Mix de Marketing Pessoal

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Mix de Marketing Pessoal
(Texto integral do capítulo 5 do livro “Marketing Pessoal e Imagem Pública” de Ênio Padilha)
Se uma empresa tem uma divulgação muito
bem feita, muito bem articulada e se as suas
propagandas são bonitas, de muito bom gosto e são
apresentadas nos veículos certos, atingindo o público
alvo com eficiência, normalmente se costuma dizer
que “essa empresa tem um Marketing muito bom”.
No entanto, ainda que os métodos de promoção,
a propaganda e a publicidade sejam de ótima
qualidade, o “Marketing” da empresa não vai ser bom
se o produto for ruim ou inadequado. O “Marketing”
só é, realmente, bom se gerar resultados. E um
produto ruim impede a empresa de alcançar
resultados.
Digamos então que o produto seja bom. Que o
produto tenha uma qualidade compatível com a
divulgação feita. O que temos então? Um produto
muito bom, com uma propaganda excelente ! E aí,
temos ou não um “bom Marketing”?
Ainda não é garantido. O preço desse produto
pode ser proibitivo, exagerado, exorbitante. O preço
pode ser uma barreira para a compra do produto. E,
se o produto não é comprado, não existe resultado de
Marketing. Portanto, o Marketing não é bom.
Conserte-se o preço. Faça-se um milagre
qualquer e o preço será adequado ao mercado.
Temos aí um produto ótimo, com um preço adequado
ao mercado e uma propaganda maravilhosa... Temos,
agora, um “bom Marketing”?
Ainda não, se, por exemplo, o produto não está
acessível para o público alvo ou se o ponto-de-venda
tem defeitos graves ou se não é distribuído com uma
eficiência adequada... Lá se foi o resultado de
mercado. Lá se foi o “Marketing”.
E por aí vai a história, que tem como objetivo
mostrar o seguinte: não existe nenhum produto
e nenhuma empresa que possa sustentar
uma relação produtiva com o mercado (um
bom Marketing) baseado em ser muito bom
ou eficiente em uma coisa apenas (seja a
qualidade do produto, o preço, a publicidade
e propaganda, o ponto-de-venda, o processo
de produção, as pessoas envolvidas, as
parcerias estabelecidas ou mesmo o pósvendas). É necessário que as ações de uma
empresa sejam integradas simultâneas para
que se alcance os resultados de Marketing,
que é o que caracteriza um “bom Marketing”.
A esse conjunto de coisas que uma
empresa define para se relacionar com o
mercado nós chamamos de Mix de
Marketing.
O mix de Marketing, portanto, é o conjunto de
todas as políticas que uma empresa estabelece para se
relacionar (ou relacionar o seu produto) com o
mercado.
No nível Pessoal a coisa não é diferente.
Uma pessoa com uma excepcional capacidade
intelectual, criativa, inteligente, eficiente... pode
nunca chegar nem perto do sucesso, simplesmente
por não ter nada além de uma excepcional capacidade
intelectual. Ela precisa ter ou desenvolver outras
“capacidades”, “habilidades” ou “talentos” para que
se torne interessante para o seu público e, por
decorrência, alcance os seus próprios objetivos.
Como já foi dito antes (mas nunca é demais
repetir), imagem pessoal é um conjunto de valores
atribuídos a uma pessoa pelos outros. É construída a
partir da avaliação que os outros fazem das
características, qualidades e defeitos que uma pessoa
apresenta.
O Marketing Pessoal ganhou importância, a
partir do momento em que o tempo passou a
determinar o destino das relações entre as pessoas.
O destino de uma conversa ou de uma relação
depende muito de como as partes se enxergam e o
tempo está sempre jogando contra quem tem mais
coisas boas para oferecer (se você tem muitos
valores, quanto mais tempo você tem para mostrar as
suas qualidades, melhor será a sua imagem pública).
O Marketing Pessoal desenvolve instrumentos e
técnicas para dominar o tempo e transmitir as
mensagens necessárias para a fixação da imagem
desejada (a verdadeira).
