Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina Campus Joinville HISTÓRIA I MÓDULO II (CTI - Mecânica e Eletroeletrônica) Prof. Anderson dos Santos AULA 1 – TEORIA DA HISTÓRIA O principal objetivo da presente aula é viabilizar a compreensão do(s) significado(s) da palavra HISTÓRIA, bem como dos conceitos que podem ser atribuídos a essa disciplina. Também, objetiva-se facilitar a compreensão das atribuições, características e métodos dessa área do conhecimento, bem como de sua importância para o homem em sociedade. TÓPICOS DA AULA: • HISTÓRIA: palavra de origem grega que significa TESTEMUNHA; • Primeiro historiador – HERÓDOTO de Halicarnasso (séc. V a. C.); • Primeiro livro de História – HISTÓRIA; Mas, o que é HISTÓRIA? Palavra polissêmica (diversos significados): ficção, processo vivido ou conhecimento; “História é passado e presente, um e outro inseparáveis.” (Fernand Braudel). “Ciência do homem no tempo” (Marc Bloch). • Não há consenso entre os historiadores para a definição da ciência; • Em termos gerais a História pode ser entendida como: “Área do conhecimento que se ocupa da vida humana, em todos os seus aspectos, ao longo do TEMPO, isto é, estuda o que homens e mulheres(da infância à velhice, do nascimento à morte) fizeram, pensaram ou sentiram durante sua existência enquanto seres sociais”. POR QUE, OU PARA QUE HISTÓRIA? Em algum momento o homem sentiu necessidade de HISTÓRIA: 1) para deixar registrada sua passagem pelo mundo e não cair no esquecimento; 2) para compreender melhor a si próprio e a seus semelhantes, bem como o grupo, a sociedade e o mundo em que está inserido; 3) para, a partir do conhecimento histórico, isto é, do passado, manter ou transformar o presente e pensar o futuro; "Para que serve a História senão para ajudar os contemporâneos a manter a confiança no futuro e armarem-se melhor para enfrentar as dificuldades com que quotidianamente se deparam?" Georges Duby HISTÓRIA E HISTORIADORES: • O historiador vive o seu tempo; por isso, a história que ele escreve está ligada à história que ele vive. • A reconstrução da vida humana elaborada pelo historiador depende de uma série de concepções, escolhas e “recortes”, desde a definição do objeto do trabalho (tema, método e projeto de pesquisa) até a seleção das fontes históricas que interessam à pesquisa. • Assim, a historiografia não deve ter a pretensão de fixar verdades absolutas, pois a história, como forma de conhecimento, é uma atividade contínua de pesquisa. FONTES HISTÓRICAS: • Em suas pesquisas, os historiadores utilizam variadas fontes, das quais podem obter informações, pistas sobre as ideias e realizações dos seres humanos no transcorrer do tempo. Tais fontes podem ser escritas ou não: • Fontes escritas: são registros em forma de inscrições, cartas, letras de canções, livros, jornais, revistas e documentos públicos, entre outros. • Fontes não-escritas: são registros da atividade humana que utilizam linguagens diferentes da escrita, tais como pinturas, esculturas, vestimentas, armas, músicas, discos fonográficos, filmes, fotografias, utensílios, depoimentos orais, etc... • Fontes primárias: contemporâneas ao objeto; • Fontes secundárias: extemporâneas ao objeto; • Positivistas e Escola dos Annales; PERCEPÇÕES DO TEMPO: • Há diferentes percepções temporais; Quando percebemos o tempo? • Quando percebemos que coisas mudaram ou permaneceram, do passado ao presente; • Quando observamos a rotina das atividades humanas; • Quando olhamos as horas no relógio e programamos nossos compromissos; Assim, relacionamos a noção de tempo com: • Sucessão de momentos; duração dos acontecimentos; percepções de mudanças; critérios pelos quais distinguimos acontecimentos anteriores, simultâneos ou posteriores. CONCEPÇÕES DO TEMPO: • O modo de medir o tempo pelo relógio não é universal, e sim uma construção histórica; • Ritmos da natureza e da fábrica; • Lucien Febvre conta que a população rural da França do século XVI se referia ao tempo dizendo: “por volta do sol levante” ou “por volta do sol poente”; • Nas fábricas o tempo passou a ser medido pelas horas do relógio; • Tempo Cronológico: aquele que pode ser medido através do relógio, do cronômetro, do calendário, etc...; • Tempo Histórico: convenção criada pelo historiador Fernand Braudel, na metade do séc. XX – curta, média e longa duração; • Permanências e rupturas; • Anacronismo; O CALENDÁRIO: • Calendário - criação ligada a diversos fatores: observações astronômicas, crenças religiosas, valores sociais, prática agrícola (todo calendário tem uma história); • Primeiro calendário – entre 3000 e 2000 a. C. (chineses, egípcios ou sumérios), com base na observação do sol e da lua; • Calendário cristão – monge Dionísio, O Pequeno (532 d. C.); • Séc. XVI (1582) – Papa Gregório XIII – Reforma Gregoriana; • Décadas; • Séculos; • Milênios; PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA: “Não há história imóvel e a história também não é pura mudança, mas sim o estudo das mudanças significativas. A periodização é o principal instrumento de inteligibilidade das mudanças significativas”. Jacques Le Goff. História e Memória. Campinas: Unicamp. P. 47) • Para organizar a compreensão dos estudos históricos, os pesquisadores elaboram periodizações visando ordenar os acontecimentos e temas analisados; • Concebidas pelos historiadores, as periodizações históricas estão de acordo com o ponto de vista de quem as elaborou; PERIODIZAÇÃO TRADICIONAL DA HISTÓRIA: • Pré-História: do surgimento do ser humano até o aparecimento da escrita (cerca de 4000 a. C.); • Idade Antiga: do aparecimento da escrita até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d. C.); • Idade Média: da queda do Império Romano do Ocidente até a tomada de Constantinopla pelos turcos (1453); • Idade Moderna: da tomada de Constantinopla até a Revolução Francesa (1789); • Idade Contemporânea: da Revolução Francesa até os dias atuais; PARA LER: PINSKY, Carla Bassanezi. Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2005. BURKE, Peter. A escola dos Annales (1929-1989). A revolução francesa da Historiografia. Trad. Nilo Odália. São Paulo: Unesp, 1991. _______(org). A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Unesp, 1992. LEGOFF, Jacques; NORA, Pierre. História: novos problemas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978. ORWELL, George. 1984. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. PARA ASSISTIR: “1984”. Direção de Michael Radford, Reino Unido, 1984, 113 min. (Ficção científica/drama).