infecções e o tempo de permanência hospitalar. Entretanto, pacientes em terapia intensiva frequentemente apresentam inadequações no suporte nutricional, tanto pela sub ou super estimação das necessidades energéticas diárias, quanto pela introdução tardia da TNE e interrupções para procedimentos.( CARTOLANO, F. C. et al. 2009). Uma das equações mais utilizadas, devido à praticidade e facilidade de uso, é a proposta por Harris & Benedict, segundo a qual se estima a energia necessária para cada indivíduo, utilizando o peso, a estatura, a idade e o sexo. Tem sido bastante utilizado também o valor de 25 a 35kcal/kg/dia, preconizado pela Sociedade Espanhola de Nutrição Parenteral e Enteral (SENPE) e de 20 a 30kcal/kg/dia, recomendado recentemente pela European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN). (NOZAKI, V. T ; PERALTA, R. M. 2009). A TNE terá em sua composição macronutrientes (carboidratos, proteínas, lipídeos), micronutrientes (vitaminas e sais minerais) e água. Sendo elaborada a TNE visando maior ou menor concentrações desses nutrientes de acordo com a patologia em que o paciente se encontra. Em pacientes queimados por exemplo a dieta é elaborada com maior aporte calórico com menor volume, maior quantidade proteica e presença de imunomoduladores (SANTOS, I. G., 2015). A escolha da TNE é determinada, por diversos fatores tais como integridade do trato gastrointestinal, presença de doenças especificas, situação metabólica, tipo de macronutrientes da dieta, capacidade absortiva e digestiva do paciente, densidade calórica e proteica (calorias por milímetros ou gramas de proteínas por mililitros), tolerância gástrica, conteúdo de minerais e eletrólitos. (SANTOS, I. G., 2015 apud ALVES; WAITZBERG, 2009; BAXTER; WAITZBERG, 2010). CONCLUSÃO Qualidade em terapia nutricional é altamente dependente de uma boa avaliação nutricional, sendo primordial para recuperar ou manter o estado nutricional quando feita da maneira correta e aplicável. Quando o processo de avaliação nutricional é feito de forma adequando antes da terapia e durante o desenvolvimento da terapia representa uma seria de melhorias em outros âmbitos patológicos, pois melhorar o suporte correlacionado a reserva nutricional sem desvio de metabolismo auxiliando assim na condição de redução do custo e do tempo de permanência do paciente no ambiente hospitalar, que implica em evolução clínica favorável, melhora de diversos parâmetros de qualidade de vida e na redução da taxa de morbidade e mortalidade. O fornecimento adequado de nutrientes mantém ou recupera o estado nutricional, atenua os efeitos adversos da resposta metabólica às lesões de natureza diversas e minimiza o acometimento da estrutura e funcionamento de órgãos vitais. Mesmo que os produtos utilizados em terapia nutricional tenham composição adequada quando utilizada de forma inadequada em pacientes metabolicamente alterados podem ser em vão e piorar o quadro patológico do paciente. O preparo dos profissionais de saúde na indicação e ajuste da avaliação pré diagnostico e durante o tratamento de forma adequada ajuda no sucesso e manutenção da modalidade de terapia nutricional e contribui para a qualidade da assistência prestada aos pacientes hospitalizados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSIS, M. C. S. et al. Nutrição enteral: diferenças entre volume, calorias e proteínas prescritos e administrados em adultos. Rev Bras Ter Intensiva. v. 22, n. 4, p. 346-350, 2010. BATISTA, R. S.; GOMES, A. P. et al. Nutrição na sepse. Rev Bras Clin Med. São Paulo, v. 10, n. 5, p. 420-426, set-out 2012. CARTOLANO, F. C. et al. Terapia nutricional enteral: aplicação de indicadores de qualidade. Rev Bras Ter Intensiva. v. 21, n. 4, p. 376-383, 2009. CUPPARI, L. Guia de nutrição: clínica no adulto. 3º. ed. Barueri, SP : Manole,. (Série guias de medicina ambulatorial e hospitalar/editor Nestor Schor). ISBN 97885-204-3329-4. 2014. FRANZOSI, O. S . et al. 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