Minuta Trabalho Positivismo, Marxismo e Annales

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JOSÉ DIMAS DA PAIXÃO SILVA
A HISTÓRIA E AS CORRENTES HISTORIOGRÁFICAS
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A HISTÓRIA E AS CORRENTES HISTORIOGRÁFICAS
A História surge, no século XIX, dentro do campo da Filosofia, como disciplina
de Filosofia da História e já no século XX, dela desliga-se para se tornar Ciência, e
passa a constituir seus próprios métodos de investigação, a exemplo das demais
disciplinas, as chamadas, Ciências Humanas. (CHAUÍ, 2002, p 43 e 44)
Segundo Magnoli (2003, p. 8 e 9), “Toda a ciência está embebida de política. ...
nas ciências humanas a política e a ideologia estão presentes no próprio processo de
produção de conhecimento, já que elas são a matéria-prima de trabalho do cientista”.
Por isso que a historiografia, no processo de construção da História, até se tornar
disciplina autônoma e ser inserida nos currículos escolares, sofreu polêmicas
transformações de cunho político, como também, influências de pensamentos
ideológicos e filosóficos, como de forma aconteceu nos séculos XIX e XX. Primeiro na
concepção de uma “História Tradicional” Positivista, e depois, com a chamada,
“Renovação Historiográfica”, do Marxismo e do Grupo de Annales, a saber:
POSITIVISMO - Corrente historiográfica influenciada pelo pensamento filosófico de
Auguste Comte, e por outra corrente, o Idealismo alemão, propõe um modelo de
“História Tradicional”, preocupados em cientificar a história do pensamento e do
estudo humano, sugere a busca de fatos passados, limitados em si, numa
temporalidade linear. Considerando que o conhecimento se explica por si, exige a
neutralidade do historiador, separando-o de sua obra, a fim de tornar a história uma
ciência, a exemplo da Física. Cabendo ao historiador somente coletar e recuperar os
documentos escritos (Oficiais e do Estado), fazer uma análise minuciosa, sem
interpretá-los, para se chegar a uma verdade única e absoluta.
Com a ausência de uma síntese histórica, a História torna-se uma história de
puros fatos isolados, de grandes eventos, grandes heróis, grandes personalidades,
grandes impérios e dinastias. Nesse tipo de modelo o sujeito é a-histórico, isolado da
sociedade. “No Brasil, o ensino de História foi introduzido de acordo com essa
abordagem, permanecendo assim por décadas.” (UNIVERSIDADE NORTE DO
PARANÁ, 2007, P. 78)
RENOVAÇÃO HISTORIOGRÁFICA – Renovação de contraposição ao Positivismo,
iniciada a partir do final do século XIX e metade do século XX, ocasião em que a
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Europa passava por grandes crises tanto, ideológicas como sociais. Na política
internacional, as repercussões da Revolução Russa, das sociedades de massa, das
Ditaduras Nacionais, abalam a estrutura liberal nacionalista e enfraquece a hegemonia
européia, então surgem novas potências como os EUA, a Rússia, o Japão e a China. E
Isso fez com que os historiadores abandonassem o antigo modelo de história
tradicional, e passassem a adotar uma em que concebia o homem como sujeito e
objeto da história, sob a influência de seu próprio tempo, impondo a ele a sua inserção
na história, e isso vem mantendo-se até hoje, com o Marxismo e o grupo dos Annales.
MARXISMO – O alemão Karl Marx, durante o final do século XIX, observou que a
sociedade estava sendo explorada pelo capitalismo e cria uma nova metodologia, cuja
ideologia era compreender a realidade e transformá-la, propondo uma revolução do
proletariado, que, através de um processo descontínuo socioeconômico da história
conhecida como “materialismo histórico”, na qual, as condições socioeconômicas da
sociedade, seria a “infra-estrutura”, adaptadas a ela as instituições políticas,
ideológicas e culturais, que seriam a “superestrutura”. O antagonismo entre as forças
produtivas e as relações de produção, induziria a “luta de classes” e as
“transformações sociais”, que seriam “o motor da história”. Com esse processo
dialético entre forças dominantes (a burguesia -TESE) e os dominados (os operários ANTÍTESE), surgiria uma nova classe (o proletariado – SÍNTESE), como um novo
modo de produção (o socialismo). O historiador passa ser o sujeito e objeto da
história e os fatos históricos deixam de ser vistos isoladamente e centram-se, de forma
mais concreta voltados para o coletivo e social, abrangendo os acontecimentos
políticos, econômicos, sociais, antropológicos etc, e numa temporalidade focada no
presente, ligando-o ao passado. Nesse contexto total da sociedade, o fato histórico
chega à sua essência (o pensamento concreto).