A imagem pessoal é construída e sustentada a
partir das nossas “políticas” de relacionamento. As
decisões que nós tomamos (algumas vezes sem um
tratamento racionalizado) sobre como nós queremos
ser e como os outros vão nos ver são partes dessas
políticas. Enfim, o Mix de Marketing Pessoal
constitui o gerenciamento de algumas variáveis
importantes e que, de uma ou de outra forma,
interferem nas relações de cada indivíduo com o seu
público. Essas variáveis são:
• Nome
• Aparência Física
• Gestos e Postura
• Voz e Vocabulário
• Conhecimentos e Habilidades Específicas
(profissionais)
• Conhecimentos e Habilidades Gerais
• Visibilidade e Disponibilidade
Mix de Marketing Pessoal – Capítulo 5 do Livro “Marketing Pessoal e Imagem Pública” – Ênio Padilha
1
• Marcas de Personalidade
• Marcas de Caráter
Nome
No passado não muito distante era comum um
clube de futebol como o Flamengo, o Corinthians, o
Grêmio ou mesmo o grande São Paulo Futebol
Clube ter um time formado por Chupeta, Manco,
Chulé, Mexirica, Suvaco, Tapera, Fuminho,
Macaco, Navalha, Morcilha e Capeta. (Todos os
nomes são verdadeiros. Jogadores das décadas de
60 e 70.)
Recentemente, um jogador de uma equipe da
segunda divisão do futebol brasileiro foi transferido
para um dos grandes clubes da primeira divisão. Ao
ser apresentado para a imprensa, seu primeiro pedido
foi para que os jornalistas passassem a se referir a ele
como Evandro e não mais como Mexirica, que era o
apelido pelo qual ele era conhecido.
Essa atitude, tomada por decisão própria ou
orientação dos empresários, agentes ou procuradores,
reflete uma perspectiva moderna do que representa o
nome para uma pessoa pública. A carreira de jogador
de futebol tem uma duração limitada no tempo
porque depende de valores, habilidades e capacidades
que o avanço da idade acaba reduzindo. Mas a
carreira da pessoa não precisa se encerrar com o fim
do seu tempo de futebol, no campo. As virtudes
atléticas, seja no futebol ou em qualquer outro
esporte, devem ser encaradas como uma força capaz
de projetar uma marca (o nome do atleta). Esta
marca permanecerá ativa em outras modalidades de
negócios, depois de encerrada a fase atlética do
esportista.
Aí é que entra a diferença entre você ser o
“Daniel Aldrovandi” em vez de “Fuminho”,
“Navalha” ou “Capeta”.
Imagine uma loja de
materiais esportivos com o nome de “Chulé Sports”.
Seja qual for a sua atividade atual,
considere a possibilidade de que daqui a
algum tempo você poderá estar fazendo
outra coisa, envolvido em outro tipo de
trabalho.
Quando uma pessoa deixa uma determinada
atividade e parte para outra carreira, ela não “começa
do zero”. Leva consigo algumas experiências, às
vezes algum patrimônio, uma rede de amigos ou
influências. É importante que a simples menção do
seu nome tenha um significado para o público. Isto é
a marca agregada a um nome: Fulano de Tal significa
(em qualquer circunstância) competência, disciplina e
honestidade. Beltrano de Tal significa bom humor,
irreverência, alto-astral. Cicrano de Tal significa
perigo.
Significa
desonestidade,
trapaça,
irresponsabilidade...
Ainda que você não perceba, a menção do seu
nome sempre significa alguma coisa para o seu
público. Esta é uma Lei do Marketing Pessoal.
O nome de uma pessoa tem duas componentes
básicas: a morfoetimológica e a conceitual.
A componente conceitual é construída pelos
valores que o público vai atribuindo à pessoa, em
função de suas ações e omissões, gestos, posturas,
palavras, conhecimentos, habilidades e outras
características.
A componente morfoetimológica é o
significado que o nome tem para o público quando o
dono do nome ainda não foi apresentado. Que
características você atribui a uma pessoa cujo nome
(apelido) é Chulé?. E que tal o Dr. Raimundo
Vinagre ?
Agora, imagine uma pessoa chamada Cecília
Drummond ou, Augusto Valente.
Veja que, mesmo sem conhecer nenhuma
destas pessoas você já construiu uma pré-imagem
para cada uma delas. Ou não ?
Isto significa que essa componente do nome
também deve ser analisada (não é por acaso que, no
mundo artístico, é tão comum uma pessoa assumir
um novo nome ou fazer uma simplificação ou ajuste
no seu próprio nome). O nome de uma pessoa, assim
como o nome de uma empresa ou de um produto
pode e deve ser alterado em benefício dos objetivos
pessoais.
Nomes muito complicados apresentam natural
dificuldade para serem absorvidos pelo público
(demandam maior investimento na divulgação).
Nomes com significados secundários devem ser
omitidos ou trocados, pois acarretam desvios de
energia para explicações e esclarecimentos, além de
darem margem a eventuais piadinhas, charges e
outras brincadeiras que podem desviar a atenção do
público para os valores e características que se quer
transmitir. Nomes muito compridos devem ser
resumidos a duas, no máximo três palavras, para
facilitar a fixação. Nomes que tanto podem ser de
um homem quanto de uma mulher (Juraci, por
exemplo) podem ser suprimidos ou trocados
E tudo isto pode ser feito sem burocracia, sem
cartório, sem mexer nos documentos, nada. Basta
decidir. Uma pessoa cujo nome é José de Ribamar
Pereira de Araújo Costa, por exemplo, pode assumir
o nome José Sarney, sem ter que ir a um cartório
mudar o nome. Talvez o nosso ex-presidente tenha
mudado o seu registro em cartório. Desconheço este
detalhe. Mas o certo é que, se ele não fez isto, não
está incorrendo em crime algum. Não constitui
falsidade ideológica a mudança de nome se não tiver
como objetivo a obtenção de benefício ilícito.
Mix de Marketing Pessoal – Capítulo 5 do Livro “Marketing Pessoal e Imagem Pública” – Ênio Padilha
2
Aparência Física
Aparência física não é apenas “um detalhe”.
Trata-se de um aspecto absolutamente fundamental
quando o assunto é a busca de sucesso pessoal. Nós
precisamos, definitivamente, dispensar a esta questão
a sua devida importância.
Precisamos ter uma
preocupação adequada com esse “detalhe”, porque,
nós vamos ver, não é apenas um detalhe.
Tirando a sua família e seus colegas de
trabalho, que passam com você tempo suficiente para
conhecer as suas qualidades, habilidades e
conhecimentos, todas as outras pessoas têm de você
uma imagem construída a partir de informações
obtidas aqui e ali.
Muitas vezes essa imagem que uma
determinada pessoa tem de você é incompleta ou
incorreta. Mas é essa imagem que conta se essa
pessoa precisa tomar uma decisão que interessa a
você.
Uma informação importante utilizada pelas
pessoas para “avaliar” alguém é, não tenham dúvidas,
a aparência física.
Virginia Horton-Bettman, uma executiva norteamericana, tem uma afirmação que é definitiva:
“Antes de dizer olá você já disse muita coisa”.
Ela acredita que nos dez primeiros segundos
que você tem, no primeiro contato com uma pessoa,
“o outro ou o respeitará ou o depreciará, pois você
estará transmitindo mensagens por meio da
aparência, da postura, da fisionomia e do olhar.”
Quando você chega em algum lugar as pessoas
avaliam você apenas passando os olhos (da cabeça
aos pés) e “sentindo” a energia que você transmite.
Nesta curta fração de minuto elas avaliam em
primeiro lugar a sua estatura e peso e vão tirar
conclusões (nem sempre verdadeiras) com essas
informações.
Existem preconceitos que estão
presentes e não devem ser desconsiderados. É
comum atribuir a pessoas altas as virtudes de
liderança, assim como os gordos são tidos como
preguiçosos ou lentos.
Se você é baixinho, ou gordo, não tem como
esconder esta característica. Mas pode alterar a
percepção que o outro tem do seu corpo.
É o que Horton-Bettman chama de “dinâmica
da aparência”, que é bastante afetada pela postura. E
a postura você pode modificar.
“A posição dos ombros comunica
graduações de poder. Ao permanecer ereto,
levantar as costelas, prender o estômago e
colocar os ombros para trás, você ‘transpira’
energia que, por sua vez, denota poder e
impressiona.”
A segunda coisa que as pessoas vão observar,
ainda naqueles dez ou quinze segundos iniciais, é a
sua fisionomia, o seu rosto, e toda a carga de
personalidade que ele transmite. Deixe que as
pessoas vejam seu rosto. Não o esconda por trás de
óculos escuros, sob os cabelos, sob uma barba ou sob
qualquer outro disfarce. Você estará dando a
impressão de estar escondendo algo ou que você é
rebelde ou desonesto.