GRUPO DOS ANNALES – O Grupo dos Annales tem início em 1929, com a fundação
da revista: “História Econômica e Social”, por Lucien Febvre e Marc Bloch, introduz uma
atualização no método historiográfico. A cientificidade da história através da história
problema, “colocar problemas e levantar hipótese”, o uso do método regressivo,
“interrogar o passado a partir do presente”, e do “Trabalho em Equipe” inserindo a
história no contexto das outras ciências, em contraposição ao fato individual. Também
coloca o homem como objeto da história, tomado no quadro das sociedades das
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quais é membro. Exige que o fato histórico não se limite aos documentos escritos,
mas que se amplie, buscando outras fontes. Para tal, insere o historiador em seu
tempo histórico de maneira que ele sendo homem, passe a exprimir o homem em suas
várias atividades, gestos, maneiras de ser etc. Apresentando uma integração entre os
fatores econômicos, sociais, políticos e militares. A inovação metodológica seria uma
história que buscasse leis próprias, com base nos dados coletivos de massa. “Bloch”,
também usa o método comparativo da sociedade européia com outras sociedades.
Mais tarde, “Braudel”, devido à multiplicidade do tempo social, propõe aos
historiadores que observem três tipos de tempo: curto, médio e longo, com destaque
para a história de longa duração: a ESTRUTURA, devido às mudanças ocorrem em
tempos, em séculos e em longas gerações. Já na CONJUNTURA, a histórias de
eventos e acontecimentos, seria num tempo mais rápido. Permanece o interesse pela
história global e total da sociedade de “Bloch/Febvre”. Com a preocupação das noções
de civilização e de cultura, busca na Antropologia a concepção de área cultural, na qual
gira o domínio da civilização. Essa concepção de história da humanidade passa a
considerar o homem em toda sua complexidade, portanto, nega a unilateralidade da
história.
No Brasil, somente no fim dos anos 60 e na década de 1970, com o
desenvolvimento dos Cursos de Pós-Graduação, foi que os trabalhos acadêmicos, em
suas teses e dissertações, passaram a criticar a produção do conhecimento histórico,
fundamentado no Positivismo, a exemplo do marxismo e do grupo dos Annales. E isso,
mais tarde, de forma gradual, foi refletindo-se nos livros didáticos.
Em suma, tanto a Corrente Marxista como a dos Annales contrapõem-se e
rejeitam a História Tradicional do Positivismo. Para tal, ambas propõem novos métodos
históricos: uma história total, mais votada para o coletivo e social, interagindo com as
demais ciências do homem, com uma vinculação histórica voltada para o presente.
Para uma história científica, os Annales sugerem o aproveitamento de outros campos
do conhecimento ligado ao homem e ao social em torno de problemas dos diversos
setores da sociedade. Já o Marxismo apresenta uma teoria científica, de conceitos
básicos, com base na análise das diferentes formações sociais, de uma sociedade em
movimento girando em torno do modo de produção.
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A fusão da confluência dessas duas correntes já é nítida na nova historiografia
européia, como a Moderna História Social inglesa e a Nova História francesa,
abordando temas relacionados à história social, cultural e cotidiano, e que, de certa
maneira, já pode ser percebido também na historiografia brasileira.
REFERÊNCIAS
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 12. ed. São Paulo: Ática, 2002.
MAGNOLI, Demétrio. O Mundo Contemporâneo: Relações Internacionais 1945-2000.
São Paulo: Moderna, 2003.
UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ. Gradação em História na modalidade à
distância – Licenciatura: módulo 1. Londrina: UNOPAR, 2007.
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