O seu rosto é o centro da comunicação com as
outras pessoas. Você deve olhar para as pessoas com
sinceridade e segurança.
Sem isto não existe
comunicação pessoal que sobreviva ao primeiro
contato “ao vivo”.
Se você não gosta do seu rosto precisa resolver
este problema. Talvez um bom livro de auto-ajuda já
seja suficiente. Em alguns casos uma cirurgia
plástica pode ser uma boa alternativa. Em muitas
outras circunstâncias, porém, existe uma série de
maneiras de mudar a aparência e o formato do rosto:
coisas simples como o corte ou a tintura do cabelo ou
o penteado. Isto pode mudar muito o seu rosto. Em
alguns casos temos verdadeiras transformações
apenas com a alteração dessa “moldura” representada
pelos cabelos.
Para as mulheres ainda existem os “milagres”
da maquiagem (ultimamente os homens também já
estão aderindo), além dos acessórios como os
brincos, os colares e enfeites para o cabelo.
Nada no rosto, no entanto, é mais
importante, tanto para homens quanto para
mulheres, quanto os olhos. Os olhos não: o
olhar.
Este livro foi escrito com um pressuposto: o de
que você não está interessado nas técnicas de
Marketing Pessoal para “construir” e “vender” uma
imagem que não seja verdadeira. Acreditamos que
você deseja, sinceramente, fazer com que as pessoas
vejam em você tudo o que você tem de melhor e que
você tem o sincero propósito de melhorar em você
todas as coisas que não são apreciadas pelo seu
público.
Digo isto porque o olhar é pedra determinante
nas relações pessoais. Os desvios de caráter, a
mentira e a ausência de boas intenções não resistem a
um “olho no olho”. Não há nada que eu possa indicar
a não ser o seguinte: seja verdadeiro e olhe de
frente e com sinceridade de propósitos.
Permita que as outras pessoas sintam isso
em você. O resto virá por decorrência.
Se você usa óculos, fique atento, pois o tipo de
óculos que você usa também traduz alguma coisa da
sua personalidade. Certifique-se de que as lentes e o
formato de armação estão de acordo com seu rosto e
com a imagem que você pretende transmitir.
Mix de Marketing Pessoal – Capítulo 5 do Livro “Marketing Pessoal e Imagem Pública” – Ênio Padilha
3
Além das características do rosto e do olhar,
existe uma coisa que contribui positiva e
decisivamente para melhorar a sua primeira
impressão no contato pessoal: a fisionomia, que é
definida pela presença ou ausência de tensão
muscular na face e pela presença ou ausência de um
sorriso no seu rosto. Um sorriso sincero mostra que
você está à vontade e feliz por estar presente. Um
rosto tenso significa que você está nervoso. Respire
fundo, acalme-se, relaxe os músculos e sorria sem
afetação. Sua fisionomia ficará muito melhor.
Existem coisas que não podemos mudar na
nossa aparência física, como, por exemplo, o
tamanho, a cor da pele e eventuais problemas de
deficiências físicas evidentes.
Muitas outras variáveis, no entanto, podem ser
“trabalhadas” de acordo com os interesses ou
necessidades.
A cor e o tipo e o tamanho dos
cabelos, a cor dos olhos, a forma dos dentes,
sobrancelhas, barba, bigode, as unhas das mãos e dos
pés, as roupas, os sapatos e os acessórios como
chapéus, brincos, colares, pulseiras, anéis, cintos,
chaveiros...
Então para não permitir que problemas com a
sua aparência física impeça as pessoas de fazerem
uma imagem correta de você, observe as seguintes
sugestões (veja também o item Ajuda Profissional,
no capítulo 6):
Manutenção permanente do próprio corpo.
Cuidar dos cabelos, tomar banho, fazer a barba,
arrumar a sobrancelha, cuidar da pele, escovar os
dentes, manter arrumadas as unhas das mãos e dos
pés, depilar ou extrair os pelos indesejáveis, fazer
exercícios físicos, controlar a alimentação, eliminar
ou reduzir o consumo de cigarro e bebidas alcoólicas
são alguns cuidados básicos. Coisas simples que
ajudam a manter você “bonito” e sua auto-estima em
alta. Vão manter o seu corpo preparado para ser um
bom mensageiro de uma imagem pública excelente.
Tratamentos e intervenções. Em alguns casos
a simples manutenção não é suficiente. É necessária a
intervenção de algum profissional especializado
como um médico ou um dentista, por exemplo.
Dentes tortos, com comprometimento das funções do
aparelho digestivo ou da fala, problemas graves de
pele, manchas no rosto, defeitos ou cicatrizes
derivados de doenças congênitas ou de acidentes são
problemas reais que não podem ser “manipulados”
com acessórios ou maquiagem.
Convém, no entanto, observar o limite entre o
razoável e o exagero. A aparência física é importante
mas não é tudo. Muito tempo, dinheiro ou energia
gastos com certos tratamentos ou cirurgias seriam
realmente melhor aplicados em livros, cursos ou
exercícios para obtenção de conhecimentos e
habilidades relevantes.
Roupas e acessórios. Vestir-se bem não
implica usar roupas caras ou sofisticadas.
Estar
bem-vestido é usar roupas adequadas aos objetivos.
Vestir-se adequadamente significa vestir-se
com respeito às pessoas com quem você irá
se relacionar. Vestir-se “bem demais” muitas
vezes pode ser encarado como uma tentativa de
intimidar ou humilhar. Vestir-se com excessivo
“relaxamento”
pode
ser
encarado
como
desvalorização da pessoa ou do grupo de pessoas que
o está recebendo. Imagine um empresário que vá à
reunião da Associação Comercial de camiseta,
bermuda e sandália...
Então, se você quer saber como se vestir, olhe
em volta. E vista-se como os líderes, as pessoas bemsucedidas do grupo a que você pertence.
Atividade física.
Você, obviamente, não
precisa ser um atleta campeão. Mas é bom saber que
um corpo em forma também significa alguma coisa
para quem avalia, de relance, a sua imagem. A boa
forma física, especialmente em pessoas com
mais de 25 ou 30 anos, transmite a imagem
de disciplina, equilíbrio e autocontrole. Não
perca esses pontos positivos. Leia alguma coisa
sobre exercícios simples, consulte um médico,
converse com um professor de educação física,
elimine os excessos na alimentação, estabeleça
hábitos saudáveis e você verá que não é nenhum
sacrifício. A sua saúde agradece e sua imagem fica
muito melhor.
Os exageros.
Qualquer coisa, em dose
excessiva, causa problemas. É preciso estar atento
para que um ou outro ponto não seja levado longe
demais. Usar alguma jóia ajuda a compor o seu
visual e o torna mais elegante, atraente, charmoso...
Mas carregar-se de jóias, nas mãos, nos pulsos, nas
orelhas e no pescoço pode torná-lo ridículo, além de
transmitir a sensação de que você quer aparecer,
ostentar ou intimidar os outros.
O mesmo se pode dizer de outros acessórios
que devem ser usados na dose certa. E “a dose certa”
é definida pelo seu bom senso e pela observação que
você faz das pessoas à sua volta.
Tatuagens, músculos obtidos com drogas
estimulantes, roupas espalhafatosas, acessórios de
auto mutilação/agressão, maquiagem excessiva,
cortes radicais do cabelo... transmitem agressividade
e provocam reações nem sempre positivas nas outras
pessoas e conseqüências sobre a sua imagem. Não
vamos dizer aqui o que é certo e o que é errado.
Mix de Marketing Pessoal – Capítulo 5 do Livro “Marketing Pessoal e Imagem Pública” – Ênio Padilha
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Apenas dizer que você precisa ter consciência do
efeito que o seu “visual” causa sobre a sua imagem.
Se você está consciente das consequências e não se
importa com isso, vá em frente. Afinal, o mundo só é
“divertido” porque existe gente pra tudo, não é
mesmo?
Gestos e Postura
O corpo em movimento transmite suas
mensagens. Quantas vezes você, em um ambiente
movimentado como uma grande festa ou um
shopping center, já se viu “deduzindo” coisas sobre a
personalidade de alguma pessoa que você está vendo
pela primeira vez. E está apenas vendo, pois essa
pessoa está a dez ou quinze metros de distância,
conversando com outras pessoas ou fazendo coisas
que não têm nada a ver com você.
Você não ouve a voz dessa pessoa, mas percebe
os seus movimentos, a maneira como se comunica
através deles. A forma de sentar, de ficar em pé. O
jeito de andar, de se inclinar para ouvir, de encolher
os ombros, de cruzar os braços de gesticular enquanto
fala. O jeito de se encostar na cadeira, de cruzar as
pernas, a maneira como olha para as coisas ou para as
pessoas.
Então acredite: seus gestos e sua postura dizem
muito sobre o que você é. Não descuide desse
aspecto. Habitue-se a desenvolver e manter gestos
que reforcem as suas melhores qualidades. Mantenha
uma postura que inspire confiança e tranqüilidade às
outras pessoas.
Leia algum livro sobre o assunto e não perca a
próxima oportunidade de fazer um bom curso.
Voz e Vocabulário
Existem pessoas que são bonitas, se vestem
bem, são elegantes, mas a suas imagens públicas não
resistem a cinco minutos de conversa.
Você está diante de um homem enorme,
atlético, gestos largos e semblante varonil e, de
repente, quando ele começa a falar, parece um
adolescente.
Uma voz fina, indefinida, sem
personalidade. E você tem uma justa decepção. E
começa a achar que tem alguma coisa errada com
aquela pessoa. E, talvez, tenha uma certa dificuldade
de dar a ele uma oportunidade muitas vezes
merecida.
Coisa semelhante acontece quando uma mulher
de formas bem desenhadas, rosto bonito e gestos
delicados, começa a falar e vem aquela voz
esganiçada que parece ser produzida em uma
“taquara rachada”... É natural que as pessoas reajam
meio incomodadas.
É claro que, se você não é cantor, locutor de
rádio, professor ou qualquer outra profissão que
utilize a voz como instrumento de trabalho, você não
precisa se desesperar com isso. Mas é sempre bom
saber que uma boa voz ajuda a construir uma boa
imagem. A maioria dos problemas da voz pode ser
corrigida por exercícios (consulte um fonoaudiólogo)
e pela adoção de hábitos adequados de alimentação e
hidratação.
No entanto, pior do que uma voz ruim é a
pobreza de vocabulário, o vazio intelectual e os
vícios de linguagem.
Esses são defeitos mortais
para a imagem pública de qualquer pessoa. Pobreza
de vocabulário é indicativo de falta de leitura, o que
nos leva, sem escalas, à falta de cultura. Uma pessoa
que usa sempre as mesmas palavras para se
comunicar acaba se tornando repetitiva, previsível e
enjoada.
Os vícios de linguagem, assim como o
uso exagerado de gírias, frases feitas ou de
expressões
acadêmicas
deixam
a
personalidade vulnerável.
Sustentar uma boa imagem pública sem um
bom vocabulário e sem a correção dos vícios de
linguagem é o mesmo que tentar manter em pé uma
árvore sem raízes.
Conhecimentos
e
Habilidades
Específicas
Conhecimentos e habilidades constituem a
qualidade intrínseca de uma pessoa. Muitas pessoas
famosas e com um forte trabalho de promoção
pessoal nada seriam sem dominarem os fundamentos
daquilo que é a base da sua reputação: os
conhecimentos e habilidades específicas. Veja, por
exemplo, nomes como Pelé (futebol), Gustavo
Kuerten (tênis), Oscar e Hortência (basquete),
Arthur Moreira Lima e Gilberto Gil (música),
Fernanda Montenegro e Paulo Autran (teatro),
Joaquim Cruz (atletismo), Jô Soares (televisão),
Antônio Ermírio de Morais e Rolim Amaro
(universo
empresarial),
Fernando
Sabino
(literatura)...
E isso para ficar em uns poucos nomes, apenas
no Brasil.
É claro que cada um deles tem uma
imagem pública que incorpora muitas outras
características, mas a razão principal do sucesso de
cada um deles é o domínio dos respectivos
conhecimentos e habilidades específicos do campo de
atuação de cada um.
Com você e comigo a coisa não é diferente. O
nome, a aparência física e outras variáveis são
relevantes, mas os conhecimentos e as habilidades
específicas é o que realmente vai fazer a diferença.
Você precisa identificar, na sua atividade
profissional,
os campos de conhecimento e
habilidades fundamentais requeridas, para dedicar a
Mix de Marketing Pessoal – Capítulo 5 do Livro “Marketing Pessoal e Imagem Pública” – Ênio Padilha
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eles mais atenção e sedimentar o terreno para
qualquer estratégia vencedora de Marketing Pessoal.
Significa dizer o seguinte: se você é um
médico, um engenheiro, mecânico, professor,
cabeleireiro, motorista de táxi, estudante, dona de
casa, artista, atleta, empresário ou político é
importante saber que a sua atividade profissional é a
base da sua imagem pública. O sucesso de qualquer
estratégia de Marketing passa, necessariamente, pelo
investimento na capacitação profissional. Você
precisa conhecer muito bem a sua atividade principal
e ser muito bom em todos os fundamentos
profissionais. Isso, muitas vezes, só é conseguido
com dedicação, disciplina e muito empenho para
leitura, cursos, treinamento e participação. Em outras
palavras, você só vai ser “alguém” se fizer a “lição de
casa”.
Conhecimentos e Habilidades Gerais
Conhecimentos e habilidades é o conjunto das
“outras coisas” que você sabe fazer e que,
eventualmente, não façam parte dos “fundamentos”
da sua atividade principal.
Por exemplo, você é professor de matemática.
Então, conhecimento de matemática, habilidade de
relacionamento, equilíbrio emocional, conhecimento
de técnicas de ensino, articulação verbal e rapidez de
raciocínio são conhecimentos e habilidades
fundamentais e são os seus atributos básicos. Saber
tocar violão e cantar, não são qualidades
fundamentais para você exercer a sua atividade, mas,
com certeza, isso valoriza você na escola, na turma,
na família...
Da mesma forma que o domínio de um segundo
ou terceiro idioma, o desempenho acima da média em
um determinado esporte...
Visibilidade e Disponibilidade
“Quem não é visto não é lembrado”, diz o dito
popular, com muita propriedade.
Quantas pessoas conheceram você nos últimos
seis meses?
Quantas pessoas novas (e interessantes) você
conheceu (estabeleceu algum tipo de contato
permanente) nos últimos seis meses?
A resposta às perguntas acima pode dar uma
idéia de como está a sua Política de Visibilidade e
Disponibilidade.
Foi dito, no capítulo 2, que Marketing
Pessoal não se resume a técnicas, dicas e
truques para aparecer, estar na vitrine, ser
visto ou marcar presença. Mas é importante
registrar a importância de “aparecer”, na
medida certa, quando se estabelece um
Plano de Marketing Pessoal. Não adianta
você investir seu tempo, seu dinheiro e suas
energias
corrigindo
ou
incorporando
qualidades na sua forma de ser e de agir,
com o objetivo de conquistar espaços e
atingir objetivos pessoais, se você se
esconde em casa e “não deixa” que o mundo
saiba que você existe.
Qualquer que seja o nível dos seus interesses
pessoais, a política de visibilidade e disponibilidade é
indispensável.
Participar de palestras, cursos, seminários.
Freqüentar festas, reuniões, coquetéis. Envolver-se
em atividades comunitárias. Ser voluntário em
alguma ação beneficente. Fazer parte da diretoria do
clube ou da entidade profissional a que você
pertence. Ser ativo integrante do partido político da
sua preferência. Visitar pessoas. Dar telefonemas ou
mandar bilhetes de congratulações e condolências.
Escrever e publicar artigos, ensaios ou livros;
Apresentar publicamente os seus trabalhos...
Muitas coisas podem ser incorporadas ao seu
dia-a-dia. Você deve identificar onde está e quais são
as preferências do público-alvo de sua estratégia de
Marketing Pessoal. E não esquecer a frase de
Fernando Brant, imortalizada por Milton Nascimento:
“Todo artista tem de ir aonde o povo está”. Ainda
que você não seja um artista, na expressão plena da
palavra, vá ao encontro do seu povo. Conheça-o e
permita que ele o conheça também. Só assim o
Marketing Pessoal funciona.
Marcas de Personalidade
Marcas de personalidade é o conjunto de
hábitos que você incorpora à sua vida e que se tornam
“marcas registradas” do seu jeito de viver. Elas
representam características de comportamento que as
pessoas atribuem a você. Atitudes, hábitos, práticas e
preferências que você representa.
Se uma pessoa sempre chega atrasada para os
seus compromissos ou se é sempre muito pontual,
essa é uma marca pessoal sua. Se nunca dá retorno
de uma ligação telefônica. Se sempre acorda de mau
humor. Se nunca termina o que começa.
Se é
sempre o primeiro a colocar a mão na massa em
trabalhos voluntários.
Se está sempre de bom
humor, de bem com a vida, disposto a enfrentar os
problemas do dia-a-dia como coisas naturais, ou está
sempre de cara fechada, com alguma queixa e
transformando qualquer gravetinho em um obstáculo
intransponível. Se está sempre querendo aprender
coisas novas ou se é alienado de tudo o que é novo e
moderno.
As suas preferências e a importância que você
dá a elas também fazem parte das suas marcas de
personalidade:
Mix de Marketing Pessoal – Capítulo 5 do Livro “Marketing Pessoal e Imagem Pública” – Ênio Padilha
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O seu esporte preferido. O tipo de música que
você mais gosta. O time para qual você torce. A cor
e o tipo de roupa que você mais usa. A sua comida
predileta. O assunto sobre o qual você mais gosta de
conversar. A sua religião. O seu partido político.
Todas essas coisas constituem marcas que fazem de
você uma pessoa singular.
As marcas de personalidade, enfim, são
constituídas das coisas que você faz sempre do
mesmo modo. O mais interessante é que muitas
vezes nós não nos damos conta que uma determinada
coisa que a gente faz ou gosta já se transformou em
um traço da nossa personalidade. Ficamos surpresos
(quando não contrariados) quando alguém faz algum
comentário que determina essa indicação.
Convém prestar atenção. Desenvolver marcas
de personalidade é muito importante para garantir
que as pessoas tenham uma imagem única de você.
Mas é importante que essas marcas sejam positivas e
que não incorporem exageros.
Se você tem um
amigo que é torcedor do Grêmio, por exemplo, cada
vez que você vê o Grêmio jogando, você se lembra
dele. Mas se ele é um torcedor fanático, do tipo
“doente” pelo clube, que se ofende até com
brincadeiras bem-humoradas... com certeza você vai
lembrar dele mas não vão ser boas lembranças.
Torcer por um time de futebol pode ser uma marca
positiva, mas ser fanático e doente pelo time passa a
ser uma marca negativa.
Uma pessoa ciumenta, por exemplo, mas que
tenha consciência disso e reconheça que é um defeito,
pode esforçar-se em controlar esse sentimento,
atenuando suas conseqüências sobre a sua imagem.
Ao mesmo tempo, pode maximizar os efeitos de
outras virtudes, como a generosidade e a honestidade,
por exemplo. O balanço acabará sendo positivo.
Conclusão deste capítulo
No Marketing Pessoal, assim como em outras
modalidades do Marketing, como o Marketing
empresarial ou Marketing de serviços, ações isoladas
geralmente não funcionam. O bom Marketing é
sempre resultado da integração de vários
conhecimentos e de várias decisões e atitudes.
Achar que alguém poderá alcançar sucesso
baseado apenas em uma única virtude é o mesmo que
acreditar em Papai Noel ou no Coelhinho da Páscoa.
Marcas de Caráter
As marcas de personalidade, como vimos, são
formadas pelos hábitos, pelos costumes e pelas
preferências.
São coisas que você pode (com
vontade e disciplina) incorporar ou eliminar do seu
comportamento.
Já as marcas de caráter são qualidades
intrínsecas de cada pessoa. São coisas mais difíceis
de serem incorporadas ou eliminadas.
Honestidade, responsabilidade, inveja, ciúmes,
generosidade,
altruísmo,
impetuosidade,
perseverança, confiabilidade, e outras coisas assim,
são qualidades ou defeitos que uma pessoa tem ou
não tem. Há quem diga que as marcas de caráter são
defeitos ou virtudes que não podem ser agregados ou
descartados.
Porém, a consciência da presença
dessas marcas já é meio caminho andado.
Se forem virtudes, que sejam estimuladas e
exploradas ao máximo para que superem os defeitos e
determinem as características dominantes do seu
caráter.
Se forem defeitos, que sejam patrulhados e
controlados, para que tenham efeitos apenas
residuais.
Mix de Marketing Pessoal – Capítulo 5 do Livro “Marketing Pessoal e Imagem Pública” – Ênio Padilha
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